quarta-feira, 30 de novembro de 2022

 

FIM DE MÊS

Clerisvaldo B. chagas, 1 de dezembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.807

 



Chega o final do mês de novembro, como foi previsto pelos espíritas “tudo vai mudar”, E não somos nós apenas que estamos notando as mudanças no mundo, principalmente sobre o tempo. Novembro, o mês dos ventos para nós do sertão, este ano não aconteceu tantos ventos fortes assim. Final de outubro, quis ensaiar os sopros consistentes, mas ficou por aí. E também sobre a secura do mês que geralmente não chovia e que poderia acontecer ou não uma trovoada, foi diferente. Um mês praticamente chuvoso com alternância dos dias, mas coisa nunca vista por aqui. Hoje mesmo, dia 30, o dia foi nublado com pancadas de chuvas e aspecto de inverno em algumas horas do dia. Quer dizer, tudo está bem diferente após os castigos divinos do Covid 19.

Em várias horas do período, vamos dar uma espiada na rua e até nos causa arrepios. Nem uma viva alma, nem um gato, nem um bicho... E retornamos ao interior da residência pensando: “Será que estamos sozinhos no mundo?”. Tudo, tudo de fato diferente. Quanto ao tempo para o campo, uma riqueza, coisa nunca vista pelos mortais de mais de 70 anos de zona rural. Por algumas poucas horas, os jogos da copa conseguem quebrar a monotonia que se abate pela urbe. E nem presta para engendrar ideias de como será o mês de dezembro na situação temporal da Terra, mas para esquecer as diferenças existenciais, podemos prever boa movimentação financeira no período natalino, com aquelas mesmas esperanças que insuflam a consciência no aniversário de Jesus.

E se os jogos da copa, não só do Brasil, mas de todas as seleções vão mostrando suas curiosidades, também correndo as lembranças dos jogos do interior; nas ruas, nos campinhos, nos areais do rio seco Ipanema. Bola cobrindo o adversário, era lance chamado “banho de cuia”. Bola passando por entre as pernas do oponente era drible “por debaixo da saia” e, bola por um lado e alcance por outro, chamava-se “arrodeio”. Estamos traduzindo o ontem do hoje, respectivamente: ‘chapéu”, “caneta” e “drible da vaca”, será que deu para entender? Estar bem pertinho de terminar essa euforia da copa. Será que a monotonia pós-Covid retorna ou vamos continuar levando da Natureza o drible da vaca?

Paciência, Zé.


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terça-feira, 29 de novembro de 2022

 

 

ANGICO

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de novembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.806

 

O angico é uma árvore da caatinga sertaneja tão famosa quanto o juazeiro. O seu tronco mostra espinhos de forma grande, arredondada, em forma de nódulos. Suas cascas guardam o tanino, substância muito utilizado no curtimento do couro. Podemos dizer que é uma árvore exuberante, bela e de fácil identificação. Produz uma resina que é medicinal e muito utilizada pelos macacos e soins se habitarem na área. Suas folhas são pequenas e enfileiradas de um lado e de outro, parecendo uma pena. O angico gosta muito de terreno pedregoso e mais elevado como os serrotes. Sua forte raiz racha a pedra onde quer se fixar e após, fica gozando o pouco de frieza nela encontrada, em terras quentes do semiárido.

Utiliza-se o angico sem a casca para se fazer estacas. A madeira nua é muito mais resistente. E, no caso das cascas, elas são vendidas para os curtumes, por causa do tanino, transformando o couro em sola, na última fase da curtição. Os antigos compradores de cascas de angico, procuravam nas fazendas, o produto. Quando o fazendeiro ia pelar o angico para fazer estacas, não cobrava pelas cascas e ainda agradecia. Mas quando não ia fazer estaca, cobrava a mercadoria que custava numa carrada de carro de boi, dez tostões (destões), por uma arroba. O jegue e o burro eram os meios de transportes mais utilizados pelos donos de curtumes na compra das cascas dessa madeira. Ainda no mato, os compradores de cascas, faziam feixes e usavam a embira ou mesmo as próprias tiras das cascas para amarrarem os feixes e colocarem nos dois lados da cangalha. Muitas vezes esses compradores passavam mais de um dia na caatinga para realizar esse serviço.

Esses dados detalhistas estão no livro recém terminado: Santana: Reino do Couro e da sola. Calculado antes em apenas três páginas de papel A4, encerramos com cerca de trinta e cinco, o que na gráfica, em formado de livro, poderá alcançar até mais de 100 páginas. Temos a certeza de que tantos detalhes vão impressionar o povo santanense, pois fala da estrada de Delmiro, da Matança, do padre Capitulino, dos artesãos, das fases da curtição de couro, das fabricas de calçados, dos sapateiros, do futebol do Panema e muito mais, inclusive preços de mercadorias e fotos de cédulas antigas.

O que fazer para publicar?

ÁRVORE ANGICO (AUTOR NÃO IDENTIFICADO).

 

 


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domingo, 27 de novembro de 2022

 

O SORRISO DO JULINHO

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de novembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2805


Sem perder um só jogo da copa, o eco das coisas também mexe com a cabeça. Mistura o futebol de hoje com as “peladas” do passado. E por falar nisso, o termo “futebol de várzea”, chegou por aqui vindo dos centros maiores, mas antes, em Santana do Ipanema, era “futebol do meio da rua”, “futebol do Panema”, “futebol de campinho”. E no futebol do Panema, tínhamos nosso herói, muito embora com presença de craque que jogara no Santos de Pelé, mas não era esse o nosso ídolo da bola. Veja como era o procedimento desses jogos não oficiais: Em um desses lugares, começava a chegar gente para jogar, inclusive o dono da bola. Os dois reconhecidos melhores jogadores, encabeçavam a lista e, um caminhava em direção ao outro por cerca de dez metros, colocando um pé na frente do outro e colado a ele. Quando esses dois cabeças chegavam pertinho um dos outro, aquele que cobrisse o pé do amigo, primeiro, seria aquele que daria início a chamada para o seu time.

O primeiro chamava um jogador, o outro chamava outro e assim sucessivamente. No geral, eram chamados dez jogadores de cada lado. Primeiro os melhores e depois os fracos até o refugo para completar os dois times. Depois vinha a escolha do lado e um juiz qualquer que entendesse alguma coisa de futebol, mas quando não aparecia juiz, todos os jogadores eram juízes. Entre esses jogadores, havia o nosso ídolo do futebol no Panema. Era o Julinho, filho do conhecido Pedro Porqueiro. Nunca vimos um rapaz jogar tanta bola. Jogava rindo e driblando. Conseguia driblar no espaço tão mínimo que mal cabia duas pessoas juntas. Dribles curtos, ágeis, sem perder a bola nem o sorriso permanente. Pessoa humilde, filho de matador de porcos, mas que ali no futebol do Panema, parecia em êxtase, como se fosse um verdadeiro imperador do mundo.

Infelizmente os filhos do Senhor Pedro, começaram a criar alguns tipos de problemas na sociedade. Honesto e direito o pai deve ter sofrido muito, com vergonha. A família desapareceu da cidade e as notícias foram rareando até o desparecimento total. Alguém do nosso tempo sabe por anda o Julinho? É vivo, é morto?

Com defeito, sem defeito, era o nosso Pelé que até agora não deixou substituto.

CAMPINHO (CRÉDITO: ALAMY).

 


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quinta-feira, 24 de novembro de 2022

 

O MOMENTO DA EMA

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de novembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.804


Não existe mais emas por aqui. Mas, bem que essa ave enorme e que não voa já povoou soberana os nossos sertões. A Rhea americana das canelas grande possui asas somente para equilibrar suas carreiras, quando vítima de predadores. Foi extinta, mas deixou dois lugares como lembranças: Várzea da Ema e Alto da Ema, sítios rurais do nosso município. Sertanejo não gostava muito de comer essa ave, dizendo que “sua carne fazia crescer a bunda”. Antigamente as casas eram caiadas (pintadas) de branco com a cal e um pincel bruto comprido, uma espécie de bucha dura e que era chamado “canela de ema”. O senhor Pedro Baia, ingênuo e folclórico, era um caiador de casas. Quando encerrava sua pintura, deixava sua marca registrada, o desenho de uma ema.

Todos gostavam de Pedro Baia. Mas, não sabemos porque aquele galego que andava com um lenço vermelho no pescoço e uma espingarda 12 a tiracolo, não gostava quando lhes perguntavam pela ema. Sabendo disso, alguns gaiatos indagavam de propósito e, Pedro ia se agastando e perdendo a paciência. Nessa época, como para incentivar uma tragédia, surgiu na praça um pagina musical:

 

A ema gemeu

No tronco do juremá

Será que é nosso amor, moreninha

Que vai se acabar...

 

Pedro Baia já havia apanhado algumas vezes por aí. Os gaiatos, então aproveitaram uma estrofe da música e a parodiavam com o nome de Pedro, para aperreá-lo ainda mais:

 

A ema quando canta

Pedro Baia se levanta

Com medo de apanhar...

Vem morena, vem beijar...

 

Pedro Baia já não estava aguentando e falou assim: “De hoje em diante, quem mexer comigo, eu mato!”. E o primeiro que mexeu com ele, o pintor cumpriu a promessa. Foi para a cadeia, pagou pelo seu crime e quando todos já estavam esquecidos do caso, surgiu Pedro Baia na cidade após cumprir sentença. Demorou pouco e foi morar em Águas Belas. Nunca mais se ouviu falar em Pedro Baia.

Quando o santanense, ainda hoje, ouve a música da ema, de Jacson do Pandeiro, não tem como não a complementar com Pedro Baia da minha terra.

EMA (IMAGEM DE AUTOR NÃO IDENTIFICADO).

 

 

 

 


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terça-feira, 22 de novembro de 2022

 

A BOLA E O CEMITÉRIO

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de novembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.803

 



Esse clima de copa, faz lembrar os áureos tempos do Ipanema Atlético Club, em Santana. Os jogos ainda eram realizados com a bola número 5, profissional, chamada “couraça.” Era bola de couro que não sabemos afirmar com certeza se era comprada fora da cidade, até porque havia um sapateiro que já fora jogador do Ipanema e fazia couraça sob encomenda e que era o Gérson Sapateiro. Nesses tempos tão bons do futebol santanense, a bola era uma só em cada jogo. E quando qualquer zagueiro bruto fazia a defesa dando chutaço ignorante, a que a plateia chamava de “balão”, era uma angústia medonha pela sequência do jogo. Isso porque a bola subia, subia que só um balão e caía fora do campo, ou na rua da frente do estádio ou no cemitério contíguo, Santa Sofia.

O estádio Arnon de Mello fora construído justamente vizinho ao cemitério na parte alta e plana do Bairro Camoxinga, por ser um dos poucos lugares da urbe adequado para essa finalidade. Quando a bola caía na rua demorava a chegar. Quando caía além da rua, demorava muito mais e, quando caía no cemitério demorava mais ainda. Era usado algum torcedor que assistia ao jogo em cima do muro entre os dois locais, entrava pelo cemitério galgava a parede e, bem sentado no muro, conseguia assistir ao jogo sem pagar.  Outras vezes era o próprio zelador do cemitério ou um coveiro que fazia esse favor de procurar a bola entre covas e catacumbas, até achá-la. Só então a bola voltava com um chutão ninguém sabe de quem e caía novamente em campo. Era uma vibração!

Com o tempo, as partidas foram acrescentando outras bolas e, a couraça bruta cor de terra foi aos poucos sendo substituída por essas bolas atuais compradas facilmente nas lojas de esportes. Mas era um prazer enorme para o torcedor sem dinheiro que ficava na rua, catar uma bola fruto de balão de zagueiro, principalmente. E com aquele orgulho grande de tocar na “pelota” do jogo, devolvia com outro balão vindo de fora. Já houve partidas que a bola gastou mais de 15 minutos para retornar.

E do lado de fora não era diferente de hoje. Vendedores de tudo na feira que se formava na rua, defronte ao estádio. Petiscos e bebidas tinham êxito assegurado em qualquer partida futebolística.
       Ô Ipanema!

ESTÁDIO ARNON DE MELLO EM 2013 (FOTO: B. CHAGAS).

 


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domingo, 20 de novembro de 2022

 

CATAR

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de novembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.802


Minha comadre, vimos a bola rolar muito longe do Brasil, também numa apreciação curiosa do futebol alheio. Foram duas demonstrações de superação mostradas ao mundo de uma região conflituosa e colocada ainda como longínqua e insignificante por muitos outros países. Uma delas é: “quem quer fazer, faz”. E o Catar quis sair do anonimato geopolítico do mundo, gastando uma fortuna para dizer que também “fazemos parte do planeta”. Fez brilhar sua arquitetura criativa e futurista, assim como fizemos no passado com Brasília. Por outro lado, investiu no futebol para também participar das constantes farras mundiais, mas não só nas arquibancadas. Portanto, o importante não seria ganhar ou perder uma partida futebolística que tanto faz, as pela primeira vez na copa.

O objetivo desse país do oriente Médio foi alcançado ao mostrar-se ao Planeta Terra com roupa de gala. E o espetáculo de abertura da copa, em nossa opinião, não quis ser o mais feio e nem o mais bonito, quis apenas mostrar a cultura dos povos do deserto. É claro que para entender a tradição regional do Oriente alguém teria que mergulhar na história, na religião e na geografia do lugar ou então, passar vários meses morando na região e atento as diferenças.  E como vimos, gente preocupada com a cerveja, gente preocupada com os direitos trabalhistas, gente preocupada com a ditadura... É a pluralidade do mundo que nem todas as copas da terra poderão resolver. Vai viajar, estude antes o seu destino e vá sabendo respeitar as diferenças.

Quanto a partida inicial da copa, foi uma bela partida. E se não foi de alto nível, mas foi corrida, movimentada e alegre que bem divertiu à sua plateia. E assim o nosso vizinho da América do Sul logrou êxito na empreitada e fez esquecer por duas horas as habilidades do Brasil e as dos países rio da Prata. A vitória por 2 x 0 poderá garantir ao Equador pelo menos a etapa da primeira fase, o que ajudará a sair da rebarba futebolística da América do Sul. No “frigir dos ovos”, ficamos satisfeitos com a vitória do país irmão e com a própria abertura da festa global que deu alegria aos povos diante das atrocidades da guerra estúpida que aterroriza a todos.

Faltou cerveja!

Sobrou alegria.

DONHA (IMAGEM: PINTEREST)


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sexta-feira, 18 de novembro de 2022

 

ZUMBI

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de novembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2801

 

Não sei se o amigo ou amiga já teve o privilégio de lê o espetacular romance, “O Tigre dos Palmares”, do saudoso escritor palmeirense Adalberon Cavalcante Lins. O romance, baseado em excelentes pesquisas, é dividido em duas partes contando a história de Zumbi de Palmares. E no momento em que caminhamos para o Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, baseado na morte de Zumbi, vamos recordando às diversas tentativas de visita à serra da Barriga, em União dos Palmares e que sempre alguma coisa impedia essas viagens, tanto com alunos quanto sozinho. O resultado é que nunca fomos sequer a cidade de União dos Palmares, onde fica a citada serra, na zona da Mata alagoana. À época do Quilombo dos Palmares, a serra da Barriga fazia parte da Capitania de Pernambuco.

“A montanha histórica foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1986. Entre as características da serra, estão as nascentes que alimentam um açude e uma lagoa, denominada Lagoa dos Negros. É um dos lugares sagrados da serra onde os religiosos da matriz africana realizam rituais, O Quilombo dos Palmares representa um marco na luta dos escravos no Brasil”. O lugar é motivo de visitas de pessoas de todas às partes do mundo, principalmente no dia Consciência Negra. Em Alagoas, sempre foi feriado e em alguns estados também. Caminhamos para que o dia de Zumbi, o maior chefe negro do Quilombo dos Palmares, seja também feriado Nacional. Alíás, esse refúgio de negros fugidos, foi o maior quilombo da América do Sul.

É sabido que existe um melhoramento evolutivo de acesso à `serra e também no cimo do monte, no cenário histórico, geográfico e paisagístico da montanha, assim como acréscimos artísticos que atestam o valor cultural da visita do estudioso, do turista, dos religiosos. Assim, caros amigos, cada vez fica mais distante uma visita à serra da Barriga e à cidade palmarina para conhecê-la de perto.  Porém, espero que amigos e amigas possam triunfantemente galgarem o cimo da montanha histórica, cheio de orgulho do território alagoano.

Viva Zumbi!

Viva o Dia da Consciência Negra!


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quarta-feira, 16 de novembro de 2022

 

INSILBERGS

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de novembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.800



 

Vez em quando damos uma olhadinha em vídeos publicados na região Estrela de Alagoas e Canafístula Frei Damião. O pessoal parece não se cansar de tantas publicações, porém, os conteúdos em geral são esclarecedores e bem produzidos sobre feira, religião, negócios e natureza. Chamou-me atenção um deles que mostra o famoso serrote do Vento, zona rural de Estrela, em cerca de três quilômetros da sede municipal. O serrote do Vento se tornou mais visível, além da fronteira regional, depois de constar nas páginas da Geografia de Alagoas do saudoso mestre Ivan Fernandes Lima. Avista-se o serrote do Vento, ao lado do serrote do Cedro, das imediações de Estrela, na BR-316.

Tentei por várias vezes fotografar aquela maravilha com máquina poderosa, em tempos de chuvas, mas só consegui fotos prejudicadas pela umidade intensa, mesmo pegando tempo estiado. Isso para ilustrar também como o mestre Ivan, uma página do meu trabalho “Repensando a Geografia de Alagoas”. Essas tentativas foram justamente manipuladas das margens da BR-316, após as últimas casas da parte alta da cidade em direção ao Sertão. O serrote (pequena serra) do Vento é um monte de cabeça rochosa e quebradiça, de boa altitude, isolado.  É muito visitado em tempo de Semana Santa, até mesmo por pernambucanos. No caso desses tipos de serrotes, assim chamados no Sertão, são denominados em Geografia, de Inselbergs ou morros-ilhas. Faziam parte de montanhas que se desgastaram pelos arredores e, sendo mais resistentes, permaneceram firmes.

Outro serrote famoso na mesma linha, é o morro do Carié, no Entroncamento Carié, hoje povoado de Canapi. Este sim, consegui fotografá-lo de perto com seu formato de lagarta e que tem uma bela visão de quilômetros e quilômetros de planuras com fundos de montanhas. Suas rochas, tal qual as do serrote do Vento, também se apresentam rachadas, quebradas, separadas, fenômeno causado pela mudança de temperatura entre os dias e as noites.

Se o amigo ou amiga tiver coragem e pernas fortes, vale à pena galgar o cimo de qualquer um deles para melhor se deliciar com a paisagem que se deslumbra logo aos seus pés.

Espumante para comemorarmos as 2.800 crônicas, hoje.

 

 

 


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terça-feira, 15 de novembro de 2022

 

DEODORO DA FONSECA

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de novembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.799




Hoje, feriado nacional, quando o trabalhador vai descansar ou tomar sua cervejinha gelada, não custa nada passar uma vista em um resumo da história e que lhe estar proporcionando esse feriado. Aliás, precisamos mais leituras sadias nesse país para melhores informações porque nem só de trabalho vive o homem... E a mulher. O texto abaixo é apenas um resumo da vida de Marechal Deodoro, apresentado pela Wikipédia. Por favor, leia com atenção.

“Manuel Deodoro da Fonseca nasceu no dia 5 de agosto de 1827, na Vila Madalena de Samaúna (AL). Era filho de Manuel Mendes da Fonseca e Rosa Maria Paulina da Fonseca. O pai era militar e influenciou todos os filhos que seguiram a carreira militar e política. Sem surpresa, aos 16 anos Deodoro da Fonseca ingressou no Colégio Militar do Rio de Janeiro onde cursou Artilharia até 1847. Mais tarde entrou para a política. Participou da Revolução Praieira Guerra do Paraguai, e o cerco de Montevidéu, sendo líder do movimento antiescravista do Exército. Em 1860, aos 33 anos, casou-se com Mariana Cecília de Sousa Meireles, entretanto, nunca tiveram filhos. Além de militar, seguiu a carreira política sendo presidente da província do Rio Grande do Sul.

Deodoro proclamou a república, no dia 15 de novembro de 1889, , eao lado de republicanos e militares. Instaurou, dessa forma, um novo regime no país: a República Presidencialista.

Como o país passava de um governo monárquico para um regime republicano, o governo de Marechal Deodoro, enfrentou momentos de instabilidade política e econômica.

Governou até o ano de 1891, quando renunciou ao cargo, em 23 de novembro de 1891, decorrente de sérios problemas econômicos (Encilhamento, especulação, inflação, falência de bancos, empresas, etc.).

Também enfrentou conflitos políticos como a centralização do poder, o fechamento do congresso Nacional, censura e autoritarismo.

A presidência foi assumida pelo vice-presidente, militar Floriano Peixoto que de 1891 a 1894. Juntos, o governo de Deodoro e Floriano formaram o período que ficou conhecido com a República da Espada (1889-1894)”.

 


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quinta-feira, 10 de novembro de 2022

 

PROCURANDO JEGUE

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de novembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.798

 


Terminado o resgate da história dos curtumes em Santana, conferimos tudo. O documentário deve constar, quando impresso, em cerca de 50 páginas ao todo, que será mais um opúsculo de altíssimos valor histórico para o nosso município santanense. O resgate da localidade Maniçoba/Bebedouro, trás detalhes impressionantes nesse trabalho único e inédito da cidade que vai surpreender enormemente esta geração. O título já foi escolhido: “Santana: Reino do Couro e da Sola”. Uma vez quase concluída a missão, como sempre fizemos em nossas obras, todos os títulos saíram das nossas ideias, assim como as sugestões de capa, coisa que nunca abrimos mão para terceiros. Qual seria a imagem ideal para a capa?

Falamos de tantas coisas: usos, costumes, folclore, artesanato, fábricas de calçados, couro, sola, cinza, angico, cal, jumento, burro caçuás, matança, intendência, estradas, rio, emprego, comércios, chapéu de couro e assim por diante, mas vimos que a melhor capa seria a dinâmica dos transportes da época que conduziam o couro, a sola, a cinza, a casca do angico, a cal e muito mais. Daí sairmos procurando na cidade, no centro e na periferia um jegue ou burro conduzindo alguma carga. Rua acima, rua abaixo, nem um jegue, nem um burro, sequer um carro de boi. Riámos por dentro, mais forte do que aquela gargalhada kkkkkk de Whatzapp. Procurando jegue, procurando burro para uma foto supimpa e nada!... Os bichos brutos viraram motos.

Em um dia de sábado também outra vez reviramos a cidade e não encontramos um único carro de boi.

Recorremos, então, a Internet, mas nada da cena que estava na cabeça. Por fim, resolvemos fazer uma montagem, embora sejamos “pernas de pau” no manejo do computador. Finalmente saiu a capa do livro opúsculo: Santana: Reino do Couro e da Sola. Dois burros (muares) cargueiros fotografados de frente, transportando mercadoria em caçuás. Ótima e bonita estrada, ao fundo um céu vermelho de final de dia, letras brancas, pretas e intermediárias. Uma capa apaixonante que nos fez vibrar de satisfação por uma tarde inteira. Triste de quem não é desenhista. Pelo visto já estamos vivendo mesmo no tempo em que passado é de fato passado.

Que missão, hem! De caçador de jumento.

CHAPÉU DE COURO NO SÍTIO CAVA OURO, EM SENADOR RUI PALMEIRA (FOTO: MARCELLO FAUSTO).

 

 


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quarta-feira, 9 de novembro de 2022

 

CRESCIMENTO

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de novembro de 2022

Escritor símbolo do sertão Alagoano

Crônica: 2.797

 


Numa caminhada breve por alguns pontos de Santana, fomos conversando com pessoas de outras cidades e dos sítios santanenses, sempre recebendo a admiração de “como Santana está grande!”. Naturalmente respondíamos a essas exclamações concordando o crescimento em algumas regiões da cidade. Mas, desta feita não apontamos lugares específicos, simplesmente porque Santana cresceu mesmo por todos os bairros. A expansão atual é para o norte, sul, leste e oeste.  Como a cidade está crescendo assustadoramente, podíamos antes até dizer sobre o comércio novo que ia acompanhando alguns desses bairros. Porém, hoje já não podemos falar assim, tudo está acompanhando tudo. Onde vai chegando o loteamento, chega com ele, o mercadinho, a farmácia, o salão, a escola e assim por diante.

Quase caíamos de costas com uma dessas surpresas, quando resolvemos transitar por novas estradas pavimentadas por trás do prédio do DNIT, no Bairro Camoxinga. Inúmeras e inúmeras casas novas, inclusive com primeiro andar, “invadiram” a antiga fazenda do saudoso Isaías Rego que vai desde a descida do Bairro Lajeiro Grande em direção ao rio Ipanema, até os fundos do DNIT, que havia sido loteada. Já mais abaixo desse loteamento, mais uma surpresa.  Outro gigantesco loteamento vizinho que vai das últimas casas construídas – inclusive muitos pedreiros trabalhando nessas casas - surgiu daí até às margens do rio, local da continuação da tão conhecida barragem.  É o loteamento do Colorado II, ainda limpo e promovendo suas vendas de terrenos.

Podemos apreciar na foto abaixo, o terreno do Colorado II, imediatamente abaixo do loteamento já ocupado de Isaías Rego. Na parte superior da foto, pedaço de muro de terreno já ocupado, o limpo da fotografia: Colorado aguardando compradores e, ao fundo da foto, extenso jardim de árvores craibeiras seguindo paralelamente o rio Ipanema que margeiam a barragem, leito seco no momento. O outro lado da barragem, margem direita, já é uma “nova” cidade com tantos prédios seguindo o rio em direção às nascentes. Assim ficou muito mais bela a saída de Santana rumo ao alto Sertão e Poço das Trincheiras. Não houve visita programada, mas sim, apenas uma olhada para a nova paisagem, infelizmente em hora imprópria para fotografias, quando a qualidade não é das melhores.

NOVO LOTEAMENTO COLORADO II NA MARGEM ESQUERDA DA BARRAGEM (FOTO: B. CHAGAS).


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segunda-feira, 7 de novembro de 2022

 

TRABALHO PRONTO

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de novembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.796


Uma vez resgatada a história da “Igrejinha das Tocaias” e dos “Canoeiros do Ipanema”, chegou a vez da história do ciclo dos “Curtumes, da Sola e das Fábricas de Calçados” que muito fizeram progredir Santana do Ipanema. Vale salientar que não havia uma linha, sequer, dessas histórias registradas nos anais da cidade. Estamos, portanto, na fase final do nosso resgate, da lapidação da obra para estudarmos as possibilidades de publicação. O trabalho tem início com referência ao “Ciclo do Couro ou do Gado” no Brasil e no Nordeste e depois em Santana do panema. Remontamos ao tempo em que Delmiro da Cruz Gouveia, construiu a estrada Pedra a Palmeira dos Índios, com ramais para Garanhuns e Quebrangulo. Época de Santana/vila, cuja estrada passou por dentro da urbe e nos lugares Maniçoba e Bebedouro, subúrbio citados no primeiro documento que se conhece de Santana do Ipanema.

O Ciclo da Sola e do Couro, não deixa de citar a “Matança”, a Intendência, os donos de curtumes, proprietários de fábricas de calçados, as transações comerciais ,muitos detalhes e fatos curiosos dessa época. O objetivo foi alcançado graças às entrevistas e boa vontade do Senhor Daniel Manoel Filho, funcionário aposentado do DER – Departamento de Estradas e Rodagens, com 81 anos e que trabalhou desde criança em todos os curtumes que havia no subúrbio Maniçoba/Bebedouro.  O tema em questão transporta a geração atual para a fase de ouro de Santana, “Terra dos Carros de Boi” e mostra com incríveis detalhes o comércio de cinzas, couro, sola, cal e angico.

Esse trabalho correu paralelamente à maratona pelos “100 Milagres Inéditos do Padre Cícero Romão Batista” e que está chegando gloriosamente à metade do que foi proposto. Às vezes essas obras extras, tiram um pouco o foco da crônicas diárias e que somos obrigados a intercalar dias para elas.

O tempo, nesta manhã da segunda (7) acha-se nublado e chuvoso. Não faz frio intenso, mas existe muita humidade no ar. Favorece o recolhimento para as escritas que, por certo, serão utilíssimas para os futuros pesquisadores e para essa nova geração santanense.

SENHOR DANIEL MANOEL FILHO, O HOMEM QUE AJUDOU A DESVENDAR NOSSO PASSADO (FOTO: B. CHAGAS).


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quarta-feira, 2 de novembro de 2022

FREI EMOÇÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 3/4 de novembro de 2022

Escritor Símbolos do Sertão Alagoano

Crônica: 2.795

 

Já no cair da tarde do dia 28 passado, Santana do Ipanema, no Sertão de Alagoas, entrou numa agitação gigantesca. É que a caravana palmeirense que conduzia a estátua de 15 metros de Frei Damião, de Petrolina, onde fora esculpida, ao Distrito de Canafístula, percorreu parte da cidade de Santana, numa estratégia de arrebanhar turistas e devotos para aquele progressista distrito de Palmeira dos Índios. A estátua de Frei Damião, encomendada em Petrolina, ao escultor Ranilson Viana será colocada no seu pedestal no recém construído Santuário, no próximo dia 6 de novembro dia de aniversário do “Santo do Nordeste”. A estátua, dividida em pedaços montáveis foi conduzida por carretas, acompanhadas por caravana e, à frente, batedores da Polícia   Rodoviária Federal.

O distrito de Canafístula às margens da BR-316, no município de Palmeira dos Índios, era um dos lugares escolhidos por Frei Damião como sede das suas pregações. Graças aos seus movimentos religiosos, proximidade com a sede e fertilidade das suas terras, o distrito saiu do anonimato, cresceu, evoluiu e hoje tem o reconhecimento não só de Palmeira dos Índios, mas de todo o Agreste e além fronteiras como lugar desenvolvimentista e turístico religioso. A fé em Frei Damião continua indestrutível no estado e em todo Nordeste, fazendo com que o distrito de Canafístula tenha destaque nacional e cultive o turismo religioso e suas romarias alimentadas pelos devotos do Frei. Padre Cícero e Frei Damião são figuras de alto relevo nos corações nordestinos, porém, cada um com estilos diferentes e no mesmo objetivo de servir ao Senhor.

Não sabemos se oficialmente ou não, temos nos meios sociais a referência àquele distrito como “Canafístula Frei Damião”. E agora, com o santuário que terá sua inauguração dia 6 de novembro e a estátua do santo que, com o pedestal terá vinte metros de altura, tem tudo para ser um atrativo nacional. Além das romarias que irão alavancar a economia municipal, faltou dizer que o lugar é referência na cultura e na festa da pinha doce. Sua feira de animais adquiriu fama, principalmente referindo-se a bois e cavalos.

E, em Santana do Ipanema, depois do espetáculo rodoviário com o Frei, com certeza as romarias santanenses serão duplicadas rumo ao Distrito aglutinador.

 

ESTÁTUA DE FREI DAMIÃO EXIBIDA EM CARREATA, NO ANOITECER DE SANTANA DO IPANEMA (FOTO: ÂNGELO RODRIGUES).

 



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terça-feira, 1 de novembro de 2022

 

ADMIRANDO A OBRA

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de novembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.794



 

Já abordamos o tema neste mesmo espaço, mas devido ao novo visual do edifício, resolvemos voltar ao assunto. Trata-se do prédio da Justiça do Trabalho que deixou a Avenida Arsênio Moreira e foi deslocado para a Rua Pancrácio Rocha trecho da BR-316, terreno federal vizinho ao DNIT. No caso, a construção do prédio da Justiça Federal em terreno próprio, deve acarretar uma série de vantagens para a própria estrutura física e para os servidores do órgão. Aquele prédio, também atraente no lugar onde fora o Hotel Avenida, é bem verdade que era mais centralizado, porém, edifícios importantes bem distribuídos pela urbe, fazem a cidade crescer como um todo. O que chamou atenção desta feita, foi o rebaixamento de um muro antigo que não permitia um bom visual do prédio visto da BR-316. Inclusive o acesso é pela parte lateral do terreno e não pela BR.

Sem o empecilho, melhorou bastante o cenário para quem passa no asfalto, porém a beleza do edifício impressiona na arquitetura e na compridez em sentido da BR para os fundos do terreno. Talvez fosse até uma bobagem falar sobre isso, mas quem se preocupa com o desenvolvimento urbano não pode ficar indiferente a essas novidades físicas e progressistas motivos de análise, planejamento e amor a terra. Há pouco falamos sobre o terreno federal abandonado na área do Complexo Educacional e de Saúde. Isso faz com que importantíssimas obras deixem de ser implantadas em lugares estratégicos iguais aquele e quem perde certamente é a cidade. Portanto, uma repartição federal e de respeito junto a outra do mesmo nível, a Justiça do Trabalho e o DNIT, dão moral a qualquer cidade ou bairro, como nesse caso, o Bairro São José, lembrando o belo prédio do Tribunal da Justiça no Bairro Serraria, em Maceió.

Até lamentamos a extinção do antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER que funcionou garbosamente naquela área do hoje DNIT com tantas e tantas histórias belas para o nosso desenvolvimento e não surgiu um só ex-funcionário para deixar em livros tanta bravura daqueles heróis verdadeiros do nosso Sertão. Por analogia podemos apresentar no mesmo nível, a repartição DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra a Seca e que os próprios funcionários usando a sigla DNOCS, diziam parodiando: “Deus Não Olha Cassaco Sofrer”.

Voltando ao prédio da Justiça, como ainda não vimos de perto para fotografar, temos a impressão do que é visto da BR-316, seja os fundos do prédio.

Mais do que vê é enxergar.

PEDACITO DO PRÉDIO DA JUSTIÇA FEDERAL, VISTO DA BR-316 (FOTO: B. CHAGAS).

 


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