quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

 

COODENADAS

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de fevereiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.188

 



Na gestão municipal entre 1956-1960, foi construída em Santana do Ipanema, uma simpática pracinha que fez muito sucesso entre o seu povo. A citada pracinha foi localizada na vizinhança de onde hoje está situada a Caixa Econômica Federal. O gestor da época era o Prefeito Cultura, Hélio da Rocha Cabral de Vasconcelos, chamado simplesmente Hélio Cabral. Os bancos da pracinha eram de granito bruto, relativamente, pequenos e sem encostos. Os canteiros continham representações da caatinga como facheiros e mandacarus. Recebeu a denominação, pelo próprio prefeito de Praça das Coordenadas. E as Coordenadas Geográficas do município estavam estampadas também num bloco de granito cercado pela vegetação do jardim.

A pracinha muitas e muitas vezes chamadas pelas mulheres de encantadora, recebeu mais à frente, a estátua do jumento como homenagem ao que o bicho bruto ajudou tanto a cidade a se desenvolver transportando água das cacimbas do rio Ipanema para as residências. Muita fotografada, tanto a pracinha, antes, quanto depois já como a estátua ao jegue e ao botador d’água. Calhou que um jumento preto, de verdade, tipo Canindé, de também ser fotografado ao subir à praça e meter-se no meio da vegetação e, de fato, correu mundo numa foto em que foi exposto. Lá mais à frente ainda, a pracinha deixou de existir, o buraco que ficou não serve para nada e o santanense perdeu a Praça das Coordenadas.

Como Santana não colocou as peças da praça nem no museu nem em depósito de arquivo público, tudo sumiu. Vale dizer para os mais novos que não existe nenhuma praça original na cidade. A única era a Praça Emílio de Maia, logo descaracterizada e apelidada, após, de Praça do Toco.

PRACINHA DAS COORDENADAS, JÁ EM DECADÊNCIA. (FOTO: DOMÍNIO PÚBLICO).


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terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

 

TURISMO EM SANTANA

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de fevereiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.186

 



Um roteiro turístico na Rainha do Sertão, bem que poderia ter início com a visita ao Centro da cidade, mostrando-se a Estátua ao jegue, Igreja Sagrada Família, o Quarteto Arquitetônico do Monumento, o quarteto Arquitetônico do Comércio e o Museu.  Na periferia Leste, Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, na periferia Norte, o Mirante do Serrote Pelado e o açude Bode; na periferia Sul, os mirantes serrote do Gonçalinho e do Cruzeiro e o Complexo: Igrejinha das Tocaias, Reserva Tocaia, Represa Isnaldo Bulhões e serra Aguda. Logicamente os guias deverão estar muito bem informados do histórico de cada uma dessas parcelas que podem gerar riquezas para o município. Naturalmente tudo tem que haver planejamento para que o efeito não saia ao contrário.

Quanto a uma tal Rota do Cangaço, ideia minha há muito tempo, não teria muito o que mostrar, porém, poderia iniciar com o Ginásio Santana que era o quartel sede das forças volantes, inclusive das três juntas que mataram Lampião, em Sergipe. Ali foram presos inúmeros cangaceiros e recebeu cabeças decepadas dos bandidos. Ainda poderia se estender com duas visitas, uma no sítio Remetedeira, lugar do cangaceiro Gato Bravo e Povoado Pedra d’Água dos Alexandre, lugar da cangaceira Maria de Pancada (do cangaceiro Pancada). Afora isso, conexão com Pão de Açúcar e Piranhas, foco mais forte de cangaceiros no Sertão. Seria possível a formação do Museu do Cangaço, que muito demoraria para ficar pelo menos 80%.

Poderia ser incluído o turismo de paisagens e de conhecimento, quando a região serrana poderia ser explorada como os contrafortes do Planalto da Borborema com serras famosas tais a do Poço (505 metros de altitude), Pau Ferro, Camonga, Gugi, Caracol e outras. E com o maior acidente geográfico do Sertão, o rio Ipanema. A Rainha do Sertão é riquíssima em Natureza e, bastaria seus mirantes naturais para assegurar com galhardia um turismo doméstico, um turismo regional e um turismo nacional. Toda essa riqueza está dormindo e que para acordá-la é preciso muita habilidade para não matá-la no seu despertar para o mundo. Turismo de verdade é galinha dos ovos de ouro. Como você trataria uma galinha dos ovos de ouro?

SERRA DA CAMONGA (FOTO: B. CHAGAS).

                                                                  


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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

 

MARACANÃ

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de fevereiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.185

 



Você sabe a história do Maracanã, maior entroncamento de Santana do Ipanema? O lugar também é chamado Largo do Maracanã. Conversor e dispersor de sete ruas, inclusive, a BR-316, em duas etapas. Está situado no Bairro Camoxinga, o maior da cidade, sendo o ponto de referência mais falado de Santana do Ipanema. O seu rumo Oeste leva ao Alto Sertão, o seu lado Leste conduz a Maceió. Juntamente com a Rua corredor Pedro Brandão e a Rua Santa Sofia, forma o segundo maior Comércio da cidade. Possui padarias, farmácias, restaurante, bares, lanchonetes, Salões de sinucas, barbearias, e diversos outros serviços que proporcionam ao Bairro Camoxinga, uma das melhores qualidades de vida da urbe.

Raras são as pessoas que conhecem sua origem. Vejamos, segundo o livro O BOI, A BOTA E A BATINA, HISTÓRIA COMPLETA DE SANTANA DO IPANEMA, nossa autoria: O dono de farmácia, Hermínio Tenório Barros, construiu um prédio no lugar exposto acima. Nutrindo admiração pela beleza do estádio carioca, mandou colocar na fachada o nome Maracanã. Isto aconteceu no dia 3 de fevereiro de 1960.Por problemas de apertos financeiros, o prédio foi a leilão, sendo arrematado pelo capitalista José Quirino, na verdade José Gonçalves dos Santos, o comerciante fundador da Rua José Quirino, depois, Prof. Enéas Araújo. José Correia Cabral comprou o prédio a José Quirino e passou para o comerciante Jugurta Nepomuceno. Este, por sua vez, entregou a construção a Francisco Correia Cabral, conhecido por “Neguinho”, filho de José Correia Cabral, coisa de protocolo, seguindo os transmites legais.

Neguinho implantou uma Churrascaria que recebeu o mesmo nome que estava na parede, ficando “Churrascaria Maracanã”. Daquele dia até o presente momento todo o entorno passou a ser chamado “Maracanã”.

À venda por muito tempo, finalmente a churrascaria e dormitório, Maracanã foi vendida há pouco tempo e transformada numa clínica médica. A churrascaria deixou de existir, porém o nome Largo do Maracanã, está profundamente enraizado e virou eterno.

Única informação escrita da história.

Viva Santana!

CLÍNICA MÉDICA NO LUGAR DA CHURRASCARIA MAACANÃ. (FOTO: B. CHAGAS).

 

 


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domingo, 9 de fevereiro de 2025

 

 

SANTANA E O TEMPO

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de fevereiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.185



 

O tempo invernou por alguns dias em Santana do Ipanema. A chuva que chegou com essa “invernada”, foi molhadeira e mansa. Em alguns lugares choveu um pouco mais forte e em outros muito pouco. O último sábado, o céu já amanheceu quase limpo, mas a umidade no Médio Sertão, continua alta. A temperatura durante as noites, chegam à 24, 23. Tem dias que venta o dia todo lembrando o nosso antigo mês de novembro, porém, dias é uma calmaria só. Com as últimas chuvadas, a vegetação ficou esverdeada sim, mas ainda não atingiu o verde normal de tempo de chuvas abundantes. Mas, de qualquer maneira, o nosso Sertão cria alma nova, com o último verde conquistado. Os que teimam em conhecer o pedestal e a estrutura onde será colocada Santa Ana, na Serra Aguda, sobem, filmam e fotografam a nova paisagem daquela região.

Os que visitam a Represa Isnaldo Bulhões, no riacho João Gomes –  entre três e quatro quilômetros do Centro – dizem maravilha a respeito do volume d’água. A barragem está sangrando com seu barulho característico, que para os ouvidos do turista é uma orquestra muito bem ensaiada. Quanto ao rio Ipanema, recebeu pouca água de Pernambuco. A mesma coisa se fala do seu afluente riacho Camoxinga que, sempre coincide às grandes cheias do Ipanema com as suas, quando fica represado, causando muitos prejuízos por dentro da fatia urbana por onde escorre.  Mas como a paz em rio e riachos continuam apenas proporcionado alegria e mais alegria, sem prejuízo, que continue assim com essa intercalada entre Sol quente e muita umidade.

Surgem dois casais de rolinhas brancas, enormes, parecendo juritis e, vão se arranchando por aqui por perto, No pau-brasil, nas acácias da rua, e tomando banho de Sol montadas na fiação. Os anus-pretos sumiram. Garças pantaneiras já estão frequentando as plantas aquáticas do rio Ipanema e o quero-quero (espanta-boiada) sempre estão a sobrevoar Ipanema, Represa e o açude do Bode. E se você quer saber, é a Natureza toda se manifestando e louvando à vida. Estou escrevendo neste sábado, que está uma delícia para se andar pelos campos. E amanhã, domingo, deverá ser a mesma coisa com esse tempo agradabilíssimo. Choveu muito entre Olho d’Água das Flores e Senador. Mundo Verde.

Como é bom ser nordestino!

TEMPO EM SANTANA, ONTEM, DOMINGO. (FOTO: B. .CHAGAS).

 

 


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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

 

FOI ASSIM

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de fevereiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.184

 



Em Santana do Ipanema, a Rua José Amorim (Barulho), foi formada, principalmente, por feirantes; o bairro Camoxinga expandiu-se por causa da ponte Padre Bulhões e do Cemitério Santa Sofia; o Bairro Lajeiro Grande formou-se, graças a uma promessa com o padre Cícero; o Bairro Floresta foi ocupado pela emigração do homem rural, cujo valor dos terrenos para isso contribuiu; a Avenida Coronel Lucena, foi ocupada por comerciantes e fazendeiro; a rua Antônio Tavares, ocupada pelos artesãos; o Bairro São Pedro foi ocupado pelos ruralistas que chegavam do Leste, principalmente da região Maniçoba/Bebedouro; a Rua Tertuliano Nepomuceno, foi ocupada por baixos meretrícios e bares; O Bairro barragem foi ocupado pelos cassacos (trabalhadores braçais do DNOCS); o Bairro Clima Bom, formou-se do Bairro Barragem.

Quem fez a primeira casa do Aterro, foi Luiz Fumeiro, quem fez as primeiras casas da Avenida Nossa Senhora de Fátima, foi Luiz Fumeiro. Quem fundou o time Ipiranga, foi Luiz Fumeiro, quem fundou o bloco dos cangaceiros foi Luiz Fumeiro. Quem botava água nos tanques da Empresa de Água e Luz, para refrigerar o motor que abastecia a cidade, (três tanques enormes de cimento) era Daniel Manoel Filho, a quinhentos réis cada carga de jumento. Quem era uma espécie de zelador da Empresa era Antônio da Empresa (sogro de Juca Alfaiate). Quem cuidava do grande motor alemão era o cientista Agenor. Quem recebia as mensalidades da conta de luz, era o senhor Valdemar Lins, um dos sócios da empresa, desde 1921.

O motor alemão que abastecia a cidade, funcionava em um prédio preto e imundo cheio de óleo pelas paredes, na Rua Barão do Rio Branco, depois foi construído o prédio na Avenida Nossa Senhora de Fátima para este mister com três grandes repartições. Grande salão do motor, Sala de pagamento e almoxarifado, e ainda três tanques d´água, gigantes, no bequinho com um portão verde, que dava acesso aos aos degraus de três tanques. Ocioso após a pane no motor alemão, o prédio foi ocupado como Fórum. Somente depois passou a ser a atual Câmara de Vereadores Tácio Chagas Duarte. Já os Correios, funcionando em Santana desde o Século XIX, construiu sua sede própria no Bairro Monumento em terreno cedido pelo, então prefeito Firmino Falcão Filho.

INAUGURAÇÃO DA EMPRESA DE LUZ ENTRE 1953-1956. (FOTO: DOMÍNO PÚBLICO).

 

 

 

 

 


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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

 

PRIMEIRA MÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de fevereiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.183



 

Falo principalmente aos santanenses da terra e aos que estão espalhados pelo Brasil, sobre um detalhe da nossa história tão carente de pesquisadores. Até chegar o ano de 1966, quando chegou água encanada em Santana do Ipanema, todo o serviço de abastecimento do líquido nas residências, era feito através de jumentos com ancoreta de madeira e seu tangedor, chamado Botador d’água.  A água era retirada das cacimbas escavadas no leito seco do rio Ipanema. Mais de cem botadores d’água, prestavam esse serviço em toda a cidade. A água do rio Ipanema era salobra ou  azinhavrada, como disse o escritor Oscar Silva. Quem queria uma água de melhor qualidade pedia que o botador d’água trouxesse água do sítio Marcela, na região do sítio Água Fria, cujas cacimbas no leito do rio, era uma maravilha. Era a preferência dos ricos que podiam pagar melhor.

Nunca vi até hoje ninguém ter escrito quanto custava uma carga d’água, apesar de tantas repetições do que já foi amplamente divulgado. Novamente, venho em PRIMEIRA MÃO dizer aos santanenses que uma carga d’água das cacimbas comuns do rio, custava quinhentos reis. Claro, se fosse duas cargas seria destões, isto é, dez tostões. Mas se fosse uma carga d’água da Marcela, se pagaria dois mil réis, isto é quatro vezes mais. Kkkkkk (Internet). Quer saber a fonte? Acabo de entrevistar o último botador d’água da cidade, com quase 90 anos e hoje, meu historiador oral: Daniel Manoel Filho.

Atualmente, embora não seja amplamente divulgado, existe uma empresa explorando água mineral do sítio Água Fria. Estamos comprando e usando essa água da Marcela, agora industrializada e vinda em garrafões, sem diferença nenhuma de preço de outras águas vindas de outras partes do estado. Agora, cada santanense que viveu a época de água das cacimbas, que tenha a lembrança do seu botador d’água particular. Os da minha casa mesmo não era o que é representado na estátua do jegue. Mas sim os dois irmãos gêmeos Elias e Enoque e o preto de avançada idade, chamado Quixaba e, seu filho.

Ê Sertão!

Orgulho Nordestino.


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terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

 

VISITEI

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de fevereiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.182



 

Você já ouviu falar no livro documentário SANTANA REINO DO COURO E SOLA. O único livro da cidade que fala sobre o auge dos Curtumes, das fabriquetas de calçados, dos sapateiros, dos artesãos do couro e de uma época áurea de Santana do Ipanema, graças a minha vivencia da época e o complemento de muito mais de 50% por do cidadão, Daniel Manoel Filho que no momentos de várias entrevistas a mim concedidas, contava com 84 anos de idade, Um homem que eu só o tinha visto na minha infância e que trabalhou em todos os curtumes de Santana, falando de cátedra o que tem no livro, Um livro de poucas folhas, mas de uma riqueza cultural enorme com detalhes que impressionam e ainda o único sobre esses assuntos. Não existe na cidade uma só palavra impressa a respeito do que abordamos. Livro relíquia.

Pois bem, voltei à casa do senhor Daniel Manoel, para que esse historiador oral, me contasse detalhadamente sobre dois episódios de violências, acontecidos na área do livro e que foram de enormes repercussões na época. Na pesquisa anterior não tive coragem de registrar os dois fatos históricos do Bairro Maniçoba/Bebedouro, mas agora surgiu uma vontade súbita em fazê-lo e fui à casa de Seu Daniel que me detalhou ambos os casos. Estou pensando em inclui-los na próxima edição de SANTANA O REINO DO COURO E DA SOLA, com a narração exclusiva e detalhista do senhor Daniel.  E ainda surgiu um outro caso de violência naquela área, já registrado pelo nosso conterrâneo e saudoso escritor Oscar Silva.

Todavia, Seu Daniel que morava perto de todos os três episódios brutos, discorda em um ponto, do escritor. Ficamos de retornar à sua casa para esclarecimento do que realmente ocorreu. Nesse caso, como o livro é Documentário histórico, iremos colocar o texto do escritor Oscar e a correção de Seu Daniel Manoel Filho. Lembramos que apesar de alguns benefícios que o bairro já recebeu, continua sendo isolado pela nova situação rodoviária que o deixou na contramão. Só se vai ao Bairro Maniçoba/Bebedouro se tiver negócio. É como Fernão Velho, em Maceió. Mas chega a doer, a falta de pesquisadores sobre a nossa história municipal. Será que eu vou gritar sozinho:

“Viva Santana do Ipanema! ”

 HISTORIADOR ORAL, DANIEL MANOEL (FOTO: B. CHAGAS).

 

 


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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

 

DESERTO

Clerisvaldo B. Chagas, 3 de fevereiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.181

 



Geralmente o deserto é descrito como uma zona árida, com precipitações atmosféricas irregulares ou escassas, vegetação inexistente ou rara e relevo formado por determinadas rochas. O maior deserto do mundo é gelado que é a Antártida. Mas vamos falar no deserto quente. Na linguagem popular deserto é um lugar desabitado ou com raríssimos moradores humanos. Os solos costumam ser arenosos e grosseiros e esses lugares possuem uma grande amplitude térmica, isto é, são enormes as diferenças de temperaturas entre o dia e a noite. A fauna do deserto é bem diversificada, mas cada deserto no mundo tem suas características própria. Pode ser encontrado animal que existe em um tipo de deserto, mas em outro não.

Obs. Na crônica costumamos economizar espaço, sem obedecer parágrafos em mudança de assunto.

No sentido abrangente podemos encontrar nos desertos, animais como o Camelo, o dromedário, o antílope, a cabra, ratos, lagartos, cobras, aranhas, insetos, aves migratórias, gazelas, hienas ursos, marsupiais, lebres, cangurus e escorpiões. Um deserto pode ser muito extenso e ser conhecido por um nome geral, porém, por onde ele vai passando, vai recebendo nomes locais.  Se no deserto, pouco chove, se o deserto é pouco habitado, mas sempre tem aquela pessoa, cuja natureza pede muito pelo seu isolamento. Pessoas que sentem o prazer da solidão, assim como outras que da solidão têm medo. E as primeiras vão viver no deserto, numa caverna, numa loca de pedra, num ranchinho feito de lata, de terra, de qualquer coisa assim. Sentem um prazer enorme nessa condição de eremita.

Muito pior do que o deserto físico, é o deserto do coração humano. Quando o coração da pessoa se torna árido, seco, duro, sem amor, sem compaixão, sem o mínimo de afeto, pode concorrer com o Saara, com o Kalahari, com o Atacama que por também sentem certo não será negado o merecido troféu. Com certeza já estamos vivendo a Nova Era, tão falada lá atrás, porém, devido a influência forte dessa divisória, difícil fazer comparações entre os seres humanos, com tantos absurdos por eles provocados. O psicólogo, o analista, o observador atento, também sentem intensa dificuldade em decifrar essa mentalidade nova das últimas encarnações, para o bem ou para o mal.  Mas um deserto é sempre um deserto.

DESERTO (FREEPIK).

 

 

 


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domingo, 2 de fevereiro de 2025

 

O POVO E O MANDACARU

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de fevereiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.180

 



Entre as centenas de ditados populares do Nordeste, um deles diz em referência às pessoas não servidoras, aquelas que não gostam de servir, de fazer uma caridade, de fazer um benefício... Mandacaru não dá encosto nem sombra. Mas será mesmo que existem pessoas que não prestam para absolutamente nada? É verdade que Mandacaru nem dá sombra nem encosto, mas por outro lado, alimenta o gado na ocasião de secas, decora a fazenda com seu belo porte e ornamenta suas terras com as belas flores brancas que atraem insetos e pássaros e, por cima, ainda fornece o fruto arroxeado, diferente e comestível, também muito procurados pelos pássaros. Ainda bem que o povo, na sua sabedoria, não diz que a cactácea não presta para nada.

Mas, talvez, o Mandacaru tenha sido para mim o mais fascinante vegetal da caatinga. Já cheguei até, quando jovem, compor uma poesia comparando o mandacaru com um soldado sentinela do Exército brasileiro no seu posto de vigilância. Muito me impressionou um pé de Mandacaru quando de uma das minhas visitas à Reserva Tocaia. É que eu nunca tinha visto um Mandacaru daquele tamanho. Calculei em cerca de 15 metros o bichão que me pareceu estar no leito seco do riacho Salgadinho, curtíssimo afluente do rio Ipanema, pela margem direita. Os mais antigos o chamavam de riacho Joel Marques, mas confesso que jamais vi outro mandacaru daquele tamanho, sequer em fotografia. Eu diria que a altura média do mandacaru, gira em torno dos cinco metros.

E como não poderia deixar de ser, estaremos no dia 14 de março lançando os nossos 4 mais novos romances do ciclo do cangaço e, entre eles, DEUSES DE MANDACARU. Este já foi submetido à crítica literária onde alcançou grande sucesso em site brasileiro.  Portanto, aguardamos você santanense que está no Recife, Maceió, Palmeira dos Índios, Arapiraca...  Para uma noite de encontro com o Autor e seus personagens, possivelmente na Câmara de Vereadores em Santana do Ipanema, segundo convites que serão oficializados. Entre outras coisas maravilhosamente boas, você ainda descobrirá em sua leitura profunda, a causa do título regionalista e místico. Um grande cantor da terra será convidado para animar a nossa noite que irá para o capricho da organização para lhe receber com a cortesia que você merece.

 

 

 


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quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

 

ASSANDO CASTANHA

Clerisvaldo B. Chagas, 31 de janeiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.179

 



Pense numa coisa divertida: assar castanha na zona rural, nos terreiros das fazendas. Tem um certo perigo, bem que tem, mas com a devida cautela à frente podemos nos divertir bastante. E você que é da capital, criado dentro de apartamento e desconhece a coisa, acredite: basta um bocado de castanha de caju, uma lata velha e vara comprida para você enviar para bem longe o estresse do cotidiano. Como foi dito, um bocado de castanhas – não verdosas – de preferência já secas pelo Sol, uma lata velha, de preferência comprida e não muito rasa, uma vara comprida e uma trempe, isto é, três pedras no chão onde você faz o fogo e coloca a vasilha com as castanhas. Depois é só se afastar, aguardar um pouco e começar a mexer as castanhas com a vara comprida. Isso porque a medida que o fogo vai assando as castanhas, elas, vão realizando pequenas explosões, espirrando o azeite no entorno.

Demora um pouco para se chegar ao ponto, mas sempre tem por perto pessoas experientes para o toque do Tá bom. Cessam as pequenas explosões, as castanhas ficam da cor de carvão. E para coletar essas castanhas, uns jogam areia no interior da lata, ainda no fogo, e joga a lata para fora da trempe com a ponta da vara virando a vasilha. Outros, viram a vasilha primeiro, espalhando castanhas por todos os lugares e aí acabam de apagar possíveis chamas nos frutos com a mesma areia do terreiro. É prazeroso ouvir os ais de quem estar mexendo as castanhas, quando explode com o azeite. Quem quer azeite quente em sua pele? Porém, o melhor de tudo é quando as castanhas esfriam e você pega uma a uma e com uma pedra, um macete ou qualquer outra coisa, vai quebrando a casca vendo e degustando a castanha inteira, bonita, apetitosa e sadia.

Caso você tenha paciência e esperar mais tempo, poderá encontrar mais facilidade em retirar a pele da castanha. É amigo, é amiga, depois que os médicos disseram sobre as propriedades medicinais da castanha, a bichinha passou a sexta marcha de preços e deve estar custando nas feiras livres, mais de 50,00 o litro. Era essa a antiga medida das feiras nordestinas. Os fazendeiros costumam vender as castanhas e, o caju, desvalorizado, apesar de ser uma riquíssima fonte de Vitamina C, é jogado para o gado como ração. É ou não é divertida a tarefa como lazer?

Cajueiro é uma das árvores sagradas do Sertão. E para quem não sabia, o fruto é a castanha e não o caju.


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terça-feira, 28 de janeiro de 2025

 

CEPA

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de janeiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.178

 



E em Maceió nada foi fácil dentro daquele maravilhoso terreno de massapê que apontou para o futuro de muita gente. E víamos aquela imensidão de terras sendo ocupada aos poucos dando porvir a juventude estudiosa. Mas depois de tantos sacrifícios do estado chega a dar pena em se observar quanta solidão e nostalgia que chegaram com os efeitos físicos e psicológicos das cavernas provocadas pela BRASKEN. Se não fui totalmente feliz no Colégio Moreira e Silva, por conta de haver um abismo entre os humildes e os bundas-arrebitadas, mas aprendi muito na eficiente escola do governo na época. Juntou a pandemia com as minas e o tempos ficaram mudados numa nostalgia sem fim, na região do CEPA, principalmente para os que ali conviveram a algumas décadas.

Estive por ali algumas poucas vezes nos últimos tempos, entre elas, uma por causa do cabuloso censo da Educação, outra pela   proximidade da gráfica onde costumo imprimir meus livros. E a gráfica, na região do CEPA, demonstrava a mesma tristeza do vizinho. Rua longa sem um pé de pessoa transitando e muito lixo acumulado nas sarjetas. Gente! Não é nenhum tipo de saudosismo, mas uma espécie de sensação de caos, de ruínas, de final de tudo. A um passo, apenas, Avenida Fernandes Lima (governador na década de 20) com movimento febril parecendo não haver dois mundos no mesmo espaço. E o mundo inteiro, na cidade e no cam po houve essa transformação inexplicavelmente psicológica. Porém acredito ter atingido com maior força, indivíduos maduros e idosos porque viveram as outras décadas.

Mas voltando ao miolo da questão, estudamos sempre com um objetivo à frente. Não sei se os bundas-arrebitadas do Curso Médio alcançaram seus objetivos, mas, com muita luta, com muita garra, com muitas renúncias, alcancei plenamente o que procurava. A bem da verdade, hoje aposentado, procuro saber vez em quando de algum colega merecedor da minha atenção. E dos que marcharam comigo, não no CEPA, mas no Ginásio Santana, gostaria sim, de saber se todos os que ainda estão vivos, alcançaram seus objetivos. O jumento é bom, o homem é mau (Luiz Gonzaga). Escola é coisa boa, mas quem ensina mesmo é a vida.

Um abraço do tamanho do seu terreno, CEPA!

Lenços brancos, lenços brancos...  Lenços brancos.

 

 

 


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segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

 

NEGRO PAULO

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de janeiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.177



 

Depois de muitos e muitos anos sem notícias de Negro Paulo, encontrei-me com ele por acaso numa repartição pública da cidade. O homem me reconheceu e conversamos um pouco, quando aproveitei para pedir informações sobre o santo do milagre de promessa feito por seu falecido pai. Milagre este que o levou a construir um oratório no cume da Pedra do Sapo, margem direita do rio Ipanema. Escadaria de concreto e oratório também. Nisso falei por várias vezes em meus trabalhos literários. Os vândalos profanaram o oratório e roubaram o santo da promessa que fiquei sabendo através de Negro Paulo que era uma imagem grande de São José. A Pedra do Sapo marcava para nós a intensidade das cheias do rio Ipanema. O pai de Negro Paulo também foi resgatado no nosso romance recente ainda inédito, AREIA GROSSA. Zé Preto, Manganheiro era morador da Rua são Paulo.

Negro Paulo foi uma referência no futebol de Santana do Ipanema, representando um terror para os adversários. Até mesmo em Pernambuco onde fomos pesquisar para o livro REPENSANDO A GEOGRAFIA DE ALAGOAS (eu e Marcello Fausto) encontramos no lugarejo Volta do Moxotó, um cidadão pernambucano que lembrava das peripécias do Negro Paulo, quando algum time de Pernambuco vinha jogar em Santana: “Eita negro fi da peste! Não deixava nunca nós ganhar”. Negro Paulo vem da fase Ipanema e Ipiranga quando a rivalidade era gigante entre eles. Negro Paulo, aparentemente em ótima forma física, criou barba branca de preto velho, lembra de tudo, mas não tenho lembrança de uma só homenagem feita ao último craque da terrinha.

Nem estava lembrado...  Mas Negro Paulo tinha uma irmã, Deus queira que ainda tenha, chamada pelo povo de Gonga. Na época de rapazinho achei interessante esse nome ou apelido que me pareceu africano. Ora, a alguns anos atrás escrevi o romance FAZENDA LAJEADO. Na minha opinião pessoal, meu melhor romance. E não é que coloquei uma mulher muito sensual e provocativa na Fazenda Lajeado com o nome de Gonga da minha juventude! Nesse caso, é bom que se diga, de Gonga de Zé Preto, aproveitei apenas o nome e a cor. É uma personagem cativante e que vai deixar você louquinho por ela ao ler essa obra do ciclo do cangaço que provavelmente, será lançado no dia 14 de março, após o Carnaval. No momento também serão lançados mais outros três romances a sua escolha: OURO DAS ABELHAS, DEUSES DE MANDACARU E PAPA-AMARELO.

(CRÉDITO DE GETTY).


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domingo, 26 de janeiro de 2025

 

RUA NOVA

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de janeiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica:3.176



 

Não conseguimos saber qual foi o prefeito e em que ano foi aberta a Rua Nova. Sabemos que quem deu o nome oficial à rua, foi o, então, prefeito Firmino Falcão Filho – Seu Nozinho (ô) – de Benedito Melo. Benedito Melo fora comerciante em Santana do Ipanema nos anos 20. Era ainda o prefeito quando Lampião invadiu o município, mas não entrou na cidade, em 1926. A Rua Nova recebeu o nome oficial aproximadamente em 1949. Tudo leva a crer que a via tenha sido construída na década de 30 para a década de 40. Nasceu ali o autor desta crônica em 1946 e logo foi morar na rua de baixo, a Antônio Tavares, primeira de Santana. O povo nunca chamava a rua pelo nome oficial, somente de Rua Nova, como até hoje.

A Rua Nova era uma via de classe média e fora uma ou duas bodegas, só havia residências. Enquanto a rua de baixo era a Rua dos Artesãos, dos Artistas, a Rua Nova tinha um grau a mais no status, porém, era uma rua muito calma e jamais teve a movimentação da meninada e geral da rua de baixo, Antônio Tavares. Mas de 500 em 500 metros havia um músico de instrumentos de sopros SAX, CLARINETE, TROMBONE e até mesmo expert em TAROL o que era o caso de Petrúcio, funcionário dos Correios e estudante do Ginásio Santana. Sem contar que a rua já possuiu mais de uma escolinha de música. Entretanto, teve uma fase que já foi chamada Rua da Fofoca. Ocasião em que grupos de mulheres sentadas na calçada em roda, falavam de Deus e do mundo. Diziam até que ninguém queria deixar a roda primeiro para não se alvo das línguas grandes das colegas. Nem todas donas de casa participavam disso, porém, como moravam na rua...

Geograficamente, a Rua Nova parecia marcar um equilíbrio social entre as moradas do Bairro Monumento e da Rua Antônio Tavares. E mesmo aqueles intensos movimentos de cavaleiros dos sítios rurais para a feira do centro da cidade, aos sábados, evitavam a Rua Nova por isso ou por aquilo e a agitação acontecia pela Antônio Tavares, que somente veio a ser premiada por calçamento, faltando cerca de 30 anos para o Século XXI. O nome titular da Rua Nova, Benedito Melo, também era conhecido por Beneguinho.

E chega por hoje.

INÍCIO DA RUA NOVA, À DIREITA DA PRAÇA. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

 

 

 

 

 


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quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

 

FOI NO MONUMENTO

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de janeiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.175

 



Sem lugar certo para aglomeração de autoridades em momentos cívicos, em Santana do Ipanema, em 1959 o Prefeito Cultura Hélio Cabral construiu no primeiro andar da Sorveteria Pinguim o palanque oficial do município. A Sorveteria Pinguim fora construída do outro lado da rua Defronte a Igrejinha/monumento de Nossa Senhora da Assunção. O proprietário daquele ponto comercial, o senhor Firmino Falcão Filho, Vindo de Viçosa e, senhor de terras em Santana do Ipanema, passou a ser conhecido como “Seu Nozinho (ô) e chegou a ser prefeito nomeado do município. Sem dúvida nenhuma, a Sorveteria Pinguim, passou a ser um ponto de referência importantíssimo em Santana, enquanto seu proprietário virou um carnavalesco inusitado.

Ali no primeiro andar da Sorveteria Pinguim, a partir da sua inauguração, políticos e mais políticos fizeram os mais diferentes tipos de discursos durantes décadas. Mas em nossa opinião, os melhores e de efeitos práticos para a nossa população, foram os discursos de comemorações tantos da chegada da energia de Paulo Afonso, quanto o da água encanada de Belo Monte.  Um acabava com a escuridão em Santana que durou quatro anos, o outro exaltava a chegada da água do São Francisco, através de canos, vinda de Belo Monte (atualmente, de Pão de Açúcar). As duas gigantescas vitórias do povo santanense aconteceram na década de 60 com os mesmos altos e baixos de como se conhecem hoje, ambos os serviços

Sobre a chegada da água do São Francisco, maior vitória de lutas da cidade, tinha antes o abastecimento do líquido, retirado das cacimbas do leito seco do rio Ipanema. A maioria da população era abastecida através de jumento com ancoretas de madeira. Havia mais de cem jumentos na cidade prestando esse tipo de serviço, com seus tangedores chamados botadores s d’água. Daí o surgimento da estátua do jegue, polêmica no início, sucesso e cartão postal depois. Quanto ao senhor Nozinho (ô), foi prefeito por pouco tempo, sendo nomeado pelo governador Silvestre Péricles – que também era governador nomeado – e construiu a ponte sobre a foz do perigoso riacho Camoxinga, ainda hoje servindo a população urbana. Quem pediu a sua nomeação ao governador, foi o, então, Coronel Lucena que foi prefeito eleito, após Seu Nozinho, deputado e prefeito de Maceió.

 

 


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quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

 

A FEIRA É DO POVO

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de janeiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.174

 



A feira livre de Santana do Ipanema, acontece, principalmente aos sábados. Foi sugestão de um dos seus fundadores e primeiro padre do município, Francisco Correia. No século passado, houve necessidade em ser acrescentado mais um dia de feira-livre e Santana do Ipanema passou a ter duas feiras semanais. A principal, aos sábados e, a complementar às quartas. Nos dias atuais, entretanto, não oficialmente, se encontra feira-livre em Santana todos os dias. E hoje, quarta-feira (22) fomos para uma vistoria informal por ali. O que mais nos chamou a atenção foram aqueles tipos de guloseimas encontradas nas bancas, no passado e que haviam desaparecido por décadas seguidas. E agora você já as encontra de volta, lembrando os diversos lugares de Arapiraca que nunca abandonaram a tradição.

Desde o governo municipal passado que já se falava em mudar a tradicional feira do sábado, do comércio para o Bairro Lagoa do Junco. Houve muito zum-zum-zum, dos comerciantes que prometiam resistir o que seria uma nova ordem. Entretanto, nesta gestão, ainda não se sabe como ficará a feira. Como em todas as coisas, existem as vantagens e as desvantagens de uma possível mudança geográfica. Mas, é bem possível que haja um diálogo mais profundo entre os interessados. Porém, interessante também se o povo em geral fosse ouvido. Enquanto isso, vamos passeando na feira da quarta com os olhos nas novidades, talvez, encontrando o que estávamos procurando encontrar em outras cidades.

Entretanto, vimos as condições deploráveis do Mercado de Cereais, construído ainda no governo Adeildo Nepomuceno. Estar precisando de uma ampla reforma e que não achamos fácil de fazê-la, pois ocupa uma faixa, estreita e cumprida, no Bairro Monumento – para onde a feira se estendeu – e não tem mais terreno pelas laterais para acontecer a reforma. O prédio é feio que só um urubu e, desgastado e imundo mais ainda. Não sabemos se existe algum projeto municipal ou particular para a construção de um novo Mercado de Cereais em outro local e que seja compatível com a arquitetura do bairro mais sofisticado da cidade, mais higiene, eficiência e conforto aos usuários. O prédio pode nada representar para quem é de fora, mas para nós que torcemos pela nossa urbe, hoje representa vergonha, assim com temos também da atual rodoviária em ruínas.

MERCADO DE CEREAIS (B. CHAGAS).


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terça-feira, 21 de janeiro de 2025

 

O PÃO E FARINHA

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de janeiro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.173



 

Posso, pessoalmente, dizer como foram importantes para o Sertão alagoano e para o interior de todo o Nordestes na década de 60, o pão e a farinha. É verdade que no Sertão alagoano os dez anos da década falada acima, foram de uma riqueza nunca vista. Todos os dez anos foram de bons invernos, a ponto de o próprio povo, satisfeitíssimo nas ruas, exclamasse espontaneamente: Bem que o padre Cícero falava que o Sertão iria virar mar e o mar virar Sertão. Isso não queria dizer, porém, que não tivesse pobreza. Tinha sim. Muita pobreza. A padaria, sempre a primeira indústria de lugar pequeno, foi importante ao extremo para a classe média, mas também o refrigério da pobreza. O remédio de urgência da fome era o pão nas mais variadas formas: francês, crioulo, doce, carteira, alagoas ou mesmo em outra forma de massa como o bolachão.

Por outro lado, a farinha de mandioca, então, o produto do almoço mais barato da época, foi o grande socorro do pobre fixo e dos inúmeros mendigos que pareciam fazer filas nas ruas sertanejas. E sendo o produto mais acessível, 90% das esmolas nas residências, era farinha de mandioca. Riquíssima em carboidratos, foi sempre usada pelo pedinte misturada com água para pequenos bolos puros para tapear a fome. E se o pão já era usado na Antiguidade como produto básico, continua sendo no Século XXI. E a farinha que vem desde os tempos de nossos avós e bisavós foi o destaque do uso da mandioca das casas de farinha de Sertão e Agreste. Fez parte do prato típico sertanejo: feijão, arroz e farinha.

Ao entrar o ano de 1970, acabou-se o MAR do Sertão. Uma seca feroz tomou conta do semiárido, a fome, apertou geral e novamente a farinha de mandioca e o pão voltaram como os primeiros socorros. É de notar que no final do Século XX, muitas regiões produtoras de mandioca, deixaram de plantar e as novas casas de farinha cerraram suas portas, no Sertão. Entretanto, houve como compensação, movimentos organizados nos Agrestes, por essa industrialização. Em Alagoas é famosa a chamada farinha de Sergipe, branca, torrada e fininha. Mas já existe uma farinha de Arapiraca, fininha, torrada, amarelada e altamente gostosa que vem fazendo um sucesso danado por onde chega.

Nordestino sem farinha! Oxente! Onde já se viu?


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