segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

 

MUTUCA

Clerisvaldo B. Chagas, 31 de janeiro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.835

 



Andar pelas trilhas sertanejas é coisa extremamente agradável. Cada um anda com o traje que quiser, contudo, o traje adequado pode evitar muitos aborrecimentos e até coisa piores. Por exemplo, andar de bermuda não evita os riscos dos garranchos nas pernas, as urtigas e arranhões durante quedas. O não uso de botas ou calçados adequados, não livra de uma picada de cobra no pé e ou espinhos duros espalhados pelo vento. Uma calça comprida evita muitas coisas, mas outras não. O que acontece é que, na verdade andar no mato, na caatinga, nas chapadas, não é a mesma coisa de perambular pelas praias, pelas dunas... Pelas restingas. Entre as pequenas coisas que incomodam nas caminhadas sertanejas pelo matagal, é a Mutuca, principalmente em tempo de inverno e nas primeiras chuvaradas, porém, a mutuca pode incomodar a qualquer tempo.

Talvez – para você que mora na capital – nunca tenha ouvido falar sobre a mutuca. Trata-se de uma espécie de mosca gigante que se alimenta de sangue de animais e de gente também. Nas trilhas gosta muito de picar nas pernas descobertas, mas não respeita lugar para a picada. A dor é forte, duradoura e “coçadeira”. Além de ser bicho nojento, sua picada não mata, mais incomoda muito tirando o prazer da caminhada. Até mesmo na literatura cangaceira vamos encontrar a “fazenda Mutuca”, em Pernambuco, engajada na história de Virgulino Ferreira, antes de virar Rei do Cangaço. Portanto, a mutuca é mais um desencanto dos que não apreciam andar nas matas. Além disso o inseto não tem o destaque de outros segredos da caatinga. Inúmeras coisas da flora e da fauna não são divulgadas, mas que merecem muita atenção por vaqueiros, mateiros, raizeiros (garrafeiros), fazendeiro e rezadores do Sertão.

A mutuca também possui outras denominações no Nordeste, como: butuca, moscardo, motuca e tavão. Esses nomes, até desconhecido para nós, sertanejos alagoanos, não mudam em nada o seu ataque surpresa às nossas caminhadas na caatinga. Falamos acima sobre as investidas do inseto no período chuvoso quando o mato está completamente verde e fechado. A caminhada fica mais difícil e a atenção aos perigos da mata, diminuem devido a preocupação em afastar galho e folha que cruzam os caminhos. Mas no caso da mutuca, não tem como escapar se ela estiver presente. Chega feroz e pica. Dificilmente sua agilidade no tapa consegue surpreender e matar uma mutuca. Muitas vezes o inseto, devido ao seu tamanho, é até confundido com uma abelha.

É assim o nosso Sertão do Padre Cícero, Luiz Gonzaga e Lampião.

Curta, curta, curta...


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domingo, 29 de janeiro de 2023

 

LAMPIÃO E O BALANÇO

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de janeiro de 2023

Escrito Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.834

 



Entre os 437,875 km2 do território de Santana do Ipanema, estão os sítios rurais “Queimadas do Rio”, “Serrote dos Brás” e “Tapera do Padre”. Queimadas do Rio, também popularmente simplificado para “As Queimadas”, está localizado a cerca de 4 quilômetros da sede. Seu acesso acontece pela AL-220, logo após um trecho do riacho João Gomes.  Entre a rodovia e o sítio, é preciso passar uma baixada que costuma formar lagoa em período de muita chuva, interditando a passagem. Subiu a rampa, estaremos nas Queimadas, uma área mais alta, muito agradável e usada para chácaras por pessoas de classe média. Nos tempos mais difíceis de estudos, muita gente rompia a distância para a cidade, a pé, em busca das escolas. Assim, inúmeras criaturas das Queimadas conseguiram se formar e trabalhar em empresas importantes do estado de Alagoas.

O seu nome tem origem num incêndio muito grande nas roças e caatinga que só foi parar ao atingir o rio Ipanema, vários quilômetros abaixo. Já o serrote do Brás, representa um monte, uma serra pequena habitada pela família que lhe empresta o nome. E ainda, entre outros sítios da vizinhança, vamos encontrar nas margens do Ipanema o sítio Tapera do Padre. Não sabemos se a Tapera (casa pobre) fora moradia de alguém que se formara padre ou eram terras que pertenciam a um sacerdote. O cenário também é agradável e completamente diferente do terreno mais alto das Queimadas. É incrível como a paisagem muda rapidamente de um sítio a outro no Sertão.

 Voltando ao sítio Tapera do Padre, quando Lampião, em 1926, invadiu a zona rural de Santana do Ipanema e entrou na, então, vila de Olho d’Água das Flores, passou na Tapera do Padre. Segundo um cangaceiro preso, entrevistado em Recife, Lampião submeteu a torturas um cidadão do lugar e o colocou num balanço, balançando-o até fazê-lo cair e morrer da queda e de tudo. Se não fosse aquela declaração cangaceira de referência muito rápida ao episódio do bandido maior, não teria sido registrado. Não temos tanta certeza, mas tudo indica que o entrevistado fora o cangaceiro santanense Gato Bravo (antes, conhecido por Josias Mole). Foi ele quem guiou Lampião nessa empreitada até a vila de Olho d’Água.

Se você curtir, tem mais. Se não curtir, a tendência é ir rareando esses trabalhos até desaparecer.


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quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

 

SEU CARA DA PESTE

Clerisvaldo B. Chagas, 26/27 de janeiro de 2023

Escritor Símbolo de Sertão Alagoano

Crônica: 2.832

 



O senhor Cirilo, foi o último tropeiro de Santana do Ipanema. Ele, com sua tropa de burros, levava mercadoria para a zona da Mata e de lá trazia produtos para o Sertão. Para a Mata ia o queijo, o feijão, a farinha, a carne de sol e mais. Da Mata chegava o mel de abelha, o mel de engenho, o açúcar, o tecido, a aguardente... A rapadura. Quando seu Cirilo – que morava na esquina de um beco que dava para o rio Ipanema, na Rua Prof. Enéas – chegava de viagem, desarreava a burrama e a soltava para pastar no leito seco do rio. Seu filho, vulgo Lelé, ainda rapazinho, acompanhava o pai naquelas idas e vindas inter-regionais. O senhor Cirilo faleceu e, Lelé, continuou solteiro, foi envelhecendo e passou a ajudar no bar do seu sobrinho Erasmo na Rua e Bairro São Pedro, em torno dos anos 60-70.

Já de cabelos brancos e ainda solteirão, Lelé gostava de uma cachacinha e, quando bebia tirava direto por alguns dias. Nunca perguntamos ao Lelé onde ele estudara, mas ainda era bom de memória na Geografia que naquele tempo era na base da decoreba. Quando o nosso querido amigo de todos bebia, gostava de chamar as pessoas de “cara da peste”. Era sempre testado, quando sóbrio, pelos clientes do bar, sobre pontos geográficos do Brasil e do mundo. Enquanto guardava o dinheiro do cliente num miolo de um rádio velho e que ainda funcionava, respondia o que lhe fora perguntado. Adaptara uma tampa de madeira nesse rádio que era seu orgulho e que pegava, segundo ele, a Rádio Nacional, a Rádio Sociedade da Bahia, a BBC de Londres e outras muitos distantes do País.

Pois bem, Certa feita, um sujeito encontrou Lelé na Rua Antônio Tavares, tão bêbado que estava se segurando às paredes  para não cair. “É agora que eu quero saber se Lelé entende mesmo de Geografia”, pensou o cidadão. Dirigiu-se até o antigo tropeiro e indagou incrédulo: “Lelé, qual é o maior lago do mundo?”. O filho de seu Cirilo ainda fez uns volteios para se manter de pé, foi lá, veio cá, tornou a se segurar às paredes, olhou para o rosto do inquiridor e respondeu cobrando o preço: “não é o lago “Baiká”, na Sibéria, com 636 km 2, SEU CARA DA PESTE!”.

Arre!

Imortalizamos o ex-tropeiro.

CRÉDITO: PROGRAMA ENTREVERO CULTURAL ´PEC

 

 


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quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

 

VOCÊ SABIA?

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de janeiro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica:  2.832

 



Você sabia que a maior ilha fluviomarinha lagunar do Brasil está localizada em Alagoas? Se não sabia fique sabendo que a maior ilha fluvial (rio) do Brasil é a do Bananal, no estado do Tocantins, que fica entre dois rios. E a maior ilha fluviomarinha do mundo é a de Marajó no estado do Pará. Em Alagoas, a ilha de Santa Rita é a maior ilha fluviomarinha lagunar do Brasil. Situada na laguna Mundaú, faz parte de um arquipélago e está situada no município de Marechal Deodoro, vizinho a Maceió. A ilha de Santa Rita possui quatro povoados, são eles: Santa Rita, Siriba, Jacaré e Barra Nova. A propósito, a Ilha de Marajó possui 40.1 mil km 2, a ilha do Bananal 19.162 km2 e, a nossa ilha de Santa Rita 12 km2.  Nessas alturas o leitor pode indagar, então, qual seria a maior ilha oceânica do Brasil. Partindo para essa vertente, iremos encontrar a Ilhabela, em São Paulo, vizinha a cidade de São Sebastião, com 346 km2.

Mas, voltando a Alagoas, mesmo fazendo comparações entre extensões de ilhas, a Santa Rita até que é enorme! É um dos lugares mais procurados tanto pelo maceioense quanto pelos turistas, devido principalmente às suas belezas naturais e gastronomia de tradição lagunar e praieira. Olhando com outros olhos, é um verdadeiro livro  de Geografia escrito e ilustrado pelo Grande Arquiteto do Universo. Passar pelo menos um turno na região, é jogar pela janela o lixo do estresse de cada dia. Vale salientar que o local é área de preservação e tem a vantagem para quem quiser visitá-la, da proximidade com a capital do estado e do acesso rápido e fácil que proporcionam conforto ao visitante.

Vale salientar que tanto a ilha quanto as imediações, são repletas de belezas como praias, manguezais e paisagens arrebatadoras. Em alguns lugares da rodovia que liga Maceió a Marechal Deodoro, encontramos toldas de guloseimas dos tempos da vovó: broas, suspiros, cocada, bolos e muitas outras que derretem na boca na primeira mordida. Isso você só vai encontrar no povoado Pé-Leve, entre Arapiraca e Limoeiro. Mas o que é mesmo uma ilha? É uma quantidade de terras cercada de águas por todos os lados. E arquipélago é um conjunto de ilhas. Depois vêm os detalhes das ilhas, cada qual com seu nome específico.

Quer saber mais sobre a ilha de Santa Rita? Pneu na estrada, “véi”.

 


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segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

 

NO AMPARO DA SOMBRINHA

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de janeiro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.831

 



No tempo de poucos automóveis, o batente diário era mesmo enfrentado a pé. E na época de inverno, muito valioso era o guarda-chuva ou sombrinha, mesmo que os pés rompessem a lama das ruas, a cabeça estava protegida. Esses objetos eram muito valiosos no predomínio das chuvas. Comprados nas lojas, estavam sempre na moda com modelos estruturais e com estampas. Durante o sol muito quente do verão, as mulheres usavam bastante as sombrinhas.  Mas também é de se dizer que a estrutura de ambos, eram frágeis como ainda são as de hoje. Qualquer coisinha quebrava uma aspa. Se o dono ou a dona tivesse habilidade consertava, se não, mandava o objeto para o profissional Alvino, conhecido depois com o apelido de “Sombrinha”.

Alvino morava num pedaço de rua entre a Prof. Enéas e a São Paulo (início da antiga rodagem para Olho d’Água das Flores). Para ele, levei muitas sombrinhas e guarda-chuvas, para conserto. Nosso herói tinha rosto agradável de quem está de bem com avida, caminhava ligeiro, braços abertos e, sendo magro, inclinado um pouco para trás, parecia carregar um bucho invisível projetado adiante. Era simpático no seu atendimento e não demorava a devolver o objeto consertado. Não lembramos de outro profissional consertador de sombrinha, em Santana do Ipanema, somente quando passava alguém de fora, anunciando consertos. O consertador de sombrinhas foi mais um dos profissionais extintos do século XX.

Por que estamos lembrando essa passagem tão singela e tão sem importância para os dias atuais? É que chegou uma pessoa da família em baixo de chuva e precisou de uma sombrinha para descer do carro. Infelizmente o objeto estava com uma aspa quebrada. No momento o passado veio forte porque na vida uma coisa puxa outra.  Assim como pingadeira nas telhas (ainda existe teto de telhas) também lembra o profissional “Seu Tô”, o maior retelhador do século XX com seu chapéu de Polícia Montada do Canadá e que morava bem perto de Alvino. Hoje retelhador é o próprio pedreiro.

Mas voltando ao caso da sombrinha, ninguém de casa tinha habilidade para consertar a aspa, cuja sombrinha parecia um galináceo da asa quebrada, já viu?

Que falta nesses momentos faz o Alvino!

 


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domingo, 22 de janeiro de 2023

 

COURO DE JUMENTA

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de janeiro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.830

 



Em torno dos anos 60, um coronel do sertão, em Poço das Trincheiras, resolveu convidar os amigos e oferecer farra e almoço na sua fazenda. Houve muitos comentários na época em toda a região. Todos beberam animadamente, até que saiu o tão aguardado almoço. No final da refeição, o coronel pediu atenção para um pronunciamento e perguntou aos convidados se sabiam o que tinham comido. Diante de tantas respostas inocentes, o coronel ria e falava: “vocês comeram carne de jumenta”. E para provar o que disse, mostrou o sexo da jega quando houve um burburinho grande na roda de amigos. Uns se conformavam dizendo que “foi bom”. Outros metiam os dedos na goela para provocar vômitos. Foi um deus-nos-acuda! Esse caso teve muita repercussão principalmente nos ciclos boêmios da região sertaneja.

Pois bem, com aproximadamente 60 anos depois desse fato, estávamos entrevistando o senhor Daniel Manoel, de 81 anos e que trabalhou em todos os curtumes de Santana, sobre os detalhes daquela atividade em nossa terra.  Quando ele nos dizia que os curtumes curtiam couro de todos animais domésticos e selvagens, falou o seguinte: “Uma vez curtimos o couro até de uma jumenta, enviado pelo coronel fulano de Poço das Trincheiras”. Que coincidência medonha! A prova fatídica após tanto tempo, do caso do Poço. Como se descobre as coisas sem perguntar!  Entretanto, não é que esqueci de acrescentar essa passagem no livro terminado “Santana, o Reino do Couro e da Sola”. Eita “coroné”, danado!

A nossa ética na tradição brasileira, é não ao consumo de carne cavalar e semelhantes, mas os chamados coronéis sertanejos em muitos casos faziam as suas próprias leis, inclusive, retirar o couro das costas dos seus desafetos, em forma de tiras.  Voltando ao caso do couro do asno fêmea, não sabíamos antes da curtição desse couro. Foi curtido com qual finalidade? Talvez para ser exibido durante muito tempo como troféu, rir outras vezes daquela situação e afirmar o poder de mandachuva até nas brincadeiras farristas de péssimo mau gosto.

De qualquer maneira, agradecemos ao nosso entrevistado por essa lembrança inusitada de 60 anos atrás, na história dos curtumes.

ASNO PASTANDO NO LEITO DO IPANEMA SECO (FOTO: B. CHAGAS).

 


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quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

 

GOELA ABAIXO

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de janeiro de 2023

Escritor Símbolo do sertão Alagoano

Crônica: 2.829

 



Estamos lendo sobre um projeto público, ao mesmo tempo lembrando de uma palestra que assistimos em Arapiraca, há muito tempo. Uma senhorita que atuava na Cultura, nos explicava de plano que foi elaborado para os artistas da terra e, que foi um grande fiasco. Disse ela que após o fracasso, a equipe sentou-se para analisar a causa de tanto descontentamento quando posto em prática o projeto. A equipe descobriu o “X” do problema. Não era aquilo que a classe queria.  E ficou a lição de que em projeto público a classe interessada deve ser ouvida e fazer parte do projeto. Nunca impor de goela abaixo. Todos convocados, novo projeto à mesa e êxito total na sua implementação. Mas, o que impressionou mesmo naquela palestra que ouvimos, foi a humildade da palestrante em reconhecer o seu erro e ainda aconselhar a todos os presentes.

Estar aí um motivo para afastamento da arrogância e da soberba de alguns dirigentes nesse país, que agem como aquele que dá uma esmola na rua. Muitos que se elegem a alguma coisa com o voto do povo, caem na tentação de acharem que “tudo agora é meu”, e assim agem como os antigos escravocratas donos de engenho do passado, acreditando piamente que são superiores aos que os colocaram no poder. Até que frequentam templos religiosos para serem vistos e assim darem satisfação à sociedade, não acreditam, porém, intimamente que Deus está acompanhando de perto todos seus atos malévolos, mascarados de caridade.

E como ouvimos do cantador de viola sobre a morte, a riqueza acumulada (ilicitamente) não cabe no caixão, nem o poder e nem nada além do corpo e alma corrompida que seguirá para regiões onde se pagará até o último ceitil de tantas dívidas acumuladas na terra. Nada adiantará a desfaçatez de homenagens terrenas e bestas porque o corrupto estará pagando caro longe da soberba familiar.     Isto não representa desabafo algum, apenas uma observação juntos aos repentistas nordestinos. Afinal, como dizia o quadro que havia na Farmácia Vera Cruz: “entrai pela porta estreita, larga é a porta da perdição”. Mas, que perdição? Perguntam os incrédulos.

Antes de partir você saberá.

ARAPIRACA AO ENTARDECER (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 

 


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quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

 

VISITEI A ESCOLA

Clerisvaldo B. Chagas, 18/19 de janeiro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.828

 



Ontem (terça) visitei a Escola Estadual Prof. Aloísio Ernande Brandão, na região do Complexo Educacional.  Programado também, um encontro com o prof. Marcello Fausto, tendo em vista programações literárias em andamento. Matei a saudade dos arredores onde estão situados também o Colégio Estadual Mileno Ferreira e o Colégio Estadual Laura Chagas. E se a satisfação retorna em rever a educação, outras visões negativas no perímetro deixam entristecidos qualquer profissional do ramo ou aluno dos áureos tempos do Ensino pelas imediações. Muito abandono em obras físicas do entorno e flagrantes de descasos interno que chocam, revoltam e comovem ao mesmo tempo. Prefiro, porém não detalhar meus olhares no negativo e, correndo o risco de ser otimista para o Complexo, acreditar em inúmeras providências que deverão ser tomadas.

Somente para falar de uma coisa não boa, no tempo em que estávamos, ainda na ativa, uma chuvarada derrubou parte do muro que cerca o complexo. Anos e anos depois, a fatia derrubada do muro aumentou tanto que em percentagem não sabemos calcular. Sozinho por ali, tentei fotografar gado bovino, ovino, equino e muar que fazem do complexo verdadeiro paraíso de fazendeiros sem fazendas que teimam em criar os bichos no terreno escolar e do governo. Como ainda estava muito cedo, a bicharada ainda não havia chegado. Sem nada dizer da minha impressão, fui conversar com o professor  Marcello sobre temas literários e aí sim, muitas notícias boas que fazem flutuar a esperança.

E no terreno insalubre onde estão assentados hoje os três colégios do estado, repasso para o professor Marcello minha teoria sobre o riacho Camoxinga que na última cheia invadiu as três unidades de ensino. Há milhares de anos toda aquela área por onde passava o riacho, foi aterrada pelo próprio riacho obstruindo seu leito e fazendo o córrego abrir novo caminho para chegar até o rio Ipanema. Hoje escorre por trás do casario da rua Gilmar Pereira de Queiroz e prossegue contornando a área aterrada (onde estão os colégios), fazendo meandros mais ravina nas proximidades da foz, sob a Ponte Cônego Bulhões. Mas nunca encontrei estudioso na cidade para rebater minha tese, teoria, opinião ou mentira geográfica. Enquanto isso, no período de cheias, o riacho continua ameaçador. Fazer o quê?   

 

 

 


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domingo, 15 de janeiro de 2023

 

ARAPUÁ

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de janeiro de 2022.

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.827

 



Muito gostoso falar sobre essa pequena abelha da nossa terra que não tem ferrão, mas bota para correr até cabra valente. Pode ser chamada de arapuá aqui no sertão, mas o seu nome indígena – que significa mel redondo – possui uma grande variação conforme as regiões, como irapuã, arapuã, aripuã, aripuá, arapu, axupé, cupira, urupuca e várias outras. Referindo-se à abelha no masculino como falam os sertanejos, o Arapuá faz a sua colmei na parte externa dos galhos de árvores, que se tornam um monte arredondado, daí o “mel redondo”, formato do seu enxu ou inxu também assim denominado no sertão, toda colmeia grande ou pequena. Essa minúscula danadinha gosta muito de árvores frutíferas e seus galhos mais altos, como a mangueira, por exemplo.

Nem precisa ir diretamente atrás do inxu, tirar o mel, basta chegar por perto, subir na árvore para pegar uma fruta nas proximidades das abelhas. Isso chega a ser muito divertido por quem assiste a cena de uma perseguição em massa por conta das pequeninas. O bando ataca, principalmente, o cabelo, onde se enrosca e morde por todos os lugares, com risco de penetração nos ouvidos, e nariz. Enquanto isso, a vítima parece louca, apavorada, tentando descer da árvore e se livrar da arapuá nos cabelos. Imita um boneco de mola enlouquecido, ligado na tomada. Muitos e muitos risos pelos arredores.  “Corra, cabra velho, que o que elas querem é distância entre você e o inxu”. Geralmente, tudo acaba bem e o sujeito sai de cara feia olhando para trás e que mais a frente ele próprio estará rindo e contando a presepada.

O tamanho de um inxu de arapuá é visto de longe, chama muita atenção até para os acostumados sertanejos. Poderíamos aqui falar em detalhes sobre a abelha arapuá (Trigona spinipes) mas o amigo ou amiga talvez não estejam interessados (as) em minúncias, sendo o foco do tema as brincadeiras que essas simpáticas abelhas pretas pequenas e lustrosas fazem para botar o cabra para correr quando se sentem ameaçadas. Representam mais um encanto e coisas engraçadas do sertão nordestino. Mas existe também uma abelha chamada inxuí, que por ser muito pequena, bem como sua colmeia, foi até motivo de nome de lanchonete minúscula na cidade de Arapiraca, com ideia do escritor Zezito Guedes.

 


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terça-feira, 10 de janeiro de 2023

 

POÇO DAS MULHERES

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de janeiro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.827

 



A proposta do grupo era mostrar às autoridades e à sociedade em geral, a intensa poluição do trecho, urbano do rio Ipanema relativo ao Bairro Barragem até o final do Bairro São Pedro. Assim fomos da zona oeste da cidade até a zona leste, por dentro do rio seco e prosseguimos até o final do bairro ou subúrbio Bebedouro. Fotografando, filmando, conseguimos o nosso objetivo quando exibimos a poluição geral dominada pelo lixo doméstico que não poupa lugares. Até sentíamos pena em vermos tantas carrapateiras ao longo do rio, terrivelmente adubada, assoberbada com tanto lixo.  A carrapateira que dá o fruto mamona, é muito bonita, vistosa, folhas largas, frutos belos em cachos, tal qual a uva. É matéria-prima do biodiesel e do azeite que lubrifica o eixo do carro de boi e o torna cantador; orgulho do carreiro.

Antes da empreitada, havíamos sido informados pelo saudoso comerciante Benedito Pacífico, sobre o Poço das Mulheres que fica exatamente aos fundos do seu Restaurante Biu’s Bar, à Rua Delmiro Gouveia. O poço, situado em local de pedregulho, puxa mais para perto da margem direita do rio Ipanema. Antigamente, depois das grandes cheias, entre três a quinze dias, a o volume d’água baixava, a cor barrenta limpava, avisando ser o momento propício para os banhos nos poços: Juá, das Mulheres, dos Homens e o do Escondidinho. Pois bem, ao passarmos em nossa missão pelo poço indicado pelo senhor Benedito, paramos para fotografar, apreciar e admirar aquele trecho ajardinado de pedras e arbustos por trás da Rua Delmiro Gouveia. Imaginamos as mulheres se banhando, naquele tempo onde o banho era com vestido e tudo.

Os homens banhistas do Poço do Juá, a cerca de 300 metros abaixo, não subiam para o poço das Mulheres. Naquelas imediações ainda hoje se vê no leito do rio seco, muitos arbustos verdes e animais amarrados ou não, pastando emoldurados nas paisagens de inverno ou de verão. O poço das Mulheres representa uma espécie de resistência feminina em tempo de machismo acentuado do mundo sertanejo. O poço das mulheres deveria atualmente exibir uma escultura feminina para imortalizar o ponto tão valorizado de outrora, assim como outra escultura no poço dos Homens, o Máximo do lazer santanense até antes da construção da ponte sobre o rio e que leva o nome de General Batista Tubino.

Saudade.

NO POÇO DAS MULHERES: ESQUERDA PARA À DIREITA: PROFESSOR CLERISVALDO, CANTOR FERREIRINHA, PROFESSOR MARCELLO, FORROZEIRO MANOEL MESSIAS (FOTO: SÉRGIO CAMPOS-ARQUIVO).

).

 


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segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

 

 ESVAZIANDO A CASA

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de janeiro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.826



 

Foi surpreendente a divulgação do IBGE em que 70 cidades de Alagoas diminuíram o número de habitantes. Em seguida relacionaremos apenas as que ficam mais perto de nós: sertão, alto sertão, sertão do São Francisco: Água Branca, Batalha, Belo Monte, Canapi, Dois Riachos, Inhapi, Jacaré dos Homens, Jaramataia, Maravilha, Mata Grande, Minador do Negrão, Olho d’Água do Casado, Olivença, Palestina, Palmeira do Índios, Pão de Açúcar, Poço das Trincheiras, Piranhas e Senador Rui Palmeira. Mas o que faz uma cidade perder habitantes e mesmo se transformar em cidade fantasma? As inúmeras causas de esvaziamento são explicadas na Geografia, Sociologia, História e Economia. É preciso pesquisa sobre o assunto e cada caso pode ser uma causa específica, mas assusta quando se aponta 70 cidades perdendo habitantes de uma vez.

Entretanto, muitos fogem por motivos severos como fuga por causa de guerra, enchentes, epidemia, vulcanismo e coisas parecidas. A nós, parece causa principal de redução de número de habitantes, a própria concorrência salutar entre cidades que evoluem e cidades que se estagnam em desenvolvimento geral. Algumas já eram previstas por pessoas experimentadas, outras causaram surpresas, mas a concorrência, engole mesmo. Os gestores são peças fundamentais no desenvolvimento, na estagnação ou na decadência das suas respectivas cidades, dependendo do modo de vê o presente e o futuro  da urbe que administra. Cidade onde tudo falta a população migra naturalmente em busca de centros maiores à procura de educação, saúde, emprego e oportunidades.

E aqui para nós, não deixa de ser humilhante a redução comprovada da população da cidade em que habitamos. Muitas destas cidades que estão na lista acima, são ótimas para se viver, mas a juventude é vibrante, futurista, cheia de sonhos e não ficam amarradas ao berço em que nasceu vendo a prosperidade acontecendo em todos os itens da cidade vizinha, da capital do seu estado. Apesar de uma mentalidade nova de gestores interioranos (não aqueles que mantinham o município como feudo) que mexeram no marasmo trazendo algumas novidades para os munícipes, reagiram tarde demais e muitas cidades do Brasil ficaram na subida da ladeira estourando o motor. Outras tudo superaram e hoje despontam como lugares desejado por todos.

MARIBONDO (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 

 


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domingo, 8 de janeiro de 2023

 

AINDA AS CARROÇAS

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de janeiro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.825



 

Voltando ao assunto dos carroceiros, carroça, burras e cavalos, sai a notícia de um cavalo morto no trânsito. E foi dada aqui a sugestão de acabar com esses animais de tração no trânsito da cidade pequena, média ou grande. Muitos desses animais que circulam com carroças em capitais, não têm condições de saúde nenhuma. O peso excessivo, a jornada de trabalho, os ferimentos profundos, a má alimentação, além dos maltratos dos donos, faz dessas capitais terras de desprezo à vida não humana, à vista de inúmeras autoridades que não enxergam. Em pleno século XXI, quando tudo progride, ainda encontramos nas ruas a cruel escravidão animal. No interior, os preferidos para a carroça são as burras, geralmente bem alimentada, mas que não deixam de sofrer excesso de peso e muito ‘currião” no lombo, a troco de nada, apenas pelo hábito de bater.

Na capital é o cavalo magricela do mangue, em que vemos a hora de uma queda e morte súbita. Vivemos com os animais, a mesma situação em que vivíamos com escravos negros do passado. Simplesmente a proteção aos animais parece não existir nem nas capitais nem nos interiores. Voltamos a sugestão apontada antes, associação de carroceiros, financiamento para compras de veículos que possam substituir a carroça animal, treinamento e regras. Tudo financiado e orientado por órgãos públicos com assistência jurídica. Aposentar e cuidar dos animais libertos da carroças com a assistência veterinária mantida pelo estado.

Quanto a própria carroça, é verdadeira obra-de-arte de artesão tanto do interior quanto das capitais que também possuem suas fabriquetas de carroças e reboques. O problema não é a arte da gaiola, mas sim, da finalidade. Tudo depende das mãos em que vai cair a carroça. Os usuários deste transporte de carga da zona rural, tratam muito bem os seus animais de tração. Tratam burros, jumentos e burras, com a mesma dedicação ao boi de carro, muito embora a presença de veterinários seja coisa rara. E afinal, todos querem ganhar a vida e sustentar a família, mas o egoísmo, a ignorância, a falta de ajuda e orientação de quem deveria chegar junto, fazem com que a vida bruta do carroceiro não evolua, nem no interior nem na capital.

 

 

 

 

CARROÇA EM TRÂNSITO NA PERIFERIA (FOTO: B. CHAGAS)


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quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

 

O CROQUE DE PELÉ

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de janeiro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.824

 



Ainda quando rapaz, o Santos foi convidado para jogar em Maceió. Não dá para lembrar bem agora, mas parece que foi na inauguração do estádio do CRB, na Pajuçara, porém, o jogo foi com o Regatas Brasil e se não me engano, começou a partida ganhando de 1 x 0. Esse jogo também seria uma homenagem ao rei que estava no auge da sua carreira. Entretanto, com o placar à frente, os torcedores começaram a vaiar o Santos. No segundo tempo, o Santos retornou disposto a cobrir as vaias e meteu 6 x 1 no CRB “mode saber respeitar o visitante”. Essa goleada sofrida pelo time de Maceió, foi apelidada por “Sofia”. Até hoje o maceioense nunca se esqueceu da famosa Sofia em Alagoas.

Durante o jogo, um zagueiro batia muito em Pelé. Isso ia irritando o rei que arquitetou uma vingança à altura, já que o juiz não tomava providências mais severas. E assim aconteceu. Pelé aguardou até conseguir a oportunidade da vingança. Em uma bola alta vinda em sua direção e que foi dividida com o citado zagueiro, Pelé saltou muito alto e o zagueiro tentou tirar a bola de cabeça. Nesse momento, o rei Pelé, escondendo o braço para o juiz não vê, deu um tremendo croque na cabeça do zagueiro, vingando-se e dando lição que não se deve mexer com serpente. Os torcedores viram, porém, o juiz não.

Final de jogo, o Santos deixou a capital alagoana debaixo de muitos aplausos assim como chegara.  Ficou imortalizada a Sofia dos 6 X 1 e o croque de Pelé.

Não fomos ao enterro do rei, mas estamos aqui contando uma das suas milhares de ações pelo globo terrestre. É bem merecido o título no estádio público de Rei Pelé. Nos últimos tempos, devido ao entusiasmo de alguns, com o sucesso da jogadora Marta, sugeriram trocar o nome do estádio para o da jogadora. Um disparate! Bem que Marta merece ser homenageada com uma obra gigantesca, então, os entusiastas construam essa obra gigante e ponham o seu nome, não retirar a homenagem de outrem, em troca de uma recente, coisas de políticos analfabetos, sem noção de ética e cultura de um povo. Fica aqui, portanto registrado a Sofia do Santos e o Croque de Pelé, para os pesquisadores das coisas do futebol.

Ê “caboco véi!”

 Rapadura é doce, mas não é mole não”.

 

 


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segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

 

VEM-VEM

Clerisvaldo B. Chagas, 2/3 de janeiro de 2023

Escritor símbolo do sertão alagoano

Crônica:  2.823

Vivo sempre escutando/A cantiga de vem-vem/Quando ouço ele cantando/Penso ser você que vem.

Você já ouviu o canto do Vem-Vem? Já ouviu a música cantada por Luiz Gonzaga: Vem-Vem? É música saudosa, dessas tipo roedeira, que representa muito bem o sentimento sertanejo e a crença no pássaro incrível, também chamado em alguns lugares de Pitiguari. Sua presença ocorre em quase todo o Brasil, mas queremos apresentá-lo no folclore sertanejo e na saudosa música cantada por Gonzaga, imortalizando mais um personagem das caatingas. É chamado de Vem-Vem porque quando uma pessoa está pensando em outra, distante, às vezes na sua vida surge o passarinho cantando, cujo canto é interpretado como vem, vem. E não demora muito, a pessoa ausente chega à casa do ouvinte esperançoso do vem-vem.

Não bastasse as aves também imortalizadas por poetas, escritores e repentistas, chega o Pitiguari marcando presença. Existem as aves agourentas de morte (já expostas aqui), as que avisam sobre a proximidade da seca, os bichos que prenunciam chuvas de inverno e trovoadas, as que denunciam o inimigo humano e o Pitiguari avisando da chegada de um ausente. O Vem-Vem, Cyclarhis guianensis, mede, aproximadamente, 15 centímetros e pesa 28 gramas. Macho e fêmea são semelhantes e se alimentam de invertebrados, lagartixas e frutas. Tem domínio em todos os biomas brasileiros e a crença semelhante em todos eles.

Você já percorreu o “Reino Sertanejo” com todos seus mistérios do tempo da flora e da fauna?  Cada vez em que você palestra com um agricultor, com um benzedor, com um garrafeiro ou com um simples habitante da caatinga, descobre tanta coisa nova para você e que algumas delas, pode até mudar a sua vida para melhor. E sobre o Vem-Vem, conheci-o pela primeira vez como Pitiguari, no romance “Curral Novo”, do saudoso escritor palmeirense, Adalberon Cavalcanti Lins. Mas nem só de Vem-Vem vive a saudade sertaneja. E quanto o Sertão alagoano, continua cada vem mais bonito com esse tempo atípico, jamais visto pelos mais velhos.

Hoje está nublado, frio e úmido em pleno início de janeiro, pode?

VEM-VEM (CRÉDITO: WIKIPÉDIA)


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