quinta-feira, 29 de setembro de 2022

 

SÓ VENDO DE PERTO

Clerisvaldo B. Chagas, 29/30 de setembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.776


O terreno federal e gigante vai desde a Rua Pedro Gaia, até a Rua Prof. Aloísio Ernande Brandão, numa compridez de cerca de 800 e uma largura calculada em 500 metros. Área completamente abandonada ao lado do Complexo da Saúde e da Educação santanenses, também é insalubre igual ao restante do espaço dominado pelo riacho Camoxinga. Água escorre dia e noite naquela área vinda do alto da chamada Rua das Pedrinhas que engloba vasta parcela do vizinho Bairro Lajeiro Grande. Dentro do terreno algumas construções de alvenaria (4 ou 5) estão em ruínas. Completamente cercado por arame farpado ou muro de alvenaria, tem sua entrada sem portão, partes caídas permitindo o livre trânsito de quem quiser por ali perambular.

Estivemos visitando as imediações e contemplando o abandono que em parte cria capoeiras e até uma pequena floresta defronte de uma escola, do outro lado da rua. Que pena! Que absurdo! Ali, após um saneamento do terreno baldio, daria grandes coisas que a cidade necessita: uma feira de gado com todas as repartições para bovinos, caprinos, suínos, equinos, asininos, muares e galináceos e ainda sobraria terreno; um hospital ou dois; um Campus para qualquer Universidade e muitas outras construções necessárias e indispensáveis à sociedade. Vários cidadãos presentes por ali, inclusive comerciantes, lamentavam o desprezo a que está submetido essa área que também poderia ser transformada num parque ecológico e ponto de caminhadas para toda a à população.

Enquanto comprar um terreno em Santana do Ipanema fica cada vez mais difícil, tendo em vista o preço, o terreno federal muito maior do que um campo de futebol vive abandonado e no momento somente serve para descarte de metralha, trilha de cortar caminho, criar mosquito da dengue e juntar mato. Ali já funcionaram repartições federais e municipais, entretanto, o momento é lamentável, principalmente quando se comtempla as ruínas dos prédios em alvenaria. Há quem diga, sobre o uso do terreno abandonado, ser motivo de esconderijo da marginalidade que desce das imediações da Rua das Pedrinhas para aterrorizar habitantes da área do Colégio Estadual, Aloísio Ernande Brandão e São Cristóvão. Infelizmente não tivemos êxito em fotografar o local. Apresentamos uma foto de outra região.

A quem recorrer?

RUÍNAS ILUSTRAÇÃO DE UBATUBA (DIVULGAÇÃO GOV.)

 

 


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terça-feira, 27 de setembro de 2022


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APRENDENDO

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de setembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.775






 

No Sertão, o costume de tradições centenárias é chamar os rios de ribeira.  A foz, independente do seu tipo, é denominada barra. Entretanto, o termo barra, é utilizado em todas as regiões do estado. É uma herança portuguesa, inclusive documentada nas famosas sesmarias e que se perpetua até os tempos presentes. Lembre-se do litoral: Barra de Santo Antônio, Barra de São Miguel... (barra do rio Santo Antônio, barra do rio São Miguel). A foz de um rio é o lugar onde o rio termina, onde despeja suas águas. Também é chamada de barra, desaguadouro e desembocadura. A foz pode ser em forma de delta, de estuário e mista. A forma delta é caracterizada por obstáculos que dificultam o pleno escoamento das águas. Exemplos: ilhas grandes ou pequenas, altas ou baixas. Na forma estuário, não existem obstáculos, as águas escoam livremente.  E na forma mista, são encontrados os dois modelos e cabe distingui-la.

Existe em nosso litoral uma forma generalizada de costas de rias. Isso acontece na vertente dos nossos rios que escorrem para o oceano Atlântico. Temos muitas costas baixas e o mar invade a foz do rio, até penetrando pela terra adentro. Também essas rias são chamadas de barras afogadas. Os nossos rios alagoanos que escorrem na zona da Mata, são da vertente do oceano, isto é, despejam no oceano atlântico. Já os rios do Sertão e do Agreste, pertencem a vertente do São Francisco. Assim como são formadas as lagunas nas costas baixas do litoral, também acontece a formação de lagoas ao longo do rio São Francisco. Essas lagoas são formadas pelas águas do “Velho Chico” que invadem as partes mais baixas (várzeas) dos terrenos das margens. Nem todos os municípios do São Francisco têm os terrenos rebaixados, isto quer dizer que não são todos que possuem lagoas. Elas são regionalmente famosas e de nomes interessantes.

As várzeas estão ou não ocupadas pelas águas do São Francisco, conforme as cheias do rio. Quando cheias, elas são excelentes lugares de pesca. Quando secas, abalizados lugares para

o criatório – pela sua pastagem fertilizada pela última cheia – e para produção de frutas como a chamada “manga Maria” de excelente qualidade.

Muitos rios famosos do Sertão desembocam nas imediações de Piranhas, Pão De Açúcar, Belo Monte e Traipu. Outros, no município de Delmiro Gouveia. Rios do sertão: Traipu, Ipanema, Capiá, Moxotó, (rio de fronteira), Farias, Riacho Grande, Desumano, Jacaré e outros mais.

Esperamos que tenha gostado da revisão de hoje.

LAGUNA PARANÁ, SECANDO, EM TRAIPU – RIO CAPIÁ, CHEIO, EM OURO BRANCO: FOTOS: “REPENSANDO À GEOGRAFIA DE ALAGOAS). AINDA INÉDITO.


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segunda-feira, 26 de setembro de 2022

 

ESTOU SEGUINDO JUAREZ

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de setembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.774


Estou gostando muito da novidade da Internet, vídeo de Juarez Jácome, mostrando a vida do sertanejo nordestino em toda a sua plenitude. O cenário escolhido é o próprio sítio rural com sua residência de taipa e os arredores típicos do sertão. O sertanejo do rio Grande do Norte foi muito feliz em querer mostrar todos os detalhes da sua vivência rural. Hábitos, costumes, flora, fauna, o dia a dia do sertanejo morador em casa de taipa. Acompanho passo a passo cada episódio novo e admiro tudo, começando pela qualidade dos seus vídeos, cenários e a realidade misturada um pouco com as fantasias das piadas e às vezes, os exageros de Mauro que faz o papel de pinguço.

Mas nessa sequência de tantos vídeos, três coisas me chamaram atenção, pois vivi muito em área rural, mas alguns costumes me escaparam, principalmente porque não convivi com a casa de taipa. Primeiro foi a forma de varrer a moradia. O chão batido da casa primeiramente é aguado para se varrer, evitando a poeira vermelha do piso de argila. Segundo, o dever de se colocar areia no caco de barro de fazer pipoca para misturá-la ao milho e proceder normalmente como em todos os lugares até que o milho torrado vire pipoca. A areia quente não se mistura à pipoca e esta fica bel alvinha e apetitosa. Terceiro, o hábito da vizinhança em tomar coisas emprestadas, arroz, óleo, feijão, fósforo, farinha e muito mais, quando falta o produto na sua própria casa, entre uma compra e outra na viagem à cidade. Toma-se emprestado até que o credor vai a cidade para novas compras e paga o emprestado.

As terras vermelhas, os galináceos soltos e se alimentando no terreiro, as palhas como telhado da latada, o fogão de barro, à lenha fumarando, roças verdejantes e trabalhadas, tipos esquisitos, o cabaré de Geruza por perto, para as presepadas de Mauro e pontos típicos apresentados, enchem à vista e desperta a saudade imensa do Sertão rural.

Juárez Jácome, você nem precisa agradecer ao povo, o povo é quem deve se mostrar grato diante da riqueza variada das suas apresentações, mostrando todos os detalhes do Brasil roceiro. Ao terminar esses escritos, irei apressado para o celular procurar se tem novidades nos episódios do Juarez Jácome.

Deus abençoe sua vida com o bom tempero nordestino.

JUAREZ JÁCOME (IMAGEM DIVULGAÇÃO).


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quinta-feira, 22 de setembro de 2022

 

CHEGOU A PRIMAVERA

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de setembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.773



 

Abro o portão da rua e vejo a primavera entrar por todos os recantos da casa. Na fiação da via, uma rolinha azul, solitária, exercita seu pescoço e traz a simbologia de venturas que chegarão. Nem dá tempo meditar na falta de uma companheira ou companheiro porque um enorme casal de rolinhas brancas, pousa na mesma fiação alguns metros à frente, na casa do vizinho. Pelo tamanho, até parecem juritis. Outros bons sinais da Natureza para as nossas vidas nas penas da Columbinas talpacoti e suas parentelas. Ornamentam a minha rua repleta de acácias e pau-brasil e não são molestadas pela valentia mandona dos pardais, devido à docilidade das espécies.

Os campos estão verdes, as matas fechadas em muitos lugares e as capoeiras abandonadas por falta de mão-de-obra. Migram os donos de terras, migram os animais, mesmo sentindo a quase inexistente perseguição humana dos campos sem ninguém. E algumas espécies de pássaros deixam os campos e vão aos poucos chegando em zonas urbanas arborizadas, onde vão se adaptando à movimentação de pessoas, catando comida nas ruas, enfrentando outros pássaros por territórios e arquitetando ninhos nas árvores plantadas pelos humanos. Reinam nos quintais compridos onde encontram doces frutas como a goiaba, o caju, a acerola, a seriguela... A manga. Riachos e rio estão ali pertinho, leitos secos e margens repletas de arbusto, arvoretas e árvores de porte que lhes dão respaldo quando preciso.

Primavera vem do Latim: primo vero, primeiro verão. De fato, primavera não deixa de ser mesmo um pequeno verão. No mundo sertanejo se confunde com a próxima época, embora tenha suas particularidades reconhecidas, como a época das flores, temperaturas mais amenas (nem sempre) e sua amplitude térmica. Mas nada disso impede a primavera de espargir esperanças no mundo inteiro, principalmente nos países onde existem as quatro estações distintas. Portanto, a volta de pássaros e aves selvagens pelos sítios, periferias, ruas e logradouros públicos, deve ser vista como novo sopro de vida e esperança na existência humana. É A valorização das boas coisas que a Natura oferece; entretanto, de nada adianta o frenesi natural para animar o homem se o próprio homem, fechado nos compromissos do seu ego, recusar espiar em torno.

NA PRIMAVERA (CRÉDITO: PINTEREST).

 

 

 


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quarta-feira, 21 de setembro de 2022

 

SÃO CRISTÓVÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de setembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.772

 

Saiu a programação do “Padroeiro dos Motoristas” da Paróquia santanense de São Cristóvão. O evento está previsto para o mês de outubro com a abertura do tradicional novenário no dia seis. O primeiro dia de festa acontecerá no dia sete e seguirá até o domingo dia dez.  A abertura da festa conta com a recitação do terço, a Santa Eucaristia e o hasteamento do estandarte do glorioso São Cristóvão. Já no encerramento do dia dez, haverá salva de fogos, solene eucaristia presidida pelo padre Thiago Henrique Soares Pinto Tavares, eucaristia presidida pelo padre Henaldo Chagas (Matriz de São Cristóvão), solene procissão com a imagem do nosso glorioso Padroeiro São Cristóvão, saindo da cidade de Olho d’Água Flores, bênção do Santíssimo Sacramento, aspersão de veículos e motoristas e descerramento do estandarte de São Cristóvão com salva de fogos.

Geralmente a abertura acontece com um desfile de vaqueiros, aboiadores e outros cavaleiros e que se tornou tradição da Paróquia, do bairro e da cidade em geral. Cada dia dos festejos tem seus noiteiros que fazem apresentações abrilhantando a solenidade noturna.   O mês de outubro é um período que não chove no Sertão e assim o tempo colabora para um maior êxito também para os festejos profanos da festividade que se espalham pelo Largo defronte a Matriz e por várias ruas adjacentes que aumentam de espaço a cada ano. Assim vamos encontrar, parque de diversões, barracas de comidas e de lembranças e inúmeros bares improvisados prolongando indeterminadamente a duração dos festejos a céu aberto.

Chamado antes Repróboro, era um gigante cananeu que passou por várias situações inusitadas na vida, até que transportou O menino Jesus nos ombros em um rio. A partir daí converteu-se e teve o nome mudado para Cristóvão, “O Transportador de Jesus”. Morreu decapitado a mando de um rei, sem renegar a sua fé.

A Igreja Matriz de São Cristóvão, em Santana do Ipanema, acha-se localizada numa chã no centro do Bairro Camoxinga, em um largo onde estão localizados um logradouro público e a atual Secretaria da Saúde (antigo hospital Arsênio Moreira).

Como condutor de Jesus, Cristóvão passou a ser também padroeiro dos motoristas e que desfruta de grande prestígio no bairro e na cidade. 2022 promete uma Festa em grande estilo que por certos tirará o atraso de todo o tempo da pandemia.

CARTAZ DIVULGAÇÃO DA FESTA DE SÃO CRISTÓVÃO.

 

 

 

 


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segunda-feira, 19 de setembro de 2022

 

TRAIPU

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de setembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.770

 

 


Os três rios mais importantes do Sertão alagoano são: Traipu, Ipanema e Capiá, pela ordem: início de Sertão, médio Sertão e Alto Sertão.

“O rio Traipu nasce no extremo ocidental da serra do Gigante, a noroeste de Bom Conselho, em Pernambuco. Vem para o sul e é atravessado pela BR-316 junto à fazenda São Francisco, a oeste da serra do Gravatá, continuada pela da Brecha. Este rio marca, embora grosseiramente, no trecho inicial, o sertão e o agreste alagoanos, mesmo que uns poucos quilômetros abaixo entre em plena caatinga, pois o sertão e o agreste alagoanos interpenetram-se numa forma ondulante de avanços e recuos, dificultando uma determinação precisa de suas áreas.

Por se encontrar nas proximidades deste limite, apresenta um vale com certa umidade e, ao lado da dessegregação mecânica do seu leito rochoso, já se nota a influência de processos de decomposição química dos minerais menos resistentes a ação das águas. Mas é um rio sertanejo autêntico, mesmo com mais resíduos de água acumulada nas aluviões do vale.

A conquista das suas margens pela pecuária, com a palma da fazenda aludida vem explicar esta condição de umidade de seu vale.

Sua extensão fica em torno de 80 quilômetros e tem como afluentes da margem direita, os rios: Mares, Torta, Galinha e riacho do Sertão; Pela esquerda: Salgado, Campos, Tingui, Craíbas, Sal e Priaca.

Deságua junto à cidade de Traipu, recebendo a invasão do rio São Francisco, pela formação de alagado na sua parte baixa”.

(prof. Ivan Fernandes Limas -1965).

Aprecia-se melhor o rio Traipu, ao se passar pela BR-316, na entrada de acesso a Minador do Negrão. Ali, uma ponte proveniente da antiga estrada de rodagem foi descartada e substituída por uma nova para acompanhar a pista. A ponte descartada continua servindo a carro de boi, burros, cavalos e pedestres, ao lado da outra. De ambas as pontes se avista bem a calha do rio Traipu.

Também pela Al-220, Batalha – Arapiraca, a estrada corta o rio. O seu afluente riacho do sertão, ali abastece um dos maiores açudes de Alagoas: o açude de Jaramataia.

 

LEITO SECO DO RIO TRAIPU VISTO DA BR-316, EM 2016 (FOTO: B. CHAGAS/REPENSANDO A GEOGRAFIA DE ALAGOAS). INÉDITO.

 


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domingo, 18 de setembro de 2022

 

O ARTESÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de setembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.769

 

 Fiz uma nova visita de cortesia ao artista plástico Roninho Ribeiro. Sua oficina, localizada à avenida Castelo Branco, Bairro São José, estava repleta de peças encomendadas e à venda ocupando todos os recantos das prateleiras e do piso. Fiquei admirado com o volume produtivo do artesão que hoje tem preferência pela sucata, embora seja pintor chargista em tela e mexa com os mais diferentes tipos de matéria-prima. O mundo preferencial de Roninho é o Sertão Nordestino, assim como o meu mundo, porém, repleto de cangaceiros e tipos esquisitos que povoam a mente fértil do artista. Vizinho ao seu local de trabalho, está sendo construída há, alguns meses, o complexo da Praça São José, em reforma profunda, talvez isso seja um estímulo para tanta produção em benefício da Arte pelo escultor santanense.

Quase sempre Roninho estar viajando para expor seus trabalhos em inúmeras cidades de Alagoas. Piranhas e Maceió têm sido praças muitas vezes visitadas pelo artista, aproveitando cada evento relacionado à arte. RR é irmão de outra fera da arte, Roberval Ribeiro, hoje estabelecido com a Empresa ROBRAC, continua em pleno vigor esbanjando talento sob encomenda. Os estilos são diferentes entre os irmãos Ribeiro, o que proporciona muito mais opções para o belo mundo das incríveis transformações. Mas ainda na Oficina ou Atelier do Roninho, vejo as novidades entre as peças de cangaceiros, heróis, bandidos e tipos populares, são as      esculturas em madeira representando gamelas que atualmente são modas no ambiente de apartamentos.

Na esquina entre a CONHB e o conjunto São João, o alto da residência de Roninho deslumbra na paisagem possante da margem direita do rio. As barreiras paralelas ao Ipanema e o casario rumo ao Hospital e a serra da Remetedeira, parecem inspirar o dia a dia do artesão do cangaço. Interrompo o artista que não pode perder tempo, pois vai aperfeiçoando as peças de encomendas coestaduanas e a expectativa aguçada de novas visitas. Aproveito o ensejo e encomendo duas peças para futuro ex-votos. O artista abraça o desafio e eu desço a colina montado na esperança do seu manuseio.

Como é fácil para Roninho fazer um mundo de faz de conta!

Encontro nas obras da praça, personagem semelhante aos do atelier.

É a vida que imita a arte ou a arte que imita à vida?

ARTESÃO RONINHO RIBEIRO (FOTO: B. CHAGAS).

 


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quinta-feira, 15 de setembro de 2022

 

GLU-GLU-GLU

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de setembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.768

 


Não amigo (a), você não estar vendo nenhum título estranho nesse trabalho. É mesmo o som emitido pelo peru nos terreiros das nossas fazendas sertanejas e nordestinas. Embora vá ficando cada vez mais raro, aqui, acolá, encontramos terreiro rural como antigamente, repleto de galinhas, galo, peru, patos, gansos, capãos, pintos, frangos e pavão. A raridade acontece por conta da mudança de hábitos com o tempo. Ninguém quer mais ter trabalho com o criatório, mas comprar tudo pronto no comércio fornecido pela indústria. Milho desolhado, xerém, castanha, ovo de granja, café em pó e assim por diante. Corríamos atrás dos perus somente para vê-los fazer glu-glu-glu ou quedávamos na admiração da sua roda exibidora de penas e marcha miúda.

O peru é descendente do peru selvagem da américa do Norte, gênero Meleagris gallopavo, pode viver na fazenda até dez anos e pesar em torno de 12 quilos. Encontramos o peru preto e o marrom nos terreiros e vamos descobrir o branco nas granjas especializadas. O peru é encrenqueiro, arenga sempre com o galo e com o pavão e tal os gansos, costuma alarmar com a presença de estranhos. Era sempre reservado para a alimentação das grandes festas das fazendas: batizado, casamento e noivado e como reserva para a grande festa de Natal. Apesar de tudo, nem todas as pessoas apreciam a carne de peru e nem os ovos da perua que não é como a galinha que põe todos os dias. Carne e ovos deliciosos!  Naturalmente estamos falando dos produtos da fazenda e não da industrialização.

O peru já foi bastante valorizado, tanto pelo sabor quase exótico quanto pelo volume de carne encontrado na sua carcaça. Vendidos nos povoados e vilas o “peru sevado” eram servidos aos padres que antes andavam pelos sítios rurais casando, batizando, pregando, principalmente em vilas, fazendas e povoados. Sentar ao lado do padre, além de muito prestígio, ainda era a sorte grande para comer peru, capão e galinha gorda especialmente enchiqueiradas.

A beleza da ave depende dos olhos de quem a vê, pode ser bela ou feia, mas não se pode comparar com o pavão, embora seja bem caprichoso no eriçar das penas. Mas se o amigo (a) não gosta da ave encrenqueira, a casa aceita.

Por hoje, chega de tanto glu-glu-glu.

PERU MARROM (FOTO: WIKIPÉDIA).

 


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quarta-feira, 14 de setembro de 2022


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CHEGOU O SOL

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de setembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.777


Agora podemos contar de certo, depois de vê de perto, como diz o nosso povo sertanejo nordestino. Deu início à época ensolarada, a partir do dia onze passado aqui por essas bandas da caatinga. Boas e mansas chuvas têm chegado a este chão desde o mês de maio; direto, dia e noite “como cantiga de grilo”, trazendo fartura, mas também muita frieza, mofo e recolhimento em casa por conta da variação 18, 19 graus centígrados. Nada disso, porém, evitou, os festejos regionais em todos os níveis. Festa de santo, festa de gado, festas sociais, festas políticas... Poucas foram incomodadas pelo tempo na vontade de brincar, homenagear, se divertir.  Na verdade, o Sertão tem suas lutas, seus sofrimentos, suas agruras, mas é uma terra festeira, otimista, de fé testada e aprovada.

Os momentos são atípicos, não só no Brasil, mas em solo de resistências centenárias onde vaqueiro e mandacaru representam os combates diários pela sobrevivência. Pandemia prolongada, frio intenso, infindável inverno e política nacional que, assim como o inverno parece não ter fim. Mal saímos de uma Independência Nacional, entraremos amanhã numa independência alagoana que não deixa de ter custado sangue na História do Brasil. Final de inverno nas Alagoas, liberdade a ser comemorada na serra da Barriga em reduto palmarino. O que precisamos agora é lutar para deixarmos o mapa da fome que faz liderar o estado no prato vazio como diz pesquisa divulgada.

A bonança do tempo físico não é igual a bonança econômica do País. O desemprego se alastra por todos os recantos e não fica nenhuma das Cinco Grandes Regiões fora do mapa da fome. Esse é o resultado do inconformismo e da vaidade daqueles cabeças que derrubaram a nossa Presidenta com ciúme, ódio e ambição. Eu bem dizia na época citando episódio francês: “Depois de mim o dilúvio” e foi o que a presidenta repetiu comigo com outras palavras. Não vai ser fácil reconstruir esse País após quatro anos de destruição total. Passamos por uma Segunda Grande Guerra sem canhões, mas o resultado está aí no mapa que foi divulgado em que Alagoas e Amapá lideram a corrida da fome. Imaginem se Nosso Senhor Jesus Cristo não gostasse tanto do Brasil e ele (o Brasil) não fosse escolhido pelo filho de Deus para governar o mundo futuro e breve. Palavras dos grandes sensitivos e espíritas de responsabilidade. VIGIAR E ORAR.

 


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terça-feira, 13 de setembro de 2022

 

TRAVESSIA

Clerisvaldo B. Chagas, 13/14 de setembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.766


Quando o chamado Aterro foi feito em Santana do Ipanema, a engenharia visava melhorar o trânsito contornando a cidade, uma espécie de via-expressa. Isto foi realizado ainda na época em que deveria passar por ali, a BR-316, no caso, estrada de terra: rodagem, como era apontada. A parte que ficou após o Aterro, ao se afastar do Centro, era muito pouca ainda. Mas as habitações tomaram impulso grande. Mesmo sendo um lugar insalubre a região baixa cortada pelo riacho Camoxinga, avulta-se nos complexos da Saúde e da Educação. O restante do Aterro, após o trabalho na região baixa, subiu para a parte do largo do Maracanã (mais alta e plana) e prosseguiu além do Bairro Barragem em direção a Inajá, Pernambuco.

A urbe cresceu e o Aterro ficou dentro da cidade. O trecho, que vai da Caixa Econômica à ponte do Bairro Barragem, recebeu a denominação de Pancrácio Rocha, teve cobertura de pedras e, mais tarde, asfalto por cima dos paralelepípedos. Temos um viaduto e uma pequena ponte sobre o riacho Camoxinga, no trecho do Aterro. O trecho Maracanã/Barragem, assim como o Aterro, está belíssimo, porém nunca ouvimos falar em duplicação tão necessária. Os transeuntes ali fazem caminhadas pela manhã e pela tardinha, diante do ruge-ruge dos automóveis e da luz do lusco-fusco. Não sabemos, porém quem seria o responsável por uma possível duplicação da pista. Tudo indica ser um órgão federal, mas não se tem notícia até o momento, de interesse do DNIT em realizar esse trabalho.

Uma proposta do órgão federal foi divulgada ainda com o saudoso prefeito Isnaldo Bulhões em vida. Uma rodovia saindo das imediações do Batalhão de Polícia (extremo Leste) em direção à serra da Camonga, seguindo para esquerda até sair muito após o Bairro Barragem (extremo oeste). Nunca mais essa equipe do DNIT fez novos pronunciamentos algum até hoje. Os sítios rurais que seriam beneficiados continuam babando por um desenvolvimento que apenas virou sonho e um sonho que se não virou pesadelo, também não passou de sonho. Por outro lado, se você deseja saber quem foi Pancrácio Rocha, o titular do trecho acima, dificilmente encontrará a não ser que procure na fonte “dos mais velhos”.

Estamos diante de uma placa de cimento na Travessia.

 

BR-316 (TRECHO PANCRÁCIO ROCHA) EM HORA DE CAMINHADA (FOTO: B. CHAGAS).

 

 


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domingo, 11 de setembro de 2022

 

MACEIÓ E AS PONTAS

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de setembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.765

 



Maceió é a capital das pontas: ponta verde, ponta grossa, ponta da terra e Pontal. Sendo uma cidade de inspiração marinha/lacustre, proliferam no entorno litorâneo inúmeros acidente geográficos que facilitam a atividade pesqueira, a navegação e a atração turística devido a esses acidentes proporcionados pela Natureza que tem trabalhado pelo seu aperfeiçoamento desde quando o mar recuou permitindo desenhos novos. Cabo: É uma porção de terra que avança pelo mar. Ponta: Também é uma porção de terra que avança pelo mar. Praticamente existe diferença entre o cabo e a ponta?  

A ponta, o nome está dizendo, é mais aguda, como uma ponta mesmo em que o seu largo vai se estreitando mar adentro, terminando com a extremidade muito mais fina. O cabo tem uma extremidade mais arredondada.

É bastante uma visita rápida nessas regiões maceioenses, para notar estas reentrâncias e saliências da nossa capital, desde que os olhares estejam dirigidos a essa finalidade, caso contrário, a nossa beleza litorânea irá desviá-lo do objetivo. Em Maceió podemos encontrar também o que chamamos de Enseada e que representa uma pequena baía. Revendo: o Golfo é grande, a baía menor do que o Golfo e a enseada menor do que a baía. Veja a Enseada de Jaraguá, onde está localizado o cais do porto. Mas não é errado você pronunciar: a baía de Jaraguá. Apesar de não termos restingas famosas em Alagoas para o Brasil, temos restingas na região. Restinga é uma faixa encorpada de areia paralela ao continente, feita pelo processo de sedimentação. Costuma fechar e desviar a desembocadura de um rio.

Os navegadores preferem os acidentes acima para desembarque, embarque e como portos permanentes porque assim ficam mais protegidos das águas agitadas como as correntes marítimas. São bastantes conhecidos no Brasil: o chamado golfão maranhense, as baías da Guanabara, Guajará (onde morreu o coronel Ludgero), baía de Todos os Santos, Angra dos Reis (angra, pequena enseada) cabos de São Roque, Santo Agostinho e a ponta de Seixas, o ponto mais avançado do nosso litoral e a Restinga da Marambaia. Será que o amigo (a) poderá apontar os locais desses acidentes. Quer uma ajudinha?

Baía da Guanabara, Rio do Janeiro – Baía de Guajará, Pará – Baía de Todos os Santos, Bahia – Cabo de Santo Agostinho – Pernambuco – Ponta Seixas, Paraíba – Restinga da Marambaia, Rio de Janeiro – Cabo de São Roque – Rio Grande do Norte.

RESTINGA DA MARAMBAIA – RIO DE JANEIRO (FOTO: WIKIPÉDIA)

 

 


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quinta-feira, 8 de setembro de 2022

 

CALDEAMENTO NA LÍNGUA DO POVO

Clerisvaldo B. Chagas, 8/9 de setembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.764

 

Assim como em outros estados, Alagoas também tem seus nomes de cidades que parecem estranhos para outras partes do País. É que nós somos originários de portugueses, africanos e indígenas, principalmente. Algumas cidades do Brasil, assim como Alagoas, preferiram permanecer com as denominações iniciais colocadas pelos índios, africanos ou portugueses. Temos, porém, cidades e outros lugares com denominações colocadas por imigrantes, entre outros, italianos, poloneses, americanos, alemães e russos. Mas é gratificante saber do orgulho municipal em manter seus títulos tradicionais, por mais estranhos que sejam. Inclusive, em nosso estado duas cidades estão com nomes não corretos na Língua Portuguesa, mas pelo jeito, não pretendem fazer as devidas correções, ambas estão na região do Agreste.

Voltando a nomes estranhos, isto é, que causam curiosidades  nos de fora, vamos citar apenas cinco deles em Alagoas, mas já abordamos esse assunto em volume nacional. Isso nos faz lembrar quando um parente, da cidade de Monteirópolis, pediu em São Paulo uma passagem para a cidade de Jacaré do Homens, em Alagoas. O cidadão que vendia bilhetes, respondeu que “não estava ali para brincadeiras”. Isso faz mais de 30 anos. Pequena discussão se formou e, a pedido, o bilheteiro teve que consultar o Guia de Cidades do Brasil. Estava ali: “Jacaré do Homens”, em Alagoas. O que é que tem demais um jacaré aparecer num riacho de propriedade dos homens? (dos homens ricos).

Mas voltemos ao miolo do tema. Arapiraca, Paripueira, Jaramataia, Coruripe e Ibateguara. No caso de Arapiraca, já foi amplamente divulgado que é nome de árvore frondosa da região.

Coruripe – Significa “no rio dos sapos”.

Paripueira - Praia de águas mansas.

Jaramataia – Árvore de origem africana; arbusto.

Ibateguara – Lugar alto.

São nomes de origens indígenas. Sobre Ibateguara, perguntávamos a um cobrador de Van, se era longe de Maceió, Ibateguara. Depois de responder à pergunta, o rapaz complementou: Lá faz um frio da peste!” Está aí a justificativa, a altitude.

A Jaramataia está sendo usada por populares para cura do câncer.

A propósito, você sabia que JATIÚCA significa carrapato? Pode ser o aracnídeo ou o fruto da carrapateira (mamona), planta que proliferava na região.

Licença que agora vamos a Maragogi: Rio dos Maracujás, falou o índio.

PLANTA JARAMATAIA (FOTO: PENTEREST)

 

 


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terça-feira, 6 de setembro de 2022

 

RIO CORURIPE

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de setembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.763

 


Veja que belíssima descrição sobre o rio Coruripe, pelo saudoso mestre da Geografia Alagoana Ivan Fernandes Lima:

“Coruripe vem da serra do Bonifácio (município de Palmeira dos Índios), na base da escarpa ocidental, atravessa uma parte de Agreste, forma o açude de Igaci. Chega a Limoeiro de Anadia onde se aprofunda no vale e continua a demandar o Atlântico; é cruzado pela ponte da BR-11 Sul, junto a Alto dos Garrotes, nos limites do cristalino, para abrir nos tabuleiros seu vale que se amplia ainda mais, à jusante passa na Usina Coruripe, que lhe ocupa um treco do terraço na margem esquerda. Desta cidade até o mar, alarga-se numa várzea rasa e facilmente inundável, dando a ideia de ter existido, nessa parte, uma lagoa; as marés avançam pelo leito acima, e em face disto foi construído um canal artificial que facilita o melhor escoamento das águas, e não se espalha mais as do mar, salgando-lhe as terras. A cana-de-açúcar ocupa-lhe a grande área do baixo vale, e também a pecuária e uma regular policultura.

Já foi plenamente navegável até Coruripe nos tempos dos engenhos de açúcar, mas é de se presumir, como outros rios em idênticas condições, ter sido o uso intenso das terras do vale para tal fim que acelerou o entulhamento do próprio talvegue, causando a perda de profundidade, o que tem prejudicado a sua navegabilidade.

Sua foz está claramente orientada para oeste e uma simétrica restinga é a responsável pelo desvio, quando o rio desembocava em meio da enseada que se abre na parte anterior do Pontal de Coruripe, a qual se acha um pouco interrompida pela formação de uma linha de recifes que une seus extremos de forma recurvada.

Seus principais afluentes pela margem direita: Panela, Vitorino e Riachão; pela esquerda: Lunga, Cruzes e Francisco Alves”

TRECHO NAVEGÁVEL DO RIO CORURIPE (FOTO: PINTEREST)

 

 


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segunda-feira, 5 de setembro de 2022

 

FURNA DA ONÇA

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de setembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.762



Estamos no momento por trás do antigo DNER, no Bairro Camoxinga, de onde se avista a serra do Poço com sua pujança. Ora a serra cachimba na base, ora no topo marcando as etapas das chuvadas sertanejas. Olhando bem se avista um dos seus acessos que se atinge através dos sítios rurais, Água Fria e Pé de Serra. Mas, para se chegar à serra mais famosa de Santana do Ipanema, existe uma outra estrada através do Sítio Poço Salgado, onde se entra pela propriedade do saudoso Seu Didi. Fazendeiro muito conhecido, Seu Didi foi o pioneiro do trecho que liga Santana a Água Belas, por dentro como se fala dos atalhos.

O início de subida é com terreno desgastado pelas enxurradas, sendo bom lugar para se procurar ouro. Todavia até agora não se fala em descoberta desse ambicionado metal na região.

Podemos chegar a Águas Belas pelo asfalto via Maravilha e Ouro Branco ou pelo entroncamento Carié onde se pega a BR que leva a Garanhuns, mas indo por dentro (atalho) por Seu Didi, a estrada é de terra, corta a região serrana de Santana do Ipanema e passa pela Reserva Indígena Fulni-ô de Águas Belas já em território pernambucano. As atrações desses lugares são as próprias serras remanescentes dos desgastes de bordas do planalto da Borborema localmente chamado planalto de Garanhuns e, na Culinária, a famigerada buchada do sítio passagem denominado Camoxinga dos Teodósio. Essa estrada foi construída mais ou menos em 1938 no curto governo municipal de Pedro Gaia.

Quanto a origem do nome Poço Salgado, podemos dizer diante de pesquisa segura, que na era de 40, durante grande estiagem, pessoas se reuniram para cavar um poço no leito seco do riacho Camoxinga, porém, a água que surgiu no poço tinha muito sal.  Sítio Poço Salgado é entrada para a subida da serra do Poço, mas também abre caminho às demais serras da região e de outros sítios que chegam até a divisa com Pernambuco mostrando ainda o ponto turístico “Furna da Onça”, lugar de difícil acesso e bastante visitado.

Passear pela zona rural é lazer prazeroso, cultural e relaxante na harmonia com a Natureza.

Ah! Que saudade da serra! Cadê o sebo nos joelhos para chegar à Furna da Onça!.

 

SERRA DO POÇO (FOTO B. CHAGAS/LIVRO 230).


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domingo, 4 de setembro de 2022

 

SINTEAL

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de setembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.762

 


Perdi a grande oportunidade de encontro com meus ex-colegas de Magistério em encontro do SINTEAL. O convite aos aposentados para esclarecimentos e lazer foi um grande sucesso da classe trabalhadora e muito honra o sindicalismo em nosso estado e no Brasil. O encontro aconteceu no Bairro Maniçoba a cerca de dois quilômetros do Centro, exatamente no local onde aconteceu o primeiro documento de Santana do Ipanema que se tem notícia. Até há pouco tempo, ali ficava uma casa de varanda situada à beira da estrada, pertencente a uma das figuras mais queridas de Santana, o dono de curtume Lulu Félix, motivo de várias crônicas neste espaço. Pois essa espécie de clube de lazer de nome Oásis, acha-se bem situado nesse antigo bairro festeiro de inúmeras figuras tradicionais da terra.

Motivos particulares e fortes me impediram do enorme prazer de estar conversando e me divertindo com meus colegas que tanto deram pela educação santanense e de outras cidades sertanejas sendo exemplos de resistência e pilares que sustentaram um novo tempo. O SINTEAL, núcleo santanense, continua a passos largos conduzindo a tocha solene contra as trevas dos que teimam em não as deixar. Muito bem conduzido pela sua cúpula, tem à frente a bela e inteligente Christina que procura inovar com projetos de fôlegos que atestam a sua liderança. O Lazer Oásis representa uma expansão da cidade pela periferia que acolhe a fuga do Centro saturado e formal. A região da Maniçoba é uma das mais charmosas de Santana juntamente com sua continuação denominada Bebedouro. Ali existem muitas pedras nos quintais e árvores frondosas entre o casario e o rio Ipanema, tornando o lugar ajardinado.

Com sua sede própria conquistada e com o projeto casa de passagem para professores, quem sabe se o nosso querido SINTEAL, não pensará no seu próprio espaço de lazer a ser construído ali mesmo na Maniçoba! Orgulho-me de ter sido o primeiro presidente regional da entidade juntamente com o professor José Maria Amorim e a professora Tadeia Macedo de saudosas memórias. Estarei presente na inauguração da sede própria no tempo aprazado e voltará o prazer de presença em órgão tão respeitado de Alagoas e do Brasil.

Parabéns Christina! Parabéns SINTEAL!

 

PROFESSORES REUNIDOS NO ESPAÇO LAZER OÁSIS (FOTO: SINTEAL).


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quinta-feira, 1 de setembro de 2022

 

METAMORFOSE DO TEMPO

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de setembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.760

 

Finalmente conseguimos atravessar o mês de agosto sem tragédias. Apontado como um mês perigoso, agosto prova que é apenas igual aos outros. Será? Entrando no mérito do tempo como prevíamos o tradicional frio da primeira quinzena, agosto parece não ter gostado da previsão dos quinze dias e prorrogou sua frieza de “matar sapo”, esticando-a até o dia 31, onde o frio “moeu troncho” como se diz por aqui. Na última noite do mês, embora a chuva ficasse resumida em sereno, o termômetro acostumado na casa dos 40 graus, deu “ré para trás” como dizia o saudoso vendedor de fumo Ataíde Fumeiro, chegando aos 19 na virada da noite para setembro. “Quem puder se enrole, quem não puder bata o queixo” porque o “bicho tá pegando” no Sertão de meu Deus.

Entre Sol, tempo nublado e chuva fina, vamos mantendo a esperança para vibrar na primavera e enfrentar o verão. Por enquanto as noites serão caracterizadas pela frieza contrastando com os dias quando chegar a primavera porque sempre foi assim. (amplitude térmica).

É mais um ano sem a colheita do algodão que preenchia as gavetas do agricultor com o dinheiro farto das festas de fim de ano. O inseto chamado bicudo acabou os algodoais, as usinas de beneficiamento de algodão, fecharam e, o sertanejo voltou ao “assando e comendo” do feijão, milho e mandioca. Sem uma cultura industrial fica bastante difícil a prosperidade no campo.

Enquanto isso, vamos olhar o rio Ipanema e em que situação se encontra. Ipanema que banha os bairros: Barragem, Clima Bom, São José, Camoxinga e São Pedro, além do Comércio. Encontro o caudal cansado, sem fôlego, escorrendo apenas com um fiozinho d’água, basculhos nos arbustos retorcidos das margens e um silêncio longo, interminável e triste pela sua calha.

Deixamos a atração da cidade e subimos por um beco estreito onde cães e varais com roupas a secar faziam a festa do estio intercalado. Passamos pela casa de um novo amigo que faz um alvoroço de felicidade com a nossa presença, aprumamos na volta de casa e nos sentamos no cotidiano do lar.

Aguardemos a desenvoltura do mês das flores em curso e o que ele nos trará de bom.

Salve, salve!

VERDE DOS CAMPOS: SERRA DA REMETEDEIRA AO FUNDO, PEQUENA BARRAGEM NA FOZ DO RIACHO SALOBINHO, AFLUENTE DO IPANEMA, PLANO DO MEIO. VISTA A PARTIR DA PLATAFORMA DO POSTO DE SAÚDE SÃO JOSÉ (FOTO: B. CHAGAS). 2/9/2022.

 

 

 

 


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