quinta-feira, 29 de junho de 2023

 

SÃO PEDRO

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de junho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.916

 





O mês de junho encerra suas atividades festivas com os santos do período: Santo Antônio, São João e São Pedro, numa sequência de muita alegria e muita festa que deixa o Nordeste imensamente feliz durante os 30 dias. E, em Santana do Ipanema, nos últimos dias de junho, fica mais aberta às visitas dos devotos, a chamada igrejinha de São Pedro no bairro e na rua do mesmo nome do santo. Deu trabalho para ser construída a igrejinha de São Pedro que sofreu algumas interrupções curtas e longas até que foi impulsionada pelo comerciante Tertuliano Nepomuceno (segundo o saudoso historiador oral “Seu Carrito”), foi iniciada no tempo de vila até ser inaugurada no ano de 1937.  Desde então a Capelinha do santo chaveiro do céu, vem sendo um seguro refúgio dos seus antigos e novos devotos que nesse templo depositam a fé.

Recentemente, a igrejinha de São Pedro passou por ampla reforma se tornando um dos mais belos templos de Santana do Ipanema e que continua sendo carinhosamente denominada pelo povo de igrejinha de São Pedro. Durante os festejos de Santo Antônio, a distribuição do tão conhecido “Pão de Santo Antônio”, acontece na igrejinha do seu amigo, no Bairro São Pedro. E todos acreditam piamente na tradição do pãozinho que estando em sua casa, jamais faltará o alimento para a família. A igrejinha de São Pedro, é vizinha do prédio de uma das primeiras escolas noturnas para adultos, de Santana do Ipanema (Batista Accioly) e apontada como “O Bacurau”, por funcionar naquele turno. Hoje foi transformada em Biblioteca pública Adercina Limeira, professora dos primeiros quadros do, então, Grupo Escolar Padre Francisco Correia e que morava no acesso ao Bairro acima.

Pela igrejinha de São Pedro passaram vários zeladores, mas o mais tradicional foi o morador das imediações chamado pelo povo de “Seu Gaia” ou “sargento Gaia”. Um homem manso e de fala arrastada que brigou com Virgulino Ferreira, o Lampião, nos primórdios da carreira de bandido, no atual município de Ouro Branco.

Apesar do banho de asfalto por suas ruas principais, a modificação de algumas poucas residências, o Bairro São Pedro não mudou o seu antigo aspecto e continua sendo área residencial, não boa para comércio e ótimo para descanso devido a sua tranquilidade, mais afastado do Centro e de poucos veículos no trânsito diário.

Assim, São Pedro fecha com sua chave de ouro, o mês de junho.

Salve a rocha da Igreja!

IGREJINHA DE SÃO PEDRO, REFORMA E REFORMADA NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2013. (FOTOS: B. CHAGAS/LIVRO 230.

 


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quarta-feira, 28 de junho de 2023

 

OLHO D’ÁGUA DO AMARO

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de junho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.915



 

Um dos antigos fundadores de Santana, que havia ganho sesmaria na Ribeira do Panema, ficou com uma extensão de terras que ia desde a serra do Caracol, até o Riacho Grande. A serra do Caracol fica logo após o atual povoado São Félix (antiga Quixabeira Amargosa) e, Riacho Grande é hoje o município de Senador Rui Palmeira. Tempos depois, saiu dividindo essas terras adquiridas, entre filhos e filhas, à medida que iam casando. isso resultou em imensas áreas de terras como o lugar rural Olho d’Água do Amaro. Ali, em tempo de seca, foi descoberta uma fonte d’água e um negro escravo fugido, perto da fonte na caatinga bruta. Como a fonte d’água descoberta nuca secou e conseguiu chegar até os nossos dias, estivemos no lugar pesquisando vestígios históricos para o livro “Negros em Santana”. E como o negro encontrado tinha o nome de Amaro, assim ficou a denominação do lugar: Olho d’Água do Amaro.

Na planura com ondulações da caatinga, fomos atravessando o Campo de Aviação, várzeas, fazendas, chácaras e pontos de encontros de vaqueiros e visitantes da cidade em bar de beira de estrada, até chegarmos ao núcleo do sítio procurado. Ali já havia uma igreja e um estabelecimento de ensino, o que caracterizava um grande espaço nos arredores como o centro da vizinhança. Através de informações, chegamos até a fonte tricentenária que havia ganho uma proteção redonda de cimento. Uma mangueira que ainda estava na boca da estrutura mostrava que de fato a fonte ou olho d’água continuava na ativa.

Fotografamos a fonte, indagamos a moradores e retornamos da zona rural, pronto para complementarmos o livro que serviria de TCC para o Curso de pós-graduação em Geo-História. Ficou assim comprovada a existência da fonte originária do sítio Olho d’Água do Amaro. Mas não encontramos retrato e nem sequer desenho a carvão do nosso herói doméstico Amaro, gente do grande Zumbi dos Palmares, o famoso líder da serra da Barriga.

 Um amigo de computador e programas poderosos, mostra-me num mapeamento de Santana, inúmeros olhos d’água inativos, mas não se tem notícia de nenhuma dessas fontes com trabalho público de recuperação.

No peneplano de Olho d’Água do Amaro, fomos encontrar ainda em todas as suas regiões, fazendas típicas de criatórios bovino e ovino porteiras e casas tradicionais dos tempos das ocupações de terras devolutas.

SERTÃO DO OLHO D’ÁGUA DO AMARO (FOTO B. CHAGAS).

 


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terça-feira, 27 de junho de 2023

 

PASSEANDO E REFLETINDO

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de junho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.915



 

Espiei o tempo, medi o intervalo entre chuva e estio e parti a pé visando a região da antiga Volta. Volta era o nome da área onde hoje existe a barragem assoreada de Santana do Ipanema, à margem da BR-316, bem na saída da cidade para o Alto Sertão. A ponte que faz a estrutura da barragem é bem feita e remonta a 1951, porém é estreita e faz medo passar por ali juntamente com um veículo; e se for dos grandes pior ainda. O pedestre tem cerca de quarenta centímetros de largura num alto relevo para se encolher entre uma carreta e o abismo, cuja murada apenas vai até a região do quadril. Representa também o lugar como ponto de suicídio, tanto para o lado do assoreamento quanto para o lado somente de rochas. A ponte ficou conhecida como Ponte da Barragem. O erro para pedestres é repetido na ponte do Centro da cidade e que também é fonte de suicídios.

A antiga Volta ou Volta do Rio ou Volta do Ipanema, propriamente dita, é que, quando o rio Ipanema chega a nossa cidade, vindo do município de Poço das Trincheiras, após a citada barragem, desce ainda 400 ou 500 metros pelo escoadouro da barragem e, ele que vem em direção norte-sul, faz uma admirável curva ao encontrar altas barreiras na margem direita e corre em direção leste para o centro da cidade. Atualmente a palavra “Volta” perdeu-se na evolução da urbe a ponto de um ilustre amigo me perguntar sobre ela. Pois era para lá que eu estava indo saber se ainda existia uma granja feita na margem esquerda. Mas há muito que a granja deixou de existir deixando apenas uma estrutura de concreto entre o rio e a última rua paralela à Volta.

Bati foto, apenas pelo valor estimativo temporário. Lembrou outra granja que foi extinta, do outro lado da cidade e que produzia 30.000 mil ovos/dia. A falta de incentivo vai assim destruindo pequenas e médias empresas que geravam empregos renda, produção local de alimentos e intensa circulação de dinheiro no comércio. Engoli seco e fui espiar a Volta. Tão bonita, tão famosa... Tão esquecida! A curva perfeita do rio está viva ainda, repleta de areia grossa, pedregulhos semeados e basculhos secos e enganchados pelas rochas e pelos troncos ainda tenros de novas craibeiras que brotam das rachaduras. Antigo lugar de banhos de passeios catequistas, de história santanense.

Melancolia, lembranças... Saudades.

 


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segunda-feira, 26 de junho de 2023

 

A COISA TÁ BRABA

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de junho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.914



 

Quando existia a matéria escolar “Moral e Cívica”, havia também, outra chamada OSPB (organização Social e política Brasileira), acho que era assim. Isso permitia que você ficasse sabendo como era organizada a estrutura administrativa do Brasil. As repartições públicas federais eram mostradas e explicadas as suas finalizações e por aí afora. Aprendíamos muito sobre o País. Hoje, muitos estudantes não sabem nem quais são os três poderes do Brasil. E, por sinal, a mídia fala muito em acontecimentos nos três palácios de Brasília, em relação ao governo e notamos que ainda existem certas dúvidas em quem ouve e quer saber. Assim, o Palácios Alvorada, tornou-se, lá atrás, o mais famoso e divulgado dos três. Ultimamente a mídia vêm citando o Palácio do Planalto e, também em um tempo passado, fala-se com alguma timidez do Palácio do Jaburu.

Se ainda tivesse OSPB nas escolas, os alunos saberiam distinguir o trio arquitetônico. Não estamos falando sobre se o assunto é relevante ou deixa de ser, mas é muito importante que tenhamos conhecimento do nosso País, assim como deveremos saber sobre a cidade e o estado de nascimento.

Palácio da Alvorada foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e inaugurado em 1958. Ele é a residência oficial do Presidente da República. Sua localização em uma península, divide o Lago Paranoá em Norte e Sul.

Palácio do Planalto – situado na Praça dos Três Poderes, é o lugar de despacho do presidente da República. Onde está o seu gabinete de trabalho e fica à cerca de 4 km da residência, Palácio da Alvorada.

Palácio do Jaburu – Estar situado entre o Palácio da Alvorada e o Palácio do Planalto, ao lado da Lagoa Jaburu, margem do Lago Paranoá. Foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e ocupado em 1977. É a residência oficial do Vice-presidente da República.

Aproveitamos para dizer sobre a Granja do Torto – Foi inaugurada em 1958 e é uma das residências do Presidente da República, uma espécie de Casa de Veraneio. Está localizado no setor Habitacional Torto. Cerca de 17 km é a distância da Granja do Torto para o Palácio da Alvorada.

PALÁCIO DO PLANALTO (GETTY).


 

 


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domingo, 25 de junho de 2023

 

POÇO DAS TRINCHEIRAS

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de junho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.913



 

O município de Poço das Trincheiras estar localizado no Médio Sertão Alagoano. Seu núcleo é a cidade mais próxima de Santana do Ipanema com aproximadamente 6 km de distância entre ambas. Tem como acidente geográfico importantes, o rio Ipanema, como primeiro município de Alagoas a recebê-lo.  A recepção acontece no povoado Tapera, onde logo ao entrar em nosso estado, o Ipanema recebe também de Pernambuco, pela margem direita, o riacho Tapera (vindo de Itaíba).  Entre outras, a montanha chamada serra do Poço faz parte do belo cenário serrano. Poço das Trincheiras teve sua emancipação política de Santana do Ipanema em 15 de julho de 1958 e, tem como padroeiro, o Mártir São Sebastião que é muito comemorado em 20 de janeiro. É um dos poucos municípios do sertão que tem homenagem tradicional aos Santos Reis, anualmente e com festa gigante.

Suas terras são bastantes férteis e se prestaram desde os primórdios à criação de rebanhos bovinos, instituindo latifúndios e latifundiários poderosos que atuaram na política como “coronéis”. Mas na sua economia agrícola estão o feijão, o milho, a mandioca e a palma forrageira. Sua população tem mais de 15 mil habitantes e a formação vem dos tempos dos holandeses, quando uma holandesa filha de um fidalgo desterrado da Holanda, foi ali morar. Antes o lugarejo era chamado Olho d’Água de Cruz e passou a Poço por conta de uma trincheira de pedra num poço da cidade para defesa contra um possível ataque dos célebres “irmãos morais”, de Palmeira dos Índios, filhos de padre e que viraram bandoleiros.  A cidade é limpa, típica e arrumada com a fama dita pelo povo: “Na cidade tudo funciona”.

Povoados importantes ornam as terras de Poço das Trincheiras, entre eles: Quandu, Tapuio e metade fronteiriça de Pedra d’Água dos Alexandre. Se as atrações turísticas naturais não são em grande quantidade, mas os três gigantescos festejos, Emancipação, Padroeiro e Santos Reis, atraem gente de todos os quadrantes do estado e além fronteiras. Os habitantes pocense estão dispostos a recepcionar os visitantes com brilho e alegria. Chegar ao Poço das Trincheiras, para quem vem da capital, é bastante afastar-se um pouco de Santana do Ipanema, pela BR-316, rumo ao Alto Sertão e logo, logo encontrará à direita o acesso asfáltico à cidade do Poço.

Seja bem-vindo.

POÇO VISTO DO ALTO, INCLUINDO O RIO TEMPORÁRIO IPANEMA (FOTO:  (PREFEITURA LOCAL).


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quinta-feira, 22 de junho de 2023

 

FESTA, FESTA EM JARASERTÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de junho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.912



 

Podemos afirmar sem nenhum erro que o acontecimento do último dia 20 em Jaramataia, porta do Sertão pela AL-120, é uma vitória antecipada de um dos maiores feitos rodoviários de Alagoas em todos os tempos. Independente de política e de nomes (estamos fora disso). Duplicar uma rodovia que vai da capital aos confins do Sertão, é de fato, uma epopeia em todas as áreas, mas estamos em defesa da Geografia da terra. Litoral, Agreste, Sertão e Alto Sertão, contemplados ao mesmo tempo com o conforto de uma viagem espetacular, só nos faz lembrar os feitos de Arnon de Melo (Maceió – Palmeira) ou Delmiro Gouveia (Delmiro-Palmeira-Garanhuns-Quebangulo)).  E se hoje já é um sonho realizado trafegar do Alto Sertão à capital, por via-asfáltica, em duas espinhas dorsais, imaginem com uma delas duplicada!

Bom sentido faz a euforia da população de Jaramataia, nessa inauguração do trecho Arapiraca – Jaramataia e que continuará cortando a Bacia Leiteira, passando no Entroncamento de Olho d’Água das Flores e rumando para Olho d’água do Casado até Delmiro Gouveia. É certo que a duplicação não passa por Santana do Ipanema que está na Espinha dorsal da BR-316, mas todos Sertão e Alto Sertão serão beneficiados direta ou indiretamente. Por outro lado, o benefício desse ramal passa em Arapiraca que, vindo de Maceió já passou em São Miguel dos Campos. Muito mais segurança para os viajantes comuns, escoamento da produção e turismo, uma poderosa alavanca de infraestrutura para escancarar as porteiras do progresso.

Entretanto, já ouvimos a ideia de governantes para a duplicação Maceió – Palmeira dos Índios com possibilidade de esticar até Santana do Ipanema, e por que não? A Palmeira – Maceió é muito estreita, asfaltada em 1953 e tem necessidade grande dessa duplicação. E caso chegue até Santana do Ipanema é como se fosse a primeira vez que esse trajeto recebeu asfalto. Nossos representantes deputados federais e senadores não podem cochilar agora diante da boa vontade do novo governo. Fazemos questão de frisar que caso isso aconteça, um trabalho de alta qualidade é necessário nessas futuras obras e NÃO CARVÃO PREGADO COM CUSPE.

PARCIAL DO AÇUDE DE JARAMATAIA, UM DOS MAIORES DO ESTADO (WIKIMAPIO).


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quarta-feira, 21 de junho de 2023

 

O BODE

Clerisvaldo B.  Chagas, 22 de junho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.910

 



Atualmente está mais difícil encontrar criatório de bode no médio Sertão de Alagoas. Bode assado, bode guisado, nada de bode... São as opiniões do nosso povo nordestino. E se no Médio Sertão, ele se tornou raridade, no Alto Sertão continua em evidência. O bode (Capra hircus) está em moda na culinária nordestina. Sua carne é enxuta, quase exótica, altamente nutritiva e sadia para todos os viventes. Em entrevista feita por nós a um pequeno criador sobre o desaparecimento do animal do Médio Sertão, ele nos falou: “O bode tem carne pouca e dá muito trabalho. Veja que o bicho até trabalhar em circo, trabalha”. É diferente do carneiro que tem muita carne e é fácil de manejo”.

Existe muito preconceito contra o bode, até na Bíblia o bode é de esquerda e a ovelha de direita. Muitas piadas são atribuídas aos atos sexuais do caprino, pois demora a copular e fica muito tempo rodeando a cabra e “bodejando”. O macho possui cavanhaque e quanto mais velho mais fede, devido sua urina na própria pelagem, dizem. O bode maduro ou velho é chamado popularmente de “pai-de-chiqueiro”. E todas as pessoas preferem comprar para consumo bodes e carneiros entre 13 a 15 quilos.  Por outro lado, se o seu criatório dá trabalho, mas é um animal resistente à seca e por isso tem a preferência sobre outros gados no Alto Sertão onde a temperatura é muito alta. Quando existe dificuldade de pasto, no período seco, o bode sai pela caatinga comendo quase tudo que encontra, inclusive, casca de árvore. É por isso que se diz: quanto mais seco o tempo, mas o bode é gordo.

A cabra, fêmea do bode, antigamente produzia em torno de meio a um litro de leite, diariamente. Hoje, devido a tantos melhoramentos genéticos já impressiona com a quantidade. Dizem que é o melhor leite depois do leite materno humano. Cabras têm abastecido hospitais com esse produto. E, finalmente a famosa “buchada” que todos que apreciam o prato, dizem que é muito mais saborosa do que a buchada de carneiro. Apesar de gente que torce a cara ao falar em buchada, têm sujeitos no Sertão que andam uma légua (termo em voga = 6 km) a pé para comer essas entranhas de ovinos ou caprinos. E para finalizar, uma quadra de famoso e saudoso cantor de forró:

“Eu faço uma buchada

De bucho de bode

Que o sujeito come tanto

Que mela o bigode...

 

O COICE DO BODE, LIVRO DE HUMOR MAÇÔNICO 1993. (FOTO B. CHAGAS).

 


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terça-feira, 20 de junho de 2023

 

QUEM TEM RAZÃO?

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de junho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.910

 



Após um mês quase todo de maio com frieza e chuvas no Sertão de Alagoas, chegamos finalmente ao início de inverno hoje (21). Poucas vezes o Sol apareceu para aquecer as roupas do varal e nós e, quando surgiu foi com um sorriso tímido do sem querer.  Os profetas das chuvas, isto é, os sertanejos experientes da zona rural, já declararam um ano de bom inverno com chuvas moderadas. Aliás, maio está tendo mais frio do que chuva forte no Sertão. Por outro lado, os meteorologistas anunciam o “El Niño” com seus efeitos devastadores, dizendo que esse ano será o mais seco de todos. E quando se fala em ano seco, sempre sobra para o Nordeste. Fica, desse modo, a indagação quem estará certo a partir de hoje, com a chegada do inverno no Hemisfério Sul, meteorologistas ou sertanejos?

É certo que todos estão animados para o São João e São Pedro. Basta observar as reportagens constantes na mídia sobre esse período festivo nas regiões de Campina Grande e Caruaru. A alegria contagiante de tantos dias de festas, representa essa mesma alegria de fartura no campo em todos os nove estados que compõem a Grande Região Nordeste. É certo, porém, que a pujança estruturada exibida em ambas as cidades, representa o auge dos festejos juninos que representam todos os outros estados, porém, em maior grau ou menor, a animação está em alta no Nordeste em todos os lugares, em cada recanto por pequeno que seja. Isso porque o mês junino de festas já é uma epidemia boa enraizada em cada pedaço nordestino. Comer pamonha, canjica e milho assado é um altíssimo privilégio que ninguém pode arrebatar do nordestino.

Em Santana do Ipanema mesmo, além dos festejos do mês de junho, julho vem aí com a Festa da Juventude (a maior do estado) seguida, imediatamente pelos festejos à Padroeira. Todas fazem parte da alegria, da fé e dos agradecimentos ao Divino, direta ou indiretamente. A fartura dos dois meses estando garantida, deixemos o El Niño para depois. Ninguém deve sofrer por antecipação. Mesmo assim, ainda têm as esperanças dos profetas das chuvas que poderão apagar os efeitos imaginários do fenômeno do Pacífico. Vamos aguardar. Aguardar sim, mas comendo pamonha, canjica, milho assado e emborcando uma “branquinha de São João.

BOM INVERNO PARA VOCÊ.

QUADRILHA (EBC)


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segunda-feira, 19 de junho de 2023

 

REDEMOINHO

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de junho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.909


 

Esse negócio de ciclone que arrasa tudo por onde passa é de fato complicado e aterrorizante. Ainda bem que esse bicho nunca passou aqui. O que conhecemos é apenas a versão mínima do fenômeno chamado no sertão de pé-de-vento ou redemoinho. Acontecia muito na Rua Antônio Tavares antes do calçamento, na periferia entre o rio Ipanema e essa rua e na zona rural. O danado acontecia mais no verão e formava-se repentinamente rodando, rodando com a poeira cobrindo no seu rastro. A meninada gritava de lugar abrigado como incentivo/insulto ao pé-de-vento: rapadura! Rapadura!... Nunca soube porque gritavam o nome rapadura. A ação do vento não durava muito, era coisa efêmera, apenas jogava terra, papel de lixo e outras coisas leves que encontrava pelo caminho e logo desaparecia. Era uma diversão para crianças e adultos, quando olhavam de longe.

Quando já adulto fomos encontrar esses redemoinhos pelos pés de serras, na estrada de chão entre Poço das Trincheiras e Maravilha, por dentro. Nunca passamos por ali para não encontramos pelo menos uma raposa atravessando a estrada e um ligeiro redemoinho. O encontro do ar frio da serra da Caiçara com o ar quente da estrada, um cenário perfeito para o fenômeno visto sempre na meninice. Assim como fechávamos as portas de casa, fechávamos os vidros do automóvel. O fenômeno se dá em dia de céu limpo. O chão aquece o ar e o faz subir. Esse ar é menos denso e mais leve do que o que está acima dele. O encontro de ambos faz as duas massas rodarem como um pinhão e se deslocarem rapidamente por alguns metros.

Isso faz lembrar uma palestra com um antepassado: Um arruaceiro arranjou uma encrenca com ele, mas nunca conseguiu eliminá-lo, apesar de sempre andar com um rifle às costas. Um dia o arruaceiro foi exterminado numa diligência policial fictícia, e ele como convidado, caiu na armadilha. “Uma limpeza para a região”, diziam. Dias depois, o antepassado estava na roça quando se formou de repente um redemoinho. O pé-de-vento saiu rodando com grande velocidade, levantado poeira e envergando o milharal. O antepassado, homem sábio, disse: “É o espírito de Fulano enraivecido”. E assim os fenômenos geográficos misturam-se ao fenômeno espiritual. Bem, tá contado.

REDEMOINHO (SUCESSO FM).

 


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domingo, 18 de junho de 2023

 

CANAPI

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de junho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.908

 


Canapi é uma pequena e bonita cidade típica sertaneja, situada no Alto Sertão Alagoano. Sua planura impressiona quando observada da BR-316 que corta a urbe na avenida principal no sentido Leste-Oeste. Fica no seu município o mais importante entroncamento do Nordeste (dizem), onde existe um moderno e permanente Posto Rodoviário Federal, na localidade Carié. Carié virou povoado e ostenta uma das mais belas formações rochosas de Alagoas: o “serrote do Carié”, monte em forma de lagarta e avistado de longe no relevo de depressão da caatinga. O seu rio Canapi é um belo afluente do rio Capiá, o mais importante do alto sertão do estado. O seu padroeiro é São José com os festejos no dia 19 de março e, o município já teve grande destaque no Governo Collor. Sua Emancipação se deu em 22 de agosto de 1962.

Sendo um típico município sertanejo, sua economia se baseia na agricultura tradicional de região, feijão, milho, mandioca, macaxeira, melancia... E o criatório bovino que vai ganhando corpo, principalmente na produção leiteira. Canapi tem grande intercâmbio com sua vizinhança como Inhapi, Mata Grande e Ouro Branco. Recentemente foi inaugurado o trecho asfáltico da BR-316, sentido Santana do Ipanema – Inajá (PE) e que corta a cidade, facilitando o acesso aos principais núcleos da sua região. Canapi é uma cidade de pouco movimento urbano, sendo lugar ótimo para descanso e pesquisas, tanto na zona urbana quanto na zona rural.  Sua literatura já registra alguns fatos atribuídos ao chefe cangaceiro Lampião e forças volantes que atuavam naquelas planuras e no Maciço de Mata Grande.

No município também estar localizado o famoso povoado Capiá da Igrejinha, cheio de histórias de frades e igreja, mas também de muitos episódios do cangaço e volantes.  Banhado pelo rio Capiá, se desenvolveu muito nas últimas décadas. Foi ali onde Lampião foi filmado pela primeira vez, filme que correu mundo inteiro.

A região tendo a cidade de Canapi como centro, é área excelente para os estudiosos de Geologia e Geografia se quiserem apreciar ou pesquisar a paisagem daquelas planuras onduladas que caracterizam a BR-316. Também de planuras sem ondulações, o trecho Delmiro Gouveia – Olho d´Água do Casado, é paisagem interessante e atraente. Canapi possui uma população de pouco mais de 17 mil habitantes e foi emancipada em 22 de agosto de 1962, como dissemos acima. Canapi, palavra indígena que significa “buraco na pedra”, também tem outra versão.

Caso dê certo, apresentaremos uma cidade sertaneja semanalmente.

CANAPI E SUA PLANURA.

 

 

 

 


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quinta-feira, 15 de junho de 2023

 

NOSSO CONTINENTE

Clerisvaldo B, Chagas, 16 de junho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.907

 


O nosso continente americano compreende três porções: América do Norte, América do Sul e América Central. Pode ser dividido de duas formas: pela parte física e pelas origens dos povos. Pela parte física é o que temos acima: América do Norte, América do Sul e América Central. Pela origem dos povos, temos: América Anglo-saxônica e América Latina.

A)  Pela parte física: América do Norte. Compreende 3 países: Canadá, Estados Unidos e México.

B)  Pela parte física: América do Sul. Compreende 12 países mais um departamento (estado) da França: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. Mais o departamento da França (Guiana Francesa).

C)  Pela parte física: América Central: Compreende 20 países: 1. Antígua e Barbuda, 2. Bahamas, 3. Barbados,4. Belize,5. Costa Rica, 6. Cuba, 7. Dominica, 8. El Salvador, 9. Granada, 10. Guatemala, 11. Haiti, 12. Honduras, 13. Jamaica, 14. Nicarágua, 15. Panamá, 16. República Dominicana, 17.  Santa Lúcia, 18. São Cristóvão e Nevis, 19. São Vicente e Granadinas, 20. Trinidad e Tobago.

 

DIVISÃO do Continente Americano pelas origens dos povos: Pode ser em América-Saxônica (povos Anglos e saxões): Canadá e Estados Unidos.

América Latina (povos de origens latinas): Do México até o Chile.

Existem vários detalhes se você quiser saber. Pesquise diante de um mapa político das Américas. Exemplo: a América Central estar dividida em ilhas (Insular) e no continente (continental). Exemplo 2. Existem, mesmo assim, na América Central, países que falam línguas não latinas. Também a região tem outros nomes locais de classificação, mas o grosso é o que foi apresentado.

Obs. O Brasil é o único país do Continente inteiro que fala Português, pois foi colonizado pelos portugueses. O grosso da América Latina, fala o espanhol, pois foi colonizada pelos espanhóis. Ambas as línguas têm suas raízes no Latim, daí a denominação. E, finalmente, as nações europeias: França, Itália e Espanha, são também de origens latinas.

CORCOVADO, NA PAISAGEM MAIS FAMOSA DA AMÉRICA LATINA (GETTY IMAGI).

 


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quarta-feira, 14 de junho de 2023

 

O CALUNGA

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de junho de 2023.

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.906

 



Em torno dos anos 60, o caminhão ainda era em nossos sertões, uma novidade boa e agradável. É certo que ele veio desde o início do século XX e fazia muito sucesso por onde chegava. Fazendo serviços básicos para o sertão era uma espécie de substituto dos almocreves (tropeiros) e suas maravilhosas tropas de burros. O escritor santanense Oscar Silva já falava do caminhão em seu romance “Água do Panema”, com base nos anos 20 e 30. As estradas dos antigos carros de boi iam se alargando dando passagem ao veículo motorizado que transportava diversos tipos de mercadorias entre as regiões do estado. Nos anos 30, os caminhões levaram nordestinos para a Revolução Paulista, trouxeram de Piranhas as cabeças de Lampião, Maria Bonita e nove sequazes, foram essenciais para as indústrias e comércio geral da época.

Portanto, nos anos 60 o motorista de caminhão (não o dono), tinha bastante prestígio popular. Cada caminhão, além do motorista, tinha um empregado fixo encarregado da carga e descarga do veículo, além de ser o encarregado de colocar o “cepo”, por trás do pneu, para maior segurança dos estacionamentos em aclives e declives. Esse subalterno não tinha tanto prestígio assim, mas tinha muita amizade e conhecimento no meio em que vivia. Era denominado por todos de “calunga”, “calunga de caminhão”. (Na língua banto significa lugar sagrado).  O calunga se encarregava do cepo, da cobertura da caga com a lona, dos cuidados grosseiros do caminhão. Geralmente era alto, preto e forte, mas também havia o tipo caboclo.

Vem à lembrança ainda de caminhoneiros conhecidíssimos na   década de 60 como José Cirilo e Plinio, irmão de Eduardo Rita. Seu Plinio como era conhecido, gostava de narrar suas aventuras com o caminhão marca Chevrolet, Narrações perfeitas que imitavam o caminhão carregado, chorando nas subidas e as marchas usadas, como a “prise”. Quanto ao calunga, por si só já era uma denominação engraçada. Atualmente o caminhão não é mais novidade, mas ainda encanta muitos pretensos motorista tanto no Brasil quanto na América Latina. Falar nisso, depois explicaremos as diferenças entre América do Sul, América Latina, América do Norte e América Central.

Hoje os caminhões são verdadeiras máquinas de avanço tecnológico, não existe mais auxiliar, profissão extinta.

Quem viu CALUNGA, viu, quem não viu, não mais verá.

CAMINHÃO CHEVROLET 1959 (PINTEREST).


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terça-feira, 13 de junho de 2023

 

SÓ SE FAZ O QUE SE PODE

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de junho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.905


Sempre fui atraído pelos nomes das cidades Colônia Leopoldina e Porto Real de Colégio. Ambas nos extremos de Alagoas, uma no Norte e outra no Sul.  Bem que tentei uma pesquisa em Colônia que fica na região do rio Jacuípe, um dos pontos extremos de Alagoas, fronteira com Pernambuco. Queria aproveitar para conhecer a antiga Colônia Militar que recebeu a visita de D. Pedro II e da princesa Leopoldina e hoje tem esse simpático nome de Colônia Leopoldina. Ao mesmo tempo queria fotografar a famosa Curva Sul do rio Jacuípe. Não me foi possível apesar de tantos esforços individuais. Nem comunicação com a cidade de Jacuípe, consegui, na época. Contudo, consegui levar um grupo de alunos para conhecermos juntos o “ciclo do peixe”, na cidade de Porto Real de Colégio, Alagoas e Propriá, Sergipe.

Porto Real, cidade ribeirinha do Baixo São Francisco, foi ponta de trilhos e possui a ponte que liga o Nordeste ao Sudeste e Sul. Coisa que Penedo nunca conseguiu. No século XVII era habitada pelos índios: Tupinambás, Carapotas, Aconãs e Cariris. Com a chegada de catequistas jesuítas vindos da Bahia, houve um apaziguamento entre as tribos. Foi construída uma capelinha e, defronte, um convento e um Colégio com o nome de “Real”.  Daí a origem do nome Porto Real de Colégio e que bem poderia ter sido Porto do Colégio Real. A capelinha hoje é a Matriz de Nossa Senhora da Conceição. Mas voltando ao tema principal, vimos uma cidade simpática, limpa e ensolarada com cerca de 17 a 20.000 habitantes.

Não tive como pesquisar outras coisas em tempo curto. Fomos para o Vale do Marituba onde apreciamos com os criadores de peixe, o ciclo total desde o alevino ao “touro” adulto (machos enormes desenvolvidos unicamente para reprodução).  Após, partimos para a cidade de Propriá em solo sergipano, onde também a experiência do criatório em capinzal de arroz e do ciclo do peixe, compensou conhecermos hábitos e paisagens de outras regiões. Além de aula de campo – fruto de uma revolução geográfica que implantei no Sertão e quiçá em Alagoas – consegui conhecer a cidade do nome que me atraía. Chegamos à noite no retorno à Santana, com muito alunos dormindo cansados com as aventuras da aula e da viagem.

Quanto a Colônia Leopoldina, só se faz o que se pode.

IGREJA DA IMACULADA, PORTO REAL DE COLÉGIO (FOTO: FLICKR)


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segunda-feira, 12 de junho de 2023

 

CIDADES NOSSAS

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de junho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.904

 




No geral encontramos esses tipos de cidades: Administrativas, comerciais, industriais, universitárias, religiosas, militares e turísticas.

Administrativas – São aquelas cidades construídas especialmente para serem capitais, centros de administração política: Ex. Brasília, Washington, Canberra...

Comerciais – Seus movimentos econômicos estão no grosso do comércio. Caruaru, Campina Grande, Arapiraca, Santana do Ipanema...

Industriais – São aquelas que se desenvolveram em torno de fábricas e assim permanecem: Volta Redonda, Cubatão, Detroit...

Universitárias – São aquelas cidades, geralmente pequenos centros que giram em torno de uma universidade. Cambridge, Oxford...

Religiosas – São cidades ligadas às tradições religiosas, como função primordial. Aparecida, Juazeiro do Norte, Roma, Meca...

Militares – Têm função estratégica militar de proteção ou de interesse outros na área. Gibraltar...

Turísticas – São aquelas que atraem pelas suas belezas naturais, culinária, cultura, clima, história... Araxá, Poços de Caldas, Campos de Jordão, Garanhuns, Gramado, Penedo, Piranhas...

Uma cidade altamente famosa por uma das características acima, pode, entretanto, crescer em muitos outros setores e ser procurada em tudo, sem perder suas características originais.

Particularmente também a Urbe, pode não estar encaixada em nenhum desses conceitos apresentados e aparecer como cidade mineira (vivendo da mineração). Cidade boiadeira ou outra denominação vocacionada, porém, a cidade, grande, média ou pequena, quase sempre esbarra nos títulos já comentados. Para os estudos sociais mais avançados, a cidade por ter várias origens, não importa como seus habitantes sobrevivem, o que importa mesmo é a chamada “qualidade de vida” e que continua desigual, mesmo em países apontados como desenvolvidos. Portanto, meça os vários aspectos do lugar onde você mora e responda a sua própria indagação sobre Hospitais, coleta de lixo, mobilidade urbana, esgoto, abastecimento d’água e rendimento escolar comparado, entre outras coisas.

Lutar. Lutar é possível em todas as frentes para evoluir plenamente como deseja o Criador.

GARANHUNS – CIDADE DO FRIO.(PINTEREST).

 


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domingo, 11 de junho de 2023

 

LAGO TEM IDADE?

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de junho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2903

 



Costumamos dizer de acordo com a Geologia que um lago é acumulação permanente de águas em grande extensão numa depressão de terreno fechado. Sempre ficam na cabeça vários lagos estudados e espalhados no mundo e muitos deles famosos de forma global. Mas uma pergunta, um pouco incomum sobre eles é relativa à idade. Lago tem idade? Tem sim. A idade dos lagos está de acordo com débito e crédito das suas águas. Vamos a explicação: Esses espelhos d’água estão classificados em novos, de meia idade e velhos.

Lagos novos – São considerados novos, os lagos que recebem mais água dos seus afluentes do que a quantidade que perdem pela evaporação, infiltração ou pelos logradouros.

Lagos de meia idade – São assim considerados os que conseguem equilibrar a quantidade de água que recebe com a que perdem, durante o ano.

Lagos velhos – São aqueles que perdem mais água do que a que recebem. Nesses casos, a tendência é a completa extinção.

A pergunta mais frequente é a diferença de um lago para uma lagoa. Bem, o lago é considerado bem maior e remonta muitas vezes, a era glacial, muito antigo. Enquanto a lagoa é menor, mais recente e costumeira.

Mas, inconformado, o pesquisador ainda indaga qual é a diferença, então, de uma lagoa para uma laguna.

A lagoa e o lago, geralmente estão em plano mais alto do que os arredores.

A laguna é um espaço que apresenta alguma ligação com a água do mar.

É por isso que são verdadeiras lagunas, as lagoas maiores do nosso estado e chamadas popularmente de lagoas, casos da Manguaba e Mundaú.

Entretanto, no caso da velhice de um lago, ele também pode ser extinto não pelo processo natural, mas sim pela ação humana. O uso da água do lago, sem planejamento termina em extinção dessa fonte. É o que estar acontecendo em lagos mundialmente famosos da Cordilheira dos Andes e da Ásia. Quanto chamar as lagunas alagoanas de lagoas, é um hábito popular que em nada prejudica a essência.

LAGO TITICACA, NOS ANDES (GETTY).

 


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quinta-feira, 8 de junho de 2023

 

OLHA O MOCÓ, OLHA O MOCÓ!

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de junho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.902

 



Com a inflação em queda, faz lembrar o tempo de seca no Sertão alagoano no final do século XX.  A fome estava uma coisa série no campo e nas periferias das cidades. Mas dizem que “quando Deus tira os dentes, aumenta a goela”, chegou da providência Divina, uma grande praga de preás nos campos que invadiam as grandes plantações de palma forrageira. Muitas famílias, passaram a viver do consumo de preá e a renda da sua venda. Nos mercados das cidades sertanejas surgiram montes desses roedores fazendo com que a pobreza se fartasse dessa proteína. Em Pernambuco os agricultores colocavam veneno para acabar a praga, em Alagoas, o preá matava a fome do povo. Entretanto queremos falar de bicho parecido chamado mocó.

O mocó (Kerodon rupestris) é um roedor que mede até 40 centímetros e que pode chegar a um quilo. Gosta de viver em comunidade, mora e passeia em pedregulhos de porte, aceiros e túneis de macambiras. Na Natureza pode viver entre 6 e 8 anos, sujeito a todos os predadores, inclusive, ao homem. É encontrado em todo o Nordeste, principalmente na caatinga até o norte de Minas Gerais. O mocó é um herbívoro e aprecia alimentar-se de casca de árvores mofumbo, faveleira e parreira brava, que se estiverem faltando faz o mocó procurar gramíneas. Gosta de malocas e rachaduras rochosas, onde se sentem mais seguros, mas estão sujeitos à onça, ao gato maracajá, ao gavião, ao carcará e à cobra. Sua pelagem varia de um amarelo-acinzentado ao alaranjado com a parte inferior branca.

Devido ao seu tamanho, é muito caçado pelo homem e alguns acham a sua carne mais saborosa do que a do preá. Este se encontra com frequência, porém o mocó é mais restrito. Podemos dizer que é um animal em extinção. Alguns pequenos proprietários rurais, procuram protegê-lo apenas evitando à caça nos seus imóveis, feito essas comunidades proliferam. Mas, nem todos os fazendeiros possuem essa consciência e os mocós ficam à mercê de caçadores profissionais ou amadores. Abater um bichinho desses, enche de satisfação o dono da espingarda, como se tivesse feito uma ação digna de ganhar troféu. Afinal, o homem é um exterminador voraz da flora e da fauna.

Brevemente mocó só em fotografias.

FOTO: MOCÓ

 

 


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