FARUK, O GÊNIO DA CIÊNCIA
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de setembro de 2011
Quando eu era rapazinho, apareceu em Santana do Ipanema, Alagoas, uma fábrica de fantasias. Não lembro mais o nome do circo. Sei que foi armado no mesmo local onde os iguais acampavam e armavam as lonas coloridas. Entre os fundos da atual Delegacia de Polícia e a presente Rua Marinita Peixoto Noya, Bairro Monumento, muitos circos alegraram crianças, jovens e adultos da terrinha. Alto-falante no mastro central, músicas entre fanhosas e limpas, começava logo cedo o chamariz para o espetáculo “jamais visto por aqui”. O circo a que me refiro não era ruim. Tanto é que estava lotado dias e semanas sequidas. Havia duas ótimas cantoras. Uma jovem e bonita e uma senhora entre sessenta e cinco a setenta anos, baixinha, forte e loura. Quase sempre a senhora cantava uma música dizendo sempre que era a pedido. Não recordo o nome da página musical, mais algumas frases:
Levantai nossa bandeira com amor”...
Ao terminar o espetáculo, vinha a música nostálgica de despedida. A multidão ia se retirando plenamente satisfeita e até com um pouco de frustração em ter encerrado aquelas três horas de devaneios. Tudo ia ficando na cabeça, levado para casa pelas ruas já desertas da cidade. No outro dia, e no outro, e no outro, estávamos lá novamente, provando da pipoca cheirosa da entrada; escolhendo moça bonita para sentar junto, aplaudindo cantores, palhaços e o medonho imponente mágico Faruk, o gênio da ciência.
E vamos hoje vivendo esse mundo violento nas ruas, na política, nos lares, vendo o homem ainda ser explorado por outros mágicos que nos levam tudo. Que não têm compromisso com a fantasia, com a dignidade, com o puro sentimento que ainda resta dentro de cada um. Predomina ainda a inveja, o egoísmo refinado, a trama diabólica e o mimetismo da covardia acumulada. O mundo é mesmo uma luta! Muito mais! Combates sucessivos que desaguam numa guerra. E vamos cada vez mais ficando carentes de fantasias, de novos circos, de sensitivos espetáculos, como a negra imponência beneficente do MÁGICO FARUK, O GÊNIO DA CIÊNCIA.
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