sexta-feira, 30 de março de 2012

CASAL,ORA BOLAS!

CASAL, ORA BOLAS!
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de março de 2012.

 A Companhia de Saneamento de Alagoas – CASAL é a empresa de abastecimento de água e saneamento básico do estado brasileiro de Alagoas e tem Maceió como a sua sede. Foi fundada em dezembro de 1962 e é oriunda do antigo Departamento de Água e Esgoto da Secretaria de Viação e Obras do Estado de Alagoas.
          Antes da criação da CASAL, pelo menos o sertão alagoano, notadamente Santana do Ipanema, eram abastecidos de água utilizando-se os meios disponíveis da época. Na cidade, inúmeras residências possuiam reservatório para captar a água da chuva, proveniente das trovoadas e dos meses de outono-inverno, chamado cisterna. As cisternas eram feitas de alvenaria e escavadas no solo. Casas maiores e de pessoas abastadas, dispunham desse tipo de reservatório com capacidade para até quatro caminhões-pipa. Vindo as águas através das telhas, levavam a sujeira para dentro da cisterna que depois assentava ao fundo. Quase todos os problemas causados pela água da cisterna, acusavam amebíase. As cisternas eram auxiliadas ainda por potes, jarras e porrões (u) de barro. Os pequenos reservatórios de barro armazenavam tanto a água da chuva, quanto a água vinda das cacimbas do rio periódico Ipanema. Havia uma distinção entre a água de beber e água para tarefas domésticas, classificadas, geralmente, pela salinidade. Dezenas e dezenas de “botadores d’água” abasteciam a cidade através de jumentos com quatro ancoretas de madeira ou em latas de querosene em caçambas também de madeira, em lombo de jegue. Quando alguém precisava de água em casa, era somente chamar o primeiro botador d’água que passasse na rua. Muitos dispunham de contratados. Alguns trechos do Ipanema forneciam água com menor teor de sal, caso do sítio Marcela, perto da serra do Poço.
          Com a campanha feroz do santanense pela água de qualidade, a cidade passou a ser abastecida pela CASAL, através de adutora. O líquido vinha através de tubos, captado no rio São Francisco, no município de Belo Monte, somente depois mudou para Pão de Açúcar, também cidade ribeirinha. Na ocasião o governador major Luiz Cavalcante, em discurso de inauguração no Bairro Monumento, mandou que o povo quebrasse todas as cisternas, “pois daquele dia em diante jamais faltaria água em Santana do Ipanema”. Quem as quebrou, ainda hoje anda arrependido.
          A seca periódica agora é nos canos da CASAL, onde existe muitos outros tubos por onde entra dinheiro do povo todos os meses. Muito dinheiro! Mas por que os serviços da Companhia continuam péssimos. Somente uma investigação profunda e séria, feita por órgãos de credibilidade, apontaria os erros. Ninguém pode mais recorrer às águas poluídas do Ipanema e a CASAL continua sem crédito perante o povo esquivo e desconfiado. Alagoas, infelizmente, saco de pancada de Nordeste, quando acontecerá a sua liberdade? Cadê moral para falar negativamente do jumento? CASAL, ORA BOLAS!


















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quarta-feira, 28 de março de 2012

AVIÃOZINHO



AVIÃOZINHO
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de março de 2012.

          Volta à tona, novos capítulos da novela brasileira que tem como personagens aviões caças. O xadrez da política mundial, as sensibilidades diplomáticas, eleições, mudanças de governo e outros fatores, vão temperando a diplomacia dos negociantes. O avião francês Rafale que estava quase certo para ser adquirido pelo Brasil, ora vai para a fila no terceiro lugar da concorrência, ora volta ao primeiro em questões de semanas ou dias. Os principais jornais do mundo vão tentando adivinhar quem será o vencedor nessa disputa que envolve bilhões da moeda brasileira. Qual o melhor avião de guerra da licitação? Pelo visto, pelo que se lê no que aparece na Imprensa, todos os três são excelentes. O fator preponderante para a compra dos aviões, pelo Brasil, está na transferência de tecnologia. Não temos, no momento, condições de produzir um avião como os que são oferecidos. Mas também não podemos ficar eternamente dependendo da tecnologia alheia. Em um eventual conflito armado, caso o vendedor quisesse, poderia não fornecer mais aviões e nem assistência técnica ao seu comprador. A solução no momento é comprar os aviões com transferência de tecnologia, para que possamos fabricar nossos próprios aviões. Assim deve ser para outros tipos de armas relativas ao Exército e a Marinha.
          Quanto ao preço de cada aeronave, mesmo sendo mais caro do que o concorrente compensa por causa da transferência tecnológica. Mas a dança das negociações possui outras sensibilidades. Lula foi tratado com bajulações pelo presidente francês, porém, o mesmo presidente não foi atencioso com Dilma lá na França. Entra no jogo a diplomacia americana para ganhar a disputa, prometendo, além da tecnologia, outras vantagens estratégicas apresentadas pelos bastidores. O Rafale nunca foi comprado fora da França. A Índia que pensava em adquirir muito mais de cem unidades animava o Brasil a inclinar-se para a França. Acontece que nos últimos dias houve um esfriamento indiano para os lados dos caças franceses que parece ter iniciado novela semelhante à brasileira. Dilma está em dúvida e o americano se anima.
           Há quem defenda prioridade para submarinos que iriam defender o nosso pré-sal. Para isso precisaria também de muitos navios, o que daria preferência às reivindicações da Marinha. E o apoio aéreo, então, como ficaria? A vantagem do assunto é que não pertence a uma só emissora de televisão. A novela prosseguirá amanhã em todos os canais do mundo. O importante é adquirirmos com segurança essa tecnologia que tanto falam e confiar ─ no futuro ─ em nosso próprio “AVIÃOZINHO”.

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FALTA DE COMPROMISSO

FALTA DE COMPROMISSO
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de março de 2012.

 O trânsito de Santana continua como coisa de maluco. Às vezes fica parecido com o caos de Nova Déli, capital indiana, quando ninguém mais se entende no que é certo ou no que é errado. O número de veículos em circulação continua aumentando assustadoramente, quando Santana está sendo o centro do Sertão alagoano. Temos transportes alternativos diariamente que chegam de Delmiro Gouveia, Mata Grande, Inhapi, Canapi, Ouro Branco, Poço das Trincheiras, Maravilha, Dois Riachos, Pão de Açúcar, São José da Tapera, Senador Rui Palmeira, Carneiros, Olho d’Água das Flores, Olivença e outros mais, além de municípios de estados vizinhos. Somando-se a isso, inúmeros transportes escolares se deslocam da área rural para a cidade. Estudantes e pessoas comuns desembarcam todos os dias em Santana vindo de mais de vinte e cinco municípios do Médio e alto Sertão alagoano. Essa multidão busca em Santana do Ipanema o comércio, escolas, bancos, hospital e os mais diferentes tipos de prestação de serviço. O trânsito caótico não se limita mais aos dois dias de feiras semanais quarta e sábado. São todos os dias, principalmente na parte da manhã, quando ninguém aguenta mais tanto sufoco. A população sofre por não encontrar um calçadão no comércio, atravessando ruas e avenidas em verdadeiros malabarismos.
         Enquanto isso, as ruas continuam estreitas como nos tempos dos carros de boi. Nada, absolutamente nada é feito, para desafogar o trânsito. Não se abre um novo beco, não se constrói novas ruas, não se ergue uma só ponte, não se providencia alternativa alguma. Os veículos continuam se multiplicando formando constantes engarrafamentos e congestionamentos entre o comércio e o Bairro Camoxinga, que duram horas. Não aparece ninguém para tomar providência de nada. O santanense anda desesperado com o trânsito doido que, igualmente com a falta d’água e a violência, assume proporção negativa nunca vista antes. Quanto aos semáforos, a cidade deveria possuir uns dez em pontos perigosíssimos, mas apenas um colocado há mais de dez anos vai mostrando o caos na administração pública. Uma falta total de compromisso!
          Alguns que foram eleitos pelo povo para fiscalizar, tornaram-se apenas vis bajuladores e muito mais nocivos à sociedade que não tem quem a defenda. Recentemente, um vereador, ao invés de cumprir o seu papel, subiu à tribuna para insuflar à população a ir às ruas contra a falta d’água, eximindo-se da responsabilidade que tem. Uma vergonha! Santana está às moscas. Não é possível aguentar mais quatro anos nessa cartilha da escravidão. Que FALTA DE COMPROMISSO!

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segunda-feira, 26 de março de 2012

MANDACARU

MANDACARU
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de março de 2012.

 O mandacaru (Cereus jamacaru) é uma planta comum na região Nordeste do Brasil. É costume destacar-se na paisagem, garboso, imponente, viril, o mandacaru representa o Nordeste das grandes estiagens ou dos verdumes característicos de outono-inverno. Pertencente à família das cactáceas, surge em lugares mais difíceis e não raro, pode chegar admiravelmente aos cinco metros de altura. Sua forma de cálice em braços estendidos para cima alegra os olhos de qualquer viajante sertanejo, pois na flora da caatinga, nada mais íntimo, pugente, querido e representativo amigo e irmão do sofrimento e da esperança. Suas flores são brancas, belíssimas, medindo aproximadamente trinta centímetros. Os botões das flores gostam de surgir no meio da primavera e cada flor dura apenas poucas horas. Desabrocham ao anoitecer e ao amanhecer já começam a murchar. Seu fruto é muito bonito. Tem tamanho de mão e meia e possui cor violeta forte e atrativa. Sua polpa é branca com sementes pretas minúsculas, apresenta-se como uma gosma, é muito saborosa e serve de alimentos para diversas aves típicas da caatinga, como a gralha-cancã e o periquito típico do lugar. Existe uma variedade sem espinhos, usada na alimentação de animais. Entretanto, mais comum é a variedade espinhenta que muita vezes serve de alimentação para o gado, quando o homem corta ou queima seus espinhos em tentativas extremas. O mandacaru é resistente à secas brabas, cúmplice e amigo do sofrido sertanejo.
          Ainda este ano, tudo indica, estará chegando às mãos dos leitores ávidos por aventura, o nosso romance inédito “Deuses de Mandacaru”. Homens intrépidos em busca de um tesouro holandês desviado por desertores flamengos na luta entre penendeses e holandeses na vila do Penedo. Todas as regiões do estado, de Maceió a Piranhas (onde acontece o desfecho da história) são contempladas. A apresentação é do saudoso presidente da Academia Alagoana de Letras, Carlos Moliterno e o cenário mostra o tempo do cangaço, quando cangaceiros, estudiosos, particulares e contratados disputam o segredo da arca roubada dos holandeses. “Deuses de Mandacaru” será lançado junto de outro romance “Fazenda Lajeado”, que conta com detalhes todo o desenrolar diário de uma fazenda de gado na época de Lampião. Dois romances de fôlego que por certo serão motivos de orgulho da literatura brasileira. Completando o Kit, o livro “Colibris do Camoxinga; poesia selvagem”.
          Todos os três livros estão prontos e já foram iniciadas negociações com uma respeitável Editora de outro estado para lançamento nacional. Aguardemos o MADACARU.

·         Camoxinga é nome indígena e de um riacho que banha Santana, afluente do rio Ipanema.
                   * Diariamente as nossas crônicas: somente neste blog. Acompanhe.







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domingo, 25 de março de 2012

LANÇAMENTO DE LIVRO

LANÇAMENTO DE LIVRO
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de março de 2012.

Numa noite iluminada, foi lançado ao público o livro paradidático, “Ipanema um rio macho”. Após hibernar por vinte e seis anos, chegou à vez das letras de um trabalho elaborado para o povo estudioso de Santana. Agora a cidade já pode se orgulhar do nome “Ipanema”, anexado ao da avó do Cristo, chamada carinhosamente por nós, de Senhora Sant’Ana. Em 1986, um grupo formado por quatro pessoas, resolveu conhecer de perto o rio Ipanema, afluente do São Francisco e que banha as cidades das Alagoas: Santana do Ipanema, Poço das Trincheiras e Batalha, além de vários povoados nesses e em outros municípios. O rio Ipanema, então, foi percorrido de Santana à foz e dois anos depois, das nascentes a Santana. Nasce esse rio na serra do Ororubá, município de Pesqueira, em Pernambuco e deságua no município de Belo Monte, em Alagoas, após escorrer por cerca de 220 quilômetros. As duas viagens feitas a pé por dentro do leito do Panema, são contadas no livro em forma de diário, fornecendo aos estudiosos, valiosas informações sobre o acidente geográfico mais importante do Sertão alagoano.
          Além dessas informações, o livro também fala da sua contribuição social para os municípios banhados por ele. O maior documentário sobre essa corrente está registrado no “Ipanema um rio macho”. Santana já pode dizer que tem identidade ao receber essa obra que engrandece o município com a sua juventude estudiosa. Os professores já podem se orgulhar do rio Ipanema, ministrando aulas sobre História, Sociologia, Geografia, Ecologia e medicina popular, através dos exemplos do rico e macho livro como o seu próprio título. Há 26 anos atrás, o que era para ser uma apoteose da imprensa local, transformou-se numa inveja sem fim e ela calou sobre o evento.
          O autor está muito feliz em entregar a sua terra mais uma grandiosa contribuição. A nata da sociedade santanense soube valorizar o trabalho apresentado. Sobre os omissos, quando Uirapuru canta, entristece caga-sebo. Breve, mais LANÇAMENTO DE LIVRO.

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segunda-feira, 19 de março de 2012

IPANEMA UM RIO MACHO

IPANEMA, UM RIO MACHO
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de março de 2012.
Sexta-feira próxima, estaremos lançando ao público o livro “Ipanema, um rio macho”, evento que acontecerá na Câmara de Vereadores Tácio Chagas Duarte, às 20 horas e 30 minutos. O nosso primeiro livro foi o romance do ciclo do cangaço “Ribeira do Panema”, até hoje o mais conhecido de todos. Depois vieram outras obras como a didática “Geografia Geral de Santana do Ipanema”, o conto “Carnaval do Lobisomem” e depois um novo romance do mesmo ciclo do cangaço “Defunto Perfumado”. Em seguida lançamos o livro humorístico de cunha maçônico “O Coice do Bode”, que ainda hoje circula nacionalmente e faz parte do Clube do Livro. “Floro Novais, herói ou bandido”, veio depois, contando a história do famoso matador, na versão apresentada pela sua família, em estilo romanceado. Com a sétima obra, “A Igrejinha das Tocaias”, o autor resgata um episódio oral, acontecido no tempo de um dos netos do fundador de Santana. A obra é escrita em versos e é a única que fala sobre o assunto, até hoje. Em seguida o autor publica o CD, “Dez poemas engraçados”, ele mesmo recitando todos eles. Este ano foi publicado no Tênis Clube Santanense, o trabalho “Santana do Ipanema; conhecimentos gerais do município”. Portanto, na próxima sexta-feira, estaremos oferecendo ao povo santanense e brasileiro, o livro “Ipanema, um rio macho”, tratando-se da décima obra do autor.
          Após o livro “Ipanema, um rio macho”, publicaremos em parceria com o professor e pesquisador Marcello Fausto, o livro “Lampião em Alagoas” que por certo terá repercussão nacional. Ainda este ano, pretendo lançar um kit composto por dois romances e um livro de poesia: “Deuses de Mandacaru” e “Fazenda Lajeado”, ambos com a mesma imaginação anterior, pertencentes ao ciclo do cangaço. O livro de poesia “Colibris do Camoxinga; poesia selvagem”, completará o Kit, nunca visto, um autor lançando três livros de uma vez. Já estão maturados há bastante tempo. Passada essa fase pródiga em produção cultural, virá a lume, finalmente, “O boi a bota e a batina; história completa de Santana do Ipanema”, modificado em vários aspectos devido a novas pesquisas e sem depender do poder público.
          Contamos com a sua presença, caro leitor. Você que acompanha diariamente as nossas crônicas. Com certeza será entregue mais um valiosíssimo documento ao povo sertanejo e alagoano, a princípio, sobre tudo que se quer saber sobre o acidente geográfico mais importante do sertão alagoano. Precioso para pesquisadores e estudantes de todos os níveis, uma obra paradidática indispensável em nossas escolas. Um documento ímpar que abrange História, Geografia, Sociologia e Medicina Popular. Sexta na Câmara de Vereadores: IPANEMA, UM RIO MACHO.

























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sexta-feira, 16 de março de 2012

VERSOS SELVAGENS

VERSOS SELVAGENS
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de março de 2012.

(Para Neilda e João Oniel)

 NOITE DE CULTURA: DIA 23 ÀS 20:30 NA CÂMARA DE VEREADORES, LANÇAMENTO DO LIVRO “Ipanema um rio macho” compareça, converse com o autor.

 Por cima dos tocos, na base de outeiros,
Os versos matutos trajando gibões,
Rompem o mato, a urtiga, os pés de pinhões,
Facheiros, favelas, belos marmeleiros;
Guindastes de troncos, folhas de pereiros,
Pedaços de serras, clarões de luar,
Cheiro de imburana, mormaço do ar,
Riachos de areia, colinas sedosas,
Coroas-de-frade, perfumes de rosas,
Marchando garbosos pra beira do mar.

 Lá se vão às estrofes, rolando enxurradas,
Bebendo em barreiros, andando em cercados,
Beijando as encostas, deitando nos prados,
Correndo os serrotes, varrendo as estradas;
Tangendo as abelhas, dormindo em latadas,
Soprando a jurema para balançar
Os galhos mais finos que ficam a chorar,
No orvalho sadio, nas tardes dengosas
Nos seios da noite, ó morenas formosas
Quem me dera ir com elas, pra beira do mar.

 Os versos arribam nas cores da aurora,
Na furna esquisita onde mora a pintada,
Desenham montanhas, cortejam a chuvada,
Rompendo a caatinga, escrevem na tora;
Soluçam nas grimpas, tangem a sericora,
Limpando terreiros nesse colear;
Abraça os velames, resvalam no par
De aves que dormem na palha do ninho,
Cortejam as corolas vermelhas e vinho
Que mandam perfume pra beira do mar.

Eu monto nos versos que vão disparados
Nas asas dos ventos que invertem papéis,
Ligeiros, correndo, fazendo viés,
Suspiros de amor, beijos sossegados;
Pelos horizontes, tão longe, azulados,
Queixumes profundos, poetas em fráguas,
Por sobre o destino, repleto de máguas,
Despejam tudinho na beira do Mar.

·         Do livro inédito: “Colibris do Camoxinga; Poesia Selvagem”.



                                                       FIM





























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quarta-feira, 14 de março de 2012

ABELHAS

ABELHAS
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de março de 2012.

 Dia 23, noite de cultura: Lançamento do livro “Ipanema um rio macho”, às 20:30 na Câmara de Vereadores compareça.

          Não sei se elas são de fato assassinas. Simpáticos insetos listrados dos himenópteros, apóideos, nos fornecem o delicioso e nutritivo mel. Vários tipos de abelhas, porém, possui ferrão e não enjeitam uma briga de verdade, principalmente se o adversário for um bípede como nós. O meu vizinho, cujo apelido é “Dem”, é um dos apicultores do município, produzindo mel de boa qualidade e fornecendo para a merenda escolar. Ali perto do sítio Jaqueira, às margens do rio Ipanema, Dem se mistura com elas, as abelhas, e vai dando às ordens aos poderosos insetos em revoadas pelos arredores. Logo no final da tarde de ontem, todavia, abelhas no papel de batedoras entraram pela porta da minha cozinha. Retiraram-me da hora de elaborar a crônica de hoje. Mas elas não queriam atrapalhar a crônica e sim fazer parte dessas magras linhas. Fiz ver às batedoras que elas estavam erradas, eu não era criador de abelhas e sim o meu vizinho. Elas não acreditaram. Mandei chamar o Dem. Ele veio, mas estava sem roupa apropriada para enfrentar ferrão. Avisou que àquelas vieram à frente, mas logo o grosso chegaria. Não deu outra. A tropa inteira chegou, invadiu a cozinha e nos pôs para fora de casa. Não aceitaram o Dem como tutor.
          Recorremos ao corpo de bombeiros. O camarada lá avisou que as abelhas estavam estressadas nessa hora, deixasse anoitecer. Tivemos que jantar em outro lugar esperando a boa vontade das bichinhas. Lá para às 20 horas, retornamos a casa e fomos olhar como estava à situação. O zumbido de motor em casa de farinha continuava. Ficamos na calçada de castigo aguardando os bombeiros. Os bombeiros passam avisando que iriam prestar socorro em um acidente. Aí sim, resolvemos enfrentar os milhares de insetos que teimavam por ali. Tivemos a surpresa, porém, de vermos que 80% das danadas haviam ido embora. Criamos coragem e resolvemos enfrentar os 20% por cento restantes na base do “spray”. Fomos vencedores. O Dem mesmo não apareceu mais e nós escapamos ilesos. Quando os soldados do fogo retornaram, o caso estava resolvido. Tenho a impressão de que uma delas ouviu quando chamamos o corpo de bombeiros e passou para os milhares de companheiras. A chefa talvez tenha dito: “Com o Dem a gente pode, mas com a força do governo, não, vamos embora cambada!”. E foram alegrar a noite de outra residência na cidade.
          A piada do português tem sentido: “safadas! Por que não vêm de uma em uma!”. Meu amigo, negócio com esses insetos sociais, só se for para ganhar dinheiro, como o vizinho Dem. Quem for valente fique. Quem não for, faça “bunda de ema”. Mas elas conseguiram, saíram na Internet como protagonistas. Meu compadre gosta de Abelhas? Ah, abelhas, negro velho, ABELHAS.



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terça-feira, 13 de março de 2012

AÇÚCAR

AÇÚCAR
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de março de 2012

           Quando os descobridores da América chegaram por aqui, encontraram os indígenas fumando. Tendo escravizado, maltratado e eliminado os nativos aos milhares, portugueses, espanhóis e outros povos levaram para a Europa o vício do tabaco. Os indígenas iniciaram aí uma vingança silenciosa que perdura até hoje, quando aconteceu a expansão do fumo pelo mundo. É impossível alguém dizer com certeza quantas pessoas já morreram vítimas de cigarros, charutos, cachimbos e similares. Agora que a medicina fala contra o vício de fumar, são os fabricantes de cigarros que insistem em matar gente através do infame vício importado das Américas. Eles não pensam na saúde de ninguém. Suas cabeças estão voltadas apenas para o lucro exorbitante produzido pela porcaria que produz o câncer e a morte prematura. Para tentar anular a reação mundial contra o vício, o fabricante acuado, inventa fórmulas para driblar a sociedade, colocando armadilhas para os jovens e os incautos. O peste do fumo é tão ruim que é preciso meter açúcar. Pois bem, o fabricante agora inclui mentol e cravo para que o rolinho da morte se torne mais atraente. Uma isca para conduzir o jovem ao vício definitivo dos venenos.
          Não sabemos por que os governos do mundo não acabam logo com essa praga! Se as fábricas de cigarros e cadeia produtiva produzem empregos, poderiam levar esses empregos para o fabrico de alguma coisa útil. Os governos dariam prazo para o fechamento de fábricas e à venda do comércio do fumo. Eles, produtores e fabricantes, teriam tempo suficiente para a mudança de atividade. Esse vício infame que mata mais de 200 mil pessoas por ano no país, deveria ser eliminado através da proibição da atividade matadora. “Fume meu bem, que tem açúcar”. Enquanto isso essa classe eliminadora da juventude, vai rolando e driblando a capacidade do ser humano em se defender. E os governos, reféns da influência pesada do poder econômico, fecham timidamente uma porta, uma janela, mas a força satânica fura as paredes, fabricando novas passagens para o ataque a adolescentes.
          “Fumar não é um hábito, é doença. Estaremos negligenciando nossas crianças, se permitirmos os aditivos, estaremos facilitando a entrada delas no vício. Estamos falando de saúde e não de negócios”, completou o representante da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Márcio Gonçalves de Souza.
          Os governantes com medidas paliativas contra o mal do cigarro, também são culpados por tudo que acontece em relação às doenças e mortes de fumantes. Cadê coragem para proibir de vez essa praga no Brasil? Não Mané, eles colocam açúcar, entende? AÇÚCAR.









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PARAIBANO

PARAIBANO
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de março de 2012.

 NOITE DE CULTURA: DIA 23, ÀS 20h:30min – LANÇAMENTO DO LIVRO “IPANEMA UM RIO MACHO”, NA Câmara Municipal - Vá conversar com o autor.

 O homem foi mordido pela cobra cascavel
              ─ Leve-o para Antonio Paraibano.
               A menina está com uma ferida estranha na pele.
               ─ Leve-a para Antonio Paraibano.
               O neném está com olhado.
               ─ Leve-o para Antonio Paraibano.
             A frequência do nome do rezador, curador ou curandeiro, aos poucos foi enfraquecendo. O senhor Antonio Paraibano, cabelos branquinhos, já não sabe mais das coisas nos seus mais de 98 anos de existência. Aposentado do DNER, não conhece mais as pessoas e vive sob os cuidados de uma filha, bem pertinho da repartição onde por tanto tempo trabalhou. Se tivesse ficado registrada cada uma das suas curas, o todo não caberia em um livro comum. Deus passou para vários escolhidos da terra o dom e o poder de curar de algumas doenças. O curador não cura de todos os males. Cada rezador tem suas áreas específicas de atuações. Existe um ferida provocada pela aranha que os médicos não entendiam e nem curavam. Antonio Paraibano descobria a causa e curava com reza, na hora. A mordida da serpente mais venenosa perdia o efeito caso o animal ou pessoa fosse socorrida a tempo pelo Paraibano. Os fazendeiros contratavam o mestre para expulsar as cobras das fazendas e ele ainda perguntava por onde queria que elas saíssem.  Quanto ciúme os curadores causaram à medicina!
          Certa feita vi uma pessoa encaroçada dos pés à cabeça e os pais desesperados sem saber o que fizessem. Muitos médicos apanharam da doença. A doutora Vera que atuou muito tempo em Santana e hoje se acha em Maceió, chamada para o caso, descobriu que era uma alergia causada por mosquitos de bananeiras. Descobertas as bananeiras em alguns quintais das imediações, foram eliminadas e, a doença teve fim. Essa foi uma vitória médica. Outra pessoa com verrugas da cabeça aos pés gastava o dinheiro dos pais com médicos de vários municípios e remédios de farmácia e o mal somente aumentando. No último grau do aperreio familiar, Deus enviou um morador da fazenda do famoso advogado Aderval Tenório (já falecido). O humilde cidadão, ao passar para a feira, viu a pessoa repleta de verrugas e se ofereceu para curá-la. Morava esse cidadão no local Riacho do Bode, periferia de Santana do Ipanema. Dentro de uma semana, as verrugas começaram a cair até a pele da vítima ficar completamente sã. O rezador rezava a uma distância de dois a três quilômetros de distância e só voltou a aparecer quando o cliente estava completamente são. Eu vi.
          Os famosos rezadores vão desaparecendo: dona Mocinha morreu. Dona Lica morreu. Dona Maria, da Floresta, morreu. Seu Roberto ainda reza e ultimamente muito me serviu. E voltando para o mesmo polo, infelizmente ninguém pode contar mais com o nonagenário, quase centenário dos cabelinhos grisalhos, mestre Antonio PARAIBANO.








 





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segunda-feira, 12 de março de 2012

ACORRENTADOS

                           ACORRENTADOS

             Clerisvaldo B. Chagas, 12 de março de 2012

 Lançamento do livro “Ipanema um rio macho”, dia 23 na câmara Municipal   COMPAREÇA.

Estamos acorrentados
Às coisas de Santana
Nas avenidas
Nos finais de semana
Nas broas
Nas buchadas
Nas pingas boas
Acorrentados
Às morenas do Ipanema
Na vaquejada
E loas
No galope do preá
Nas missas da Matriz
Nas pedras do Lajeiro Grande
Estamos sim
Acorrentados
No serrote do Cruzeiro
Nas trilhas do rio
Nos riachos secos
Do Sol em poderio
Nas tardes longas
Brilhando na serra Aguda
Estamos acorrentados
Aos espinhos roliços
Dos mandacarus
E ao céu azul
E à Natureza crestada
Que espelha nos metais
Dessas correntes fortes
Que prendem os verdadeiros filhos
No âmago da terra ressequida
Machucada
Dilacerada
Porém
Amiga...
E mãe.

* do livro inédito "Colibris do Camoxinga" ; poesia selvagem.









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sexta-feira, 9 de março de 2012

PERÍODO SECO

PERÍODO SECO
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de março de 2012

Dia 23 tem lançamento de livro

             Quando as águas fortes iam embora, restavam os poços, as cacimbas, a areia, as ilhas, as moitas, as pedras... O rio era um paizão! Entretanto, nós nos voltávamos mais para os poços. No meu caso, o poço dos Homens. Ali tomavam banho adultos misturados com adolescentes. Muitos adultos nadavam nus sob os olhares desconfiados dos meninos. As pedras do “estreitinho” ficavam repletas. Outros preferiam o “largo” para as apostas de tirar terra no fundo do poço, trocar “sapatadas”, fazer exibimento.
           Sempre que uma pessoa ia tomar banho deixava suas roupas em algum local das pedras.  Alguém pegava as roupas, às escondidas, dava nós chamados “nós de ceará” e urinava em cima; pois os nós bem apertados precisavam do auxílio dos dentes para desatá-los. Daí o maldoso urinar em cima dos nós e divertir-se vendo o dono da roupa meter a boca naquela porcaria.
           Outros batiam nas costas nuas do banhista com uma plantinha chamada “tamiarana”, o que provocava uma coceira infeliz.
           Aos domingos, o poço, como todos os outros lugares do Ipanema, ficava lotado.
           No poço surgiam tipos esquisitos como “Gorila”, feio como o próprio e desengonçado como um chimpanzé. Em terra dava saltos mortais seguidos. Na água enfileirava sapatadas sem mostrar a cabeça na superfície, um verdadeiro espetáculo. Gorila era irmão da Nicinha, menina-moça que nadava como uma piaba; ambos moravam ali pertinho do poço.
          Sempre apareciam lavadeiras no largo, fazendo ouvidos de mercador para as piadas mais grosseiras dos homens. Lavadeiras pareciam não enxergar os nus.
          No inverno eu ficava espiando as andorinhas que voavam sobre o poço, roçando o peito macio nas águas turvas. Elas vinham aos bandos. Rodeavam, sentavam na torre da Matriz de Senhora Santa Ana e passeavam pelos arredores. Eu ficava escutando melancolicamente o cantor da minha rua, Cícero de Mariquinha, quando aparecia por ali cantando com sua voz maviosa “A Pérola e o Rubi”.

(...) No rio Ipanema se joga panela
Galinha doente, rato apodrecido,
Papel higiênico, chapelão roído,
Fezes de esgoto, madeira, tramela,
Calçola de velha, cadeira de tela,
Jogo absorvente de mulher usar,
Cachimbo de coco de negro pitar,
Que alagam com tudo, que cobrem os terrenos,
Pedaços de tangas, camisa-de-vênus
Que o Panema carrega pra beira do mar (...)

* Trechos do livro “Ipanema um rio macho”. (A).





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quinta-feira, 8 de março de 2012

SEI NÃO SENHOR

SEI NÃO SENHOR
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de março de 2012

 DIA 23 TEM LANÇAMENTO DE LIVRO

 Muito embora não tenha vivido a época, mas vi registrado em vários lugares, sobre uma limpeza em Alagoas. O jornalista Pedro da Costa Rego, ou simplesmente Costa Rego, assumira o governo alagoano para a gestão, junho de 1924 a junho de 1928. Nessa época, mandavam os coronéis, geralmente com o título vindo da Guarda Nacional ou apenas como apelido dado pelo povo por causa da boa situação financeira reconhecida. Na maioria, os coronéis sertanejos eram senhores proprietários de terras, fazendeiros que gostavam do criatório e adoravam matar gente. Suas fazendas abrigavam, às vezes, até mais de vinte homens armados sempre às ordens para qualquer empreitada sinistra do latifundiário. O coronel tinha prestígio de sobra com os sucessivos governos. No dizer do povo, mandava em tudo na sua região. Casava, batizava, prendia, soltava, dava conselhos, pisas, mandava torturar e matar de acordo com as circunstâncias. Sua cabroeira, capangada, ou jagunçada, garantia o seu sucesso. O coronel, às vezes, media forças com outro, acoitava criminosos e demais tipos de bandidos na fazenda.
          Quando Costa Rego assumiu o poder, iniciou uma limpeza feroz contra a bandidagem no estado. O, então, sargento José Lucena de Albuquerque Maranhão, recebeu ordens para atuar na zona de Viçosa e depois no Alto e Médio Sertão com carta branca. Era para depurar o estado contra valentões, ladrões, cangaceiros e até prender coronéis protetores de bandidos. A limpeza prosseguiu em seu governo com tanto rigor que ninguém sabe quantos foram mortos pela polícia da época. Um escritor afirma em livro que Lucena eliminara mais de mil pessoas, muitos à beira da própria sepultura, cavadas por eles mesmos. Costa Rego afirmava na sua coragem e truculência que queria o homem de bem livre de ações marginais para viver sem medo na sociedade. O aperto descomunal em Alagoas foi tão consistente que os atos do governador foram parar no Senado e ali o jornalista compareceu para se defender. O próprio Lampião, diante de tantas prisões e “sumiços” em seus coiteiros, mandou recado desafiador: “Diga a ele que eu salto riacho quanto mais rego”.
          Atualmente, com tantas leis sobre Direitos Humanos, os bandidos vão se saindo maravilhosamente bem. Quando são presos a Justiça solta, quando não soltam, eles são encarcerados em cadeias de isopor. Multiplica-se geometricamente a bandidagem sem predadores que sofrem os apertos dos “defensores da vida”. O bravo Lucena, que chegou a coronel e comandou o 2ª Batalhão de Polícia em Santana do Ipanema, contra o cangaceirismo, parece fazer falta à sociedade moderna onde o marginal comanda. A brandura das leis incentivam os maloqueiros para o crime, pois, para eles, o trabalho é coisa de otário. É assim que o sangue escorre todos os dias pelas páginas inteiras dos jornais; inteiras, digo, tirando as putarias que a eles fazem concorrência. Sei não. Onde tudo vai parar, SEI NÃO SENHOR.

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terça-feira, 6 de março de 2012

LIVRO ABERTO
                     Clerisvaldo B. Chagas, 7 de março de 201

AGUARDE O DIA 23

Contam os mais velhos que um cidadão que trabalhava na roça, não conseguia progredir. Certo dia resolveu fazer como milhares de outras pessoas e partiu para o Juazeiro em busca de conselho. Foi direto ao padre Cícero Romão onde contou a sua vida. O padre respondeu que fosse estudar os astros. Incrédulo, o roceiro indagou como poderia um analfabeto estudar os astros. O famoso taumaturgo teria apenas repetido a frase mandando-o estudar os astros. De volta a casa, o homem começou a meditar sobre o assunto do Juazeiro até que chegou a ele a inspiração de observar a Natureza. A posição e os sinais das estrelas, lua, barra do dia, amanhecer, mais o comportamento dos animais e da flora e assim por diante, embasaram seus estudos. Alguém anotava as suas observações que progrediam até o ponto de fornecerem segurança para suas interpretações. Na época não havia rádio, televisão e bastantes jornais e revistas circulando. A fonte de leitura mais popular eram os folhetos, escritos em versos, capas xilogravadas, sobre temos variados que eram vendidos nas feiras pendurados em cordões; daí os mais modernos chamarem “literatura de cordel”.
           Com esse veículo espetacular, o roceiro iniciou suas previsões sobre invernos, secas, trovoadas, tipos e épocas de plantio. Os autores dos folhetos, também chamados “cordelistas”, declamavam nas feiras os conteúdos sob acompanhamento musical ou não. Depois iam oferecendo o produto de mão em mão para recolherem o dinheiro na caminhada seguinte do passeio pela roda. Foi assim que o homem cresceu com seus conselhos e previsões, conseguindo conforto financeiro publicando outras obras como almanaques anuais que faziam um sucesso extraordinário.
          Seguindo tradição dessa fonte ou de outras parecidas, ainda hoje farmácias tradicionais como a “Vera Cruz” em Santana do Ipanema, Alagoas, distribui almanaques em final de ano, para a clientela.
         Esperávamos trovoadas desde novembro, na região santanense, e só agora (ontem) chegou a nossa terra um pé-d’água razoável. Estamos precisando de um profeta popular para nos dizer se vai haver inverno e se bom inverno. O homem que sabe ler a flor do mandacaru, as cheias do Ipanema, o ninho do joão-de-barro, o círculo da Lua, a posição da Papa-Ceia... Está fazendo falta ao sertanejo que depende diretamente do tempo. Para quem quer aprender a ler, a natura é LIVRO ABERTO.








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segunda-feira, 5 de março de 2012

LARANJA AZEDA

LARANJA AZEDA
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de março de 2012
Aguarde o dia 23
         
          Tive satisfação de visitar parte das obras que estão sendo trabalhadas em Maceió. As avenidas que estão sendo construídas para desafogar o trânsito na capital chamam a atenção pela pujança e beleza que se vão delineando. Falam os operários que as obras estão em fase de conclusão e que serão abertas ao tráfego ainda este mês. São elas as Avenidas Márcio Canuto e Pierre Chalita. A Avenida Jornalista Márcio Canuto interligará o bairro do Farol, através da Avenida Rotary ao Barro Duro. Dá gosto contemplar a obra que tem três quilômetros de extensão e mais de dez metros de largura com passeios, jardins laterais e uma ciclovia com três metros de largura. Já as obras da Avenida Pierre Chalita, também não ficam atrás. A Avenida será a ligação entre o Conjunto José Tenório, na Serraria, às imediações da loja Hiper Comercial com outra ligação pelo Sítio Jorge, aliviando assim o trânsito pela Via Expressa. Em breve o maceioense estará aplaudindo as inaugurações importantes e dignas de louvor que transformará em beleza aqueles trechos. Não somente o tráfego ganhará com isso, mas a possibilidade de novas habitações em lugares que atualmente ainda são extensos matagais, principalmente na segunda avenida.
          De fato dá gosto e muita satisfação ao povo obras relevantes em construções pela cidade. Avenidas, corredores, pontes, viadutos, ruas, praças, aterros vão marcando claramente a administração de qualquer gestor bem intencionado. Nada mais bonito do que as máquinas trabalhando incessantemente em cima do imposto pago pelo contribuinte que sonha com as melhorias para o lugar onde reside. Essa prática do trabalho com máquinas foi banida há muito, em inúmeros municípios que trocaram o barulho dos tratores por mãos ágeis e bolsos fundos. Centenas de municípios formaram suas vilas e cidades para o trânsito do carro de boi. Chegou o progresso trazendo milhões de veículos motorizados que invadem ruas, congestionam o trânsito e fazem raiva à população impotente sob a égide de governantes preguiçosos que não movem uma pá de terra em benefício de nada. São os laranjas azedas e sortudos que chegam ao poder ninguém sabe como e ali permanecem no balanço eterno onde armam a rede da letargia. Ah, mundo velho sem porteiras!
          Voltando a Maceió, também será construído, segundo os políticos, o viaduto diante da Polícia Rodoviária Federal, no Tabuleiro dos Martins, lugar de trânsito perigoso e violento. Seja quem for o dirigente, José, Maria ou João, faz gosto aplaudir um gestor voltado ao trabalho firme e profícuo em qualquer parte do país e do mundo. Mas o gesto popular de estalo de banana, ainda é muito pouco para o espírito doente do LARANJA AZEDA.

















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FARC JÁ ERA
Clerisvaldo B. Chagas, 5 de março de 2012

 AGUARDE O DIA 23

          Falamos outro dia sobre o romantismo e ações perdidas das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Trabalhando com uma linha de pensamento arcaica, caindo aos pedaços, atuam os chamados guerrilheiros, com a mesma característica fora de moda, de Chávez, Fidel e outros líderes bestas de nariz dentro da boca, que querem viver ainda os movimentos do século XIX e início do século XX. O tempo vai passando, passando, e as atuações nefandas e antipáticas, não fazem bem nenhum a um mundo geral que não quer ver sacos fazendo papel de malas. A América Latina já possui problemas demais que são combatidos todos os dias, muitos com esforço hercúleo, tentando furar o bloqueio do subdesenvolvimento. Se a boca do fuzil agrada a um ou a outro dirigente latino que não sabe ainda o que faz no poder, não consegue ser simpático a ninguém do chamado mundo civilizado, esse movimento. Eles mesmo vão vendo que essa luta besta e inglória, não passa dos livros de vovô. Os que estão na selva, estão apenas perdendo a juventude, angustiando seus familiares e a si próprios.
          Agora, vendo que essas ações estão caindo aos pedaços como os carros cubanos, começam a surgir diversos sinais da exaustão. “O líder máximo das Farc, Rodrigues Londoño Echeverri, afirmou neste domingo que ‘vale a pena lutar’ pela paz em seu país e ressaltou seu compromisso com o fim da prática de sequestro. Para que outros militares e policiais não continuem morrendo, sendo feridos ou transformados em prisioneiros, acreditamos que vale a pena tentar quebrar esse círculo maldito e lutar pela reconciliação e a paz”, indicou o chefe rebelde.
          Uma declaração aqui outra acolá, o futuro sem futuro, vai enxergando que bala na selva não leva a nada. A falta de apoio de países vizinhos simpáticos ao movimento, mas apertados por outros e pela opinião mundial, faz com que o isolamento da guerrilha vá perdendo força como um rio que seca com o tempo. Pelas declarações do novo líder do mato, está difícil agora até uma reconciliação. Existe tempo para tudo e, pelo que vimos, o tempo do “pegar ou largar” já passou. Vamos aguardar um pouco para entender com vai terminar uma revolução vencida. FARC JÁ ERA.




  













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sexta-feira, 2 de março de 2012

O AMARGO DO AÇÚCAR

O AMARGO DO AÇÚCAR
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de março de 2012

Aguarde o dia 23

          O tempo continua sua marcha inexorável para frente, Alagoas insiste em notícias para trás. É cada coisa que aparece na mídia que o alagoano baixa a cabeça envergonhado. Quando sai alguma coisa boa na imprensa parece até um favor que alguém quer fazer para agradar, para amenizar um pouco as situações vexatórias que não nos abandonam. Recentemente foi divulgado como chacota para o Brasil inteiro que um preso acusado de crimes graves, usando tornozeleira, iria assumir uma delegacia como delegado. O ridículo da Justiça estadual foi alvo de gozação dentro e fora do território, com piadas as mais grosseiras possíveis. Essa, entretanto, não foi notícia isolada, pois continuamos a fabricar o absurdo do cotidiano em todas as esferas sociais. Agora é a vez da incoerência em forma diferente. Um grande monumento orgulho de Alagoas e da nossa medicina, o Hospital dos Usineiros, conhecido também como o Hospital do Açúcar, vive uma situação de pobreza e miséria que faz baixar a crista até do galo da madrugada.
          O que se estampa nos jornais sobre a situação dos corredores daquela unidade hospitalar é muito mais para se pensar em Justiça. Quatro meses sem pagar aos seus funcionários, lixo proliferando pondo em riscos a vida de todos e a falta de informações, perguntam insistentemente o que foi que aconteceu com o Gigante do Açúcar. Como é que um império orgulhoso e titã chega a esse ponto? Para completar o quadro da Saúde, as denúncias constantes do povo sobre o Hospital Regional Dr. Clodolfo Rodrigues, em Santana do Ipanema, exigem uma investigação profunda de cunho federal. Não é possível ficar a responsabilidade apenas para autoridades que não têm compromisso nenhum com o povo e com a verdade, que uma hora denuncia, na hora seguinte aplaude conforme a conveniência política. O erro, se existir, deverá ser investigado e os possíveis agentes, punidos com os rigores da lei. Enquanto isso a plebe vai denunciando na Imprensa local uma situação que não aflora porque é barrada com os descompromissos daqueles que deveriam fiscalizar os órgãos públicos manobrados pelos freios de boca. Uma VERGONHA!
          Voltando a situação de Maceió, ficamos besta! Em Santana o puxa-saquismo espontâneo ou forçado não vem de agora. Na capital, parece haver um véu de ferro diante da verdade. O povo quer saber das coisas, principalmente sobre o dinheiro público empregado em cada obra governamental. Lamentamos profundamente o que está acontecendo em Santana do Ipanema com o Hospital motivo de escândalos e, em Maceió, a quebradeira que adia o pão dos funcionários, retirando o doce do emprego e fabricando O AMARGO DO AÇÚCAR.

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