quinta-feira, 31 de agosto de 2017

ENCOLHENDO OS COBERTORES

ENCOLHENDO OS COBERTORES
Clerisvaldo B. Chagas, 01 de setembro de 2017
Escritor Símbolo de Santana do Ipanema
Crônica 1.728

Fenômenos os mais estranhos e pesados, podem fazer regredir a população de uma cidade. O fechamento de fonte de renda como mina de ouro, vulcanismo, ameaças militares, tragédias naturais constantes como enchentes, furacões e vários outros motivos tendem à migração. Mas nada disso faz sentido no retrocesso habitacional de 22 cidades alagoanas.
Uma cidade pequena pode – embora não seja comum – ter uma boa qualidade de vida. Mas no caso de Alagoas isso não acontece. Com o aumento da população e o progresso, todos estão em busca de sonhos pessoais. Agora mais do que nunca pelas facilidades de locomoção, a juventude parte da cidade em que nasceu para tentar atingir objetivos na cidade maior. O estudo, a oportunidade de trabalho para os jovens que se deslocam, rebocam com eles os mais velhos da família que são os esteios.
O coronelismo moderno de gestões desastradas e infames nas cidades menores, nada cria, nada atrai, apenas o marasmo dos tempos antigos e mão implacável no cabresto do “seu feudo medieval”. E em muitas cidades não surge sequer uma fábrica de quebra-queixo. Outras cidades, outrora progressistas, perderam muito com novos traçados de rodovias, ficando isoladas ou longe demais dos novos eixos viários para às cidades mais adiantadas. Outras vezes é o próprio dinamismo da cidade vizinha que esvazia a primeira.   Em Alagoas estão perdendo população: Belém, Igaci, Jacaré do Homens, Jacuípe, Jaramataia, Jequiá da Praia, Jundiá, Lagoa da Canoa, Maravilha, Maribondo, Mar Vermelho, Minador do Negrão, Pão de Açúcar, Paulo Jacinto, Pindoba, Porto de Pedras, Quebrangulo, Roteiro, Santa Luzia do Norte, Santana do Mundaú, Tanque d’Arca e Viçosa. Entre elas, cinco são cidades sertanejas.
Apenas duas do total, nos surpreenderam: Maribondo e Viçosa.  Maribondo porque é muita movimentada e dinâmica. Mas, talvez, pela sua facilidade de transporte para Arapiraca e Maceió em tempo curto, tenha acontecido efeito contrário e havido migrações para estudos e trabalho. E Viçosa, tradicional centro cultural e econômico, recebeu logo cedo o abalo da extinção da via férrea e as mesmas facilidade de Maribondo para a capital.

No sertão, Minador do Negrão e Pão de Açúcar ficaram mais distantes do eixo viário (absorvida por Palmeira dos Índios e Olho d’Água das Flores, respectivamente); Jaramataia engolida por Batalha e Arapiraca; Jacaré dos Homens perdido pelo progresso de Batalha e, Maravilha ficando a reboque da grande expansão de Ouro Branco. Mas outros fatores poderão ser analisados onde estão ENCOLHENDO OS COBERTURES.

Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2017/08/encolhendo-os-cobertores.html

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

SÓ VAI À FORÇA

                                                      SÓ VAI À FORÇA
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.727

SALGADINHO, TRECHO DO REGINALDO. Foto: (Agência Alagoas).

Dizem que tudo tem o seu dia. E não poderia ter sido noticiado fato melhor para o estado de Alagoas, principalmente para a capital.  Pelo que saiu através de órgão noticioso, os eternos problemas que afligem a bacia do riacho Reginaldo estão perto do fim. Isso, graças ao responsável pela criação da força-tarefa, o procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar, que acredita ver resultados em médio prazo. É finalizada a primeira etapa da força-tarefa para recuperar a bacia do riacho Reginaldo. Foram realizados levantamentos sobre impactos ambientais e o comprometimento da bacia com grande quantidade de sujeira ali jogada, lançamento de esgotos, pouca água das nascentes, poluição, mau cheiro, ocupação irregular às margens e falta de preservação da mata ciliar e das áreas de nascente.
Na força tarefa atuam três promotores de Justiça: Promotoria de Justiça, em áreas diferentes.
Em setembro terá início a próxima fase quando serão ouvidos entes públicos e privados para formação de ações que possam minimizar os dados detectados na primeira fase. E com a segunda fase desse trabalho, com o envolvimento de vários órgãos públicos e privados e com a própria população do vale do Reginaldo, espera-se grande melhoria desse problema que se arrasta por décadas. O Reginaldo é o mais famoso riacho de Maceió e que foi transformado em esgoto. Veja um pequeno histórico publicado pela mesma fonte:
 “A Bacia do Reginaldo é uma homenagem ao juiz Reginaldo Correia de Melo, que atuava junto a órfãos da Vila Massayó, antigo nome da cidade de Maceió, no final do século XIX. Também chamado de Massayó ou Rego da Pitanga, seu trecho mais famoso é o Riacho Salgadinho, que vai da ponte do bairro do Poço até o mar. Ao todo, o rio possui uma área de 30 Km². A extensão do leito principal é de 13,5 Km, iniciando nas proximidades do Bairro Benedito Bentes e desaguando nas águas da Praia da Avenida. O Reginaldo é uma bacia urbana, totalmente dentro dos limites da capital. Alguns outros principais problemas são a ocupação urbana desordenada, que dificulta a administração dos serviços relacionados à água, esgoto, drenagem e a falta de educação ambiental junto aos moradores”.
Em Santana do Ipanema, jamais será solucionada a mesma coisa que ocorre com o trecho final do riacho Camoxinga a partir da Rua Santo Antônio; e com o trecho urbano do rio Ipanema a partir da parte inferior da barragem.
Só uma força-tarefa com o Ministério Público pode resolver. Alerta, sociedade MUDA santanense!








Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2017/08/so-vai-forca_30.html

terça-feira, 29 de agosto de 2017

RAUL, SATUBA E ROSINA

RAUL, SATUBA E ROSINA
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.726

RIO IPANEMA. Foto: (Clerisvaldo B. Chagas).
“Sou fervoroso adepto da vida na roça. Desde cedo, corpo e alma dediquei-me à plantação, a criação e aos livros. Viver, como ora vivo, em contato direto com a Natureza, ouvindo canto de pássaros livres da floresta, à noite, o sussurro do Ipanema no declínio poético de suas cheias, aspirando o cheiro que se exala da floração dos arbustos que cercam a minha casa e bordam, ainda, as margens do rio, tudo isso, francamente, me parece o sopro de Deus-Vivo embalando a minha própria existência, e o mundo santo da espiritualidade. Sou, portanto, um homem feliz”.
Certa vez encontrei esse personagem no livro de Raul Pereira Monteiro, “Espinhos na Estrada”, publicado em 1999. Referindo-se aos seus costumes de criança, Raul fala das caminhadas que fazia para vê as borboletas esvoaçantes da periferia de Santana do Ipanema. Curioso em vista de alguns boatos, lá no rio, no lugar Volta do Ipanema, resolve desvendar o mistério de um ser solitário chamado Satuba. Descobrindo que Satuba não era assustador como imaginava, mas sim, um doce roceiro intelectualizado e poético que lhe relata o motivo de viver solteirão. Fala do único amor da sua vida com a desastrada Rosina, rompido por ele mesmo. Raul conversa bastante com Satuba.
Adepto também das caminhadas no entorno da minha cidade, fui à Volta lembrar o Satuba apaixonado de cerca de meio século atrás. Nada encontrei que tivesse a menor relacionamento com o roceiro. Nada de Raul para apontar o dedo para algum sítio daqueles e afirmar: “Era ali a morada do romântico”. E assim os sertões estão cheios de histórias esquisitas, algumas capturadas por escritores tão sensíveis quanto os atores naturais encontrados nas quebradas.
      A simplicidade da história bem conduzida faz o pequeno ficar grande na Literatura. Vejamos o desfecho do caso, novamente passando à palavra ao autor:

“No caminho de casa, eu disse de mim para mim, baixinho, mentalmente mesmo, como se temesse fosse o meu pensamento interceptado por alguma viva alma. ‘Fique tranquilo, Satuba’. Eu também sou um covarde – não tive a coragem de lhe transmitir esta outra mensagem, tão sincera, do meu espírito. Você não é como disse, privilegiado nem homem feliz, sob nenhum aspecto. Você é, isso sim, um triste apaixonado”.

Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2017/08/raul-satuba-e-rosina.html

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

LAGOA DO RETIRO: UM DESPERTAR

LAGOA DO RETIRO: UM DESPERTAR
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.723

LAGOA DO RETIRO. Foto: (Agência Alagoas).
Já comentamos muito sobre as lagoas interiores do nosso estado, quase sempre com notícias desagradáveis.  E quando puxamos pelo meio ambiente, trazemos a Geografia, Sociologia, História, Economia porque tudo se acha interligado. Entre essas lagoas, encontra-se a Pé Leve no município de Limoeiro de Anadia como a mais famosa – talvez pela proximidade de Arapiraca – a segunda maior cidade do nosso chão. Após contínuas observações aconteceu o que se previu e a Pé Leve secou. Isso mexe com o ambiente e com a economia do povoado, mouco às constantes advertências. Mas ainda existem outras no Agreste que a muito custo fazem crescer o ditado: “Quando a barba do vizinho arder põe a tua de molho”.
A lagoa do Retiro, no município de Junqueiro, parece querer seguir os conselhos de quem entende. Com orientação das autoridades ambientais “diversos proprietários de terras que englobam parte da área do entorno da lagoa do Retiro, cumpriram a determinação de um recuo de suas cercas, a uma distância de 30 metros” onde foram plantadas 380 mudas de árvores nativas, incentivo do Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas – IMA/AL. Isso faz parte do projeto Alagoas Mais Verde. A finalidade dos que plantaram árvores como o ingá, jenipapo, jaqueira do brejo, pau-brasil e peroba-rosa é proteger o entorno da lagoa e seus acessos. Estudantes e órgãos do município participaram das ações em favor da Natureza.
Mas é sabido que se precisa agir em outras frentes importantes da consciência ambiental para que todos os efeitos juntos permitam perenemente a salvação da lagoa. Não tivemos mais notícias sobre a Pé Leve e, uma visita nossa planejada ainda não foi possível. Enquanto isso, em Maceió, a lagoa marítima da Anta vive ameaçada pelos esgotos e apresentando peixes mortos. Pelo menos ali o bocão popular denuncia e, a pressão da Imprensa conduz para os consertos. No Sertão, antigas lagoas desapareceram pela ignorância humana. Uma ou outra pode ter sido aproveitada para construções de barreiros.
      Esperamos que as ações para salvar a lagoa do Retiro sirvam de exemplo altamente aproveitável, para trabalhos semelhantes em todos os rincões do estado.














Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2017/08/lagoa-do-retiro-um-despertar.html

domingo, 27 de agosto de 2017

SERTÃO PARABENIZADO

SERTÃO PARABENIZADO
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.724

Foto: (Agência Alagoas).
Meu sertão velho de guerra! Duas vitórias de peso seguidamente aconteceram em seu território alagoano. A primeira – já falamos aqui algumas vezes – foi o início do asfaltamento da antiga rodagem, estrada de Lampião, do povoado Carié, em Alagoas, a Inajá, Pernambuco. Dizem os entendidos, que o povoado é o maior entroncamento do Nordeste. O asfalto esperado por 50 anos já está em pleno andamento. Em primeiro plano, a cidade de Canapi e seu município serão os grandes beneficiados saindo do isolamento viário que fez colecionar inúmeros prejuízos. Estando no Carié, você pode atingir o estado de Pernambuco pelo oeste chegando a Inajá. Pode também chegar a Pernambuco pelo norte atingindo Garanhuns. Caso siga para o sul, Paulo Afonso lhe espera na Bahia. No rumo leste, você buscará Santana do Ipanema e Maceió. Deu para entender a enorme importância do Entroncamento Carié?
A segunda vitória foi um posto moderno que a Polícia Rodoviária Federal acaba de conquistar no mesmo entroncamento. Ouvimos de quem ali trabalhou na obra que foi gasto muito dinheiro, mas que o posto ficou tão bonito, bem feito e adiantado (com equipamento de ponta) que tem que se pensar duas vezes antes de se passar por ali com cargas irregulares. O novo posto rodoviário foi inaugurado sexta-feira passada e recebeu o nome do santanense Luiz de Gonzaga Pereira, conhecido pelos amigos simplesmente por Zaga. Na linguagem específica, a nova instalação foi intitulada: Unidade Operacional Luiz de Gonzaga Pereira Santos, em homenagem ao PRF morto em serviço, em 2015, em atendimento de acidente de trânsito na região. Luiz Gonzaga, antes de ser policial fora um dos pioneiros de gráficas em Santana do Ipanema, na denominada Rua Nova.
         “Localizada no km 49 da BR 316, essa é a primeira Unidade Operacional da Polícia Rodoviária Federal no estado que segue os novos padrões de modernização do órgão, garantindo a seus policiais melhores condições de trabalho, segurança e tecnologia”. Houve muita festa na ocasião, inclusive, banda de música de Paulo Afonso (Bahia) e como sempre, várias autoridades que foram valorizar o evento.
Acreditamos que a vitória tenha sido do sertão alagoano e do Nordeste como um todo.







Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2017/08/sertao-parabenizado.html

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

SERRA DO POÇO

 SERRA DO POÇO
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.721

SERRA DO POÇO. Foto (Clerisvaldo B. Chagas).
A serra do Poço faz parte do Maciço de Santana do Ipanema, Médio Sertão de Alagoas. Possui um pouco mais de 500 metros de altura. Embora esteja distante da cidade em cerca de seis quilômetros, faz parte dos montes que circundam a urbe. É majestosamente avistada de quase todos os pontos urbanos e parece ter sido uma das primeiras áreas a ser habitadas na história do município, mesmo sem habitações contínuas. Já foi celeiro de frutas, andu, fava e plantas medicinais da região sertaneja. Com o esvaziamento do espaço – cujas novas gerações preferiram viver na cidade – falta de mão de obra, não renovação dos pomares, desmatamento e exaustão das terras, a serra do Poço empobreceu.
 Houve tempo, quando a serra ainda era o Jardim do Éder, em que vários rapazes quiseram comprar terras no topo. A ideia  era construir cabanas para usá-las durante as neblinas de inverno e as aragens do verão; refúgio de férias e fins de semana. Mas os projetos de arranque ficaram apenas nas mesas do “Biu’s Bar” da Rua Delmiro Gouveia. E se todos os produtos apresentados como sendo da serra do Poço eram garantidos, garantida continua sua altitude, aragens, frieza e neblina das estações. O Gugi, a Camonga, Caracol (citada no primeiro documento sobre Santana) Remetedeira, são serras que ainda hoje aguardam o incentivo do turismo no sertão na forma de paisagismo, trilhas, chalés e escaladas.
A serra do Poço divide-se pela metade em terras de Santana do Ipanema e do Poço das Trincheiras, município vizinho, daí a sua denominação. Os dois principais acessos à montanha, saindo do centro de Santana, é pelo sítio Água Fria. O outro é pelo sítio Salgado no lugar conhecido como “Fazenda de Seu Didi”. Essa é a antiga estrada de terra que passa por outros sítios como Camoxinga dos Teodósios e Pinhãozeiro em direção a Águas Belas, Pernambuco. Foi aberta pelo prefeito Pedro Gaia em 1938, o mesmo prefeito que fez a primeira reforma física da prefeitura.

Ambos os acessos foram sempre péssimos e nem é preciso bater nessa velha tecla enferrujada. Mas a paisagem que você vai contemplar do cimo, compensará a língua de fora se a subida for a pé.

Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2017/08/serra-do-poco.html

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

FERREIRINHA

FERREIRINHA
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.722

MARCELLO, FERREIRINHA, CLERISVALDO. Foto: (Arquivo Clerisvaldo).
A contribuição de artistas para o próprio município continua com a máxima de Jesus de que “ninguém é profeta em sua terra”. Na sua contribuição versátil à cultura popular, o poeta, compositor e cantor Ferreirinha iniciou sua vida artística abrindo caminho no sertão para a música sertaneja, ainda tabu nessa região interiorana. Tabu porque só se ouvia o forró sem vez para a música de raiz do distante Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Foi ele quem enfrentou a indiferença pela chamada atualmente de “música sertaneja” daquelas regiões, formando dupla com Ferreira. A dupla cresceu e passou a ser convidada para espetáculos nos mais diferentes lugares em Alagoas, Pernambuco e Bahia. Ganhou muitos aplausos de multidões em praças públicas, notadamente em festas de vaquejadas e de política. Com o passar do tempo, a única dupla sertaneja de Santana do Ipanema se desfez. José Cícero Barbosa, o Ferreirinha, então, passou a cantar sozinho pelos mesmos espaços já conquistados com o colega.
Talvez pela sua humildade Ferreirinha ainda não tenha sido reconhecido como o artista mais mutável da terrinha: canta sertanejo, toca viola, declama poesias matutas, improvisa, canta serestas e compõe. Faz parte do coral da Igreja Matriz de São Cristóvão, da AGRIPA e do nosso círculo de amizade. Acometido por um mal muito difícil, Ferreirinha venceu mais essa etapa. Após a cirurgia realizada na cidade de Arapiraca, o artista repousa em sua residência sob os cuidados e carinho dos seus familiares. Graças a Deus vai se recuperando bem do abalo que veio para sua provação.
Terça-feira passada, eu e o escritor Marcello Fausto estivemos com o valoroso Ferreirinha, com os mimos de amizade e respeito profundo, tanto pelo homem quanto pelo artista. Repetimos para ele o que nos disse o forrozeiro Manoel Messias, o Imperador do Forró: “Quebrou uma peça da gráfica para que lhe desse tempo de recuperação para o lançamento do livro 230”. E Ferreirinha, lépido, passou a cantar meu cordel presenteado “A Igrejinha das Tocaias; sua história”.

Esta semana voltaremos lá novamente quando ouviremos sua viola que só falta falar.

Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2017/08/ferreirinha.html

terça-feira, 22 de agosto de 2017

QUIXABEIRA

QUIXABEIRA
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.721

QUIXABEIRA. Foto: (Paisagismodigital).
O desmatamento da caatinga continua. Entre suas árvores, destaca-se a quixabeira com nome variado conforme a região nordestina e norte de Minas Gerais. Preta, sapotiaba, espinheiro, coronilha, maçaranduba-da-praia e rompe-gibão, são algumas denominações que se dá a Sideroxylon obtusifolium. Quando se trata de sombra a quixabeira é rainha e tem sempre a preferência dos caminhantes, cuja proteção parece uma casa. Não é raro no sertão se dizer que determinada quixabeira é mal-assombrada. É que até os espíritos errantes gostam de se arrancharem em mangueiras e quixabeiras. Essa árvore pode atingir até 15 metros de altura e produz pequenos frutos pretos, adocicados e leitosos apreciadíssimos pelos caprinos.
Sua madeira é dura e espinhosa. A casca é adstringente, tonificante, antidiabética, anti-inflamatória e cicatrizante. As flores são aromáticas. A quixabeira é muito utilizada na medicina popular, sendo uma das mais indicadas contra o diabetes. Devido ao uso constante e indiscriminado, a espécie se encontra cambaleante, precisando incentivo para sua reprodução.
Encontramos sempre alguma pessoa negra com apelido de Quixaba. É que esses frutos pequenos e arredondados, de um verde-oliva inicial, amadurecem passando para o preto retinto.  
Os raizeiros do sertão aceitam encomendas de garrafadas contra o diabetes que são feitas com a entrecasca da planta. Em casa a bebida é mantida em geladeira que vai sendo tomada de acordo com as orientações.
Em Alagoas, no município de Santana do Ipanema, existe um povoado a 12 km da cidade, chamado antigamente de Quixabeira Amargosa. Estar localizado nas faldas da região serrana e teve o título mudado para São Félix. Nessa área sertaneja é encontrada a árvore citada, mas também se encontra a Sideroxylon na parte mais plana do relevo da depressão sertaneja e do São Francisco. Entretanto, a medida que o tempo passa, mais difícil vai ficando encontrá-la com sua majestade. Não somente a quixabeira, mas todas as arvoretas e árvores do sertão vivem permanentemente ameaçadas. A fiscalização ainda é muito frágil e vai perdendo a corrida pela sobrevivência do meio selvagem da caatinga.










Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2017/08/quixabeira.html

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

CAPIVARA SEM VEZ


CAPIVARA SEM VEZ
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.720

SERRA DA CAPIVARA. (Foto divulgação).
No Brasil, falar em qualquer tipo de benefício é sempre difícil. E quando o tema é parque nacional, demarcação de terras indígenas, reforma agrária, o sofrimento sempre foi enorme e dorido. Tenho admirado o trabalho exaustivo da arqueóloga Niéde Guidon – expressivo orgulho nacional – sua guarda e preocupação com o Parque Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, Piauí. Neste País é uma batalha quase sem fim para se fundar um parque e uma luta sem fim para conservá-lo. Além da indiferença oficial das autoridades, a batalha é dura e renhida contra as ações do tempo e das invasões dos maus intencionados. Coitada da heroína, lutando e dando sua vida pelo patrimônio cultural do Brasil, quando ela mesma já é expoente do mundo na ciência que abraçou.
Veja o que aconteceu no Parque Nacional da Serra da Capivara a cerca de 530 km da capital Teresina: “Segundo a Polícia Militar de São Raimundo Nonato, um dos municípios que compõem o parque, pelo menos quatro pessoas estavam caçando animais dentro dos limites da Serra da Capivara. Ao serem identificados por três guardas, entraram em conflito e se envolveram em um tiroteio. Dois funcionários ficaram feridos e o outro morreu. Outro dois suspeitos tiveram ferimentos, foram localizados neste sábado (28) e encaminhados para um hospital de Floriano (a aproximadamente 250 km da capital). O restante do grupo conseguiu fugir. A polícia faz buscas na região”.
Veja mais: “O confronto aconteceu no município de João Costa. O Parque Nacional da Serra da Capivara foi criado em 1979 e, desde 1991, é considerado Patrimônio Cultural pela UNESCO. Parte de um corredor ecológico de 414 mil hectares, o parque é um dos principais centros científicos de arte rupestre do mundo, com escavações que revelaram vestígios de mais de 50.000 anos e mais de 900 sítios arqueológicos catalogados”.
Numa proporção muito menor, a conservação da Reserva Tocaia em Santana do Ipanema, não fica atrás dessas preocupações. O que o senhor Alberto Filho, enfrenta todos os dias na reserva, seria motivo de uma conferência para todos os santanenses. Ah! Muitas autoridades ligadas ao tema nem gostariam de ouvir.

Joel Si






Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2017/08/capivara-sem-vez.html

domingo, 20 de agosto de 2017

FESTA DE GADO

FESTA DE GADO
Clerisvaldo B. Chagas, 21de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.719

Vaqueiros em Serrinha. Divulgação.
Uma das maiores festas  do Brasil é relativa ao gado que ocupa todo o território nacional. As manifestações culturais mais expressivas estão na vaquejada (pega-de-boi-no-mato), corrida de mourão (chamada erroneamente de vaquejada) e os rodeios. Havia a Farra do Boi, em Santa Catarina, mas foi extinta por lei. Os rodeios são típicos das Regiões Sul e Sudeste; a vaquejada, a corrida de mourão são coisas nordestinas. O boi ainda surge em figura de papelão como divertimento popular acompanhado de música, bailado, teatro, em várias regiões brasileiras. As características são próprias de cada estado e denominações locais: bumba-meu-boi, boi-bumbá, boi-de-mamão e outras menos conhecidas.
Uma festa que acontece todo ano, mês de agosto, é a "Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos”, interior de São Paulo. O evento que vem desde 1956, teve origem com os peões tangedores de boiadas de Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul em estradas de terra e que duravam vários dias. Geralmente essas boiadas eram tangidas até os frigoríficos onde o boi era abatido. Em Barretos, um desses destinos, teve início a festa com brincadeiras do peões mostrando como se fazia na doma de cavalos das fazendas. Hoje  Barretos tem um parque de rodeio planejado por Oscar Niemeyer com uma área onde cabe em todo o espaço, 50.000 pessoas, das quais 35.000 sentadas. Este mês a festa encontra-se em pleno andamento quando teve início no dia 17 e prosseguirá até o próximo dia 27. Além das competições, espétaculos outros são oferecidos, principalmente por duplas sertanejas.
Em Alagoas ainda não conhecemos em funcionamento o parque chamado “O maracanã da vaquejada”, em Palmeira dos Índios. Mas existem vaquejadas de verdade, a pega-de-boi-no-mato, em alguns lugares, entre eles, o da serra do Japão, nas imediações de Folha Miúda, no Agreste. Quanto à corrida-de-mourão, engolida nas cidades como vaquejada, vão se mantendo no estado em todas as regiões. Dificilmente qualquer uma dessas formas chegaria a uma estrutura semelhante a de Barretos. Mas, como diria Luiz Gonzaga: ali “corre dinheiro pelo chão”. E no Médio Sertão alagoano o jeito é se conformar com a mais chamativa que é a de Dois Riachos. Famosa porque o município possui a maior feira de gado nordestina e de quebra a natalidade de Marta, a maior jogadora do mundo por várias vezes.
A vaquejada é bruta, mas serve para competir, cantar, beber, namorar, arrancar o estresse e fazer amigos.

O dinheiro geral que rola, quem não gostaria de tê-lo?

Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2017/08/festa-de-gado.html

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

O CÃO DO POÇO E MANECA

O CÃO DO POÇO E MANECA
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.718

Estátua ao jegue. Foto: (Clerisvaldo B. Chagas).
No meu livro inédito: “O Boi, a Bota e a Batina; história completa de Santana do Ipanema” existe uma página com o mapa do comércio de Santana, década de 1960. Todas as casas comerciais, nomes, proprietários, localização, do espaço Senador Enéas Araújo, Praça Cel. Manoel Rodrigues da Rocha e Largo da Feira. O mapa contém, inclusive, todos os comerciantes e seus lugares no antigo “prédio do meio da rua” e no “sobrado do meio da rua”, demolidos na gestão Ulisses Silva. Na esquina defronte o museu estava à loja de tecidos de meu pai. Do lado de cima, negociava com café, o Maneca (pai da professora Mariluce). Depois o Maneca mudou-se para ser o nosso vizinho de baixo mantendo o seu Café denominado por todos de Bar de Maneca. O vizinho de cima passou a ser o comerciante de tecidos Jaime Chagas que foi vice-prefeito em Santana.
Maneca fazia um café muito gostoso e ele mesmo dizia que misturava o café AFA de primeira com o de segunda. Todos gostam do café que faço em minha casa, mas não há uma só vez que eu não diga que é o café de Maneca. Gente finíssima e querida por todos, às vezes o proprietário tomava uma ou outra e ninguém notava, a não ser em virtude de algumas ações estranhas. E quando um vereador sentou à mesa e começou a pedir o café por várias vezes, Maneca respondia lá de dentro: “já vai!”. O vereador, enquanto isso ia colocando açúcar do antigo açucareiro de vidro que ficava à mesa, na mão e comendo.  E quando Maneco chegou com o café, entregou a xícara e retirou o açucareiro sem nada dizer. Pensando que Maneca iria trocar o objeto, o vereador perdeu a paciência e indagou: “Maneca, e o açúcar?”. O dono disse: “Você já comeu o açúcar, agora se rebole para misturar”. Já o mestre Alberto Nepomuceno Agra, sentou à mesa e pediu um queijo, duas ou três vezes. Maneca veio de lá, colocou um queijo inteiro de um quilo no prato de Alberto e retirou-se calado. “O que é isso Maneca?”. “Você não pediu um queijo?”.
Trabalhava no bar o garçom, alto, boca grande e bobalhão, apelidado Cão do Poço. O apelido vinha de coisas sobrenaturais que estavam acontecendo no Poço das Trincheiras, lugar de origem do garçom. Cão do Poço dormia no próprio bar. E quando o prefeito Ulisses Silva mandou deixar um monte de pedras para calçamento defronte o salão paroquial, Cão do Poço deve ter feito alguma raiva ao patrão. Quando o garçom pediu o chaveiro para dormir no bar, Maneca passou a chave na porta de ferro e indicou o monte de paralelepípedos da rua, dizendo: “Hoje sua cama é aquela”. Pendurou o chaveiro no cós da calça e foi embora.

Nem um anjo pediu pelo Cão do Poço.

Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2017/08/o-cao-do-poco-e-maneca.html

terça-feira, 8 de agosto de 2017

ESCREVENDO A ESCRITA

ESCREVENDO A ESCRITA
Clerisvaldo B. Chagas, 09 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.711

Ilustração: (História do Mundo).
Segundo as profecias, o início do fim do mundo ocorrerá na área entre os rios Tigre e Eufrates, na antiga região da Mesopotâmia. Mas enquanto futuro sombrio, passado de belas descobertas. Supõe-se que foi ali entre Europa, Ásia e África que tenha nascido à escrita.  Mesopotâmia significa “entre rios” e representa uma comprida faixa de terra cortada pelos rios Tigre e Eufrates que deságuam no Golfo Pérsico. Mesmo nessa área deserta, os povos que habitaram a região souberam aproveitar as águas de ambos os rios para irrigar as terras, praticar a agricultura e evitar a fome tão comum naqueles tempos. De vegetação pobre, clima quente e seco durante a maior parte do ano, mesmo assim a criatividade humana dava passos importantes pela sobrevivência.
Entre os povos que habitavam a região estavam os sumérios, os acádios, os amoritas, os assírios e os caldeus. O domínio da Agricultura permitiu a construção de cidades, reinos e impérios, deixando contribuições importantes para a humanidade, entre elas a escrita. Antes se supunha que a escrita teria vindo da Mesopotâmia de 3.000 a. C. Teria sido essa escrita feita através de sinais em argila, descobertas pelos estudiosos. Interessante é a evolução de cada ciência que está sempre a descobrir fatos novos que muitas vezes derrubam as teses que nos ensinaram durante décadas e décadas. Assim a Arqueologia mostra novos achados atestando que a escrita teria nascido em lugares diferentes ao mesmo tempo. Ela pode ter sido inventada na Suméria, no Egito, na Índia ou na China.
“Acredita-se que a escrita surgiu da necessidade de se resolverem problemas práticos, como controlar a arrecadação e o gastos dos templos e palácios”. Foi ela quem “possibilitou à humanidade armazenar ideias e experiências às novas gerações”. A escrita e outras importantes invenções justificam o estudo do passado, notadamente as milenares aperfeiçoadas até os presentes dias. No caso da Suméria, a escrita foi um longo processo com vários estágios. Os sumérios escreviam em pequenas tábuas de barro úmido, depois colocadas ao sol para secar. Para escrever era usada uma espécie de palito de extremidade triangular, cujos sinais nas aplicações eram em forma de cunha, daí esse tipo de escrita ser chamada de cuneiforme.

Como será a escrita do futuro?

Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2017/08/escrevendo-escrita.html

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

A CACHACINHA DE CADA DIA

A CACHACINHA DE CADA DIA
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.710

Ilustração: (dalvaelu).
Ainda continua no Brasil a demora pelo registro de patentes. Você inventa algo e enfrenta o “tempo do urubu” para registrar o seu invento. Isso faz com que cientistas brasileiros vendam suas ideias a outros países que muitas vezes as aperfeiçoam e vão ganhar dinheiro à custa do inventor. Quem não se lembra de algum cientista em sua cidade que não teve como progredir pela falta de apoio consciente ou pela ignorância dos grandes. Nós pelo menos nos lembramos de dois: José Gomes (Sapo) e Agenor da Empresa. O primeiro lutando para construir um barco com experimento no açude do Bode. O outro realizando inúmeras obras como o elefante em tamanho natural que desfilou em um dos carnavais de Santana do Ipanema.
Mas a falta de apoio já vem de muito distante. O escritor Oscar Silva lamentava na década de vinte esse apoio ao colega escritor Valdemar Cavalcanti, ao tentar um projeto na Agricultura. E da Agricultura brota a cana-de-açúcar e da cana surge o engenho que produz a cachaça; a “moça branca” que é nossa e que moveu o País desde os tempos de D. João VI. E como a bebida é brasileira, volta-se ao assunto da patente, do reconhecimento e outras coisas mais da perene burocracia mundial.
É assim que “Brasil e México assinam acordo para proteger propriedade da cachaça e da tequila”. Veja: “Ligada diretamente às culturas do Brasil e do México, a cachaça e a tequila agora terão proteção plena de propriedade e qualidade na comercialização nos dois países”. Isso quer dizer que toda cachaça que aparecer no México, tem que constar que foi fabricada no Brasil, assim como a tequila no Brasil terá que constar a origem mexicana.
Ah! Por fala nisso, quando eu pedia a meu pai para ir ao Cine Glória de meu padrinho Tibúrcio Soares, a prima que ajudou a me criar dizia: “Deixe não, Manezinho que hoje é filme mexicano”. E quem disse que ele deixava! A “beijoada” dos filmes mexicanos já era considerada putaria. Mas eu gostava muito bem das canções apresentadas e dos pistoleiros pedindo tequila pelos bares.
Mas entre o diabo da tequila e a bebida dos escravos brasileiros, prefira carimbar a patente da cachacinha de cada dia.


 

 

 




Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2017/08/a-cachacinha-de-cada-dia.html

domingo, 6 de agosto de 2017

FATOS SEM FIGURÕES

FATOS SEM FIGURÕES
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de agosto de 2017são
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.709
Foto: (Agência Alagoas).
Sem querer elogiar político nenhum, por ser independente e por motivos óbvios, algumas coisas em Alagoas, são dignas de notas. Os fatos representam progresso para a terra e não reconhecê-los é ser cascão. A obra federal que estar sendo realizada entre o povoado e entroncamento Carié – Inajá, além dos grandes benefícios para a integração de Alagoas, registra mais desenvolvimento para o Nordeste, uma vez que se vão interligando trechos importantes interestaduais de rodovias. Isso representa a vez dos interiores que procuram vias competentes entre si e entre si e o litoral. E ainda segundo informações abalizadas, Carié – Inajá é o único trecho do Brasil com 50 quilômetros, sem asfalto.
Já o viaduto da Polícia Rodoviária que vai ser iniciado é altamente relevante para Maceió que procura alternativas ao número crescente de seus veículos. Como o trecho – há cinquenta anos prometido – Carié – Inajá, foi iniciado, diminui bastante a desconfiança de que a obra não seja realizada. Pressão de capital não é igual a parafuso de interior.
Quanto a duplicação da Rodovia BR-101, não ficou muito clara a explicação das autoridades. A BR-101 corta Alagoas norte-sul ligando o nosso estado a Pernambuco pelo município de Novo Lino e, a Sergipe pelo município de Porto Real de Colégio. São, portanto, cerca de 239 quilômetros de extensão. Nesse caso a propaganda é falsa, pois na verdade só serão duplicados 46 quilômetros, pelo que se entende após divulgação. O trecho nos parece que vai de Rio Largo ao entroncamento com a BR-104. Mas os políticos no geral bota logo a boca larga para diminuí-la nos retalhos: “Vamos duplicar a BR-101”. Depois de impressionar o público, a duplicação será apenas de 46 quilômetros. Essas manobras são típicas dos demagogos que acham facilidade em viver de política. Mesmo assim a trecho que será duplicado é relevante, pelo tráfego intenso da região.
Estamos aguardando também a realidade do asfalto no trecho sertanejo Batalha – Belo Monte, para retirar este último município do isolamento e da pobreza ora existente.
É lá onde se encontra a foz do rio Ipanema.













Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2017/08/fatos-sem-figuroes.html

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

NA TERRA DE CORISCO

NA TERRA DE CORISCO
Clerisvaldo B. Chagas, 4 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.708

CORISCO. Foto: (Livro: "Lampião em Alagoas").
Mais uma opção para os cabras andadores desse Brasil, compadre. Para esfriar a cabeça, aumentar a cultura e se divertir bastante, surge o Festival de Inverno de Água Branca, em sua 14 edição. O evento acontecerá no decorrer dos dias quatro, cinco e seis, deste mês de agosto. Como o nosso inverno costuma chegar até o final da primeira quinzena deste mês, é aproveitar a beleza da neblina na parte serrana do Sertão. Participar do festival é conhecer a outra face sertaneja marcada eternamente pelas longas estiagens nordestinas. Distante apenas 304 quilômetros de Maceió, Água Branca possui quase vinte mil habitantes e está situada a 570 metros acima do nível do mar. Antes chamada Matinha de Água Branca, teve destaque no século passado, tanto pela sua influência política quanto pelos primeiros passos de Virgolino Ferreira em seu território, antes e depois de virar Lampião.
Aproveitando suas montanhas, o município vive da Agricultura e da Pecuária com produções de algodão, banana, cana-de-açúcar, feijão, laranja, mamona, milho, manga e mandioca. Seus roçados e criatórios se estendem pelos verdejantes vales entres serras com paisagens de tirar o fôlego. Sob a égide de Nossa Senhora da Conceição, cuja igreja foi construída pelo Barão de Água Branca, oferece o município um festival que faz o restante do estado lembrar a sua existência. Isso porque, estando na chamada contramão e no extremo oeste do mapa, precisa mostrar sua arquitetura, tesouros da cultura e os belos cenários que a todos encantam.
Água Branca é a terra do seu mais conhecido filho, infelizmente voltado para o mal, nascido ali na serra da Jurema. Corisco foi o mais famoso cangaceiro do bando de Lampião, tanto quando estava junto ao cabeça quanto nas suas atuações independentes em subgrupo de seis a oito comparsas.
Quem pretende aprofundar-se nos temas municipais de Água Branca vai encontrar um leque de opções, facilitado por boas estradas que ligam o município à capital.  O frio da região serrana sempre foi motivo de comentários em todos os veículos de comunicação. Ultimamente começou a ser destaque do mundo sertanejo os cenários de inverno da urbe, cuja neblina imita a região Sul e Sudeste do País.
O que você ainda espera que seja dito para “picar a mula” rumo a Água Branca, meu senhor?




Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2017/08/na-terra-de-corisco.html

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

GREVE DA GOTA SERENA!

GREVE DA GOTA SERENA!
Clerisvaldo B. Chagas, 03 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.707

MACEIÓ SEM ÔNIBUS.  Foto: (Clerisvaldo B. Chagas).
Estão em nossa “Repensando a Geografia de Alagoas”, os principais problemas da cidade grande. E se fôssemos falar como os desbocados do nosso Sertão, “foi para lascar”, terça-feira última em Maceió. Capital com mais de um milhão de habitantes com a maioria dependendo de ônibus urbanos, não poderia ter sido diferente. Bastou um dia para gerar desesperos em todas as organizações sociais do povo maceioense. Sem dúvida alguma os maiores aperreios estavam nos necessitados de saúde e os empregados particulares que não conseguiam chegar ao local de trabalho. As vans e as motos aproveitaram-se da miséria alheia, os preços ganharam asas e se não alcançaram os céus, chegaram aos dois dedos lembrando safada anedota brasileira.
O que normalmente custava três reais subiu a escada ligeiro como perna de ema para cinco, dez, vinte e até mesmo trinta reais para o trabalhador sacrificado, liso e refém da ambição humana. Onde só cabia quinze, houve milagre da física e da matemática que acolheram trinta. E quem ainda tinha o pudor de defender a traseira, nem sequer podia mover o “bumba” dentro das vans sardinhas e fedorentas. Idoso e deficiente ou chegaram a casa sem camisa ou desistiram no ponto dos espertos antes do embarque na aventura. Pela precisão, grande número de automóveis voltou às ruas, cujo trânsito não alisava ninguém na chuva, nos buracos e nas pragas. Qualquer radinho peba que falasse em greve de ônibus fazia grande sucesso onde diabo fosse ligado, mesmo aqueles chamados “consolos de cornos” da velha China.
No embate entre patrões e empregados foi preciso a Justiça intermediar acordos em posições endurecidas. Sabe-se que trabalhadores de empresas particulares em todos os setores se sentem como escravos diante dos salários pagos no estado. Inúmeros empregados falam mal dos próprios sindicatos acusando-os de conchavo. Mas os que trabalham em ônibus reclamam direto dos salários escravagistas.
Por sua vez empresário não coloca ônibus suficientes para a população e em lugar de três põe um só na rua. O coletivo demora a circular para juntar mais gente nos pontos e andar lotado. O que acontece que os prefeitos se curvam quanto ao ar condicionado nos coletivos para a altíssima temperatura de Maceió? O que está por trás disso? Os abrigos para os usuários são verdadeiras piadas de gosto azedo diante de um serviço de terceira categoria? E esse terceiro mundo vai se arrastando para gestor nenhum dá jeito, seja ele velho ou novo. Precisamos de mais cinquenta anos à frente para que os serviços viários coletivos se igualem aos do Canadá, por exemplo.

E sobre o que aconteceu na terça-feira, àquela velhinha da boca mole que havia escapado do caos dominante, falou querendo puxar conversa: “O senhor viu? Foi uma greve da gota serena!”.

Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2017/08/greve-da-gota-serena.html

terça-feira, 1 de agosto de 2017

FARÓIS DE ALAGOAS

FARÓIS DE ALAGOAS
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.706

FAROL DO JACINTINHO. Foto: (Ailton Ruz).
Há certo tempo passado, subi para o Jacintinho em busca de rever o farol que marcou parte da minha infância em Maceió. Não cheguei a entrar porque estava interditado na ocasião, mas deu muito bem para matar a saudade das faixas azul e vermelha projetadas para o oceano. Agora vejo bela reportagem completa em site de Maceió sobre os velhos faróis de Alagoas em número de seis. Eles estão localizados no Jacintinho; Pontal do Peba, perto da foz do rio São Francisco em Piaçabuçu; Pontal de Coruripe; Praia do Gunga em Roteiro; Praia de Ponta Verde em Maceió e em Porto de Pedras.
O responsável pelo funcionamento de todos os faróis instalados em Alagoas tem como responsável o sargento Alessandro, da Marinha do Brasil. Ele diz que apesar das tecnologias, o mundo inteiro ainda mantêm seus faróis funcionando por causa da eficiência na segurança aos navegantes.
Hoje, com 26 metros de altura, o Farol de Maceió é um dos mais eficientes do país e está a 68 metros do nível do mar. Sua luz tem alcance de 43 milhas (80 quilômetros), na luz branca, e 36 milhas (60 quilômetros) na luz encarnada. Depois de construído entrou em funcionamento em 10 de janeiro de 1857. O local deixou de ser chamado Alto da Jacutinga para Alto do Farol e que originou o nome do bairro. Quando em 1937 o farol recebeu luz elétrica passou a ser o primeiro do Brasil.
Os faróis são charmosos e pontos de referência para habitantes, turistas e banhistas, embarcando sempre suas imagens nas mochilas de visitantes. Funcionam em condições normais à base de energia elétrica, mas estão em segundo lugar baterias que podem manter o equipamento na sua função. Explica novamente o sargento Alessandro que ainda acontece à terceira opção, que é um funcionamento mecânico que parece complicado.
E para completar as informações, o farol da Ponta Verde possui cerca de 15 metros de altura, faz parte do cartão postal daquela praia e adverte sobre os recifes na região.
O maior de todos, porém, é o Farol do Peba, erguido na foz do rio São Francisco, em torre de metal, com 46 metros de altura.
Cada um dos seis faróis de Alagoas tem sua história própria e um montão de inúmeras outras para ser contado.








Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2017/08/farois-de-alagoas.html