domingo, 3 de dezembro de 2023

 

SANTANA DO IPANEMA

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de dezembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.003



 

Vamos fechando o circuito de todas as cidades sertanejas alagoanas apresentadas. Estava faltando somente Santana do Ipanema.

Cidade sertaneja servida pela BR-316 e pela AL-130, fundada em 1787. Fica entre as cidades de Dois Riachos e Poço das Trincheiras. Seus munícipes são chamados de santanenses e tem como padroeira Nossa Senhora Santana. Possui duas paróquias: a de Senhora Santana e a de são Cristóvão, cujos festejos dos seus respectivos padroeiros acontecem no mês de julho e no mês de outubro.  Sua vegetação pertence ao bioma caatinga e seu clima é o semiárido.  A cidade apresenta-se ladeirosa e repleta de patamares onde estão localizadas ruas e avenidas importantes.

Já foi chamada “Terra dos Carros de Boi”, “Terra do Feijão”, mas continua com o título de “Rainha do Sertão”. É a cidade sertaneja de Alagoas mias importante de todas. Sua distância para a capital, Maceió, gira em torno de 220 km. Atualmente é Centro Educacional de peso e conta com a presença das representações da UFAL – Universidade Federal de Alagoas; UNEAL – Universidade de Alagoas; e IFAL - Instituto Federal de Alagoas. Sua economia se baseia na agropecuária, comércio e serviços, conta com três bancos federais e um movimento diário de trânsito muito forte com veículos diários de cerca de 30 cidades da região, bem como o atendimento do Hospital regional Dr. Clodolfo Rodrigues que atende mais ou menos ao mesmo número de cidade acima.

A cidade é circundada por serras e serrotes que permitem o turismo paisagístico natural. Santana tem como principal acidente geográfico o rio Ipanema que banha a cidade e que antigamente era abastecida de água por ele. A cidade pode ser desvendada na sua história, arquitetura e na geografia. Sua culinária representa o resumo apaixonante das comidas típica de toda a região. Brevemente será lançado o maior documentário jamais produzido em Santana do Ipanema: o livro: “O boi, a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema”. Covardias à parte, aguardemos o primeiro trimestre de 2024.

ESTÁTUA AO JEGUE (FOTO: B. CHAGAS)

 


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quarta-feira, 29 de novembro de 2023

 

CAROÁ, CROATÁ, CROÁ

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de novembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.002

 



Caroá, croatá, crauá ou Croá, “É uma planta terrestre da família das bromeliáceas, nativa do Nordeste do Brasil. A planta é uma bromélia nativa do estrato baixo da caatinga brasileira, apresenta folhas lineares, acuminadas e listradas e flores protegidas por brácteas com coloração viva e frutos em bagas suculentas. Já teve muita importância na caatinga, antes do advento do plástico. Dela se fazia cordas, cordões, redes, sacos, tecidos e roupas. Proporcionou emprego e renda em vários lugares do Sertão nordestino, gerou indústrias e até originou cidades como Senador Rui Palmeira no alto Sertão alagoano, cuja origem foi uma “usina” de fazer barbantes de caroá. A grande riqueza de outrora do Nordeste, o algodão, era ensacado com destino as bolandeiras ou vapores (máquinas de beneficiamento do algodão) com enormes sacos de caroá, que tinham aparência de tarrafas nos seus trançados espaçosos e transportados, geralmente por carros de boi.

O caroá fez ótima circulação de dinheiro no Sertão e Agreste entre extrativistas rurais, empresários, fábricas, comércio e usuários. O agave, planta espinhenta da qual se fabricava cordas e outros produtos semelhantes ao caroá, tinha mais nobreza, pois em muitos lugares do semiárido, era plantado com vigor. O caroá, apenas era extraído da caatinga. Em várias regiões apresentava-se abundante e em locais privilegiados, crescia até dois metros de altura.  Como o nome da planta varia muito em cada região, é possível que ela também seja chamada gravatá (sítio e poderoso riacho de Santana do Ipanema).

As riquezas antigas dos nossos sertões são pouco divulgadas e temos certeza de que pouquíssimas pessoas têm esse conhecimento. O uso da lã de barriguda, a utilidade dos juncos nas fabriquetas de colchões, representam segredos do Sertão antigo (não tão antigo assim) e que deslumbram por certo, pesquisadores e fontes dos mais velhos que assim conviveram. Infelizmente, o advento do plástico, muito útil, prático, leve e barato substituiu nossos produtos inocentes e passou a poluir o mundo. É pena porque nem todo nosso passado foi registrado e dão trabalho aos pesquisadores, mais do que os temas sobre animais pré-históricos.

CAROÁ (AUTOR NÃO IDENTIFICADO).


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segunda-feira, 27 de novembro de 2023

 

DOIS RIACHOS

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de novembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.001



 

Dois Riachos é uma cidade típica sertaneja, cortada pela BR-316, entre Cacimbinhas e Santana do Ipanema. Cidade pequena – com quase 10.000 habitantes – fica a 187 km da capital, Maceió. Esta cidade tranquila, formou-se de um aglomerado de pessoas que trabalhava na antiga rodagem Maceió – Delmiro Gouveia que ali passara. Antes, chamada “Garcia”, pela proximidade de riacho com essa denominação, cresceu e emancipou-se de Major Izidoro em 7 de junho de 1960. Com o nome de Dois Riachos, o gentílico do seu povo passou a ser “riachense. No dia 8 de julho comemora a festa do seu Padroeiro, São Sebastião. Dois Riachos está dentro dos 245 metros de altitude, possui clima semiárido e vegetação de caatinga e é banhada pelo riacho Dois Riachos, poderoso afluente do rio Ipanema, pela margem esquerda.

Sua Economia é baseada na Agropecuária, nos Serviços e no Comércio urbano. Entre suas atrações fortíssimas, estão o açude do povoado Pai Mané, um dos maiores de Alagoas; A Pedra do Padre Cícero, na BR-316 que se tornou a maior romaria do estado; a Feira de Gado, semanal, considerada a maior do Nordeste; e as cheias do riacho Dois Riachos, quando acontecem. A sua filha ilustre é a jogadora de futebol Marta, motivo de orgulho da cidade e chamariz nacional que até ganhou faixa permanente na entrada da urbe (ver foto). Todo seu grande intercâmbio como cidade satélite é com Santana do Ipanema, facilitado pela rodovia BR-316 com disponibilidade de transporte à toda hora.

Dois Riachos fica bem perto do povoado santanense Areias Brancas e possui culinária sertaneja das melhores da região. Tanto que inúmeros santanenses deixavam sua cidade para degustar novos pratos na Terra de Marta. A história da antiga rodagem Maceió – Delmiro Gouveia tem muitos capítulos interessantes na história dos transportes de Alagoas e Dois Riachos, praticamente filho desse movimento, tem muita coisa a contar para a nova geração de riachenses. De vez em quando acontecem as vaquejadas de final de ano, que anima a região da melhor feira de gado nordestina.  Dois Riachos se irmana com Santana do Ipanema, principalmente nos movimentos educacionais, de serviços e comerciais. Por que não conhecer a terra da Pedra do padre Cícero?

DOIS RIACHOS (FOTO: DIVULGAÇÃO).

 


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domingo, 26 de novembro de 2023

 

3.000 MIL CRÔNICAS

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de novembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.000

 



Para se chegar a essas 3.000 crônicas, foi preciso debulhar semanas, meses... Anos; rindo, chorando, emocionado, alegre e tristonho. E a chegada ao pico, só foi alcançada por causa da presença constante e fiel do meu Divino parceiro, o Espírito Santo, Espírito de Deus Vivo que nunca falhou em um só dos meus pedidos e em nenhuma dessas peças literárias. Sua presença me soprava ao ouvido, acalmava o perispírito e enxugava-me as lágrimas para continuar servindo aos meus “leitores de Alagoas, do Brasil, da Europa, da América do Norte, da Ásia, presente na Rússia, no Novíssimo continente através da Austrália e em alguns países africanos. Na Terra, importante demais foi a compreensão de leitores, principalmente os mais conscientes e os sertanejos que deixaram a terrinha há muito e que vivem em outras paragens precisando alimentação cultural/informativa da “Rainha do Sertão”.

Para isso, deixei em segundo plano os temas globais, percebendo as necessidades dos conterrâneos que deixaram o sertão logo cedo e muitos nem puderam mais visitar o semiárido. Passei a alimentar suas almas e a minha de Sertão, Sertão, Sertão, em leitura simples, sadia, direta e nutricional do ego, da autoestima, do orgulho de ser um sertanejo ou uma sertaneja nordestina. Saindo da linguagem dos meus romances (por sinal estou terminando mais um: O Ouro das Abelhas) tive que me adaptar à escrita da crônica, o texto mais curto da literatura, para poder me comunicar mais facilmente com leitores e seguidores. O romance é cheio de subterfúgios linguísticos, coloridos, frases de efeito... A crônica é mais simples e objetiva, quase sempre dizendo do cotidiano.

Os estímulos são feitos através de curtições e compartilhamentos. E se as curtições forem abaixo de trinta, o autor fica desestimulado e sem vontade de continuar. De qualquer maneira

estamos voltando, mas ainda capenga com o equipamento que está dando problema. A qualquer hora poderemos parar até que seja tudo consertado, coisa que não é tão fácil no interior. Agradeço a todos os parceiros que nos estimularam direta ou indiretamente, tal o amigo Sebastião Malta, que muito antes profetizou as 3.000 crônicas. Vale dizer que nunca ganhei um computador, uma impressora... Um patrocínio e sequer um carnê de Internet. São 3.000 crônicas banhadas de suor, lágrimas enxugadas e coração cheio de amor aos meus leitores. Daqui em diante só Deus sabe!

Obrigado a todos, abraços e beijos.


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domingo, 19 de novembro de 2023

 

CACIMBINHAS

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de novembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.999

 



Faltando apenas três cidades sertanejas, para encerrarmos a excursão pelo Médio Sertão, Alto Sertão e Sertão do São Francisco: Cacimbinhas, Dois Riachos e Santana do Ipanema.

Cacimbinhas – Cidade situada às margens da BR-316, entre Dois Riachos e Palmeira dos Índios, foi emancipada desta última em 19 de setembro de 1958. É um núcleo ensolarado, topografia plana que se estende ao longo da rodovia ou em direção Norte. Cacimbinhas tem um pouco mais de 10.000 habitantes que recebem o gentílico de cacimbiense. Antigo sítio Choen onde caçadores pernambucanos costumavam descansar perto de uma cacimba e que depois surgiram mais outras escavadas por viajantes, deram origem ao título da futura cidade.

Seu clima é semiárido e sua vegetação é de caatinga. É terra de gado, fazendeiros e vaquejadas. Possui dois antigos açudes vistos da BR que ficaram famosos ali perto da cidade para enfrentarem as épocas de secas prolongadas. Cacimbinhas já foi ponto obrigatório de parada, refrigério para passageiros de ônibus Sertão/Maceió, para abastecimento de combustíveis, água de coco e churrascos, tal qual a da churrascaria do Josias.  O posto de gasolina do Galego, fez história como um dos isolados e raros do mundo sertanejo. Entra-se agora em Cacimbinhas por novo acesso asfaltado e arborizado direto para o Centro Comercial, desde uma espécie de entroncamento na BR que também leva a sua vizinhas, Major Izidoro.

Sua economia se baseia na agropecuária, no comércio, na feira semanal e nas prestações de serviços, além dos seus laticínios baseados na pecuária desenvolvida, pois também faz parte da Bacia Leiteira. Logo na entrada, em pleno Comércio, encontra-se a imponente Matriz de Nossa Senhora da Penha, um dos motivos de orgulho do cacimbiense. O movimento maior do seu intercambio é mais com Palmeira dos Índios de onde foi emancipada. Em direção à Maceió, vamos encontrar logo após Cacimbinhas, o seu povoado Minador do Lúcio, Minador ou Minadorzinho, cortado pela BR-316, cujo espaço dali para Palmeira dos índios, costumamos chamar de travessia. Agradável é a permanência pesquisadora na cidade e arredores, sempre provando um queijinho fresco ou ouvindo um aboio de vaqueiro.

IMPONENTE IGREJA DE NOSSA SENHORA DA PENHA (FOTO: DIVULGAÇÃO/PARÓQUIA).

 


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quarta-feira, 15 de novembro de 2023

 

O REI DA TESOURA JUCA

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de novembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.996

 



Fase de sequência de bons acontecimentos. Recebo mensagem que o nosso amigo santanense, conhecido como Zezinho do Juca, vai ser o próximo Venerável da sua “Loja Maçônica Segredo 33”, em Maceió, e quer a nossa presença na posse. Mas a mensagem do núcleo é que após tantos e tantos anos, a letra que fiz em homenagem ao seu pai, Juca Alfaiate, foi musicada. É a segunda melodia, aperfeiçoada colocada na letra estilo seresta, até porque o querido alfaiate era seresteiro. Hoje o velho amigo já está em outra dimensão, mas temos certeza de que irá gostar da música lá do espaço, em sua homenagem. A melodia, desta feita, foi colocada por um músico estrangeiro que mora em Maceió e com muita facilidade. Já ouvi e gostei, mas...

Estamos aguardando o Zezinho ainda este mês para gravarmos a canção com artista da terra e visitarmos as rádios da cidade divulgando o trabalho. E por falar nisso, a alguns anos atrás, fiz 20 letras de forró, pois estava muito inspirado, mas como não entendo música, saí batendo de porta em porta de cantores da terra e nada. A falta de competência de quem se achava compositor de forró era visível. E de outros gêneros eram os mesmos freios: desculpas esfarrapadas e coisas que nem posso contar. Indicaram-me um sanfoneiro e cantor famoso em Maceió, zona Mata e Agreste. De posse do seu endereço fui bater à sua porta. O cidadão me atendeu muito desconfiado, pois morava num bairro até bom, mas ninguém podia abrir as portas nem andar só e a pé nas ruas.

Identifiquei-me, dei a referência, disse a finalidade da visita e passei-lhe os meus trabalhos. O homem estava nervoso, portas da frente no cadeado e internas fechadas. Levava a dedução que ou estava com um amor clandestino ou com alguém do mundo das drogas. Olhou rapidamente as letras e cobrou na época 4.000 reais para musicá-las. E se ele estava assustado, quem ficou assustado fui eu. Juntei a papelada, agradeci e disse que iria pensar. Zarpei dali com alguém que foi de carro me apanhar. Se o miserável era famoso, propusesse pelo menos uma parceria para ele próprio apresentar músicas inéditas no mercado, mas, o olho era maior do que o corpo. Desisti completamente de procurar gente mais fraca do que eu.

Ainda hoje guardo as vinte letras de forró, não sei para quê.

Mas estão repousando.

 

O REI DA TESOURA, JUCA ALFAIATE (TÍTULO DA MÚSICA) DANÇANDO COM A ESPOSA MARIZE (FOTO: ARQUIVO DE FAMÍLIA)

 

 

 


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terça-feira, 14 de novembro de 2023

 

SERTÃO BRABO

 Clerisvaldo B. Chagas, 15 de novembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.997

 



Ê meus amigos e amigas, a temperatura é aquela de primavera, onde, aqui no Sertão passa muito dos 32 graus, pelo dia e, em altas horas da noite pode chegar aos 21 graus centígrados. Isso está acontecendo com frequência, em Santana do Ipanema. Este é o fenômeno geograficamente conhecido como “amplitude térmica”. Uma diferença absurda de temperatura entre o dia e a noite. Isso faz com que até as pedras grandes sejam quebradas através de rachaduras, podendo cada parcela dessas rachaduras produzirem mais parcelas menores até às formações dos chamados pedregulhos. Geralmente apreciamos apenas as rachaduras primeiras dessas pedras, as quais tornam-se refúgios ou moradias de cobras, lagartixas, calangos e formigas. Em várias dessas rachaduras de pedras mais próximas do solo, algumas espécies vegetais costumam germinar como o angico e a craibeira.

No momento atual, como é de praxe, venta muito e já se tornou conhecido como novembro, o mês dos ventos. O céu muito azul às vezes sem uma única nuvem, outras vezes, parcialmente nublado. O Sol, ora queimando muito, ora mais ameno, mas as noites, principalmente na zona rural, registra queda na temperatura e faz realmente frio. Tem que se agasalhar. O Sertão inteiro acumulou muita água nos barreiros, nos açudes... Mas a vegetação neste quase meado de novembro, já se apresenta crestada pela estiagem. Os montes que circundam Santana do Ipanema, mostram bem como se encontra também a zona rural.

Estamos sempre sujeitos aos caprichos do tempo, mas nós, pessoas do campo e pessoas da cidade, aguardamos as conhecidas trovoadas cuja esperanças iniciam com o mês de novembro e que pode passar em branco até o mês de fevereiro. Uma trovoada pode se formar do nada e chegar de repente em qualquer um dos meses do período citado. As trovoadas, são chuvas rápidas, abundantes, cheia de raios e trovões, que enchem todos os reservatórios de água do sertanejo. É um elo entre a estiagem e o futuro inverno. É este o quadro atual do Sertão, descrito para aqueles que deixaram a terrinha e querem notícias do torrão abençoado.

Ô Sertão brabo!

Ô Sertão heroico!

CÉU DE SANTANA DO IPANEMA DE 14 DE OUTUBRO (FOTO B. CHAGAS).

 


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MOENDO CAFÉ NO PODCAST

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de novembro de 2023

Escritor símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.997



 

Quem não conhece o famosíssimo álbum musical Poly e Seu Conjunto, “Moendo Café”? Páginas divinais a que Deus permite aos homens. E para quem passava às férias de criança no povoado Pedrão, de Olho d’Água das Flores, Polly é uma verdadeira fonte de saudades. O café era torrado e seu grandes tabletes pilados num pilão bruto de pé. Uma mulher morena e de idade, pilava o café com rapadura, cujo cheiro forte, gostoso, irresistível, levado pelo vento, transcendia o terreiro amplo da casa e inebriava passantes e até as abelhas dos pomares da vizinhança. O convite para o podcast do jornalista Lucas Malta e do advogado Mário Bruno – Café do Moído – coincide e complementa a fase de criança onde colhia material para meus futuros romances históricos-regionalistas.

O café com moído é um moído gigantesco de palavras que remonta à torra de café do povoado acima. Da minha parte não sei se o aroma atingiu a proporção enviada outrora pelos pilões que asseguravam alimentação do olfato. Mas, sentado diante dos donos da moenda, resisti ao cerco da dupla inquiridora que abrilhanta o Moído. Três horas de bate-papo revolvendo os mais diversos aspectos da “Rainha do Sertão”, representam apenas uma pitada da grandeza histórica, social e dinâmica de Santana do Ipanema que ainda implora para ser desnudada. O podcast da noite de quinta-feira dia 9, foi um encontro profundo de gerações e um vazamento vigoroso pelas rachaduras da história. E quando a história vaza, escorre lavas quentes, mas também diamantes que enriquecem seus coletores.

Portanto, estou agradecendo de coração, como diria o vereador Tácio Chagas Duarte, saudoso primo, pelo convite, recepção e oportunidade de esclarecimentos ao povo santanense. Agradeço também aos que indagaram, compartilharam ou apenas escutaram o podcaster da quinta (9). Por outro lado, parabenizo o empreendimento, a gentileza e a desenvoltura dos idealistas Lucas Malta e Mário Bruno, assim como vão, essas efusões a Santana do Ipanema pelo alto nível do Moído, com a dupla que eleva o nome do município aos píncaros da comunicação. Continuo às ordens de todos os meios de comunicação para conversas e mais conversas em prol da nossa terra a exemplo da Rádio Cidade.

Abraço a todos os munícipes.

CLERISVALDO À ESQUERDA NO MOÍDO (FOTO DE ESTÚDIO)

 


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segunda-feira, 13 de novembro de 2023

 

MINADOR DO NEGRÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de novembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.995



 

Quem quer chegar ao Sertão vindo de Maceió pela BR-316, vai encontrar a primeira cidade sertaneja no limiar do Agreste. Após passar em Estrela de Alagoas (Agreste) chega-se ao acesso da cidade de Minador que fica a alguns poucos quilômetros da BR, em direção ao Norte. Minador do Negrão é uma cidade com um pouco mais de 5.000 habitantes e foi originária de uma fazenda de gado. Seu nome vem de uma fonte de água cristalina e de boa qualidade que existia nas terras do seu fundador, Félix Negrão. Antes, pertencente a Palmeira dos Índios, foi emancipada em 27 de agosto de 1962. Portanto, no mês de agosto temos uma das grandes festas da cidade. Minador do Negrão tem intercâmbio forte com Palmeira dos Índios e com Pernambuco devido a sua proximidade com ambos os lugares.

Já houve muitos embates violentos por ali, mas atualmente não se houve mais falar sobre esses assuntos e a cidade, apesar de pequena, nota-se o progresso que experimenta essa nova geração. Minador dista 169 km de Maceió e está situada a 270 metros acima do nível do mar (altitude). O município vive da agropecuária e, apesar de distante do núcleo, faz parte também da Bacia Leiteira Alagoana. Ainda dos seus eventos mais importantes é a festa da Padroeira Nossa Senhora das Graças que atrai devotos e turista do Sertão, Agreste e visitantes do estado de Pernambuco. Grande atração também é o Baile dos Casados, onde se exige comprovante da união do casal.

Geograficamente não existe uma separação Agreste/Sertão, retilínea, existem muitos meandros, Sertão recua e avança assim como o Agreste, como explicava o geógrafo Ivan Fernandes. Então fazemos uma divisória a grosso modo.  O rio Traipu, um dos três mais importantes do Sertão marca essa divisa entre Agreste e Sertão. Tanto pela BR quanto pela AL. E, no caso, Minador do Negrão, cidade, está bem próxima ao citado rio. O gentílico negrense, isto é, negrense é quem nasce em Minador do Negrão. A feira semanal da cidade se desenvolve e fica do mesmo tamanho das feiras de municípios vizinhos, sendo fonte de renda assegurada no complemento da agricultura, da pecuária e do comércio fixo. Você já foi a Minador?

MINADOR DO NEGRÃO (FOTO: DIVULGAÇÃO)

 


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quarta-feira, 8 de novembro de 2023

 

RÁDIO CIDADE

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de novembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.994




Muita alegria tive em visitar a Rádio onde eu tinha um programa chamado “Santana, Terra da Gente”. Era um programa informativo com base musical de Luiz Gonzaga. Fui encontra ali o apresentador Ginaldo, ex-colega da rádio que continua como profissional, respeitadíssimo.  Íamos falar sobre o livro que continuo escrevendo “100 Milagres Nordestinos”, atribuídos ao padre Cícero Romão Batista, inéditos. A gentileza do apresentador Ginaldo, fez com que o diálogo ficasse mais fácil entre nós, saindo uma gama de informações para o público ouvinte. A Rádio Cidade progrediu, comprou sede própria e hoje funciona na Rua Joaquim Ferreira, onde fala para Alagoas e para o mundo como diz seu apresentador.

Difícil é sustentar um único tema, em uma entrevista em que o entrevistador quer perguntar e o entrevistado quer responder. Assim, fomos variando do núcleo do tema para a periferia, enriquecendo os nossos conhecimentos e espalhando o aprendizado pelas mais diferentes regiões de boa parte das Alagoas. Ficou acertado no ar, a divulgação das minhas crônicas diárias, na própria “Rádio Cidade”. Crônicas essas que estão próximas ao número simbólico 3.000, distribuídas nos sites “Santana Oxente” e no “Blog do mendesemendes”, Face e em nosso blog. Crônica oral somente há muito na “Rádio Correio do Sertão” quando o apresentador Edilson Costa lia a nossa crônica diariamente com o título “Crônica do Meio-dia”.

Vou ver se vai dar certo, gravar as minhas crônicas diárias com a minha voz e enviá-las para a Rádio Cidade, todos os dias úteis a partir da próxima segunda.        Avisar também que hoje, quinta-feira, termos podcast, no site AlagoasNanet, com o Lucas Campos, iniciando às 20 horas. Esteja esperto. Virei menino, ao ser convidado para sempre aparecer na citada Rádio e falarmos sobre os mais diversos temas, sempre visando tudo que envolve a nossa cidade. Portanto, fica aqui os nossos agradecimentos, meus e de minha esposa, professora Irene Ferreira das Chagas que esteve presente me dando força, como sempre. Outra satisfação foi saber e constatar que a Rádio Cidade, continua no Bairro Camoxinga, aumentou o seu alcance hoje sua sede própria é bem agradável, como pude constatar. Quero sim, voltar mais vezes ao lugar onde me sinto em casa. Era aviso de 10 minutos, passou a ser entrevista de 2 horas e nem sentimos o tempo passar.

PRÉDIO ONDE FUNCIONOU A RÁDIO CIDADE (FOTO B. CHAGAS/LIVRO 230).


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terça-feira, 7 de novembro de 2023

 

ALÍPIO, JUSTINO E O IPANEMA

Clerisvaldo B. Chagas,8 de novembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2. 993



 

Na década de 60, conheci de perto as figuras populares de Alípio e Justino. Acabávamos de sair do auge do Ipanema Atlético Clube, finais dos anos 50. O personagem Alípio, branco, forte, bigode cheio e cabelo escorrido, era nessa época, apenas um bêbado que perambulava pelas ruas, arrastando a perna e procurando lugares para ganhar mais um copo de cachaça. Casado com dona Zefinha engomadeira, possuía dois filhos, Arnaldo e Abelardo. Morava na rua mais pobre de Santana, perto do tão afamado prédio da época chamado prédio da Perfuratriz. Certa feita, no Bar do Maneca, o pobre coitado pediu uma pinga a um cidadão que respondeu só pagaria se ele bebesse o copo cheio. Alípio aceitou e bebeu o copo cheio de cachaça de uma só vez, caiu e se esparramou no chão. E eu, como adolescente, testemunhei a cena de dois loucos.

Justino era um doido barbudo, alto e atlético. Morava defronte onde hoje é a UNEAL, em um caminho que rumava para o açude do Bode. Perambulava pelas ruas de Santana falando só e baixinho. Aperreavam-no e ele ficava possesso. Como estivera internado na capital, os que gostavam de mexer com doidos gritavam para ele o nome Maceió. E eu, nos meus doze anos, tinha muito medo de Justino, podendo me encontrar com ele a qualquer momento, nos corredores solitários da Maniçoba, onde ia sozinho todos os dias buscar o gado a pé, para levá-lo à bebida no rio Ipanema. Ali era passagem diária do maluco.

Ouvia os mais velhos dizerem que Justino e Alípio foram atletas do Ipanema Futebol Clube.  Mas, se foram, não eram da época do auge, pode ter sido de muito antes. Justino enlouquecera e Alípio começara a beber depois de quebrar a perna. Porém, eu nunca entendi porque os dois atletas não tiveram assistência municipal e todos os cuidados com eles para uma vida decente. Por que deixaram ambos os atletas chegarem ao cúmulo da degradação e do escárnio? Eram dois dramas lentos no palco diário das ruas de Santana. Essas páginas fazem parte do livro das amarguras que muitas vezes se tornam invisíveis à chamada sociedade. Justino e Alípio. Heróis santanenses das hurras, das palmas, das homenagens... Na página seguinte, párias, escórias, personagens do submundo.

Dois heróis injustiçados!

 


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segunda-feira, 6 de novembro de 2023

 

SANTO SUSHI, O RESTAURANTE

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de novembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica 2.992

 



Convidado para o reencontro de uma turma do Colégio Estadual, fui ver a prévia de perto. A turma não era minha, pois nunca fui aluno no Estadual, mas sim do mano Ivan Braga das Chagas, cujos componentes da época hoje estão na faixa entre 60 e 70 anos. Indaguei onde iria ser esse tão importante encontro e me apontaram o “Restaurante Santo Sushi”, no Bairro Domingos Acácio. Sobre o local foi dito sem que eu perguntasse: “Além do prato japonês, o restaurante oferece grande variedade da culinária sertaneja. Excelente atendimento, música ao vivo e banheiros higienizados de 30 em 30 minutos e com música vazadas para você não perder o lance. Um luxo com ótimos preços!”  Nesse caso me balancei para conhecer o ambiente, novo “point” da cidade. Segundo os convidados.

Toda a família marcou presença no “Restaurante Santo Sushi”. De fato, todas as maravilhas dos comentários eram verdade e assim ficamos por ali das 20 horas à meia-noite. Quatro horas de lazer em que nem víamos o tempo passar. Entre conversas das mais enxeridas, gargalhadas e música boa, a noite ia passando. Ainda tivemos o privilégio da presença do proprietário em nossa mesa: Cleber Chagas, que favava animado sobre o seu empreendimento. Contos orais da terra provocavam risos. E como surpresa da casa, chegou até nós a novidade de uma espécie de “drink” espumante chamado “Shot Santo Sushi”. A base de gengibre com pitada de Rum, que por mim foi eleito como a coroa da noite. Tudo isso na sexta, cujo encontro massivo seria no dia seguinte. Não demonstrei vontade em participar no sábado, mas desejei felicidades e êxitos aos 11 remanescentes da turma de 32 alunos, segundo me contaram.

A pessoa que bebeu e não bebe mais, sequer refrigerante, fica meio inibida no entorno dos que amam uma cervejinha gelada ou uma bebida quente daquela de revirar os olhos. Mas também tem a vantagem da sobriedade para apreciar o comportamento alheio e os detalhes do ambiente. Ninguém morre por apenas beber água.

O importante mesmo é que Santana do Ipanema ganhou um restaurante de alta qualidade, saindo da mesmice do Comércio e brilhando em direção às faldas do serrote do Cruzeiro!

Parabéns muitas vezes, senhor Cleber, por trazer um novo brilho

para a “Rainha do Sertão”.

REATAURANTE SANTO SUSHI (DIVULGAÇÃO)

 


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domingo, 5 de novembro de 2023

 

MAJOR IZIDORO

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de novembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.981

 



Como encerramos o roteiro das cidades sertaneja, pela AL220, em Jaramataia, vamos voltar pela mesma estrada para o acesso a Major Izidoro, em cuja via não entramos. Próximo a Batalha você encontra o acesso a Major que passa pela cidade e vai sair no outro ramal (BR-316). Portanto Major Izidoro está localizado em paisagens planas entre a BR-316 e a AL-220, ligadas pela AL-120 entre Cacimbinha e Batalha.  Fica a cidade de Major Izidoro a 191 quilômetros da capital, Maceió e a 182 metros de altitude. É pequena e bela, tão limpa quanto Penedo. O seu minúsculo comercio tem aspecto de capital e é muito fácil se apaixonar por ela. Antigo distrito de Sertãozinho, foi emancipado de Santana do Ipanema em 17 de setembro de 1949. A população izidorense quase chega a 18.000 habitantes.

A economia de Major Izidoro se baseia em serviços, agropecuária, principalmente nesta última, sendo famosa como “Terra do Leite” e seus laticínios que conquistaram o estado com deliciosos queijos e manteigas. E em se tratando de festa religiosa, os festejos ao padroeiro Santo Antônio de Pádua representa o auge da devoção, ocorrendo no dia 13 de junho. Mas o antigo distrito também tem histórias de Lampião. Uma delas foi quando o chefe cangaceiro mandou buscar dinheiro sob ameaça de invasão ao distrito. O episódio está compilado no livro “Lampião em Alagoas”, da nossa autoria. Inclusive, foi motivo de reflexão, tanto dos leitores, quanto fora por parte de Virgulino Ferreira.

É bastante agradável a rodovia AL-120 trecho Cacimbinhas – Major Izidoro, pelo relevo plano, vegetação baixa e campos semeados de gado leiteiro. Sensação enorme de bem-estar. Porém, tudo que foi falado acima ainda é muito pouco diante da grandeza intelectual do izidorense. A vantagem do visitante que pretende conhecer a Bacia Leiteira Alagoana, é que as suas componentes estão muito próximas um das outras, e que pode ser vista em grande parte numa viagem única.

Ainda hoje agradeço no meu coração os aplausos recebidos em Major Izidoro quando apresentamos a peça teatral “Irmão das Almas”, aproximadamente no ano de 1970. Foi uma euforia pelo êxito obtido pelo Teatro de Amadores Augusto Almeida.

Inclua major na sua Agenda.

MAJOR IZIDORO (FOTO: IBGE).

 

 

 


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quarta-feira, 1 de novembro de 2023

 

SERROTES SANTANENSES

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de novembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.980

 



Um elevado de terra é chamado de montanha. Várias montanhas juntas formam as serras e, várias serras juntas formam uma cordilheira. Na verdade, o regionalismo popular distorce ou complementa essas afirmações geográficas. No Sertão nordestino um elevado não tão alto assim, é chamado de morro quando é arredondado ou afunilado; serrote quando tem a forma mais horizontal (serrote: pequena serra) e serra quando o elevado é muito alto, isolado, ou muito alto e contínuo horizontalmente.  No sertão não se chama montanha; somente as três formações populares citadas. Os serrotes são costumes regionais tão corriqueiros que a atenção só aparece quando o visitante indaga, o que é serrote? O serrote, geralmente isolado e residual, isto é, resto de elevações conjugadas, desgastadas e extintas pelo tempo, tem muita serventia no Sertão.

O serrote é mais úmido, tem mais vegetação de porte, é refrigério para os bovinos, fonte de alimentação para caprinos, receptor e dispersor de ventos, refúgio de animais selvagens e pulmão verde dos arredores; além disso, os serrotes são pontos de referências assim como as lagoas regionais. Esses acidentes geográficos, recebem a denominação do povo, muito mais pelas suas primeiras famílias que ali fizeram moradias. Assim em Santana do Ipanema se destacam os seguintes serrotes: “Serrote”, “Serrotinho”, “Serrote dos Brás”, “Serrote dos Bois”, “Serrote dos França” e “Serrote dos Angicos”, na zona rural. Na zona urbana: “Serrote do Gonçalinho”, “Serrote do Cruzeiro”, “Serrote do Pelado” e a “Serra Aguda”.

E quando falamos na serra Aguda, hoje, quase no limiar do urbano/rural, é uma montanha isolada em forma de sela, localizada próxima à Reserva Ecológica Tocaia. É avistada de imediato pelos que entram em Santana do Ipanema, no sentido Maceió/Santana, a partir das ruas principais do Bairro Monumento. Fica muito perto do Hospital Regional da colina. É ali na parte mais alta da sela, onde será erguida a mais alta imagem religiosa do mundo, a de Senhora Santa Ana, cujos trabalhos de limpeza do terreno, já foram iniciados. A propósito, vista de longe através de aparelho, existe um desgaste entre as duas partes da sela, proveniente das enxurradas que descem de serra abaixo.

Amigas e amigos, abraços do tamanho dos serrotes da minha terra.

SERRA AGUDA (FOTO:B. CHAGAS)

 


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terça-feira, 31 de outubro de 2023

 

FREI DAMIÃO E O PÂNICO

Clerisvaldo B. Chagas, 1 de novembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.989

 



As Santas Missões no distrito Canafístula Frei Damião, em Palmeira dos Índios, Alagoas, inspira-me a contar mais uma vez a chegado de Frei Damião em Santana do Ipanema, entre 1956 e 1960. O respeito, a admiração, a devoção e o carinho ao Frei pelo povo santanense e da região, eram quase um fanatismo. Eu ainda era criança quando foi anunciada a vinda de Frei Damião a Santana para suas pregações. Existia uma agonia geral por falta de chuvas há muito. Comentava-se que quando o Frei chegava a um lugar seco trazia chuva, era uma esperança. Frei Damião chegaria por Olho d’Água das Flores. Inúmeros veículos foram ao encontro do homem, nas imediações de Olho d’Água, fora os que já vinham o escoltando. Uns ganzelões de minha rua, motivados pela euforia, formaram um pequeno grupo para encontrar Frei Damião na estrada. Segui com eles.

Atravessamos o rio Ipanema seco, subimos pelas olarias e em breve estávamos na estrada de terra rumo a Olho d’Água das Flores. Era um fim de tarde, passamos sobre o riacho João Gomes e um pouco mais para lá, no deparamos com a comitiva em sentido contrário. Eu já estava muito cansado e vi passar automóveis e mais automóveis, caminhões e mais caminhões lotados passaram com muita rapidez. Fiquei choroso em não ter havido uma única parada para nos acolher. Voltamos a pé tal a ida. O tempo anoitecia e eu cansado e choroso acompanhando “morcegos”. Ao chegarmos perto de Santana, chegaram a chuva e o véu da noite. Esbarramos diante do Ipanema bebendo água. Tive medo de atravessá-lo, mas tive que seguir os ganzelões, chorando muito. Deu para atravessar sem ser levado pelas águas que aumentavam de volume rapidamente.

Houve sermão diante da Matriz, com o quadro comercial completamente lotado. Porém, dois lugares de Santana, segundo o povo, debocharam do Frei e promoveram bailes de forró. Um na rua de Zé Quirino (Prof. Enéas) outro no lugar Cachimbo Eterno. De repente os respectivos salões com grande distância entre eles, encheram-se de potós que caiam de todos os lugares e espirravam até dos foles dos sanfoneiros. Gritos, pânico geral. Muita gente queimada pelos insetos. Algumas pessoas tiveram que ser transportadas para hospitais de outras cidades. A seca acabou na região de Santana do Ipanema e o rio continuou escorrendo no período das Santas Missões. Sou testemunha viva do acontecimento.

ESTÁTUA DE FREI DAMIÃO EM CANAFÍTULA FREI DAMIÃO (FOTO: B. CHAGAS).


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segunda-feira, 30 de outubro de 2023

 

IOLANDA, MULHER, CANÇÃO E CIGARRO

Clerisvaldo B. Chagas, 31 de outubro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.988

 



Vendo nesse momento uma pasta de sabão de nome Urca, vem à lembrança nesse final de outubro de 2023, a Urca da minha adolescência. Vejo-me à Rua Antônio Tavares, brincando de nota com os companheiros. E o que chamávamos ‘nota”, era o descarte de carteira de cigarro em que o fumante amassava e jogavam-na em qualquer lugar. Nós, os adolescentes masculinos, desamassávamos a carteira de cigarro, descartávamos o papel celofane do envoltório – quando havia – estirávamos o papel em forma de cédula, dobrávamos as laterais. Cada nota funcionava como dinheiro de verdade. O valor de cada uma dependia da maior ou menor quantidade encontrada. O alumínio que envolvia diretamente os cigarros, era o mais comum e consequentemente o de menor valor.

Depois saíamos pela rua poeirenta jogando. Um rapazinho jogava uma pedra alguns metros à frente. O outro tentava acertar a pedra imóvel com outra pedra e assim sucessivamente. Quando uma pedra batia m outra, o que acertou ganhava uma nota cujo valor era combinado. Nunca vi jogo tão bom! Lembramos ainda algumas marcas de cigarros como: Continental, Astória, Hollyood, Fio de Ouro, Urca e Yolanda. Iolanda também era uma colega ginasiana, relativamente bonita. Era irmão da Dilma, outra colega ginasiana e, não tenho muita certeza, mas parece que eram filhas de um cidadão muito popular na época, chamado Imídio Birunda. Também cem certeza tinha a Socorro, colega de sala, colega de teatro e, irmã de ambas. Surgiu uma canção com o nome Iolanda a que a turma associava à nossa colega.

Peça a música no Google e pesquise a inspiração de Chico Buarque de Holanda.

 Já os cigarros Urca mostravam o morro do Rio de Janeiro no rótulo. Quando adulto tive oportunidade de conhecê-la, em excursão no passeio do bondinho que serve à montanha isolada com cabos de aço. O sabão pastoso Urca, não mostra a paisagem do rio de Janeiro.

Hoje, vejo no meu neto o jogo de outrora, transformado no brinquedo celular. Dizem que é a chamada Evolução. Será?  Estou escrevendo para extravasar essa noite mal dormida, sem nenhum sentimento de saudosismo, mas é impossível em determinados momentos não lembrar fatos corriqueiros das nossas vidas.

 


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domingo, 29 de outubro de 2023

 

JARAMATAIA

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de outubro de

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.987



 

Última cidade do sertão para quem se dirige a Arapiraca pela AL-220 e que pode ser a primeira em sentido contrário. Estar localizada no limiar entre sertão Agreste e faz parte da Bacia Leiteira de Alagoas. Jaramataia é uma cidade, relativamente nova que foi emancipada de Batalha em 17 de maio de 1962. A sua distância à capital, Maceió é de 138 quilômetros. Foi originária de uma fazenda de gado, onde hoje está o piso urbano e cuja denominação era fazenda Jaramataia. Jaramataia é uma arvoreta que atinge cinco a seis metros de altura, além de ser considerada medicinal. Sua população, de acordo com o último censo, possui quase 5.000 habitantes e fica a 164 metros de altitude. A grande festa da padroeira, Nossa Senhora da Conceição, acontece no dia 8 de dezembro.

Esta cidade fica a cerca de 1 km da AL-220, com dois acessos de entrada e saída. Sendo criador de gado, o município tem nessa atividade o seu forte. As atividades da Agricultura, são as mesmas de todo o Sertão. Suas imediações são as mais “agrestadas” da Bacia Leiteira, segundo nossas observações geográficas. Entretanto, também há muito, observamos vários quilômetros de terras que nos tempos secos, ultrapassa a temperatura de todas às vizinhanças. Parece se conectar com uma faixa de terras da BR-316, semelhante, entre a cidade de Dois Riachos e a Pedra do Padre Cícero. Nunca pude estudar esse fenômeno e nem tive conhecimento que outra pessoa tivesse feito essa observação. Seus filhos são denominados jaramataienses.

O chamado “Açude de Jaramataia”, é um dos maiores de Alagoas e construído pelo DNOCS. É alimentado pelo “riacho do Sertão” afluente do rio Traipu. Além de ser a principal atração turística física de Jaramataia, o açude banha também o povoado São Pedro (antigo Bacurau) e congrega quase 500 famílias de pescadores. Às vezes, em tempos de estiagem surgem alguns problemas no açude que afetam a existência de quem dele vive. Porém, a cidade de Jaramataia, prossegue sua lida entre Batalha e Arapiraca, centros mais pertos para seus intercâmbios sócio comerciais.

Jaramataia (Vitex gardneriana Schauer) é uma das poucas encontradas no sertão nordestino, usada tradicionalmente por suas propriedades anti-inflamatórias e analgésicas.

JARAMATAIA (DIVULGAÇÃO/PREFEITURA)

 

 

 

 

 


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sexta-feira, 27 de outubro de 2023

 

RESPIRAR EM PÃO DE AÇÚCAR

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de outubro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.986

 



Ontem, Pão de Açúcar, Alagoas, foi notícia no Jornal Nacional. Uma humidade do ar com apenas 6% do ideal de 60%, fez arrepiar uma tentativa de visita ao “Espelho da Lua”.  Ainda não conversamos com um pão-de-açucarense sobre como os habitantes do lugar encaram o calor extremo do semiárido nos períodos que acontecem o fenômeno. Já os de fora, assim com meu pai, podem me dizer como me foi dito: “Fui conhecer, mas foi um calor tão grande, que prometi a mim mesmo nunca mais pôr os pés ali novamente”. Não sei quando meu pai foi a Pão de Açucar, mas morreu com 94 anos e cumpriu o que disse. Da mesma maneira procedeu com Garanhuns na outra ponta dos extremos.

Mas por que Pão de Açúcar possui essa fama e seus vizinhos do São Francisco, não? Gostaria sim de ouvir uma explicação de um especialista e, se esse especialista fosse da própria cidade, melhor ainda. E como disse acima, o fenômeno geográfico tem a sua época de acontecer. E claro que não estamos incluindo esse alvoroço climático que está no Planeta agora, pois a “torradeira” é velha conhecida dessa literatura. Pão de Açúcar é cidade turística por excelência e talvez essa particularidade possa lhe beneficiar devido a curiosidade das pessoas perante o inusitado. Bela, típica e histórica, Jaciobá é um destino fantástico para o turista estudioso.

Enquanto não aparece uma explicação para a quentura excessiva de Pão de Açúcar, em determinadas épocas, vamos relacionando suas atrações onde está embutida sua história de desbravamento, sesmarias, navegação e Pedro II. Mas também para quem gosta de histórias cangaceiras, vai saber que na penúltima semana de vida de Lampião, ele estava no município. E estava exatamente na serra de São Francisco, de onde desceu para a região de Piranhas, atravessou o rio e foi se recolher nas Grotas de Angicos, para descansar, recolher-se na semana de morte do padre Cícero e pensar em deixar o cangaço.

Pão de Açúcar, quente ou frio é lugar de permanente beleza.

PARCIAL DE PÃO DE AÇÚCAR( FOTO/DIVULGAÇÃO)


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