A MODA E A CRIATIVIDADE
Clerisvaldo B. Chagas, 1 de maio de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Muitas cidades mineiras
orgulham-se dos seus ciclos históricos e conservam entre outras coisas, o
calçamento bruto dos tempos de vila. Algumas nem permitem mais circulação de
veículos por esses patrimônios compostos por edifícios e pedras antigas. Em
Santana do Ipanema, Alagoas, a vila também ganhou calçamento bruto em toda a
área do comércio, inclusive a Avenida principal Coronel Lucena. Era sim um
orgulho santanense para uma vila que agia como cidade e ganhara pavimento
moderno para a época. Mais alguém de fora sempre comparava a ignorância de “A”
ou de “B” com o calçamento bruto de Santana do Ipanema. No governo municipal do
senhor Ulisses Silva, foram demolidos os prédios antigos do comércio e
arrancado o calçamento bruto da cidade. As pedras foram substituídas por
paralelepípedos, pedras quadriculadas de granito apontadas como mais modernas.
Daí em diante as
centenas de carros de boi de roda com aro de ferro, ficaram proibidos de
circularem no calçamento novo. As cargas que o carro de boi pegava no próprio
armazém e levava para a zona rural, ficaram então sendo transportadas de outra
maneira dos armazéns para as areias do rio Ipanema, ponto de estacionamento dos
carros de pau. O transporte de areia do rio em carro de boi também teve que ser
adaptado. (toda Santana foi construída com areia do Panema). Diante disso,
surgiu a nova moda para o carro de boi urbano. As rodas de madeira com aro de
ferro, foram trocadas por pneus e seus acessórios no eixo. Assim o carreiro
pode continuar seu trabalho rua acima, rua abaixo sobre o calçamento novo do
prefeito Ulisses.
Aproveitando a
transformação, os carroceiros passaram a imitar os carreiros. As carroças
puxadas por burras, também foram adaptadas e as rodas que eram de outra
modalidade, passaram a se apresentar com pneus de automóveis. Com pneus ou sem
pneus não parou a extração mineral no
rio Ipanema. Mesmo agora em 2020 o seu leito é tremendamente explorado sem
nenhuma restrição. Teve gente até que já se apoderou da imensa fatia do rio,
extrai e vende o que é de todos os santanenses.
Vergonha!
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