CONTANDO
PARA OS NOVOS
Clerisvaldo B. Chagas, 1 de outubro de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.119
O “sobrado do meio da rua” ficava a cerca de 50
metros do “prédio do meio da rua”. Espécies de shopping da época, construídos ainda nos tempos de vila. Nos 50
metros que os separava, era realizada parte da feira-livre e onde se realizava
as matinês carnavalescas. O primeiro andar era um salão que congregava toda a
extensão do prédio. Um vão livre para aluguel. No térreo, no meu tempo, três
pontos comerciais. Cada ponto ia de um lado ao outro do prédio. O edifício era
retangular. No primeiro andar já havia funcionado muitas coisas, como o
primeiro cinema, o primeiro teatro, escolas e fórum. A última atividade ali,
antes da demolição, foi o fórum, ainda na época dos advogados Aderval Tenório e
João Yoyô Filho. Estamos falando dos anos 60, primeira metade.
No térreo funcionava na primeira cabeça
(voltada para o Norte): o ponto comercial “Casa Atrativa”, Armarinhos do senhor
Abílio Pereira. No ponto vizinho, a casa “Arquimedes Autopeças”; e na cabeça de
baixo (Sul) A “Casa Triunfante”, armarinho de José Constantino e depois, do
irmão Manoel Constantino. Essas casas tinham os fundos fechados para o Leste,
lado da Praça Manoel Rodrigues da Rocha,
Durante às noites de festejos da padroeira
Senhora Santana, os balões eram erguidos na parte dos fundos da casa “A
Triunfante”, bem como os divertimentos “onda” e “curre” na extensão dos fundos
do sobrado. Entre a cornija e o telhado do primeiro andar, havia um autofalante
de comunicação da prefeitura “A Voz do Município”, acima da “Casa Atrativa”.
O “sobrado do meio da rua”, era o mais belo
edifício de Santana do Ipanema. Foi demolido logo após a demolição do “prédio
do meio da rua. Enquanto o prefeito demolia o primeiro, fazia uma pracinha no
lugar do segundo, já demolido. Alegava o homem, que iria modernizar Santana.
Após a demolição de ambos os prédios, o prefeito iniciou a troca do calçamento
de pedras grandes por paralelepípedos da Avenida Coronel Lucena e todo o Comércio.
Em seguida proibiu que carros de boi, circulasse pelo calçamento novo. Foi aí
que os carreiros, usaram a criatividade: substituíram a roda de aro de ferro do
carro de boi, por rodas de pneu. Esse tipo de transporte passou, então, a fazer
parte da paisagem urbana de Santana do Ipanema.
O “SOBRADO DO MEIO DA RUA” COM SUA FACE SUL,
VISTO DE LONGE, (FOTO: DOMÍNIO PÚBLICO/LIVRO 230/ACERVO DO AUTOR).