A CUECA DA ALMA Clerisvaldo B. Chagas, 9 de dezembro de 2025 Esc...

 

 

                                                                  A CUECA DA ALMA

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de dezembro de 2025

Escritor Símbolo do sertão Alagoano

Crônica: 3327



 

Dona Hermínia da família Rocha, família do coronel Manoel Rodrigues, era quase seu vizinho, no Comércio de Santana do Ipanema. Não tivera sorte com filhos e filhas, pois todos nasceram sem juízo. Diziam que tinha sido uma praga rogada por cigano, mas isso aí já fica em outras conjurações. Conheci os seus filho que estavam em Santana e viviam com ela, Poni, Agissé e Labibe. Havia uma outra filha, mas diziam que essa estava no Rio de Janeiro, não sabemos informar se era sadia ou não. Poni, passava quase o dia todo na Farmácia, vizinha à sua casa, Farmácia de senhor Moreninho. Agissé às vezes fazia algum mandado e Labibe não saía de casa assim como a própria Dona Hermínia que era florista. Mas, de vez em quando, saiam da parte dos filhos alguma coisa engraçada e algumas foram até registradas por outros escritores da terra e outras continuaram sendo repassadas oralmente.

Pois bem, o coronel Lucena, chefe do Batalhão em Santana do Ipanema, para combater os cangaceiros, comprou ou ganhou um balaio de pinhas maduras. Chamou o maluco Agissé, para levar o balaio de pinhas para sua residência. Quando o coronel chegou em casa, sonhando em comer pinhas doces, nada havia encontrado. Encontrando-se outra vez com Agissé, indagou pelas pinha que o mandara levar para casa. Agissé respondeu, batendo no quengo: “Eita, cabecinha! Não é que comi as pinhas do coroné!” Este relato se encontra no livro FRUTA DE PALMA, do escritor santanense, Oscar Silva.  (Oscar era sargento e correspondente do Batalhão).

Pois bem, narrava o contador José Fontes, cuja farmácia do pai era vizinha à casa de dona Hermínia que, alguém se escondera e tentava por medo em Poni. Dizia com voz cavernosa “Poni, você está sem cueca”. Poni olhava e não via ninguém. E depois de repetir a frase várias vezes e não ser achado pelo maluco, Poni perdeu a paciência - se é que tinha alguma - e respondeu a esmo: “Sem cueca está você, alma sem-vergonha!”.

 

 



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