O DONO DO MUNDO
Clerisvaldo B. Chagas, 1º de novembro de 23011
A Palestina continua sua luta pelo reconhecimento territorial e como uma das nações da ONU. A resolução aprovada pela Conferência Geral foi muito importante até mesmo pelo elástico placar de 107 votos a favor, 52 abstenções e 14 votos contra. Entre estes, foram os Estado Unidos, Israel ─ como já era esperado ─ mais Canadá e Alemanha. O Reino Unido foi um dos que se abstiveram. O grupo dos BRICS votou a favor: Brasil, Rússia, Índia, China África do Sul e ainda a França que reforçou o tempero. Os Estados Unidos já falaram que lá na frente vai vetar. Ninguém duvida disso! Esse veto não atrairá de maneira nenhuma, algum tipo de simpatia para as suas cores. Acostumados com os aliados que lhes facilitam posições estratégicas, os Estados Unidos continuam cegos às mudanças do mundo. Foi assim que alimentou os ditadores do Oriente Médio, enquanto estes lhes serviam, muitas vezes contrariando mesmo os povos da região. Quando os ditadores úteis caíram em desgraça, o mesmo alimentador puxa a casaca e beija as costuras do avesso. Essas indisfarçáveis mudanças de opiniões, ao invés de aplausos, arrebanham ironia e descrédito de todos, principalmente dos arrepiados com suas atitudes.
Como a Palestina iria ameaçar o esforço de paz na região? Aqui no Nordeste se diz que “isso é conversa mole para boi dormir”. Do jeito que anda a coisa é que não pode continuar. Não tendo outro meio de se valer, o povo palestino apela mesmo para as armas, pois Israel anexou territórios e não quer largá-los. Fez como a própria nação americana anexando terras mexicanas, hoje transformadas, definitivamente, em estados do sul e oeste dos furiosos. Como nação participativa da ONU, ao invés das armas, a Palestina irá fazer suas reivindicações através dos meios civilizados e legais. Assim como foi dado o direito de existir a um estado judeu, a mesma medida pode ser usada para seus adversários. Claro que seria ingenuidade pensar que o problema regional é apenas pelas terras nuas do deserto. A cultura local é diferente da simplicidade que se vê de longe. O espírito religioso, a qualidade de vida, a economia e tantos outros fatores, entre reentrâncias e saliências ─ como diria meu velho e sábio professor Alberto Nepomuceno Agra ─ apimentam o enorme caldeirão da culinária asiática.
A vitória obtida pela Palestina foi importantíssima agora e será mais ainda, na hora do veto americano. Nada continuará como antes, atraindo uma pressão três vezes maior sobre a própria Israel. Melhor para os Estados Unidos, seria juntar-se a opinião da maioria, aprovar o ingresso da Palestina e quem sabe, até ganhar um novo aliado, mesmo indiretamente. Enquanto rola a questão, os americanos esticam cobra de borracha. A permanecer o sistema vassalagem, eles continuarão pensando que o país ainda é O DONO DO MUNDO.
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