CASAL, ORA BOLAS!
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de março de 2012.
Antes da criação da CASAL, pelo menos o sertão alagoano, notadamente Santana do Ipanema, eram abastecidos de água utilizando-se os meios disponíveis da época. Na cidade, inúmeras residências possuiam reservatório para captar a água da chuva, proveniente das trovoadas e dos meses de outono-inverno, chamado cisterna. As cisternas eram feitas de alvenaria e escavadas no solo. Casas maiores e de pessoas abastadas, dispunham desse tipo de reservatório com capacidade para até quatro caminhões-pipa. Vindo as águas através das telhas, levavam a sujeira para dentro da cisterna que depois assentava ao fundo. Quase todos os problemas causados pela água da cisterna, acusavam amebíase. As cisternas eram auxiliadas ainda por potes, jarras e porrões (u) de barro. Os pequenos reservatórios de barro armazenavam tanto a água da chuva, quanto a água vinda das cacimbas do rio periódico Ipanema. Havia uma distinção entre a água de beber e água para tarefas domésticas, classificadas, geralmente, pela salinidade. Dezenas e dezenas de “botadores d’água” abasteciam a cidade através de jumentos com quatro ancoretas de madeira ou em latas de querosene em caçambas também de madeira, em lombo de jegue. Quando alguém precisava de água em casa, era somente chamar o primeiro botador d’água que passasse na rua. Muitos dispunham de contratados. Alguns trechos do Ipanema forneciam água com menor teor de sal, caso do sítio Marcela, perto da serra do Poço.
Com a campanha feroz do santanense pela água de qualidade, a cidade passou a ser abastecida pela CASAL, através de adutora. O líquido vinha através de tubos, captado no rio São Francisco, no município de Belo Monte, somente depois mudou para Pão de Açúcar, também cidade ribeirinha. Na ocasião o governador major Luiz Cavalcante, em discurso de inauguração no Bairro Monumento, mandou que o povo quebrasse todas as cisternas, “pois daquele dia em diante jamais faltaria água em Santana do Ipanema”. Quem as quebrou, ainda hoje anda arrependido.
A seca periódica agora é nos canos da CASAL, onde existe muitos outros tubos por onde entra dinheiro do povo todos os meses. Muito dinheiro! Mas por que os serviços da Companhia continuam péssimos. Somente uma investigação profunda e séria, feita por órgãos de credibilidade, apontaria os erros. Ninguém pode mais recorrer às águas poluídas do Ipanema e a CASAL continua sem crédito perante o povo esquivo e desconfiado. Alagoas, infelizmente, saco de pancada de Nordeste, quando acontecerá a sua liberdade? Cadê moral para falar negativamente do jumento? CASAL, ORA BOLAS!
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