quinta-feira, 28 de novembro de 2024

 

O ROMANCE QUE ESTÁ SENDO ESCRITO

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de novembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.153



 

Caso você tenha lido a nossa crônica 3. 151, “O Romance Que  Não Foi Escrito”, saiba que houve uma reviravolta na mente do autor. Antes, em Maceió, como estudante, pretendia escrever um romance com epicentro na Laguna Mundaú, retratando o cotidiano de pescadores de sururu e de marisqueiras. A ideia não foi à frente, mas hoje o mesmo desejo surgiu com as lembranças da crônica “O Romance Que Não Foi Escrito”. Releia. Escravo desse desejo, delimitei com a mente o cenário de uma novela ou romance da região do rio Ipanema, onde conheci como crianças todos os personagens ali vividos como: Mário Nambu, Alípio, Zefinha, Antônia, José Quirino, Elias, Zé Limeira, Salvino Sombrinha, Seu Tou, Carrito, Tina prostituta, Zé Alma, Dadinho, Beroaldo Zé Alves, Joaquim e Zé Preto manganheiros, Bento Félix, Maria Lula, Adercina, Júlio Pezunho, Zuza, Nego Tonho, Caçador, Genésio Sapateiro e outros mais.

Iniciei um romance com esses personagens, não completou ainda uma semana e já estou no nono capítulo. Isso fez com atrasasse minhas crônicas geralmente diárias. Calculamos que nesse ritmo poderemos terminar a obra, lá para o dia 15 ou 20 de dezembro, ocasião em que já estarei, se Deus quiser, com 78 anos. Todos estes personagens reais estão sendo resgatados da região delimitada como centro do romance, a região do curral de gado do senhor José Quirino, fundador da rua que levou o seu nome e hoje se chama prof. Enéas. A vizinhança, Perfuratriz, Fomento, Sementeira, Rio Ipanema, Olarias... E ainda com personagens fictícios como protagonistas, para não comprometermos à memória daquela gente com fatos negativos.

A princípio, esse resgate histórico transformado em ficção mista, caso haja interesse das autoridades, poderá ser transformado em novela ou em longa metragem que poderia elevar bem alto o nome da nossa cidade com tema social, econômico e humano tão relevante. E o livro, em havendo patrocínio, seria distribuído gratuitamente aos amantes da cultura santanense, nordestina e brasileira.

A capa do novo romance é surpresa, com motivos do rio Ipanema, até agora somente mostrada aos escritores, Marcello Fausto e José Malta.

Vamos voltar ao computador para escrever o nono capítulo, já está todo na cabeça. Fui.

 

 

 

 


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domingo, 24 de novembro de 2024

 

O RELÓGIO DA MATRIZ

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de novembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.152

 



Sim, ele veio da reforma 1949-1953, da Matriz de Senhora Santana, em Santana do Ipanema. Representava um dos grandes charmes da torre de 35 metros que encantava a região sertaneja. Em cada uma das quatro faces da torre, um enorme mostrador que ajudou em muito o comércio local e a população. Passou a ser a hora oficial da cidade e os comerciantes abriam e fechavam o comércio baseados nos seus quatro mostradores. Assim o, Comércio abria as 7.30 horas e puxava para o fechamento às 11.30. Parada para o almoço.  Reabria a 13.30 e seguia para o fechamento às 17.30.  Uma marreta automática batia as horas em um sino sem badalo e o som era ouvido por toda periferia de Santana e por alguns sítios rurais com as Tocaias.

Lá da Rua Antônio Tavares, dava para avistar a hora e, nesse caso fomos muitas vezes para defronte à casa do Senhor Severino (pai de Valda) e que dava para enxergar bem as horas na Matriz. O relógio gigante parecia regular a hora de todos em Santana do Ipanema. Depois que deu o prego, pronto. Muito difícil se dá um jeito em coisa tão antiga. Sobre sua origem, nada ficou registrado, bem como as origens dos sinos no compartimento imediatamente inferior. Entretanto o relógio da Matriz nunca foi retirado da parede. Mesmo parado há décadas, continua ocupando seu espaço antigo como quem diz: “Daqui não saio, daqui ninguém me tira”. Funcionando ou não, mantém a beleza intacta da torre. Inúmeras vezes foi o meu guia nas idas para o Grupo Padre Francisco Correia e nas aberturas e fechamentos da loja de tecidos de meu pai, no Comércio.

Sim que a Igreja Matriz toda sempre foi o cartão postal do nosso município na sua totalidade. O relógio podia até nem chamar atenção, mas sua utilidade era praticamente escravagista das incontáveis consultas públicas. Já ouvi suas badaladas encolhido na torre dos sinos. Morto de medo, é verdade. E no romantismo do inverno, quando as andorinhas sentavam no alto da torre e no sobrado do meio da rua, as fortes badaladas da casa do relógio, faziam-nas voltar a rodear a torre com seus piados característicos. E se você viu que andorinhas, relógio e torre eram tão românticos no inverno, não pode imaginar também a expectativa do verão.

MATRIZ DE SENHORA SANTANA.

 


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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

 

O ROMANCE QUE NÃO FOI ESCRITO

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de novembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.151

 



Sim, todos aqueles personagens que moravam perto do rio Ipanema, naquela rua sem calçamento, repleta de barro de louça, sabiam de sobra o que era a pobreza e a miséria. Alípio, Tributino, Mário Nambu, Zefinha, Antônia, Abelardo, Arnaldo, jisus, a prostituta Tina e a vasculhadora de casa Maria Lula. Estamos falando dos anos 50-60, em Santana do Ipanema. Oscar Silva já havia escrito um romance Maceió-Sertão, mas havia sido há mais de trinta anos passado: “Água do Panema”. Estou lamentando que nem eu, por não ter pensado nisso antes, e nem outro escritor da terra, fez um romance com os personagens acima, narrando o cotidiano daquele lugar. Falei várias vezes em crônicas e vou lembrar novamente Maria Lula. Todos moravam defronte do curral de gado do senhor José Quirino.

Na última casa da rua, casa pequena e de taipa, Maria Lula vivia sozinha. Olhos azuis, alta, forte, branca galega, parecia uma alemã. De modo grosseiros, não era bonita. Sempre estava indo ao Ipanema, lavar a roupa e apanhar água para beber. Transportava pote de barro com água de cacimba, ou no ombro ou na cabeça, com rodilha. Era convidada pelas casas de pessoas abastadas, para vasculhar a casa, usando vassoura de palha e vara comprida. Vez em quando, Maria Lula tomava uma bicada de “cana”, o que a deixava mais vermelha do que chapéu de mestra de pastoril. Maria Lula também podia abastecer alguém com água do pote.

E bem que um romance de amor naquele terreno escorregadio de inverno, seria interessante: Maria Lula, vasculhadora; Mário Nambu cantor; Tributino, pescador; Zefinha, engomadeira; Antônia, lavadeira; Alípio, ébrio e ex-jogador do Ipanema; Jisus, carregador de sacos; a vizinhança: Genésio, sapateiro, Zé Preto e Joaquim, manganheiros, Silvino Sombrinha, consertador de guarda-chuva; Santana e Carrito, bodegueiros; Tina, prostituta; Caçador, policial civil; Zé Limeira, fazedor de malas; Nego Tonho, muito novo.... Veja que romance supimpa! Quem sabe...  Quem sabe...  Quem sabe!

POVO DA BEIRA DO RIO (FOTO: JEANE CHAGAS).

 

 

 


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quarta-feira, 20 de novembro de 2024

 

FOI TARDE DE LAZER

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de novembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica:  3.150

 



Para nós, a excelente turma de ginasianos, foi uma surpresa. E, diga-se de passagem, uma surpresa boa. Alguém se preocupara com uma atividade um momento de lazer e cultura para a 20 Série, cujas janelas de vidros e madeira davam para a vizinha Praça da Bandeira. A maior classe de todas as quatro da escola. Entre outras atrações apresentadas, trouxeram a filha de um gerente do Banco do Brasil, para algumas apresentações com um belo acordeom vermelho. Claro que eu poderia chamar de Sanfona. Mas, era a filha do gerente, representando a elite bancária de altíssimo prestígio na cidade. Ceci também era aluna em trânsito, do Ginásio. Novinha e simpática deu um belo espetáculo tocando várias páginas musicais que nos encantaram. E se não me engano ”Saudade de Matão”.

Assim, nós notávamos quanta diferença faz, uma atividade cultural e de lazer num curso educacional puxado. Ali estava, Ceci do senhor Barradas, tocando valsas e outras páginas, despertando a música para colegas sem oportunidades. E de sanfona, propriamente dita, só conhecíamos a da fama de Luiz Gonzaga ou os pés-de-bodes dos caboclos nas pontas de rua. Mas, um acordeom chique daquele manejado pela menina-moça da sociedade de cima, era “beleza pura” como se pronunciava o senhor Benedito Pacífico, dono do restaurante “Biu’s Bar e Restaurante da Rua Delmiro Gouveia. Mas isso foi muito antes de professores que gostavam de promover atos culturais, mais adiante, como Guimarães e o pastor “Topo Gígio”.

Entretanto, podemos afirmar que o ambiente estudantil do Ginásio Santana, era tão agradável que as nossas noites de aulas equivaliam à Educação, à Cultura e ao lazer no próprio cotidiano. Frequentamos aquela escola durante seis anos como aluno e vários como professor de Ciências e Geografia. Pelo menos dois prefeitos foram meus alunos, um de Santana, outro do Poço das Trincheiras e, entre tantos outros famosos, o repentista José de Almeida, já na Colégio Santo Tomás de Aquino (Curso Médio de Contabilidade). O Ginásio Santana tinha um encantamento próprio e que brilhava em qualquer lugar de Alagoas através de qualquer um dos seus ex-alunos. Era uma das melhores escolas do estado e muito respeitada na capital Maceió.

GINÁSIO SANTANA EM 2013. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

 

 

 


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terça-feira, 19 de novembro de 2024

 

LAMPIÃO E O TIRO DE GUERRA

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de novembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.149

 



Conta a história sertaneja que na década de 20, Santana do Ipanema, já possuía uma representação do Exército Brasileiro. Era o tão falado na época, Tiro de guerra, composto por, aproximadamente, 25 homens.  E no ano de 1926, Lampião que desceu furioso do Juazeiro do Norte, entrou nas Alagoas e assaltou vários sítios rurais do município de Santana do Ipanema. Mas por que o bandido não invadiu a cidade que se organizou com barricadas na Rua da Poeira? Não foram poucos os que afirmavam o receio do cangaceiro em enfrentar a representação verdinha. Lampião optou por um ataque à vila de Olho d’Água das Flores, totalmente desguarnecida. Pulemos então, para o final dos anos 50 e início dos anos 60.

Naquela época o Tiro de guerra ainda continuava em Santana do Ipanema. Seu alojamento era no “sobrado do meio da rua”, aproximadamente onde funcionou “Arquimedes Autopeças”. Conhecemos o comandando da unidade, um cabra forte e musculoso chamado Cadete, que residia entre a Cadeia Velha e os fundos de uma padaria (não temos certeza se era a padaria do Senhor Raimundo Melo). Em um dia estiado de inverno, os soldados passaram marchando em exercício pela rua sem calçamento Antônio Tavares. Quase defronte à casa da professora Adelcina Limeira, havia uma poça d’água e, o soldado Jaime Chagas (futuro prefeito da cidade) tentou burlar o comandante se desviando da poça. Esse percebeu a manobra e fez o recruta voltar e marchar por dentro da água barrenta.

Não sabemos quando o Tiro de guerra deixou Santana do Ipanema, talvez nos anos 70. Mas, antes de 1964, o Exército construiu um quartel em Santana e que foi abandonado pouco tempo depois. O prédio ocioso passou a funcionar como escola. Ali foi fundado o Colégio Estadual Deraldo Campos, em 1964. Repetia-se a história do Ginásio Santana que passou a funcionar no edifício ocioso que fora quartel de polícia.  Amigos e amigas, se ainda não te contaram isso, é porque faltou a leitura do “Boi, a Bota e Batina, História Completa de Santana do Ipanema”.

O tema lhe interessa?

Quer mais?

TIRO DE GUERRA EM OUTRA REGIÃO.

 


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segunda-feira, 18 de novembro de 2024

 

A COBRANÇA

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de novembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3. 148

 



Não era ônibus moderno, nem o trem, nem vans, era o caminhão bruto quem levava e trazia passageiros e mercadorias. Os mascates de Santana do Ipanema que davam feira em Olho d’Água das Flores, Carneiros, Pão de Açúcar, submetiam-se a esse único tipo de transporte. Assim, os caminhões partiam para as cidades circunvizinhas lotados de mercadorias para vender naquelas feiras. Os donos da mercadoria, isto é, os mascates, viajavam em cima da mercadoria, sentados em duas alas, pernas penduradas para fora da carroceria. A dureza da profissão fazia surgir tipos engraçados que também iam para feira levando tipos de jogos como negócios. Piadas gargalhadas, histórias curtas e divertidas, procuravam amenizar a tensão nascente do dia.

Quando o destino era Olho d’Água das Flores, por exemplo, a jornada pela rodagem empoeirada, tinha estacionamento na divisa dos dois municípios onde havia uma casa de fundos voltados para rodagem e um grande pé de jasmim no terreiro. Ali, o proprietário do caminhão, o próprio motorista, fazia a cobrança subindo à carroceria e se equilibrando por cima de lona dobrada, caixas de tecidos, louças e tantos outros objetos. Registramos proprietários caminhoneiros como o senhor José Cirilo e Plínio, irmão de Eduardo Prazeres, dono de olaria. Clientela costumeira, sem problema algum, pagamento certinho, cobrança em lugar estratégico e jornada de volta.  Em tempos de inverno, às vezes, no retorno da feira, se pegava o valente riacho João Gomes com cheia violenta e ainda sem ponte. Pense na trabalheira infernal que entrava pela noite!

Essa gente representava os verdadeiros heróis do progresso que abasteciam cidades e municípios de tudo o que eles precisavam

para garantir azeitado o cotidiano. Tempo duro para quem era mole onde o futuro era ali mesmo na hora presente. Ah... E quando o rio Ipanema, também sem ponte, assustava os mascates com suas cheias descomunais! Entretanto, desafios sempre estiveram presentes no caminho da humanidade. Sem desafio tudo vira rotina e monotonia esfriando o caminheiro do planeta Terra. Mas, voltando aos heroicos tempos dos mascates, nunca conseguimos apagar da mente a parada da cobrança, na casa virada do pé de jasmim.

Assim é o caminhar da gente quando, de vez em quando, a vida pára e nos faz a cobrança.

REPRESENTAÇÃO SANTANA


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domingo, 17 de novembro de 2024

 

O CALUNGA

Clerisvaldo b. Chagas, 18 de novembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3. 147



 

Após o carro de boi que carregou esse Brasil pesado em sua mesa, surgiu o caminhão que entrava pelas trilhas alargadas pelo carro de boi e chorava na rampa de terrenos brutos. O motorista, na época chamado chofer, precisava entender um pouco de motor para eventuais problemas pelos esquisitos caminhos. Tinha prestígio sim, por todos os lugares aonde rodava. Mas, o que chamava atenção mesmo era o seu inseparável ajudante, chamado pelo próprio chofer e pelo povo de “calunga”. O calunga servia para carregar nas costas as mercadorias do caminhão, carregar e descarregar, era essa a função principal.  Mas também servia para colocar o cepo na roda traseira do veículo quando este parava nas ladeiras. Cepo de madeira com três quinas e um cabo que evitava uma possível pulada de marcha e uma descida surpresa com prováveis acidentes.

Pois bem, no meu romance” Fazenda Lajeado”, apresentamos uma cena em que um caminhão carregado de couros e peles é parado por cangaceiros perto de Pão de Açúcar. O episódio é muito forte e realista. É ali onde se vê a frieza do chofer e o pavor do calunga. Mas isso o leitor viverá quando adquirir Fazenda Lajeado que ainda não foi lançado oficialmente. E por falar nisso, quem conheceu em Santana o famosos Miguel Mão-de-onça, tem dele o relato da falta de um calunga quando fora pegar uma carga no estado do Maranhão. Nenhum dos presentes quis ajudá-lo a carregar o caminhão e ele teve que sozinho, fazer às vezes de calunga. Amaldiçoava o lugar chamando aquele povo de preguiçoso. Mas... Isso era opinião dele.

Atualmente, meus prezados e prezadas, um caminhão, por mais simples que seja, só falta falar de tanta tecnologia. Mesmo assim, o atrativo, a sedução pela máquina do momento, continua dentro dos que acham romântico um caminhão na estrada. E como tem gente pelos quatro cantos desse Brasil, a figura musculosa do calunga perdeu o passo do progresso e sumiu. Como já estão colocando asas nos automóveis, não duvidamos de futuras asas em caminhões para que eles pareçam nos ares com besouro mangangá. Assim o tempo vai acabando profissões antigas e modernas e apontando novas que você jamais ouviu falar. Mas, depois do sumiço do calunga será que vai na mesma trilha, o chofer, o motorista?

Como estamos viajando no tempo, logo, logo descobriremos. De calunga ao Século XXII.

CAMINHÃO FORD ANTIGO.

                                                                    


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quinta-feira, 14 de novembro de 2024

 

RECORDANDO OS FERAS

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de novembro de 2024.

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.146

 



O ano de 1986 trouxe uma novidade para Santana do Ipanema e para toda a zona sertaneja. Era fundado na cidade, o Jornal do Sertão, como encarte do fantasticamente famoso, Jornal de Alagoas, este último com sede em Maceió. Ainda no início do seu desempenho, o Jornal do Sertão, registrou o futuro lançamento de um compacto duplo por quatro jovens cantores, amigos e unidos pela música. Exatamente no dia 7 de maio, foi lançado o disco dos músicos santanenses: “Pangaré”, “Dotinha”, “Dênis Marques” e “Adeilson Dantas”. O compacto duplo saiu pelo selo Beverly (Copacabana) com as músicas: “Você chegou” de Pangaré, “Novo Horizonte”, de Dotinha (lado A, interpretadas cada uma por seus respectivos autores).

“Galopando em Emoções” de Clerisvaldo B. Chagas e Dênis, interpretada por Dênis e “Colorida”, de Adeilson Dantas, com o próprio (lado B).

“O lançamento do compacto está previsto para este mês, segundo os membros do “Som em Quatro Tempos”. Na ocasião, disse ao Jornal do Sertão um dos quatro componentes: Foram muitos anos de luta, esforços, fé e esperança para realizarmos este magnífico trabalho que sonhávamos em concretizar; podendo mostrar aos alagoanos que Santana do Ipanema, apesar de ser uma cidade do interior, tem grandes talentos da MPB.

Muito sucesso foi o trabalho dos quatro talentos de Santana. Lá na mais na frente, Dotinha mudou-se para a cidade de Arapiraca. Adeilson Dantas foi morar na vizinha cidade de Olho d´Água das Flores e faleceu no acidente anos depois numa viagem de negócios à cidade de Maravilha. Pangaré, nome do músico adotado no início de sua carreira, passou a ser Valdo Santana e, continua cantando assim como Dênis Marques, especialista em shows noturnos e muito amados e admirados pelo povo sertanejo. Mesmo tendo sido registrado pelo Jornal do Sertão, já extinto, bem como o Diário Jornal de Alagoas, mas consta o registro na página 354 do nosso livro “O Boi, a Bota e a Batina; História Completa de Santana do Ipanema”.

Dênis Marques segue a tradição de sempre nos encantar com suas páginas musicais em todas as ocasiões que existam lançamento de livros de Clerisvaldo B. Chagas.

Muita honra, muita honra, muita honra.

FOTO DO JORNAL DO SERTÃO, 1986.

 

 


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RECORDANDO OS FERAS

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de novembro de 2024.

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.146

 



O ano de 1986 trouxe uma novidade para Santana do Ipanema e para toda a zona sertaneja. Era fundado na cidade, o Jornal do Sertão, como encarte do fantasticamente famoso, Jornal de Alagoas, este último com sede em Maceió. Ainda no início do seu desempenho, o Jornal do Sertão, registrou o futuro lançamento de um compacto duplo por quatro jovens cantores, amigos e unidos pela música. Exatamente no dia 7 de maio, foi lançado o disco dos músicos santanenses: “Pangaré”, “Dotinha”, “Dênis Marques” e “Adeilson Dantas”. O compacto duplo saiu pelo selo Beverly (Copacabana) com as músicas: “Você chegou” de Pangaré, “Novo Horizonte”, de Dotinha (lado A, interpretadas cada uma por seus respectivos autores).

“Galopando em Emoções” de Clerisvaldo B. Chagas e Dênis, interpretada por Dênis e “Colorida”, de Adeilson Dantas, com o próprio (lado B).

“O lançamento do compacto está previsto para este mês, segundo os membros do “Som em Quatro Tempos”. Na ocasião, disse ao Jornal do Sertão um dos quatro componentes: Foram muitos anos de luta, esforços, fé e esperança para realizarmos este magnífico trabalho que sonhávamos em concretizar; podendo mostrar aos alagoanos que Santana do Ipanema, apesar de ser uma cidade do interior, tem grandes talentos da MPB.

Muito sucesso foi o trabalho dos quatro talentos de Santana. Lá na mais na frente, Dotinha mudou-se para a cidade de Arapiraca. Adeilson Dantas foi morar na vizinha cidade de Olho d´Água das Flores e faleceu no acidente anos depois numa viagem de negócios à cidade de Maravilha. Pangaré, nome do músico adotado no início de sua carreira, passou a ser Valdo Santana e, continua cantando assim como Dênis Marques, especialista em shows noturnos e muito amados e admirados pelo povo sertanejo. Mesmo tendo sido registrado pelo Jornal do Sertão, já extinto, bem como o Diário Jornal de Alagoas, mas consta o registro na página 354 do nosso livro “O Boi, a Bota e a Batina; História Completa de Santana do Ipanema”.

Dênis Marques segue a tradição de sempre nos encantar com suas páginas musicais em todas as ocasiões que existam lançamento de livros de Clerisvaldo B. Chagas.

Muita honra, muita honra, muita honra.

FOTO DO JORNAL DO SERTÃO, 1986.

 

 


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terça-feira, 12 de novembro de 2024

 

SUMIU TUDO

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de novembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.145



 

Dez horas da manhã em minha rua, neste domingo de novembro. Céu limpo, Sol forte, nem gente, nem gato, nem passarinho, nem nada, absolutamente nada de animal ou gente na via. Rua completamente deserta como se o povo do mundo tivesse se evaporado. Nem chega coragem de calçar os tênis    e perambular pelos arredores. Os tênis porque a velocidade com que esse tipo de calçado chegou ao comércio, fez desaparecer quase de uma vez os sapatos de couro. Foi mais uma profissão extinta, a do engraxate ou engraxador como dizia ser o correto, o professor de Português e Matemática, bancário Antônio Dias. Os inúmeros engraxates que havia no sertão e que lutavam por alguns trocados contra a fome de tempos difíceis, representavam os jovens pobres da periferia.

O primeiro golpe nos jovens que tentavam sobreviver, foi o surgimento do sapato de verniz. Esse, não precisava graxa, tic-tac e nem outros cuidados oferecidos pelos engraxadores.  Aquele número grande desses profissionais que se acumulava na Praça Coronel Manoel Rodrigues da Rocha, muitas vezes ficava sufocado com tantos sapatos masculinos e femininos que faziam montes perto dos bancos de cimento. Porém, o tempo que tudo renova, fez chegar o sapato de tecido que foi ficando cada vez mais atraente e usado com a força da propaganda. Chegou para ficar tal o Jean, de origem americana. Golpeados engraxates, golpeados alfaiates. Tudo em extinção. Muitas classes procurando outras atividades que também logo serão extintas.

Essas extinções de engraxates, de alfaiate, fazem desparecer outros profissionais: retelhadores, tangedor de burro, a espanadador da casa, flandreleiro, quebra-queixo, puxa, comprador de cinzas, sola, curtumes e vigias de praça. E a medida que o tempo vai passando, vai desaparecendo outras profissões que mostravam ser atualizadas, mas não eram.  Tá ruim a coisa por que ninguém consegue se dedicar a uma profissão que dure toda vida. E as tecnologias numa velocidade incrível vai esmerilhando tudo.

Por que pensar tanto no futuro!

MINHA RUA (B. CHAGAS).


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quinta-feira, 7 de novembro de 2024

 

EU NÃO ENTENDIA

Clerisvaldo B. Chagas, 8 de novembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.144.

 

 



Acho que eu poderia dizer que a barragem iinaugurada no rio Ipanema, em 1951, não teve muita utilidade, apesar do grande esforço do DNOCS, seu construtor. Sim, que foi um aproveitamento da construção da ponte (que até hoje serve), entretanto a alegação de que seria a barragem para abastecer d’água a cidade de Santana, não se mostrou eficiente na prática. Na época, Santana do Ipanema ainda não possuía água encanada e toda ela vinha das cacimbas do rio seco. Porém, vimos poucos caminhões pegando água na barragem. Quase uma raridade. A barragem servia mesmo para a pesca sem nenhum critério e, principalmente de farristas que saíam a pé do Centro da cidade, venciam os dois quilômetros até ali e iam beber debaixo da ponte.

Mas também não entendia sobre o açude do Bode, também construído pelo DNOCS, nos anos 50 com a mesma finalidade. Muito pequeno o número de caminhões que às vezes chegava para pegar água no açude. Contudo a cidade continuava, com mais de cem jumentos com ancoretas, abastecendo as residências com o líquido salobro das cacimbas do rio. Onde estava o erro? Como disse acima, não entendia o porquê? Praticamente ociosas essas duas importantes fontes de água, continuaram assim até a chegada da água encanada em 1966. A barragem foi assoreada pela chegada de areia grossa das constantes cheia do rio Ipanema. O açude do bode, nunca recebeu dragagem, pelo menos com alguma divulgação nunca teve.

Quanto a ponte sobre a barragem do rio Ipanema, continua com a mesma firmeza de quando foi construída. Acontece que nunca foi modificada em nenhum aspecto e a sua estreiteza não é compatível mais com o intenso tráfego Sertão – Alto-Sertão, bairros Clima Bom, Barragem – Centro. Uma loucura para carretas e pedestres. A quem apelar? A quem gritar? A lentidão com que o progresso chega ao interior é irritante. Há muito a ponte de rodagem de Dois Riachos foi substituída por uma nova. E por que continuamos com a ponte década do carro de boi? Olhe que estamos falando sobre uma das rodovias mais importantes de Brasil, a BR-316.

Continuo sem entender.

PONTE SOBRE O RIO IPANEMA (FOTO: LIVRO 230).

 


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quarta-feira, 6 de novembro de 2024

 

RABO A NAMBU

Clerisvaldo B. Chagas 7 de novembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.144

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Não senhor, meu amigo, não havia entrega de papel impresso para fazer prova. Não existia isso, ainda. Quando era tempo de prestar exame, nós, alunos do Ginásio Santana, tínhamos que comprar uma folha de papel pautado com duas páginas compridas, verticais.  Muitos professores faziam dessas folhas um verdadeiro jornal. Já o professor Alberto Nepomuceno Agra – meu maior mestre da Geografia – era comedido. Apesar de dois meses de aula para a época de exame, tinha o costume de fazer apenas cinco perguntas nas suas provas. E todas às vezes nos dava uma lição de economia, cortando ao meio a folha dupla e dizendo que guardasse a outra metade que não precisaria agora. E se quer saber, comprávamos o papel pautado no Comércio central ou em algumas bodegas.

Perto do Ginásio Santana, havia a bodega de “Seu Oseas” onde comprávamos o papel de provas, mas que também vendia outras coisas como “puxa”, um troço doce, comprido igual macarrão, enrolada em papel manteiga. Grudava nos dentes, mas a gente comia. Seu Oseas, tinha a marca de uma lua em quarto-crescente, na face. Para nós, garotos da época era muito gente boa! Quanto à   folha dupla do papel de prova, tinha a vantagem de durante os apertos de matérias difíceis, usarmos “filas” ou “pescas” no meio das duas bandas. Mas...  Aqui acolá, um colega era flagrado tentando burlar o professor. E aqui, amigo, paro para soltar uma gargalhada: Seu Oseas nada tinha a ver com isso. Somente sentimos essa situação mudar, a partir do Instituto Sagrada Família com o sistema de estêncil.

Apesar da situação da época, a folha de papel pautado incentivava você a estudar visando preenchê-la toda com seu conhecimento e, consequentemente ser bem recompensado. Entretanto, a facilidade que a prova impressa atual oferece, como perda de tempo, clareza e limpeza no papel, não traz vantagem alguma para quem não estuda, pois este se vê de repente com uma cuca” limpa diante de uma prova limpa. E voltando ao caso de “pescar, “filar” ou outro termo mais atualizado, teríamos alguns casos interessantes a relatar como comédia no flagra, porém, personagens mais velhos rancorosos gratuitos podem não gostar em estrilos belicosos. É melhor não dá rabo a nambu.

GINÁSIO SANTANA em 1950. (FOTO: FOMÍNIO PÚBLICO/ ARQUIVO DO AUTOR/LIVRO 230).

 

  

 

                                    


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terça-feira, 5 de novembro de 2024

 

SURPRESA DOIDA

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de novembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica; 3.143



 

Como observador da Natureza, quase caio de costas ao abrir a porta da rua, ontem pela manhã. O Sol já estava alto e pude comtemplar no pé de pau-brasil da casa vizinha, três pássaros típicos da minha adolescência. São muitas dezenas de anos que não me deparava com um bicho daquele. E com desmatamento contínuo do Sertão, já apareceram na minha rua, bem-te-vis, rolinhas-brancas, rolinhas caldo-de-feijão... todos esses pássaros fugindo do desmatamento e encontrando restos de comidas nas ruas e nos lixos da cidade. Ainda não tinha visto de perto os três anus-pretos que pulavam da árvore para o chão e vice-versa. Passado o susto da grande surpresa, vi-me novamente rapaz pelas capoeiras, pela caatinga, pelos quintais longos repletos de pássaros e, entre eles, o anu-preto.

Quando em nossas caçadas de peteca (estilingue, baladeira) já sabíamos que dois passarinhos são muito difíceis de matar: o Zé Neguinho e o anu. O Zé Neguinho, pequeno e preto parece debochar do caçador a cada tiro disparado, pula para cima e para baixo na cabeça da estaca e grita como quem está lhe dizendo: “Atire mais seu bestão”. Já o anu-preto não se move tanto, mas é muito difícil acertá-lo. Daí vai que no Sertão alagoano existe um ditado que diz: “Quem tem pólvora pouca, não atira em anu”. Uma grande reflexão para a vida. E diante de tantas coisas passadas, é interessante como voltam à memória diante de uma cena como a que me deparei. Sim, que a minha casa está situada a cem metros do rio Ipanema, cujo leito seco é um jardim, porém, de todo jeito é surpreendente.

Podemos dizer que a presença dos pássaros em nossas vidas urbanas é verdadeiro colírio e não deixa de ser. Mas, por outro lado, quando se pensa no desaparecimento das matas, também aperta o coração, pincipalmente dos que provaram das suas delícias na juventude. O problema é que as árvores das ruas, no geral, não são frutíferas; o que faz com que a passarada vinda dos sítios rurais procurem o lixo e as migalhas das ruas ou os quintais que oferecem frutas variadas. Os ninhos e ovos dessas criaturas divinais estão ficando cada vez mais fácil de encontrá-los na arborização das avenidas e nos pátios das escolas. Os passarinhos perderam o medo dos transeuntes e do barulho das máquinas que diariamente cruzam as vias. Esqueci de dizer: no Sertão não se come anu-preto, consumidor de carrapato.

E você o que acha?


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segunda-feira, 4 de novembro de 2024

 

DONA MARIA

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de novembro de 2024.

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.142

 



Nos anos 60, estava em moda na cidade, a Revista Nacional “O Cruzeiro”, revistas novelas como “Capricho”, “Contigo”, “Idílio” e mais uma ou duas. Era dos gibis “Zorro”, “Fantasma”, “Tarzan”, “Os Sobrinhos do Capitão”, “Popay e muito mais. Além disso, figurinhas de jogadores de diversos times do Brasil, enroladas em confeito (bala doce) para colecionarmos. Portanto diversão para moças e adolescentes e que além disso, havia ainda as revistas de passatempo: “Palavras Cruzadas” e Charadas. Todas essas coisas chegavam de Maceió, no ônibus ou ainda na “sopa” –  que era um tipo de ônibus com bagageiro no teto externo –  de quinze em quinze dias ou de mês em mês. Ávidos pelas atualizações, comprávamos essas coisas na casa de Dona Maria, esposa de Seu Quinca Alfaiate, bem pertinho da Cadeia Velha.

Mulher já de idade, Dona Maria tratava muito bem todos os clientes. Quando o ônibus chegava com as mercadorias, sua casa se enchia de adolescentes e moças. Revistas novas, cheiro gostoso de gráfica, de papel novo, embriagava. Quanto as figurinhas de jogadores, comprávamos e trocávamos as duplicatas com os colegas. Umas erem raras, com os jogadores mais famosos do momento, Ademir do Vasco, Zizinho, se não me engano, do Palmeiras.  João Neto de Zé Urbano, João Neto de Coaracy e Vivi de Seu Antônio Alcântara, colecionavam gibis. O primeiro tornou-se advogado, o segundo, médico, o terceiro, Juiz de Direito. O que vos escreve, professor e escritor romancista.

No caso de charada, o maio charadista de Santana e região era o Antônio Honorato ou Tonho de Marcelon que também era o melhor no jogo de Xadrez. Minha mãe, Helena Braga gostava muito de Charadas e eu de Palavras Cruzadas. E para ajudar a desenvolver a nossa leitura, comprávamos na feira os folhetos, folhetos de cordel, ou romances, daquelas maravilhosas histórias em versos: Cancão-de-fogo, Pedro Malasarte, índia Necy, João Grilo, o Pavão Misterioso, o Cachorro dos Mortos, A chegada de Lampião no Inferno e muitos outros da produção cordelista nordestina. O médico e o juiz, acima, já fizeram passagem. Continua eu e o João Neto Oliveira, como os sobreviventes dos gibis.

Estamos apenas querendo colaborar com as histórias do Sertão com suas virtudes e defeitos. Fui.

ÔNIBUS SOPA (IMAGEM PINTEREST).


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domingo, 3 de novembro de 2024

 

OS CIRCOS E OS VALORES

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de outubro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.141

 



Na década de 60, os circos mais famosos do Brasil, sempre faziam uma temporada em Santana do Ipanema. E os bons círcos sempre se apresentavam de casas cheia. O lugar de armar circos em Santana, era no terreno baldio onde hoje é o Mercado de Cereais, Bairro do Monumento. Depois, passou a ser por trás da Delegacia, quando demoliram a casa da idosa Mirandão e sua frondosa cajarana defronte. Nessas peregrinações pelo sertão de Alagoas, os circos costumavam contratar cantores da terra, como estratégia. Assim os primeiros desses cantores, foram “Cícero de Mariquinha” e “Caçador”. “Cícero de Mariquinha”, a mais bela voz que eu conheci, só encontrava concorrência na voz de “Agnaldo Gaguinho”, que ingressera na banda da polícia. Cícero gostava das canções de Cauby Peixoto, Caçador, de Nelson Gonçalves.

E ainda estudante do Ginásio Santana, eu via os colegas “Omir” e “Sebastião das Queimadas” (originário do sítio Queimadas) brilharem como valores da terra nos circos que chegavam. Um tocava trombone, outro cantava, ambos também funcionários do Banco da Produção do Estado de Alagoas – PRODUBAN. Lembro-me  que estava sempre pedindo para que o Omir cantasse alguma canção, quando estávamos juntos. Ele gostava das músicas: “Você Fez Coisa” e ..... “Hoje a notícia correu”. Lembro também que pelo dia saía nas ruas o palhaço pernas-de-pau, anunciando o espetáculo noturno, seguido por meninada que fazia coro sob seu comando. Lá na frente, não era mais o pernas-de-pau, mas sim um novo tipo de palhaçada: o comediante montado num jegue, voltado para trás e seguido pela multidão de adolescentes que ficavam com o braço marcado para entrarem sem pagar, no circo.

Os circos em nossa cidade sempre foram apoteóticos. Apesar dos atrasos das tecnologias da época, sempre tínhamos divertimentos como os grandes bailes do Tênis Club, o Guerreiro, o futebol, os banhos do rio Ipanema, o encontro de violeiros repentistas, o Cassimiro-Coco, o cinema, o teatro...  Mas, a chegada da televisão acabou com tudo. Os circos desapareceram. Mas por andam os colegas artistas Omir e Sebastião? Bem que nós, humanos estamos novamente precisando de circos, circos e mais circos, concorda?


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