domingo, 30 de março de 2014

AGRIPA EXALTA DECISÃO DE VEREADORES



AGRIPA EXALTA DECISÃO DE VEREADORES
Clerisvaldo B. Chagas, 31 de março de 2014
Crônica Nº 1161

Clerisvaldo e Sérgio, AGRIPA no sertão brabo de Roninho. Foto: Assessoria/Agripa.
Os nomes dos vereadores Zé Vaz, Heleno, Mário, José Lucas e Dôra, foram lembrados ontem na última sessão do mês de março, da Associação Guardiões do Rio Ipanema – AGRIPA.
Após a leitura da “Ata da sessão anterior” e do “Expediente”, contando com vários convites à AGRIPA, importantes assuntos foram debatidos na “Ordem do Dia”.
O pedido de um representante do CAPS, para um passeio seguro em trecho do rio Ipanema, guiado pela AGRIPA, foi muito bem recebido e a Associação sente-se feliz em poder servir. Foi decidido também que no encontro de hoje do Projeto Lagoa Viva, no auditório da Escola Iracema Salgueiro, a AGRIPA se fará presente com alguns dos seus membros. Quanto as reuniões sobre resíduo sólidos que será realizada em Maceió, dia onze de abril, a AGRIPA também atenderá o convite enviando representante ao CEPA no dia aprazado. Outras sugestões de escolas sobre o rio Ipanema foram analisadas e farão parte da agenda da Associação.
Nesta semana os guardiões deverão visitar a prefeitura quando tratarão do assunto do início da limpeza do rio Ipanema e da permanência fiscalizadora das ações.
Vereador Heleno também fez História. Foto: Clerisvaldo.
Os guardiões ainda exaltaram a visão dos vereadores Zé Vaz, Heleno, Mário, José Lucas e Dôra que proporcionaram um dia histórico de suma importância para Santana do Ipanema, inclusive fazendo parte dessa história, pois serão lembrados como os edis que votaram no projeto que instituiu o Dia do Rio Ipanema, em 21 de abril. A ideia inicial partiu do escritor Símbolo de Santana do Ipanema, que a apresentou em sessão da AGRIPA, onde foi discutida, aceita, e aprovada A AGRIPA, por sua vez passou o tema para o presidente da Câmara Zé Vaz, que abraçou a causa e foi o relator do projeto. Falta agora o prefeito Mário Silva também entrar para a história municipal e alagoana em sancionar o projeto que honra o acidente geográfico pai de Santana, o mais importante do sertão alagoano, o maior rio que corta Alagoas. Os benefícios dessa criação logo começarão a dar bons frutos para os santanenses que poderão recuperar três quilômetros para o lazer.
A reunião prosseguiu com o momento “Palavra a Bem da AGRIPA” (vários informes) e com o “Tempo de Estudos”. O presidente Sérgio Soares Campos passou a palavra ao orador substituto, Manoel Messias para a sua avaliação, que a considerou positiva e, em seguida encerrou a sessão.

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quinta-feira, 27 de março de 2014

ESCRITORES E GAZETA DE ALAGOAS REDESCOBREM RIO IPANEMA (V)



ESCRITORES E GAZETA DE ALAGOAS REDESCOBREM RIO IPANEMA (V)
(Série de 5 crônicas)
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de março de 2014
Crônica Nº 1160

Escritor Clerisvaldo B. Chagas detalha para a TV Gazeta as belezas da região. Foto: Manoel Messias.
O povoado Barra do Panema estava ali sob meus pés. Mal acreditava naquilo. Dava uma tremenda vontade de chorar ao fluir à lembrança de 1986 quando cheguei ali com Wellington Costa e João Quem-Quem, a pé, pelos areais do rio Ipanema. Havíamos saído de Batalha, povoado Funil, às três da madrugada e adentramos a Barra às cinco da tarde. Vejamos trecho do livro “Ipanema um rio macho”. “Penetramos triunfantes no povoado Barra do Panema às cinco horas da tarde do dia 9 de janeiro de 1986. Fomos comemorar com aguardente no bar Toca da Raposa, aonde havíamos chegado. Não havia tira-gosto. No povoado não tinha pão. Não havia bolachas para vender. Não havia peixe, nem carne, nem nada (...)”. A zeladora da igreja de N.S. Assunção nos recebeu bem e falou que a igreja, no morro-ilha, estava fechada para reforma. Desistimos de ir lá agradecer à santa. Dormimos num grupo escolar indicado pela zeladora. No livro “Ipanema um rio macho”, falamos da miserabilidade do povoado de Alagoas e o progresso de outro povoado bem à frente, em Sergipe. Diz o livro: “Voltei infeliz e envergonhado com o que constatei no lado alagoano”.
Igreja centenária em morro do São Francisco. Foto: Clerisvaldo.
A única mudança que encontramos foi a estrada boa de acesso; a rua da frente calçada com pedras; um prolongamento do povoado em direção à foz do Ipanema e algumas barracas na praia porque a estrada melhorada de acesso ao povoado estava atraindo pessoas de fora em final de semana. Afora isso, várias residências desabando ou desgastadas significando regressão. O rio São Francisco continuava bonito, mas assoreado.
Parcial do povoado Barra do Panema. Foto: Clerisvaldo.
Peguei o livro “Ipanema um rio macho”, abri na página 60 e indaguei aos moradores se eles conheciam a foto de uma mulher com sua netinha. Todos reconheceram dona Eliete, a zeladora que nos recebera na época. Não pude lhe abraçar porque ela estava em Salvador, fazendo exame de vista. A netinha de colo deveria estar com quase trinta anos agora, mas também se encontrava em outra região. Deixei um livro autografado para ser entregue à zeladora. Fui, então, ao Bar Toca da Raposa. Estava lá ainda o bar, o desenho da raposa, a dona do bar (antes bonitona) completamente envelhecida. Foi uma farra de alegria. Depois o marido apareceu e disse me haver reconhecido. De homem atlético, passou àquela figura típica de homem sessentão. Li trechos do livro sobre “A Toca da Raposa” e deixei um com eles. Para outros moradores indaguei sobre fotos de um casal perto de uma camioneta que nos traria de volta do povoado à Batalha, em 1986, páginas 62, 63 e 64. Ela seguiu conosco como passageira, o marido ficou. Muita bonita a fumante cabocla sertaneja. As pessoas identificaram os personagens na hora. Ela já havia falecido e ele também um ano depois. Fiquei triste novamente.
Marcílio e Manoel Messias animam a noite da Rua Delmiro Gouveia, em final de reportagem. Foto: Clerisvaldo.
Após saborosa peixada, escritores, profissionais da TV Gazeta de Alagoas e acompanhantes pisaram fundo de volta as suas bases.
Eu lembrava de 1986, página dinâmica, pura e nostálgica da minha vida.


 * Final da série de cinco crônicas sobre o trabalho para o programa "Terra e Mar" da TV Gazeta de Alagoas.
obs. Uma das fotos da (IV) crônica, na legenda onde tem "geólogo", leia-se "GEÓGRAFO".


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ESCRITORES E GAZETA DE ALAGOAS REDESCOBREM RIO IPANEMA (IV)



ESCRITORES E GAZETA DE ALAGOAS REDESCOBREM RIO IPANEMA (IV)
(Série de 5 crônicas)
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de março de 2014
Crônica Nº 1159

Escritor e geólogo Clerisvaldo B. Chagas fala à TV Gazeta. Ao fundo, foz do Ipanema (verde) e rio São Francisco. Foto: Manoel Messias.

Parte física da barra do Panema

Estava tudo registrado no livro “Ipanema, um rio macho”, paradidático que concedeu identidade e CPF a Santana.
Vinha à cabeça qualquer sentido de mudança em relação ao paupérrimo povoado Barra do Panema. Aquele mesmo povoado em que eu chegara a pé vindo da minha cidade através do rio Ipanema, com meus companheiros, radialista Wellington Costa e João Soares Neto (João Quem-Quem), em janeiro de 1986.
A região toda é formada de solo pedregoso com um mar de pedras soltas fragmentadas de grandes rochas desnudas. As enxurradas cada vez mais agem no solo raso deixando à mostra a formação rochosa. A expressiva variação de temperatura entre o dia e a noite, fragmentam as matrizes, deixando que as enxurradas cuidem do restante, é a chamada meteorização.
Equipe da TV Gazeta entrevista  Clerisvaldo B. Chagas em morro-ilha do rio São Francisco. Foto: Marcello Fausto.
A estrada agora estava boa e larga, completamente forrada de terra e pedregulho. Marcílio conduzia o automóvel velozmente, levando os escritores Clerisvaldo B. Chagas e Marcello Fausto (irmão de Marcílio) e mais o diretor de meio ambiente de Santana, Manoel Messias. Atrás seguia o jipão de reportagem da TV Gazeta de Alagoas com o trio profissional. Já havíamos entrado na tarde do dia 21 de março de 2014, ao deixarmos o sítio Telha. Ao vencermos seis ou oito quilômetros, chegamos ao povoado Barra do Panema, lugar pertencente ao município ribeirinho de Belo Monte. O povoado está à jusante da sede aproximadamente a seis quilômetros.
É a esquerda do povoado aonde o rio Ipanema forma a sua foz, desembocadura ou barra, como é chamada no sertão. A barra não havia mudado em nada, nesses quase trinta anos da nossa primeira visita. A mesma planície de aluvião; a foz em forma de delta, pela ilha de material trazido pelo rio Ipanema, sempre rasa, aplainada pelas cheias do São Francisco; a várzea inundável na margem esquerda; o povoado na margem direita; o morro-ilha defronte a foz, no meio do rio São Francisco; a igreja de N.S. Assunção no cimo do morro com seus túmulos defronte, onde o padre penedense Francisco José Correia de Albuquerque (um dos fundadores de Santana) pregava e vaticinava; tudo continuava como antes.
Guardiões do Rio Ipanema com a reportagem da TV Gazeta. Foto: Marcílio.
O rio São Francisco, assoreado, não oferecia mais o caminho de praia para se chegar pelo lado oposto do morro. Fomos de barco para a face do monte, lado da foz do Ipanema. Fizemos como cabritos escalando a parte íngreme do morro de N.S. dos Prazeres.Filmagem, entrevistas, fotos, realizadas no alto, foram complementadas pelo som de forró com pandeiro, triângulo e zabumba no barco e nas barracas da praia, guiado pelo também forrozeiro Manoel Messias.
Sobre as cheias do Ipanema, disse um pescador: “O Panema quando dá uma cabeçada, rasga o São Francisco no meio e vai mexer nas ilhas do lado sergipano”. Ô Ipanema, um rio macho!
Momento de lazer dentro do barco. Foto: Clerisvaldo.
Tudo ali já havia sido descrito no livro de Clerisvaldo B. Chagas, mas as belezas naturais e exóticas do lugar precisavam ser mostradas ao mundo. A TV Gazeta de Alagoas iria complementar o trabalho de B. Chagas.
O social do povoado e a peixada ficam para amanhã, a última crônica da série de cinco.





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quarta-feira, 26 de março de 2014

ESCRITORES E GAZETA DE ALAGOAS REDESCOBREM RIO IPANEMA (III)



ESCRITORES E GAZETA DE ALAGOAS REDESCOBREM RIO IPANEMA (III)
(Série de 5 crônicas)
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de março de 2014
Crônica Nº 1158
ESCRITOR E GEÓGRAFO CLERISVALDO B. CHAGAS, EXPLICA OS FENÔMENOS NO RIO IPANEMA. Foto: Manoel Messias.

Telha ou Cachoeiras

Enquanto o automóvel engolia a estrada de terra pedregosa, eu pensava na frase escrita há 27 anos no livro “Ipanema um rio macho”: “Adiante, nada mais de veredas e sim uma longa descida de pedras gigantescas até chegar à areia, lá muito à frente, na parte central do abismo. Era um espetáculo tão grandioso e aterrador que eu tive a impressão de está em outro planeta”.
CLERISVALDO B. CHAGAS (CAMISA BRANCA) E EQUIPE DA TV GAZETA DE ALAGOAS. Foto: Marcello Fausto.
Lá íamos nós, Clerisvaldo, Marcello Fausto, seu irmão Marcílio e Manoel Messias. Atrás seguia a equipe de reportagem da TV Gazeta num jipão. Chegamos ao sítio Telha, nome local, ou Cachoeiras, apelidado pelos nossos antepassados santanenses. Estava ali o trecho mais fantástico do rio Ipanema em seus 220 km de extensão. Tudo intacto como eu o deixara ao passar ali a pé com meus companheiros Wellington Costa e João Quem-Quem, naquela tarde abrasadora de janeiro de 1986. O longo canhão rasgado pelo rio Ipanema, as montanhas marginais brancas e avermelhadas, a vegetação de caatinga no terreno pedregoso que a não deixava crescer; o extenso corredor de rochas lavadas no leito do Panema em variadíssimas formas e dimensões pelo declive imenso, as serranias mais distantes, a solidão de deserto e a bela e terrível paisagem num todo, deixavam-me repetir automaticamente a frase escrita: “Tenho a impressão de está em outro planeta”.
CLERISVALDO, MANOEL MESSIAS E MARCÍLIO NA CAATINGA DO SÍTIO TELHA. Foto: Marcello Fausto.
Quando o repórter se chegou a mim, repetiu a mesma frase, como se tivesse lido meus pensamentos: “Tenho impressão que estou em outro planeta”. Todos estavam extasiados e meditativos. Como é possível um cenário deste em pleno sertão alagoano? “Ipanema um rio macho” descreveu, a TV Gazeta de Alagoas vai mostrá-lo ao mundo.
O santanense dizia que a piracema esbarrava nas Cachoeiras. O peixe não chegava a Santana, com razão. Menos de 1% da minha cidade conhece o lugar Telha.
Não se pesca mais o pitu nas Cachoeiras para ser vendido em Sergipe. A estrada até o lugar foi alargada. Talvez tenha surgido umas duas casas de taipa, no restante tudo permanece igual como se o tempo nunca tivesse passado naquele fim de mundo, naquele deserto de outro planeta repleto de macambiras, facheiros e cobras venenosas.
RIO IPANEMA E O FANTÁSTICO. Foto: Clerisvaldo.
Estávamos ali entre 6 e 8 km do povoado Barra do Panema, município de Belo Monte. Após filmagens, fotos e entrevistas, juntamos o material de pesquisa, retornamos pela mesma estrada em forma de corredor até a principal que leva ao povoado. Tarde do dia 21 de março de 2014.










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