EXPOSIÇÃO E VENDA NO RESTAURANTE SANTO SUSHI EM SANTANA DO iPANEMA.
EXPOSIÇÃO E VENDA NO RESTAURANTE SANTO SUSHI EM SANTANA DO iPANEMA.
VISITE
A BARRA
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de julho de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.078
Trecho de reportagem do Jornal Tribuna de
Alagoas:
“Especialistas dizem que é preciso
voltar ao passado para entender. A antiga famosa Prainha, na Barra Nova,
bastante conhecida pelos maceioenses, foi sempre um local de muitos bares,
atividades náuticas e gastronomia regional. Mas muita coisa mudou desde 2009,
quando moradores e comerciantes decidiram intervir, numa região que já vinha
apresentando instabilidade desde as obras de construção do condomínio Laguna.
Naquele ano uma grande enchente elevou o nível da lagoa e alagou boa parte do
povoado. A população, então, resolveu abrir um “canal” para que a água escoasse
para o mar. Mas, o que eles não sabiam é que esta atitude provocaria danos
maiores no futuro e aceleraria o fim de uma das belezas naturais do Litoral Sul”.
Por Claudio Bulgarelli / Sucursal
Região Norte19/07/2024 08h59
Não temos nenhuma dúvida de que o povoado Barra
Nova entre Maceió e Marechal Deodoro é um dos lugares mais belos de Alagoas e
do Brasil. Vale à pena fazer uma visita naquela região para gozar à beleza, à culinária
e lazer, principalmente na tão afamada “Prainha” da Barra Nova. Sim, é certo
que houve alguma invasão do mar em algumas partes, uma modificação na paisagem,
porém, o próprio governo cuidou de conter esse avanço com técnica nova e
criativas de pessoas entendidas. Falam que as técnicas usadas estão dando
ótimos resultados e, inclusive elogiadas e servindo de modelo para o mundo.
Talvez a desvalorização de imóveis que falavam devido ao mar, tenha ido embora
retornando os valores dos imóveis desse paraíso do planeta Terra.
Para quem quer estudar à Natureza na região da
Prainha, poderá e encontrar a felicidade para seus conhecimentos, teoria e
fotos impressionantes. Vamos encontrar por ali canais, mangues, vegetação de
praia, istmo e muito mais. Não é que somente o núcleo da Barra Nova seja
bonito, mas toda região entre Maceió e Marechal com as guloseimas do trajeto
que levantam o bom humor. As tradicionais igrejinhas antigas dos povoados,
entre coqueirais, ´são atrações para quem gosta do bucólico, do religioso, da
arquitetura. E se for mesmo para estudar a região agende dias e dias perambulando
por aquele litoral tão cheio humildade e encantos. E por que não conhecer de
perto àquela região?
FOTO: JORNAL TRIBUNA DE ALAGOAS
FESTA
DE SENHORA SANTANA
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de julho de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.077
Mal terminou a Festa da Juventude, entra a
Festa da Padroeira Senhora Santana, em Santana do Ipanema. O novenário
propriamente dito tem início no dia dezessete, porém, a abertura acontece sempre
no dia dezesseis com a tão esperada Procissão dos Carreiros. São centenas de carros de boi que saem do
Parque de Exposição Isaías Rego, a cerca de 2 km da cidade, em direção ao
centro de Santana do Ipanema. Eles veem pelo asfalto ou pelo acostamento da AL–130,
sempre escoltados por viaturas da Polícia Rodoviária. O carro de boi da frente
conduz a as imagens de Senhora Santana, a padroeira, e seu esposo São Joaquim.
Geralmente as imagens são conduzidas pelo padre da Paróquia nesse carro da
frente, usando chapéu de couro, símbolo do homem rural nordestino e sertanejo.
A tão aguardada Procissão dos Carreiros já
chegou perto dos 2.000 carros de boi no trajeto Parque-Centro, porém essa
participação vem encolhendo ano a ano. Ou é falta de disposição de carreiros ou
falta de carros na região. Sempre aparecem os curiosos para a contagem dos
carros de boi e, teremos que aguardar a procissão para vê se sai algum
resultado. Ao chegar ao centro da cidade, a procissão segue até o Largo Padre
Bulhões, onde na praça multiuso, às margens do riacho Camoxinga, recebem as
bênçãos da Igreja. Nem é preciso dizer que veem carreiros do Sertão inteiro
para participar do evento religioso. Muitos acampam no Parque, um dia antes,
num encontro saudoso e afetivo. A priori, Isaías Rego, nome do Parque, foi
comerciante com armarinho, padaria e, fazendeiro em Santana do Ipanema.
O Carro de boi, mostra ter sido o primeiro
veículo pesado do Brasil, desde os tempos coloniais. Foi feito para transportar
volumes maiores de mercadorias, onde antes só existia o jumento, o burro e o
cavalo. Só foi substituído com o advento do caminhão, dos primeiros caminhões
que rodaram em nosso território. Ainda hoje existem regiões no país que utilizam
ainda esse tipo de transporte, principalmente em zonas rurais nos sertões
nordestinos e na Região Centro-Oeste. Ver um carro de boi hoje em dia, é se
encher de saudosismo e melancolia nos que viveram a plenitude desses carros
artesanais e manufaturados.
Não há quem conte no mundo as infindáveis
histórias do carro de boi.
PROCISSÃO DOS CARROS DE BOI EM SANTANA DO
IPANEMA (CRÉDITO: ALAGOAS NANET).
O PANEMA
NA FESTA DA JUVENTUDE
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de julho de 2024
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
3.076
Enquanto a festa em Santana acontecia, o rio
Ipanema deslizou de Pernambuco e ficou praticamente lado a lado no seu leito
normal. Um ditado santanense antigo, do município, diz que “quando o rio
Ipanema bota cheia o inverno será bom”. Esse ano nem precisou a cheia do
Ipanema acontecer porque o inverno já estava sendo chamado de excelente. Nunca tínhamos visto um tempo invernoso
assim, chuvas fininhas, tanto de dia quanto de noite, intercalada de sol e céu nublado.
Portanto o rio Ipanema veio apenas confirmar a riqueza que estar acontecendo no
Sertão. Por outro lado, graças a Deus não foi confirmado o outro provérbio de
Santana, tão antigo quanto as origens da cidade “Panema quando bota cheia leva
um”. Não temos notícias de nenhum afogado até o presente momento.
Na foto da crônica, através da grade de
proteção da ponte General Batista Tubino, vê-se em primeiro plano o Poço dos Homens
e em segundo plano a continuação da cheia repentina. Desta feita, o rio não
encontrou casa construída no seu leito, nem oficina debaixo da ponte e nem rua
ocupando a sua calha. Por isso passou tranquilo sem mexer com ninguém. Suas
águas já baixaram bastante e daqui a uma semana, já estará fornecendo peixes
para as famílias pescadoras costumeiras, àquelas que gostam de peixe com
farinha e assim alimentam os buchos das crianças. Os primeiros dias de cheias fazem a limpeza
do lixo jogado ali pelos humanos e, os dias seguintes assentam o barro, a areia
e outras impurezas que as águas transportam. É ocasião de pesca e de banho.
E mesmo com muitas festas e barulhos nas ruas
de Santana, o rio Ipanema continua tranquilo, sereno e sinuoso como nos velhos
tempos da nossa juventude. A Pedra do Sapo, lá no Minuíno, ainda hoje marca a
intensidade das cheias em: pequena, média ou grande de acordo com as águas aos
seus pés, à sua cintura, ao cobrir a sua cabeça. A ponte engoliu as negras
canoas compradas em Pão de Açúcar, formulou o progresso da margem direita e
incentivou suicídios aos fracos na sua baixa murada. Diante de ruídos de
motores, foguetórios, sons de paredões e gritos alucinados, o rio Ipanema
escorre invisível e sereno cumprindo seu destino de mais importante acidente
geográfico do Sertão alagoano.
Orgulho sertanejo!!!
RIO IPANEMA VISTO PELAS GRADES DA PONTE, EM
PLENA FESTA DA JUVENTUDE. (FOTO: B. CHAGAS). 2024.
NOSSO
ENCONTRO
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de julho de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.075
Enquanto a Festa da Juventude
rolava na cidade, driblamos o trânsito infernal de milhares de veículos de fora
(coisa jamais vista por aqui), e fomos a pé fazer uma visita e uma homenagem ao
idoso e cadeirante herói dos curtumes santanenses, personagem central e
historiador conosco do livro SANTANA, REINO DO COURO E DA SOLA, lançado à venda
hoje em Santana do Ipanema. Fui eu e o
jornalista, editor, livreiro e escritor José Malta, para que ele, MALTA,
conhecesse de perto o “Comprador de Cinzas” ao vivo, do soneto do livro
documentário. Ao mesmo tempo fizemos registros importantes do homem que aparece
no livro, sobrevivente de uma época de ouro.
O herói trabalhara em todos os curtumes, comprava cinzas, couro, cal e
casca de angicos para alimentar as fabriquetas de couro curtido e sola.
Curtumes à margem do rio Ipanema, burros cargueiros,
transportando matéria-prima e os namoros efêmeros das estradas. Seu Manoel
Daniel vai recordando e passando para a geração MALTA NET., as histórias do
livro e outras passagens inéditas de narrador lúcido e rude das caatingas. Um
mergulho cultural nos anos 40 aos anos 70, cheio de peripécias e emoções do
nosso protagonista, assistido por mulher, filha e neto. Caboclo altamente
trabalhador, Seu Daniel foi infeliz quando se acidentou na lida com um carro de
boi que afetou demais uma das pernas e não conseguiu mais recuperá-la a
contento. O carro de boi do acidente, ainda hoje permanece numa garagem ao
lado, (carro urbano, roda de pneu), onde serve como depósito de roupas e de
outros objetos.
Seu Daniel ainda não conseguiu
vender o carro de boi, feito sob encomenda. Mas ao deixarmos a residência do nosso herói
santanense, fomos deixar nossos quatro romances do ciclo do cangaço e
livro/documentário Santana Reino do Couro e da Sola, (resgate importantíssimo
da história de Santana) no Restaurante Sushi, no Bairro Domingos Acácio, para exposição
e venda. Enfrentamos o trânsito enlouquecido e de dentro do carro ainda conseguimos
tirar uma foto do rio Ipanema, entre as grades da Ponte Central. As águas que
haviam chegado em grande volume já haviam baixado. Estão no Restaurante SANTO
SUSHI, os livros/romances do ciclo do cangaço: DEUSES DE MANDACARU, FAZENDA
LAJEADO, PAPA-AMARELO E OURO DAS ABELHAS, mais o livro documentário
anteriormente falado. 90,00 cada romance, 30,00 o documentário, com apenas 28
livros de cada romance e apenas 5 do documentário. Entre nessa elite
privilegiada. USE A PAZ E O PIX. Abraços do Clero, do Daniel e do Malta Net.
4
ROMANCES INÉDITOS DO CICLO DO CANGAÇO
ENTRE
166 E 256 PÁGINAS
FAZENDA
LAJEADO
DEUSES
DE MANDACARU
PAPO-AMARELO
OURO
DAS ABELHAS
+
DOCUMENTÁRIO – SANTANA, REINO DO COURO E DA SOLA
À
VENDA NO RESTAURANTE SUSHI – S. DO IPANEMA, A PARTIR DE SEGUNDA-FEIRA (15)
DOCUMENTÁRIO
30.00 O EXEMPLAR
EM
MACEIÓ, CONTACTAR IVAN CAJU: 55 82 9327 2114
ALTÍSSIMA
QUALIDADE
O COMPRADOR DE CINZAS
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de
julho de 2024
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.074
O
COMPRADOR DE CINZAS
(Clerisvaldo B.
Chagas)
O comprador de cinza é empregado
Do dono usurário dos curtumes
Sai à noite com céu iluminado
Pelo dia vagueia pelos cumes
Vão as cinzas nos sacos encardidos
Que seus burros transportam com firmeza
Paga a compra dos preços discutidos
Pela rua do rico ou da pobreza
Um idílio na mente viageira
Do seu rancho à trilha é transladado
Para o casco do burro e da poeira
E se amor de caminhos não embasa
Como a cinza mais frágil do comprado
Mas no rancho, não cinzas... Só a brasa.
DO
LIVRO INÉDITO: SANTANA, REINO DO COURO E
DA SOLA. LANÇAMENTO NA FESTA DE
SANTANA.
DANIEL,
UM DOS COMPRADORES DE CINZAS. (FOTO; B. CHAGAS).
O MAR
ALHEIO
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de julho de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão alagoano
Crônica: 3.073
O meu Sertão não tem oceano, não tem mar, vamos
então falar sobre o mar alheio mesmo sendo nós da terra dos mandacarus. “ Os mares diferem dos oceanos pela posição geográfica, extensão, profundidade e
características físicas das águas. Localizam-se próximos aos continentes ou no
interior deles. São menores que os oceanos, apresentam menor profundidade e
maior variedade de temperatura, salinidade e transparência das águas. Existem
três tipos de mares: costeiros ou abertos, continentais ou interiores, fechados
ou isolados.
Os
mares costeiros ou abertos – Localizam-se nas costas dos
continentes ou ficam muito próximos das costas e apresentam ampla comunicação
com o oceano por meio de largas passagens. O mar do caribe é um exemplo de mar
costeiro.
Os
mares continentais ou interiores – São assim chamados por
estarem localizado no interior de um continente e possuírem uma pequena saída
para o oceano, ou seja, um canal ou estreito. O mar vermelho que se comunica
com o oceano Índico pelo estreito de Babe el Mandeb, é um exemplo de mar
continental.
Os
mares fechados ou isolados - São aqueles que não apresentam saída para o
oceano ou outros marres, O mar cáspio é um exemplo de mar fechado. ”.
PAULA,
Marcelo Moraes & RAMA, Ângela. Jornadas.
Geo. São Paulo, Saraiva, 2012.
Pág. 163.
O mar de Maceió é tipo mar aberto ou costeiro,
litoral rico em enseadas, pontas, arrecifes de corais e arrecifes de arenito. A
maioria das riquezas animal e mineral dos oceanos está justamente nos seus
mares, principalmente na chamada Plataforma Continental. Entretanto, os
litorais são bastante sensíveis às ações dos ventos e das Correntes Marinhas.
Ninguém vai ao banho de mar pensando nas mil
facetas de oceanos e mares. À procura é a diversão e a fuga do estresse do
cotidiano. Mas se o banhista pudesse conciliar o banho e a pesquisa seria muito
interessante tanto para a Saúde quanto para o conhecimento. Mas faltou dizer
que as marés, tão relevantes para os pescadores, também recebem grande
influência da Lua.
Um oceano de felicidades para os nossos
assíduos leitores!
LITORAL (DIVULGAÇÃO DE VENDAS – INTERNET).
BACURAU
Clerisvaldo B. Chagas, 5 de julho de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.072
A região do Bairro são Pedro, em Santana do
Ipanema deve ter sido iniciada desde os tempos da Rua, hoje Antônio Tavares, a
primeira de Santana do Ipanema, após o quadro comercial. Um prolongamento da
rua já consolidada. Somente em 1935 ou
37 foi inaugurada a Igreja de São Pedro. “O Bacurau”, ou Escola Batista
Accióly, foi erguida na mesma década da Igreja em tempo revolucionário no
Brasil. Foi ali criada essa escola para os adultos que trabalhavam pelo dia e
não podiam estudar nos dois primeiros turnos. Como essa escola funcionava à
noite, ganhou o apelido popular de “Bacurau”.
Os próprios revolucionários diziam que aquilo fora benefício da
revolução. Continua com a mesma estrutura: um vão apenas (um salão grande)
rodeado de janelas de madeira bruta.
Ainda alcancei o “Bacurau”, como adolescente e
nela estudei particularmente com o professor Agilson que trabalhava no DNER, se
não me engano e, foi assassinado num acidente de trânsito em Maribondo. O
prédio já estava ocioso e a turma grande que ali estudava pelo dia, pagava ao
professor e tentava passar no exame de Admissão à quinta série do Ginásio
Santana. Pior do que um vestibular. Lembro quando o professor, muito
competente, mas um pouco pernóstico, saiu apontando alguns alunos dizendo os
que seriam aprovados no Exame de Admissão. Coisa ridícula que não poderia
dizer, uma humilhação para o restante. Entre os que seriam aprovados, segundo
ele, fui apontado. E de fato fui aprovado.
O “Bacurau” transformou-se em biblioteca de
bairro. Na última vez que andei ali foi para ministrar palestra a uns pequenos
de escola particular, quando falei completo do Bairro São Pedro, onde estava
situada a escola. Porém, fiquei triste com a tão pouca quantidade de livros nas
prateleiras da Biblioteca. E olhe que o salão, quando abertas todas as janelas,
entra uma claridade natural tão agradável que dá gosto se estudar naquele
ambiente. Quanto ao nome Batista accióly, foi como ficou conhecido um dos
governadores de Alagoas e que era filho do Litoral Norte de Alagoas. Ouvi uma
pessoa intelectual (já falecida) dizer que o Accióly seria um médico. Descobri
por acaso que fora governador com esse sobrenome usado na política.
De qualquer maneira o “Bacurau foi também um dos
fatores de impulso do Bairro São Pedro.
ALUNOS EXIBEM UM DOS NOSSOS LIVRO.
O
CRISTO DOS ATEUS
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de julho de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3. 071
Quando o, então, prefeito Genival Tenório
colocou três imagens no Morro do Pelado, Cristo Crucificado, Frei Damião e
padre Cícero, atualizou a denominação do Monte para “Alto da Fé”. O cimo do
serrote recebeu um bar ao lado das imagens que virou lugar suspeito e houve
profanações das três imagens ali colocadas. Frei Damião de verdade morrera no
governo do prefeito Paulo Ferreira que o homenageou com uma pracinha no Bairro
Camoxinga, no centro dispersor de três ruas. No governo do prefeito, Isnaldo
Bulhões, das três imagens profanadas no Serrote do Pelado, foram retiradas
duas. Padre Cícero foi parar em pedestal diante da sua igrejinha no Bairro Lajeiro
Grande. Sábia decisão. A imagem de Frei Damião, foi removida para a praça
construída por Paulo Ferreira em homenagem. Sábia decisão.
Assim, das três imagens profanadas, somente o
Cristo Crucificado permanecia no serrote (pequena serra). Não sabemos dizer
porque o prefeito Isnaldo Bulhões deixou de remover a imagem principal. Mas, no
apagar das luzes do governo Marcos Davi, alguém da prefeitura consultou-me onde
deixar a imagem do Cristo. Apontei o Alto do Cruzeiro, o maior ponto turístico
de Santana do Ipanema e tradicionalmente o monte sagrado de visitas em
multidões de épocas de Semana Santa, o mirante da cidade mais completo e natural.
Lá estavam desde o primeiro dia do Século XX um cruzeiro de madeira marcando
seu início e uma igrejinha construída em 1915. Cristo foi jogado como um lixo,
escondido por trás da igrejinha, Onde as intempéries que já destruíra duas
igrejinhas ali implantadas, destruíam impiedosamente o Cristo desprezado.
Não quero culpar o prefeito Davi, mas pelo
menos ele deveria ter inspecionado o local. E se a imagem do Cristo ainda
estiver no mesmo canto, apelamos para o Departamento de Cultura da atual gestão
municipal, que seja restaurada a imagem e feita as devidas correções (O Boi, a
Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema) como sugere o texto.
Basta um Pôncio Pilatos e um Herodes na história.
Quanto ao Frei Damião, está precisando de mais
atenção para melhorar a sua imagem em uma pracinha que quase foi acabada com
tanta coisa negativa que houve por ali. Também está precisando alguns ajustes
para embelezá-la tornando o trecho mais belo, mais atraente.
CRISTO DESPREZADO POR TRÁS DA IGREJA DO
CRUZEIRO (FOTO: B. CHAGAS).
FESTAS
EM SANTANA
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de julho de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
3.070
Nos últimos três dias de junho, mesmo pelas
madrugadas a temperatura chegando a 17 graus, o céu afastou as nuvens chuvosas
e voltou ao belíssimo azul de sempre. 29 sendo feriado – não se diz mais Dia
Santo – então o mês de junho passa o bastão para julho que ainda encontra
montanhas de milho em vários lugares da cidade, porém com preço estratosférico.
E assim vamos iniciando o mês da avó do Cristo com muita festa na Rainha do
Sertão. Logo duas em seguida que por certo estarão também comemorando esse ano
de chuvas temperadas com Sol e fartura nos campos. A Festa da Juventude vai do
dia primeiro ao dia nove e, dia 17, a Festa da Padroeira Senhora Santana, para
alegria do povo católico sertanejo. O momento é de Sol, mas o tempo é
imprevisível.
O rio Ipanema continua seco, assim como os
principais da região, Traipu e Capiá, porém a vegetação de todo o bioma está
mais verde do que a bandeira nacional. Uma bênção Divina mesmo nessas
incertezas que o tempo geral nos traz com o aumento da temperatura do Planeta.
Achamos que nem La Niña e nem El Niño, sabem mais o que fazer com os efeitos
estufas que a sociedade moderna produz. Acabamos de chegar de uma observação ao
rio. Só areia e mato, mas em compensação, as margens de barreiras não habitadas
parecem parte da Mata Atlântica com árvores robustas muito verde e fechadas.
Nenhum sinal de novas águas interestaduais e nem de chuvas ameaçadoras na
região. É bom saber que o rio Ipanema vem de Pernambuco.
E no transito entre junho e julho é uma delícia
tomar aquele cafezinho esperto com um pratarraz de canjica feito pela cunhada
Marlene, que consideramos a melhor do mundo. Herança culinária da minha sogra
que era sempre primeiro lugar na iguaria. Marlene continuou a habilidade
junina. Quem já viu se entrar numa igreja e não rezar? Quem já viu São João e
São Pedro sem canjica, pamonha e milho cozinhado? Credo em cruz! Nem nos fale uma coisa dessa! Mas, para
Santana do Ipanema, se fim e início de semestre é período de Festas Emendadas,
vamos emendar. Estaremos lançando aos leitores, cinco livros de uma só vez na
festa de Senhora Santana. Uma festa dentro de outra e que ainda estamos
articulando. Quatro romances de aventura do ciclo do Cangaço e um documentário
histórico sobre Bebedouro/Maniçoba, bairro de Santana. Acho que sou o único
romancista do Brasil a lançar quatro romances de uma só vez. Vamos para as Festas de julho, “cabra véi e
nega veia”.
CÉU DE SANTANA EM 29 DE JUNHO. (FOTO: B.
CHAGAS).
SÃO
PEDRO
Clerisvaldo B. Chagas, 1 de julho de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3. 069
A construção definitiva da igrejinha de São
Pedro, na mesma rua, no mesmo bairro, pareceu ter sido o sinal do
desenvolvimento que viria logo a seguir, naquela região de Santana do Ipanema.
Uma igrejinha que vinha pelejando desde 1915 com seus percalços, finalmente
ficou pronta. Assim foram surgindo zeladores e zeladoras e progressos pela
vizinhança como a escola Batista Accyoly, “Bacurau”, fábrica de calçados,
fábrica de mosaicos, enorme prédio de Fomento Agrícola, pracinha, calçamento,
bodegas, bares e, atualmente, mercadinhos e posto de saúde. O Bairro São Pedro
estirou-se, mas continua sendo um bairro voltado para o pacifismo residencial.
Há poucos anos a igrejinha passou por reforma e virou igrejinha belíssima e
moderna, porém, ainda é pouco movimentada em comunhão com o próprio cotidiano
do bairro.
A igrejinha de São Pedro sempre abrigou a
imagem de Santo Antônio que não tinha igreja própria. Inclusive, ficou famosa
pela distribuição do “pãozinho de Santo Antônio”, tradição católica que diz que
quem leva o pãozinho de Santo Antônio para casa, nunca mais faltará alimentos
na sua residência. Geralmente guardamos o pãozinho dentro do depósito de
farinha. Na década de 80, Santo Antônio ganhou a sua igreja própria no Bairro
da Floresta onde é o seu padroeiro. Fica na mesma rua que leva ao Hospital
Clodolfo Rodrigues de Melo. Este ano de 2024, pode até não ter tido grandes
atividades nas ruas da urbe, porém, ouvimos mais fogos do que no dia de São
João.
A crendice popular sertaneja diz que o santo
apóstolo do Cristo é quem tem as chaves do céu e é o controlador de chuvas na
Terra. Nem sei se deveria dizer aqui, pois não fui autorizado a isso, mas São
Pedro é o grande santo mentor do padre Cícero do Juazeiro que sempre recorre a
ele nas coisas mais difíceis – dito a mim pelo próprio padre Cícero – Na
verdade, São Pedro que é o santo alvo do maior número de piadas sadias do
sertanejo, tem um prestígio enorme com Nosso Senhor Jesus Cristo. Quase sempre sua imagem é apresentada com uma
chave na mão. E se não é a chave das portas do céu, é a chave que abre inúmeras
outras portas até chegar à principal.
Viva São Pedro!!!
SÃO PEDRO (CRÉDITO: PINTEREST).
ALTO
DO TAMANDUÁ
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de junho de 2024.
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.067
O Alto do Tamanduá no município de Poço das
Trincheiras estar localizado na fronteira com o município de Santana do
Ipanema. Divide-se entre as duas margens
da BR-316 e foi formado por quilombolas migrantes de outra sede quilombola bem
perto e localizada no mesmo município à margem do rio Ipanema: Tapera do Jorge.
Aliás, Tapera do Jorge foi um dos centros dispersores de negros no Sertão de
Alagoas. Sua habitação imediatamente vizinha, é o sítio Baixa do Tamanduá, mas
já dentro do município de Santana e tem as mesmas origens dos moradores do Alto
do Tamanduá. São quilombolas também. Alto do Tamanduá não, mas a Baixa do
Tamanduá, conhecida também como Lagoa do Mijo, aparece no primeiro documento
sobre Santana do Ipanema que se conhece e vai se encaixando na vida moderna com
essa última denominação.
Lugar agradabilíssimo e pacato, o Alto do
Tamanduá com seus artesãos, sempre abasteceram a feira de Santana Ipanema com
artefatos de barro como panelas, potes, porrões, pratos, brinquedos como éguas
e seus caçuás, cavalos e bois, tudo de argila de boa qualidade. Essas eram as
incumbências das mulheres, enquanto os artesãos trabalhavam com caçuás de cipó
e balaios. Fonte de pesquisa sobre diversos assuntos, tem acesso fácil e rápido pela sua posição estratégica na BR-316
e na fronteira de dois municípios. Também fica muito próximo do Poço das
Trincheiras cidade, como seu povoado mais perto da sede. Dali da sua rua
avista-se toda a beleza da serra da Caiçara, já na cidade de Maravilha.
Da Tapera do Jorge vieram duas pessoas pretas
que se tornaram muito populares na segunda metade do Século XX. O carregador de
malas chamado Zacarias que morava com a família no Bairro Floresta no lugar
Alto do Negros; e o “Major”, zelador da Matriz de Senhora Santana e o sineiro
mais famoso de todos. Um mestre nos domínios dos sinos da torre da Igreja.
Negro velho, educado, generoso e querido por todos de Santana do Ipanema e que
morreu dormindo num compartimento nos fundos da Igreja. De Santana do Ipanema
para a Baixa do Tamanduá e o Alto do Tamanduá, deve ser apenas dois ou três
quilômetros de distância da sede.
Nunca vi um tamanduá de perto, mas conheço o
povoado.
POÇO DAS TRINCEIRAS, BANHADO PELO RIO IPANEMA.
(FOTO: PREFEITURA).
PALAVRAS
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de junho de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.067
Existem palavras que se perdem no tempo por
falta de uso. Outras continuam ativas, porém ninguém lembra mais o significado.
Foi assim quando nós viajávamos numa Van e uma passageira pediu para deixá-la
no Guari. Isso na região de Cacimbinhas,
Alagoas. Fiquei curioso com a palavra
que jamais ouvira falar. E se perguntasse a qualquer um, a resposta seria um
lugarejo na periferia da cidade. Sim, mas o que significa Guari ninguém sabe, nem eu sei. Mas que o
termo ficou martelando a minha curiosidade, ficou. Tempos depois fui às
pesquisas e, tudo que encontrei foi “uma espécie de palmeira” ou “um tipo de
ave”. E no Poço das Trincheiras, o seu maior povoado é o Quandu, mas o que é
Quandu? Outro desafio.
Quandu significa porco-espinho e não se pode
confundir com Guandu que é uma espécie de feijão. Mas eu duvido que a maioria
dos habitantes do povoado Quandu, saiba sobre a origem do nome. Porém, a
palavra mais difícil de encontrar até hoje, foi “Minuino”, antiga travessia no
rio Ipanema citado em artigos da década de 30. Nada. Nada a seu respeito
consegui até agora. E se algum leitor curioso achar essa fonte, peço a
gentileza de repassar para nós, o povo santanense. É claro que a busca de palavras estranhas
para nós traz conhecimentos, mas não deixa de ser uma forma proveitosa de
lazer. Essa mistura da linguagem indígena, africana, portuguesa e outras
estrangeiras, enriquece os dicionários e endoidam a cabeça dos pesquisadores.
Bonito é o nome Araçá e Santana do Ipanema
Possui três sítios rurais com essa denominação. Mas será que ainda existe araçá
naqueles sítios? Nunca vi um araçá de verdade, mas dizem que é uma fruta
parecida com a goiaba que pode ser consumida in natura e ser transformada em
geleia, sorvete, sucos... Mas não aparece um só estudioso no Sertão para resgatar
esse fruto, inclusive para a indústria. Onde estão nossos professores biólogos
que só se movimentam entre quatro paredes da escola. E a falta de iniciativa de
gente estudiosa já fez perder muita riqueza do nosso bioma, tanto do reino
animal quanto do vegetal. Muitas denominações estão apenas na nomenclatura do
lugar. Pense no assunto.
CACIMBINHA (FOTO DIVULGAÇÃO)
FACHEIRO
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de junho de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.066
Entre as espécies vegetais do Sertão Nordestino,
destaca-se a cactácea Facheiro (Pilosocereus pachycladus). O Facheiro, um dos
mais fortes símbolos do Nordeste, disputa em beleza com o Mandacaru e
ornamentam muito bem a caatinga verde ou ressequida. Ambos são símbolos de
resistência, fortaleza e esperança. Ninguém sabe quantos milhões de fotos de mandacaru
e facheiro já foram espalhados pelo mundo. O facheiro, porém, difere um pouco
do mandacaru. Possui os seus braços mais delgados e contínuos, diferente do
mandacaru de braços grossos e intercalados. Ambos possuem uma infinidade de
espinhos e podem chegar até os dez metros de altura, embora o mais comum seja
em torno de cinco e seis metros.
O carpina da zona rural costumava fazer ripa e
até mesmo caibro dos braços dos facheiros. O artesão sertanejo usava suas
raízes para confeccionar colher de pau que seria vendida nas feiras e em alguns
estabelecimentos fixos. Sendo um vegetal nativo, o facheiro é muito respeitado
pelo homem rural que em condições normais do tempo o deixa em paz. Todavia, se
o tempo aperta o sertanejo com estiagem prolongada, o facheiro é cortado por
facões, transformado em fogueira leve quando perde ou amolece seus espinhos. É
utilizado, então para alimentar rebanhos caprinos, ovinos e bovinos. Na extrema
precisão também tem o seu miolo consumido pelo homem. Varia muito na cor que
vai de um verde agradável ao marrom enferrujado, principalmente no período de
seca.
Tanto o mandacaru quanto o facheiro têm forma
de candelabro. Altos e de braços erguidos parecem sentinelas do Exército
brasileiro. É como se fossem o pai espiando do alto todos os outros irmãos ou
filhos espinheiros menores. Um raso de caatinga sem mandacaru, sem facheiro,
parece perder completamente a graça da paisagem. É assim que estará na praça no
mês que vem, um dos meus quatro romances do ciclo do cangaço “DEUSES DE
MANDACARU”, que pelo visto acima também poderia ter sido titulado de “Deuses de
Facheiros”. Todos os quatro romances e mais um documentário da nossa história
estará sendo lançado de uma só vez em um dos dias da Festa de Senhora Santana,
se assim o bom Deus nos permitir. Mas aí já é outra história.
FACHEIRO (FOTO: PINTEREST).
SÃO
JOÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de junho de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:3.065
Toda
mata tem espinhos
Toda
lagoa tem peixe
Toda
velha tem me-deixe
Toda
moça tem carinho
Quadrinha colhida nos Guerreiros e Reisados
alagoanos do passado. Folguedos que também se apresentavam no São João, Natal e
nos novenários da região sertaneja. Um brinde para o leitor e entusiasta do
nosso folclore.
O Dia de São João, refere-se a João Batista,
primo de Jesus e que o batizou no rio Jordão. Filho de Isabel e Zacarias, João
Batista tinha mais ou menos a mesma idade de Jesus, recebeu missões
importantíssima do alto, chegando a ser exaltado pelo Mestre em dizer que filho
de mulher ninguém fora maior do que João Batista. Amadíssimo no Brasil e
notadamente no Nordeste brasileiro, tem como um dos seus fortes símbolos, a
fogueira que significa luz, a luz de cristo e aquela fogueira que Isabel fez
para celebrar a gravidez de Maria. O dia de São João no Nordeste brasileiro é
esperado o ano inteiro, sendo nessa região a maior de todas as festas. Celebra
as chuvas no semiárido, a esperança, a fartura na agricultura e na pecuária. É
São João do carneirinho, abençoando o mundo.
Em nosso livro O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema,
já publicado, um dos boxes, “Memorial Vivo”, está descrito, modéstia à parte,
magnificamente o São João dos anos 60, na Rua Antônio Tavares e que representa
uma crônica abrangente para todo o nosso semiárido da época. Era a Rua da
Cadeia Velha, a Rua dos Artífices, realizando o grande espetáculo do ano com
sua fila quase infinita de fogueiras, bombas, diabinhos, rojões, chumbinhos,
traques, beijos-de-moça, peido-de-velha, foguetes e balões. José Urbano era o primeiro a acender a
fogueira e Manezinho Chagas, o último a tocar fogo no monte de lenha. Nem vamos
falar das comidas e bebidas típicas que continuam as mesmas, porém a fogueira,
símbolo maior, encontra-se em extinção com a chegada do asfalto e a nova
consciência ecológica.
No local onde moro, no princípio foram
construídas 18 casas (uma delas é a minha) receberam o título de Conjunto São
João. A Priore, diz assim a Maçonaria: “Louvemos a São João, nosso padroeiro”.
SÃO JOÃO (PINTEREST).
APRESENTANDO CLERISVALDO |
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