sexta-feira, 26 de agosto de 2016

ESTAR FALTANDO

ESTAR FALTANDO
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de agosto de 2016
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Para Jonas Pacífico
Crônica 1.568

Foto: (verdadealagoas).
Muito bem observada pelo conterrâneo Jonas Pacífico, o lugar de emprego do “Seu Basto”, o homem que virou mito futebolístico em Santana do Ipanema, Alagoas. Gostaria de pelo menos conhecê-lo através de foto.
Não foi somente uma vez em que me referi ao padre Bulhões, ao Departamento Nacional de Obras Contra a Seca – DNOCS – e ao Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – DNER, nos meus escritos. Foi apelos aos cultos ou quase isso que trabalharam nesses departamentos e aos que foram ligados ao vigário santanense.
As duas repartições têm história fecunda em Santana, ocasião em que eram os dois maiores centros de referência da cidade. Construções de açudes, rodagens, pontes, pontilhões, bueiros, futebol, professores, engenheiros e fontes infindáveis de empregos... Duas vigas mestras de desenvolvimento regional. Pedi sempre aos que trabalharam nessas repartições que escrevessem um livro sobre cada uma, pois eles sabiam de tudo. Ninguém, amigo, absolutamente ninguém se prontificou. Inúmeras dessas pessoas cultas partiram, outros se arrastam na idade e as repartições morreram sem literatura. Tudo que foi escrito está no geral do “Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema”.
O mesmo apelo fizemos em relação ao padre Bulhões, cuja vida daria um livrão bastante colorido. Nada! E Santana perdeu ainda fresquinho, um mundo de dados importantíssimos do seu acervo histórico, tanto pela apatia dos seus filhos, quanto pela indiferença e ignorância de seus gestores.

Sei não, deixe continuar para saber como é que fica. Gestor na minha terra sempre foi caso perdido. 

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quarta-feira, 24 de agosto de 2016

O IPANEMA E JOÃOZINHO

O IPANEMA E JOÃOZINHO
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de agosto de 2016
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.567

Foto: (soberaniadopovo).
Quando me entendi de gente, o Ipanema Futebol Club estava no auge. Derramava cachoeiras de vitórias sobre as cabeças eufóricas dos santanenses. Comandava o esquadrão verde e amarelo, um desportista que trabalhava no antigo DNER, a quem todos o chamavam de “Seu Basto”. A ele eram atribuídas tantas vitórias e a marcha gloriosa do timaço. Nunca o conheci pessoalmente. Centenas de jogadores ficaram famosos no Sertão e no estado naqueles períodos gloriosos. Já encontrei em pleno desenvolvimento futebolístico, atuando no mesmo time, os irmãos Jair, Zuza e Joãozinho. Zuza, um dos maiores armadores que eu conheci e que antes era goleiro. Não quero citar o nome do time completo, principalmente dos mais famosos, por esse trabalho ser específico. Sempre considerei Joãozinho como o mais carismático entre todos.
Nas explosões emocionais de Otávio Marchante – considerado o torcedor número um do Ipanema – havia uma predileção enorme por aquele homem que dava segurança ao time. Torcedor que não parava em lugar nenhum do estádio, Otávio passava os noventa minutos da partida rodeando o campo e indicando aos berros o nome de cada um dos nossos aos adversários, especialmente o de Joãozinho. Com o estádio ainda novo (murado pelo político Arnon de Mello em troca do nome lá no alto) o Ipanema de Joãozinho foi durante a década de 50, a página mais gloriosa de Santana do Ipanema, em Alagoas.
Popular mais do que o jogador, em Santana, ninguém. E os meninos de Seu Zé V8 foram cumprindo assim a jornada decente de lutas e glórias por aqui. Por aqui por esse mundão que está sempre se renovando como os mais belos jardins, com filhos, netos e bisnetos.





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IRMÃS ROCHA

IRMÃS ROCHA
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de agosto de 2016
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica N0 1.566

Deitado nessa delícia de rede Made In Maceió, nem sei a razão do escorregadio pensamento. Talvez a hora aproximada da refeição  leve-me até o livro publicado pelas célebres Irmãs Rocha. Mulheres da elite alagoana, criadas no Engenho Varrela, em São Miguel dos Campos, revelaram-se exímias cozinheiras. A intimidade dessa culinária foi revelada no livro “Delícias da Cozinha Alagoana”, já na sua 3a edição publicada pela eps, sob patrocínio da Cipesa. Estamos falando das saborosas receitas das irmãs: Jacy Rocha Cavalcanti Medeiros, Yeda Rocha Cavalcanti Jucá, Bartyra Rocha Cavalcanti Nogueira e Maria Rocha Cavalcanti Accioly.
As Irmãs Rocha ficaram famosas na televisão e no Brasil inteiro, elevando bem alto a variadíssima celeste cozinha de Alagoas. O livro é bem apresentável e didático dividido em seis capítulos: Frutos do mar, do mangue, do rio e da lagoa; aves carnes e miúdos; acompanhamentos; delícias do café alagoano; bolos, doces, biscoitos, cremes e sobremesas; lanches, tira-gostos e bebidinhas. Eis aí o índice.
“Em DELÍCIAS DA COZINHA ALAGOANA”, as irmãs Rocha Cavalcanti traduzem uma das vertentes mais genuínas da cultura gastronômica brasileira. Suas receitas mesclam tradições culinárias africanas, portuguesas e indígenas incorporadas pela cozinha dos engenhos e enriquecidas com exuberantes sabores tropicais”, diz uma das capas.
E como nada melhor de que matar a serpente, mostrar o pau e a cobra, eis aí na foto as medalhistas da cozinha olímpica. Cremos que ainda existe no mercado o livro das Irmãs Rocha.
O risco é somente querer devorar as páginas antes de pôr em prática as divinais receitas.
Desculpe amigo, é hora do cochilo.



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terça-feira, 23 de agosto de 2016

AGRESTE E SERTÃO

AGRESTE E SERTÃO
        Clerisvaldo B. Chagas, 23 de agosto de 2016
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.565

Foto: (galeriaporão - Gustavo Epifânio).
Quem mergulha numa benfazeja viagem pelo Sertão e Agreste de Alagoas, descobre um mundo histórico e paisagístico. Sertão da força do Coronel Delmiro Gouveia, primeiro homem a possuir automóvel no estado. Pioneiro da hidrelétrica e da estrada de rodagem, Delmiro também introduziu a palma forrageira na região, trazida da Califórnia. Furando mundo pela Depressão Sertaneja e do São Francisco, contemplamos o verde pálido do mau inverno. Capoeiras e mais capoeiras sucessoras dos cedros, angicos e pereiros, vítimas da brutalidade dos machados. Nas croas das serranias ainda o resto do bioma caatinga como a esperar à investida humana a qualquer momento. No lombo suave das montanhas, registros não cicatrizados do desmatamento. O rasga-beiço, velame, a urtiga, revigoram-se nas baixadas onde o esvaziamento do campo permitiu a volta da passarada.
E no Médio Sertão, o imenso descampado sinaliza com escuros juazeiros, partidos da palma melhorada ou o rigor sem roupa do solo avermelhado. Até as palhas do ouricuri, sofrem com a investida indígena das caieiras.
Apresentam-se para o viajor as primeiras terras do Agreste. Quase nunca se pergunta que monte é aquele, sucessivo e tão bonito. Os problemas internos têm prioridade sobre a Natura. E assim passa despercebida a serra do Japão, lugar de vaquejadas que ilustram bem o perímetro de Folha Miúda. Bela sim, mas também desbastada e devastada escondem-se de vez toda a vegetação original. É preciso perscrutar bastante para não fazer feio e trazer na foto alguma representação de verdadeiro Agreste. Talvez por ali pela serra das Mãos, Junqueiro ou Priaca...
Sem a análise de quem se liga aos cenários agredidos, passear sem compromisso pelo Sertão e Agreste de Alagoas é extremamente gratificante. Suas paisagens, gastronomia e hospitalidade vão tecendo a própria história de quem viaja. Tanto faz as alturas de Água Branca e Mata Grande, as planuras de Canapi, São José da Tapera, Ouro Branco ou as praias doces de Piranhas, Pão de Açúcar e o morro de Belo Monte.
O Agreste é um mundo à parte onde tudo tem. Para quem não o conhece, basta apressar o cavalo.




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segunda-feira, 22 de agosto de 2016

AUMENTE O SARRAFO

AUMENTE O SARRAFO
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de agosto de 2016
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.564

FOTO DIVULGAÇÃO.
Meu pai costumava ilustrar suas lições indiretas e suaves de fé em Deus e dignidade. Não lia tanto quanto eu, mas aproveitava cem por cento o que havia lido. Não demorava muito para que a sua novo leitura tivesse um destino certo, pois quase sempre caía sobre o galego afogueado. E foi assim que ele falou sobre dois montanhistas em cima da serra, surpreendidos pela nevasca. Ambos trataram de descer imediatamente, mas iam sentindo cada vez mais dificuldades crescentes. O tempo piorava. Rogavam a Deus constantemente e deslizavam pela corda. Já exaustos, sem conseguirem enxergar mais nada, apelaram para Deus novamente. Uma voz chegou até eles dizendo: “cortem as cordas!”. Um deles não quis cortar as cordas e morreu congelado. O outro cortou as cordas quando caiu e notou que estava apenas a um metro do solo. Escapou.
Lembrei a lição assim que fui surpreendido por um fato inédito nas Olimpíadas. Particularmente escolhi o “meu herói” olímpico pela sua coragem, tirocínio e dignidade. Sem alternativa na busca do ouro, o jovem Thiago Braz deparou-se com um possível empate, uma prata ou um nada. Veio-lhe de repente um daqueles pensamentos históricos de Napoleão Bonaparte: “Aumentem o sarrafo!”. Uma coisa jamais vista numa Olimpíada, surpreendeu o mundo. E o francês... O francês campeão que se achava o máximo e desdenhava o brasileiro, morreu duas vezes na descida inglória.
E nós, tristes moradores de Deus, vamos seguindo na passividade de sempre; aguardando que os ladrões indiquem o caminho pátrio em que devemos seguir. Pobre povo brasileiro, driblado o tempo todo entre a corrupção, a “gang” engravatada e a injustiça. Onde está a coragem para cortar a corda?



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sábado, 20 de agosto de 2016

A LENTIDÃO DAS PROVIDÊNCIAS

A LENTIDÃO DAS PROVIDÊNCIAS
Clerisvaldo B. Chagas, 20 de agosto de 2016.
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.563

ILUSTRAÇÃO (agricultura.gov.).
Desde o título de “Terra dos Carros de Boi” – escrito ainda hoje de várias maneiras – na era de 1960, que esse tipo de veículo tomou novo rumo. Completamente modificado no seu aspecto de vila, Santana do Ipanema demoliu o cenário antigo, em relação aos prédios do meio da rua e o calçamento de pedra bruta. Proibido de rodar com aros de ferro, para não desgastar os paralelepípedos, o carro de boi ressurgiu com rodas de pneus, usando a surpresa da criatividade. Todo o Sertão foi aproveitando à moda e alguns desses veículos foram chegando apenas até os arredores das cidades. As fazendas ainda usam o primitivo carro, que coalhavam as areias do rio Ipanema.
Na busca em dia de feira, ficamos de queixo caído, sem encontrar um único carro de boi em todos os recantos de Santana. Durante a festa da Padroeira surge a Procissão dos Carros de Boi, com cerca de 1.500 veículos chegados de vários municípios. Vamos procurar, então, o rumo das propriedades rurais. Enquanto isso, fomos à famigerada “Ponte do Urubu”, área central, válvula de escape do trânsito e desprezada pelas autoridades.
Estão ali às carroças de aluguel, puxadas por burras treinadas e compradas na região de Palmeira dos Índios. O burro de sela e de carga também vai desaparecendo na região, tendo a motocicleta, principalmente, como substituta. Somente a fêmea dos muares guia as duas rodas.
O maltrato aos animais puxadores de carroças, estão em todos os quadrantes sertanejos. Reina o vício de bater constantemente sem motivo, usado pelo carroceiro desde o adulto sóbrio, bêbado e ignorante até filhos menores condutores enraivecidos. Não surge uma só pessoa, um delegado, um juiz, um promotor, ninguém, absolutamente ninguém para abolir o relho escravagista e punir rigorosamente a esse desafio desrespeitoso e criminoso que afronta à sociedade.
Ê, meu Pai do Céu! Olhai para esse sertão velho sem porteira!



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quarta-feira, 17 de agosto de 2016

PÃO DE AÇÚCAR

PÃO DE AÇÚCAR
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de agosto de 2016
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.562
CRISTO EM PÃO DE AÇÚCAR. Foto; (viverbrasil).
Cidade ribeirinha de Alagoas, Pão de Açúcar é repleta iferente de Piranhas, encravada na própria descida do canhão sanfranciscano que vem desde o município de Delmiro Gouveia. Suavemente se chega a Pão de Açúcar formada em planície de aluvião. Cidade típica do rio é berço de músicos, pescadores e intelectuais. Visitada por D. Pedro II ainda carrega suas lembranças nos escritos e no prédio que abrigou o Imperador. Pela sua topografia é lugar ideal para o ciclismo e para as serestas inspiradas pelas águas do Velho Chico.
Chamada antes de Jaciobá (espelho da lua) depois de Penedo foi a principal entrada dos sertanistas vindos de Pernambuco. Era porto de referência de navios que navegavam desde Penedo, receptor e distribuidor de mercadorias. Pode-se se dizer que Pão de Açúcar funcionava como capital de toda a região.
A cidade é ótima para quem procura calma, descanso e cenários encantadores. Na sua economia se inclui o turismo regional de fins de semanas, mesmo descontando a temperatura, uma das mais altas do Brasil. Na sua história também se inclui episódios de cangaço, ficando muito perto da localidade onde foi dizimado o bando de Lampião – o valente que refugou invadir o burgo.
Passeio no rio de lancha ou canoa, banho nas prainhas que se formam com o assoreamento, pirão de peixe, caminhada até o monte onde foi esculpido o Cristo ou um pulo de barco até à Grota dos Angicos (Sergipe) são opções ao visitante. Por outro lado, a cidade possui larga avenida central e estreitas ruas com um casario tradicional que sempre desperta respeito e admiração.

Nas imediações existem alguns sítios arqueológicos e um artesanato que ainda resiste graças a persistência de mestres e mestras de fama regional e estadual. Pão de Açúcar é a segunda cidade alagoana para quem desce o rio São Francisco. E como bem atesta o velho chavão: terra de mulher bonita e homem valente.

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terça-feira, 16 de agosto de 2016

OS VICIADOS

OS VICIADOS
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de agosto de 2016
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.561


Cremos que o amigo leitor já tenha ouvido falar em político raposa, carcará e urubu. São várias as categorias dessa gente. O político urubu, também chamado hiena, atua somente uma vez. Ele exerce uma profissão qualquer e aguarda pacientemente a época das eleições. Após estudar o ambiente, dirige-se a um prefeito ou candidato ao cargo, a um deputado estadual... E oferece seus serviços. O currículo atesta que foi candidato a vereador, várias vezes, jamais se elegendo. Tornou-se viciado pelo dinheiro sujo em cada pleito.
Chora para ser candidato a vereador mais uma vez, para vender os seus mesmíssimos votos (geralmente entre 100 e 200). Não deixa de ser cabra corajoso, admitimos, pois existe raposa que não obtendo os votos prometidos, manda o político urubu para uma surra de juntar bicho ou coisa pior.  Na última eleição à prefeito no Sertão de Alagoas, a exploração variava entre cinco a setenta mil reais. Os urubus de cinco, nunca conseguem mais do que isto. São os “perrengos” mais viciados de todos; o que tapeia a própria  família e mais meia dúzia de amigos. Os de setenta mil ou em torno disso, são as hienas (que comem os restos da carniça) maiores. Aquelas que têm faixa acima dos quinhentos votos.
O que vimos são as conversas de bastidores e afirmações nos cochichos das ruas.  
Fora os falsos candidatos a vereador – os urubus – outra categoria nojenta é a do pretenso candidato a prefeito consciente que jamais terá condições de chegar. Pressiona antes das convenções para ser chamado como vice de alguém. Não colando o golpe, registra sua própria candidatura, certo que mais à frente será chamado por um dos candidatos robustos para abrir da candidatura por determinado valor.
Não podendo levar a verba diretamente dos cofres públicos, pelo menos mete as unhas nos que podem.

E o pior de tudo: ninguém faz política no interior do Nordeste sem os urubus.

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domingo, 14 de agosto de 2016

CARA DE GRINGO

CARA DE GRINGO
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de agosto de 2016
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.560
PRAÇA DEODORO. Foto: (Clerisvaldo B, Chagas).

A capital de Alagoas, não é só beleza e trabalho. Nos costumes gastronômicos do interior, o amigo vai pegando o roteiro das coisas em Maceió. Tudo tem, basta descobrir onde porque os alimentos desejados, os mais populares, não se concentram. Quer aquela famosa farinha de Sergipe? Vai encontrá-la somente na feirinha do Tabuleiro. A macaxeira estar preenchendo vários lugares, mas antes era encontrada na pracinha que passou a ser chamada de Praça da Macaxeira, no Barro Duro. Frutas à vontade, inclusive as tradicionais do interior, procure na Rua das Árvores (Rua Augusta). Muitas são as bancas que vendem coco verde, acerola, mamão, abacaxi, laranja e muito mais. Caso esteja querendo jenipapo, procurar o mercado público e se informar, pois somente uma senhora vende o jenipapo vindo da região de Atalaia. Frutas também são encontradas na calçada do Edifício Breda, no Centro, chegadas de Petrolina, área de irrigação. É lugar aonde chegam os primeiros cajus.
Tapiocas e outros produtos à base da mandioca ou macaxeira podem ser encontrados no início do chamado Litoral Norte. Broa, suspiro, cocadas e várias guloseimas, são vendidas em barracas, na Massagueira, já no município de Marechal Deodoro, logo após a ponte Divaldo Suruagy. São feitas pelos próprios moradores que as expõem em barracas de pano, ao longo da rodovia, mas em lugar concentrado.
O caso de um limão que preste, é difícil encontrar o próprio fruto quanto mais à qualidade: só mesmo no interior ou talvez o limão chamado taiti, em supermercados. O caldo de cana está em algumas esquinas nas imediações da Rua Augusta e, caso o amigo não valorize demais a higiene.
É possível vestir um bermudão à americana e sair por aí provando o sabor das coisas, como um sujeito endinheirado.
E se você é bom motorista, ponha freio no bolso porque a exploração é de lascar, principalmente se o vendedor cismar com sua cara de gringo.



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quinta-feira, 11 de agosto de 2016

PAIS, AVÓS E NETOS

PAIS, AVÓS E NETOS
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de agosto de 2016
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.559

Foto: (Clerisvaldo).
Eita véi, vamos seguir à moda! Pressionados pelo carinho de avós, fomos prestigiar a festinha do nosso neto Davi na escola da Ponta Verde. Ê rapaz, coisa boa danada para quebrar a rotina com outros cuidados. A atenção para os pais foi ótima, mas também havia pai dos pais e mãe das mães, no ruidoso evento. Pense compadre, voltar a ser criança no meio daqueles pingos de gente! Danadinhos!!! Fizeram tudo como havia sido ensaiado; cada turminha chegava pela ordem e fazia suas apresentações. Os pais corujas cercavam os filhos e não cansavam de aplaudir sob imensa bateria de fotos em todos os ângulos.
Ali pertinho do mar de Maceió, a maresia salga e batiza a essa geração que vem aí, exigindo um mundo melhor de se viver. E tudo passa pela cabeça dos mais velhos, desde os tempos das escolas iniciais até a guia dos mais jovens. E aquele que ainda traz a humildade à flor da pele, não deixa também aprender novas lições ao entrar nos batentes da escola. Estão lá, escritas nos cartazes, nos panfletos, na lucidez das mestras, para todos... Até para os corações endurecidos.
E ainda no meio daquela gostosa algazarra, vamos no deliciar com o lanche oferecido, com as músicas e com os presentes ofertados pela gurizada.
A comemoração do Dia dos Pais parece mesmo uma boa ideia que faz esquentar os corações. Não podendo ir à festa dos dois netos, pela distância, pelo menos se mede um bom tamanho chegando a um deles. E vamos ficando mole, mole, pois nada mais dobrável de que avós.
E os meus netos Davi e Guilherme irão trilhar caminhos que somente Deus os conhece, mas a confiança e a fé dos mais velhos chegam juntas ao Mestre dos Mundos.

Afinal, Deus é Deus! Louvemos o Dia dos Pais.

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quarta-feira, 10 de agosto de 2016

MARAVILHA

MARAVILHA
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de agosto de 2016
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.558

Foto: (correionotíciablog).
Maravilha, cidade sertaneja de Alagoas, já pertenceu a Santana do Ipanema. Geograficamente chamada de cidade brejo de pé de serra, já teve nome horrível, mas reverteu para sua melhor sorte. Situada no sopé da serra da Caiçara – uma das mais altas do estado – tem arranjado sensível melhora no seu aspecto físico. Ligeiramente inclinada favorece o escoamento das águas pluviais das suas chuvas de relevo. Maravilha não é tão grande assim e compete com Ouro Branco, cidade vizinha assentada em amplo lajeado de granito. Seu povo é tão bom quanto atesta o nome da cidade.
Após a descoberta em sítio arqueológico da preguiça gigante, a cidade tomou gosto pelo desenvolvimento, embelezou-se e ostenta em seus jardins públicos a imagem da preguiça gigante como monumentos. Isso tem atraído milhares de visitantes curiosos em torno das pesquisas realizadas naquele município. No livro “Lampião em Alagoas”, os autores Clerisvaldo B. Chagas e Marcello Fausto, falam sobre as incursões que Virgulino Ferreira da Silva fazia naquela região, antes da fama adquirida. Foi por ali que aconteceu a morte de um dos irmãos Porcino, bando em que Ferreira havia se metido quando veio morar nas Alagoas.
O seu maior cartão de visita, porém, continua sendo a imponente serra da Caiçara que se estende por outros municípios. Atualmente a montanha também é chamada de serra da Maravilha e, contemplar fatia do sertão do alto de seu lombo é um privilégio inesquecível.
Para se chegar a “Terra da Preguiça Gigante”, indo da capital para o Sertão pela BR-316, é só passar à cidade de Santana do Ipanema e logo, logo, estará em Maravilha com seus barzinhos noturnos aconchegantes. Daí é só admirar o seu museu e respeitar os seus monumentos, de resto, é maravilha pura!...




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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

SEU OSÉAS, TEM PUXA?

SEU OSÉAS: TEM PUXA?
Clerisvaldo B. Chagas, 08 de agosto de 2016
Crônica 1.557

Foto: (Cozinnhanatureb)
Da feira não gostava, mas amava os seus produtos. Afinal, quem do sertão nordestino rejeita um “tijolo” de jaca, de raiz de imbuzeiro, uma broa macia ou o quebra-queixo com amendoim e castanha? Pode também ser um bolo de mandioca ou a malvada morosilha. Mas lá no Ginásio Santana não havia nada disso, somente na feira do sábado, camarada. Perto do Ginásio havia sim, a bodega de Seu Oséas na esquina do Bairro Monumento. E entre uma licença ou outra do Curso de Admissão, vamos nós à esquina do homem que vendia puxa. A puxa nada mais era de que um doce comprido, torcido e enrolado em papel manteiga. Por um lado parecia um macarrão, cuja espessura não chegava a um dedo mínimo. Não era doce demais e ligava nos dentes que era uma beleza. E assim, na falta das guloseimas da feira, a bodega fazia a felicidade da meninada.
Tem puxa, seu Oséas?
Ora, após tanto tempo fui descobrir numa banca em Maceió, a tal da puxa santanense. Estava lá, bem no cantinho do tabuleiro, para minha incredulidade. Rodeei a banca, rodeei a mulher e, com vergonha de estar enganado apontei com o dedo perguntando o que era aquilo. A lembrança trazia a voz suave do homem da bodega, a marca de uma meia lua na face e um bigode caprichado.
Na banca, era o mesmo o produto suspeito, igual nomenclatura, mas não sei afirmar sobre o sabor. De repente me vi indagando ao bodegueiro educado de Santana:
- Seu Oséas, tem puxa?
A sua resposta lembro claramente. Mas havia seu sogro que às vezes despachava também. Agastado, nervoso, puxando uma perna, talvez não desse resposta igual ao titular. Como vivia sempre a remoer a situação do país, imagino uma resposta nunca dita, mas...
- Seu Artur, tem puxa!
- Puxa mesmo, acabou, mas tem ladrão feito à peste!



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domingo, 7 de agosto de 2016

MÊS DE AGOSTO


MÊS DE AGOSTO
Clerisvaldo B. Chagas, 08 de agosto de 2016
Crônica 1.556
À memória de meu pai

Ilustração (aquietrenosblog.)
Agosto vai furando o tempo com sinuosidades e superstições.  Mês dos cachorros doidos, da pesca ruim, das tragédias políticas e dos desgostos. Cada um com suas convicções guardadas repletas de experiência. No Sertão, vão-se as últimas “tamboeiras” de um inverno triste, cansado, extenuado. Um verde pálido que refresca os olhos, mas destempera a alma. Na capital, nuvens passageiras que derramam valsas nas manhãs indecisas. E os sonhos persistem entre edifícios, vielas e colinas. Montados nas selas de agosto, poetas correm no prado entre turquesas e esmeraldas. E os ares de mar se alevantam e se bandeiam rumo aos agrestes, às matas, aos sertões. Perscrutando os rumos, carcarás sobrevoam os quipás, alastrados, facheiros e mandacarus. Rumo norte, rumo sul, folhas secas cabriolam, sopradas, empurradas, degustadas pela brisa vespertina. Na bucólica paisagem sertaneja, risca os ares o som irritante e vitorioso de gemidos. Gemidos de cocões arrochados de carro de boi.
Na folhagem escura do juazeiro, soluça a fogo-pagou. Ergue-se o mocó em duas patas farejando os arredores. E pelas quebradas... Ah! Pelas quebradas balança as galhas das faveleiras com o aboio tristonho do vaqueiro. Calam-se aves e pássaros a ouvir os lamentos do encourado. O céu muda constantemente os cenários sobre vales e serranias. Pasta feliz o gado na beira do açude indiferente às previsões do mês. No final do cercado, lá no final do cercado, na matinha de angico e catingueira murmura um riacho cristalino louvando à fonte.
A mão de Deus também afaga com a mesma meiguice, meu pai, o mês em que nascestes e dele sentia orgulho. É o próprio homem quem estigmatiza o dia, o mês, o ano.

Parabéns Manoel Celestino das Chagas, estejas onde estiverdes, pois a outra dimensão também deve ter o seu mês de agosto.  

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sábado, 6 de agosto de 2016

NA LUTA GEOGRÁFICA

NA LUTA GEOGRÁFICA
Clerisvaldo B. Chagas, 06 de agosto de 2016
Crônica 1.555

FEIRA ORGÂNICA EM MACEIÓ. Foto: (Clerisvaldo B, Chagas).
Numa luta silenciosa e solitária, continuamos a trilhar o mundo encantado da Geografia. Ontem foi a vez dos tradicionais mirantes de São Gonçalo e de Santa Teresinha, onde o deslumbrante cenário maceioense cabe no bolso. Depois, uma visita à Feira da Agricultura Orgânica, no pátio da Secretaria da Agricultura. Convite para se chegar até Branquinha e União dos Palmares, o que será feito em breve. Entre o computador e o campo, uma visita bem proveitosa à Mata Atlântica de encosta e um pulo anunciado ao riacho Catolé, já no município de Satuba, em área ambiental protegida até Fernão Velho.
A poluição e o desmatamento não escapam em lugar nenhum. A falta de consciência ou o desrespeito do povo faz-nos encontrar lixo doméstico nos mais imaculados lugares. O cuidado com o meio em que vivemos, ainda está longe do que sonhamos. Usando todo tipo de transporte, menos o trem, ainda, tiramos lições nos próprios coletivos. Uma senhora de idade que viajava ao meu lado, pelo celular avisava à família que estava com muitas dores. Depois puxou uma bala que notei pelo rabisco do olho. Confeito na boca, a senhora estende o bração, passa pelo meu nariz e joga o invólucro em plena Avenida Fernandes Lima. Um simples papel que pode custar uma vida ou mais ao motorista que o recebe. Reclamar para quê? Para gerar uma briga com a vovó?
Retirado os excessos das incursões, o miolo preenche as páginas do trabalho, sofrido, profícuo e de futuro incerto, mas realizado.
E driblando todas as nuances da Geografia Humana, os espaços são preenchidos com rios, serras, montanhas, vales e serrotes. Em breve o mar ficará para trás e um ser de duas pernas penetrará pelos cheiros das matas que se salvaram... Por enquanto.



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