segunda-feira, 31 de outubro de 2022

 

VISITANDO O LAJEIRO GRANDE

Clerisvaldo B. Chagas, 1 de novembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2. 793

 

Aproveitando o dia ensolarado da última sexta, fomos ao Bairro Lajeiro Grande em missão de pesquisa para o nosso livro que estar se vestindo. Ausente daquela região há muito tempo, encontramos a parte que circunda o lajeiro, já abarrotadas de casas modernas, humildes, mas pintadas. Aqui, ali, um primeiro andar residencial e muita limpeza nas ruas pavimentadas com paralelepípedos. O Bairro Lajeiro Grande continua charmoso, encantador. A chamada Igrejinha do padre Cícero, construída no topo do lajeado como motivo de promessa, estava fechada e a pessoa encarregada da chave estava em Juazeiro do Norte. Deixamos, então, de adentrar ali, mas fotografamos o exterior. Igreja pintada, limpa, plataforma da imagem também e com novo material que substituiu a redoma parecendo um guarda-chuva aberto sobre a imagem.

Fomos após, em procura da família do senhor Guilherme, cidadão já falecido e que todos os anos ia a Juazeiro a pé. A rua de casas construídas em cima do lajeiro e outras atribuições devem-se a ele que morava no pé do lajeiro, era muito conhecido e respeitado. Veja o incrível: Muitas e muitas pessoas nunca tinham ouvido falar do homem, nem sequer os moradores de casas construídas por ele. Finalmente encontramos um cidadão de boa memória que afirmou não existir mais família daquele que foi lenda viva, por ali. “Venderam tudo e foram para Maceió”. Frustrado pela falta da fonte de pesquisa e pelo esquecimento do trecho de quem fizera tanto por ele, só nos restava um “até logo” à estátua do padre Cícero Romão Batista.

O amigo gosta de pesquisar? A pesquisa é como uma pescaria. Tem o dia em que você volta com o cesto abarrotado de peixes. Outros dias, sequer uma piaba! Bem diz o povo: “um dia é da caça, outro é do caçador. E no dia da caça, compadre, a volta é apenas o conformismo para um novo lance, em águas mais profundas, no caso da pescaria. Costumamos fazer uma avaliação prévia de possibilidades. No caso do Lajeiro Grande três positivas e uma negativa; ganhou a negativa. O próximo lance será na fazenda Sementeira, sítio de experimentação agrícola do governo estadual, agora transformado em reserva ecológica. Está previsto um ponto a favor, podendo até evoluir para dois ou três, mas o espírito deve estar sempre preparado para o dia não favorável.

IGREJINHA DO PADRE CÍCERO, ATUALMENTE, NO TOPO DO LAJEIRO GRANDE. (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/10/visitando-o-lajeiro-grande-clerisvaldo-b.html

domingo, 30 de outubro de 2022

 

ALISANDO OS VENTOS

Clerisvaldo B. Chagas, 31 de outubro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.792


Você lembra daquelas chatices escolares sobre ventos alísios e contra-alísios? Vamos tentar retirar a má impressão do assunto que para muitos era difícil de entender. “Ventos Planetários ou Regulares: os alísios e os contra-alísios são considerados ventos regulares e especiais. Os ventos alísios sopram dentro do mecanismo geral dos ventos, das áreas de alta pressão (regiões mais frias-temperadas) para as de baixa pressão (regiões mais quentes - equatoriais). Ao chegarem ao Equador, esses ventos se aquecem e sobem, porém, ao atingirem maiores altitudes, perdem calor e voltam às áreas de origem (zonas temperadas), constituindo assim, os contra-alísios. Esperamos que você tenha entendido claramente essa primeira parte.

Se o nosso planeta estivesse parado no espaço, esta troca se faria de forma mais rigorosa, obedecendo a direção norte-sul. Porém, devido ao movimento de rotação, verifica-se um desvio dos ventos alísios. No hemisfério norte, eles são denominados alísios de nordeste, enquanto no hemisfério sul são conhecidos como alísios de sudeste.

Ventos periódicos. Este tipo de vento sopra em determinados períodos, ora numa direção, ora noutra. Seu mecanismo decorre da diferença do aquecimento e resfriamentos das terras e dos mares. As brisas e as monções são ventos periódicos. As primeiras ocorrem próximo ao mar e são sensíveis até 500 m de altura, penetrando nos continentes até quase 40 km. Sua velocidade raramente atinge mais de 4 a 5 m por segundo. As monções são ventos encontrados na Ásia, particularmente na Índia, com grande influência nas atividades agrícolas.

Durante o verão o continente se aquece mais rapidamente que o Oceano Índico, cujas baixas temperaturas dão origem a uma zona de alta pressão e de onde o ar se desloca, levando grande umidade para as terras que ele banha (monções de verão). No inverno o processo é inverso. O continente, tornando-se mais frio (área de alta pressão), emite ventos secos para o oceano (monções de inverno ou continentais).

Ventos locais. São restritos a pequenas partes do globo terrestre devido à formação de áreas ciclonais e anticiclonais de âmbito mais reduzidos. Como exemplos desse tipo de vento, destacam-se:

·        O Mistral, no Mediterrâneo Ocidental;

·        O Bora, frio e violento, na Iugoslávia;

·        O Foehn, na Suíça;

·        O Simun, responsável pelas tempestades de areia no Saara;

·        O Pampeiro ou Minuano, na Argentina e no Rio Grande do Sul.

·        O Noroeste, no planalto Meridional”.

Novembro é o mês dos ventos, para nós.

VENTOS DE TEMPESTADE (FOTO: AUTOR NÃO IDENTIFICADO)

 

 

                                                                                                                                                     


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/10/alisandoos-ventos-clerisvaldob.html

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

 

VAMOS QUE VAMOS

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de outubro de 2022.

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.791

 

Mais outra surpresa repentina do mês de outubro no Sertão de Alagoas. Dias vinte e cinco e 26 amanhecem completamente nublados “bonitos para chover” com se diz por aqui. Até uma pingadeira formou-se na noite do dia vinte e cinco. Ora, depois de seis meses mofando com chuva e frio, o tempo clareia, o sol aparece e o calor é iniciado. O mês que tradicionalmente não chove nunca, ameaça chuva por dois dias seguidos. Achamos que a Natureza começa a dar nó em cabeça de meteorologista e entrar em cumplicidade com os campos sofridos do Sertão. Essa mudança “azoada” do tempo, faz iniciar a safra do grilo que chega à cidade surfando no vento. E assim começa também a surgir o tal mosquito que estava inibido com a frieza.

Se é mosquito da dengue ou de qualquer mazela já conhecida, fica difícil saber e os bichos começam a atormentar a população, com aspecto diferente, pequenos, esverdeados e famintos. Por outro lado, também nos aproximamos do tempo da manga e do caju, cujas espécies precoces já exibem floradas e no caso dos cajus, os tais “maturis”, assim chamados os primeiros e pequeninos frutos do cajueiro. Ontem mesmo, ao mostrar o céu a uma agricultora que estava na cidade, ela soltou um “Valha-me, Deus! Não aguento mais tanta água e tanto frio!” E novamente aproveitamos o chove-não-molha para resolvermos negócios nas imediações do Colégio Estadual, boca de Rua das Pedrinhas e Complexo da Saúde. O povo parecia agitado igual à formiga quando vê chuva.

“Outubro é o décimo mês no calendário gregoriano, tendo a duração de 31 dias. Deve seu nome a palavra latina octo (oito) dado que era o oitavo mês do calendário romano, que começava em março. Na religião católica, o mês de outubro é dedicado à Virgem do Rosário e anjos da guarda. A Igreja reconheceu sempre uma eficácia particular ao rosário, confiando-lhe, mediante a sua recitação comunitária e a sua prática constante, as causas mais difíceis. Outubro é mês de outono no hemisfério norte e primavera no hemisfério sul. Outubro começa sempre no mesmo dia da semana que o mês de janeiro, exceto quando o ano é bissexto”.

Outubro nunca foi um mês ruim, mas que está muito estranho, não se tem como negar.

NUVENS NO CÉU, NOITES MAIS ESCURAS (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/10/vamos-que-vamos-clerisvaldo-b.html

terça-feira, 25 de outubro de 2022

 

 

NATAL VEM AÍ

Clerisvaldo B. Chagas, 26/27 de outubro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.790

 


Final do mês de outubro, um mês que marcou a nossa região com chuvas inesperadas e presença de ventos que antecipam o mês de novembro no sertão. O Sol que se escondeu, praticamente por seis meses, finalmente nessa última metade de outubro chega com céu limpo e já inicia na região com um pouco de calor que estava desaparecido. Mesmo assim ainda não vimos nenhum movimento de carro-pipa, na área amplamente bafejada pelo inverno antecipado e prolongado. Nenhuma choradeira foi captada no período nos vários segmentos econômicos, salvo a carestia generalizada que tomou conta desta nação. No campo, fim de safra, estoque e venda. No Comércio, entrada de verba do agronegócio. E, a aproximação do Natal em dois meses, reforça a ideia otimista de bons negócios para o estado das Alagoas.

Não temos como não falar em chuvas, novamente. É que, com inverno ou sem ele, as denominadas trovoadas costumam acontecer a partir de novembro com esperanças até o mês de fevereiro. Mesmo assim, sem esperar por nova leva de nuvens cinzas, as flores das árvores e as cactáceas da caatinga já iniciaram a prévia de enfeites do Natal. Algumas espécies deixam para mais próximo os ornamentos, mas o geral está sendo realizado mesmo nos quintais e nas avenidas em árvore que bota flor. As árvores são moças que se preparam com antecedência para o baile. São seguidas pelas casas comerciais que enfeitam as prateleiras de motivos natalinos e atrai os olhares dos transeuntes.

A política do segundo turno pareceu desviar o foco de muitíssimos outros acontecimentos. Entretanto, a expectativa não é vã porque o destino de segmentos diversos depende de um bom administrador nos cargos chaves do País. Mesmo assim, esse mês atípico estar chegando ao final e com ele o chamego oficial e benéfico da democracia. E não tendo no momento um dia chamativo para o setor econômico, em breve a política sairá de cena com o brilho imorredouro e prévio do período natalino. Ótima quadra para uma visita turística dos “praianos” ao Sertão de Alagoas e ao Sertão do São Francisco para surfarem no clima, na história, na geografia e na culinária típica nordestina. Vamos?

 O SERTÃO LHE ESPERA (FOTO: ÂNGELO RODRIGUES)

 

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/10/natalvem-ai-clerisvaldob.html

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

 

LITORAL

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de outubro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.789


 

Caso o amigo ou amiga more na capital, deixe que esse sertanejo fale dos seus mares. Vejamos o Litoral. Litoral é o limite entre o oceano e o continente: representa-se pela faixa coberta e descoberta pelas marés.

As costas constituem os vários aspectos paisagísticos que acompanham este limite. Por isto temos costas altas, com falésias, costas baixas, com as praias, além de manguesais, lagunas e recifes.

As formas de litorais são resultadas dos processamentos efetuados pelos ventos, vagas e as correntes litorâneas movimentando as águas do mar. Deve-se considerar a influência dos rios trazendo sedimentos. Surgem, dessa maneira, as praias, as restingas, (às vezes exibindo dunas), os cordões litorâneos, os mangues, os estuários, as pontas triangulares. Em meio destas são encontrados os terraços marinhos também chamados estáticos.

Os tipos de costas definem-se pelo aspecto geral de todos elementos constitutivos das paisagens junto ao mar, sendo que para isto haja mais a influência de um elemento fundamental. Para o caso das costas de Alagoas, cabe um litoral de “rias”, pois há um afogamento generalizado dos nossos rios da vertente atlântica, assim nós sabemos que seus vales são invadidos pelas águas do mar até certa distância terra a dentro. Para complementar o estudo de um litoral, têm sido objeto dos estudiosos, ultimamente, os movimentos de “levantamento” e “rebaixamento do nível do mar. Seu ramo de pesquisas denomina-se “glaciologia”.

Texto adaptado do professor Ivan Fernandes Lima, Geografia de Alagoas, págs. 74-75

É bom saber que o estado de Alagoas possui um dos mais belos litorais do mundo e com uma formação paisagística altamente diversificada. Tem quem diga que é o mais belo do planeta. Entretanto, estudar o litoral alagoano, nem que seja superficialmente, não pode ser apenas missão de aconselhamento; até porque têm pessoas que estão completamente satisfeitas em apenas contemplar os caprichados cenários de preferência.  Todavia, para quem quer arriscar alguns passos na compreensão dos fenômenos naturais e as interferências humanas no meio ambiente, as praias alagoanas funcionam como laboratórios privilegiados e altamente compensadores.

Eu, Alagoas e nós.

FALÉSIA ALAGOANA NA PRAIA DO GUNGA (FOTO: PINTEREST).


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/10/litoral-clerisvaldob.html

domingo, 23 de outubro de 2022

 

O TEMPO DÁ UM TEMPO

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de outubro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.788


Desconsiderando o período anterior às ferrovias em Alagoas e os primeiros ramais, chegamos a 1891. A linha de ferro para o vale do Paraíba, bifurcando-se em Lourenço de Albuquerque, foi inaugurada no ano acima, chegando até Viçosa. Nessa fase, as pessoas do Sertão que viajavam até à capital, passavam dias em lombos de cavalos de sela. Os relatos anteriores à linha férrea em Viçosa, estão praticamente fora das informações encontradas no dia a dia estudantil, no que se refere às maratonas que o sertanejo enfrentava para chegar a Maceió. Com a composição chegando até Viçosa, as viagens sertanejas, receberam até um bom alívio, porque os cavaleiros se dirigiam até àquela cidade, onde embarcavam no trem até Maceió.

Somente 21 anos após Viçosa, isto é, em 1912, já no fim do ano, os trilhos chegaram a Quebrangulo, encurtando bastante a jornada dos sertanejos viajantes a cavalo. Passaram a apanharem o trem em Quebrangulo (antiga Vitória). Somente em 1934 (22 anos após), a estrada de ferro desceu dos altos e alcançou Palmeira dos Índios. Com o trem na “Princesa do Agreste”, as viagens cavaleiras não acabaram, mas foram mais encurtadas ainda para o mundo sertanejo. Somente quando os caminhos foram alargados e surgiram as estradas de rodagens, o Sertão se ligou a Palmeira dos Índios com os ainda raros automóveis e caminhões. Para os dias atuais não, mas para à época já era um belo conforto a mais. Os sertanejos chegavam a Palmeira em boleia/carroceria de caminhão ou automóvel no dia anterior à viagem do trem. Dormiam nos hotéis da cidade e ainda na madrugada, desciam para a estação na cidade às escuras. Foi assim que viajaram às cabeças de Lampião e Maria Bonita até à capital.

Depois, com rodagem direta até o litoral, mesmo na poeira, na lama, nos catabius (solavancos na buraqueira) representava uma conquista extraordinária. Essa geração já chegou com o asfalto pronto, Sertão – Maceió e se não sabe nada do passado, até pensa que tudo foi sempre assim.  Porém, mesmo neste início do Século XXI, o Sertão alagoano ainda não pode contar com um único aeroporto. Estagnou na conquista dos transportes.

Fazer o quê?

PALMEIRA DOS ÍNDIOS, VISTA PARCIAL (FOTO: PREFEITURA).

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/10/otempo-da-um-tempo-clerisvaldob.html

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

 

O SERTÃO E O PORCO

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de outubro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão alagoano

Crônica: 2.787

 


Dificilmente faltava nas fazendas o porco doméstico que era criado em pequeno grupo de 3 a 4 cabeças, em chiqueiro de varas ou alvenaria. Esse porco era criado principalmente, com restos de comida, abóbora e muitas outras coisas extraídas da roça e do mato. Isso era para complementar a renda do agricultor que recebia a visita de quem comprava porco ou levava para a feira, em gradeado ou tangendo, a pé. Sempre encontramos gente que não gostava de criar o animal por causa do mau cheiro, da falta de comida, além da voracidade do bicho; porém, a fedentina não estava no porco, mas sim na imundície das misturas que se formavam no chiqueiro. Havia basicamente duas raças de porcos no Sertão denominadas pelo povo de: baé e do focinho grande. O porco baé, pequeno, arredondado engordava ligeiro e possuía maior valor. O porco de focinho grande, levava o triplo do tempo e era desvalorizado.

Com as experiências genéticas e nutricionais, surgiu há cerca de quarenta anos, o novo porco chamado pelas indústrias de “suíno” e pelo povo do Sertão de “porco galego”. Foi desenvolvido para os grandes criatórios com mais carne e quase sem banha, melhor preço de venda, alimentado somente com ração. O porco doméstico continuou endo chamado de porco e, consequentemente foi desaparecendo. O porco galego, com todo exagero, parece um jumento na altura e é muito comprido. Condições mesmo para criá-lo somente nas granjas milionárias de exportação. Por aqui não conhecemos nenhuma nestas condições, mas dizem que têm granjas fortes de suínos em Traipu e Arapiraca. O caboclo que saiu da roça para a periferia da cidade, trouxe o hábito para um chiqueiro no quintal, já utilizando o suíno, ‘o galego”. Um tormento de fedor para a vizinhança.

Não existe sabor nas águas melhor do que o camarão, bem como não tem em terra nem nos ares, carne mais gostosa do que a de porco. Mas, já havia restrição a ela no Antigo Testamento e mesmo sobre forte pressão muita gente a evita. Já ouvimos um médico dizer a uma senhora cheia de problemas físicos: “se a senhora bem soubesse não comeria carne de porco”. Também ouvimos outro médico falar que até as proteínas do animal não combinam com as proteínas humanas. Nossos antepassados já evitavam carne de porco. Comer ou não comer, eis a questão.  Afinal de contas, nem somos a China e nem a Rússia, medonhas devoradoras do produto.

SUÍNO DE GRANJA OU “PORCO GALEGO”, AINDA NOVO (FOTO: NUTRIÇÃO E SAÚDE ANIMAL.COM.BR).

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/10/osertao-e-o-porco-clerisvaldo-b.html

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

 

LAGOAS SERTANEJAS

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de outubro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2786

 

As lagoas sertanejas acontecem quase sempre por motivo de uma depressão do terreno. Podem ser maiores de que um campo de futebol ou simplesmente do tamanho de uma quadra esportiva. O que não falta mesmo na zona rural sertaneja são nomes de lagoas em numerosos lugares, mesmo que muitas delas estejam extintas por negligência, porém, sítios, comunidades (vários sítios politicamente juntos) e até povoados tornaram-se amplamente conhecidos pelas suas lagoas. No Agreste, mesmo, existe a cidade satélite de Arapiraca, cujo nome é Lagoa da Canoa, já bastante conhecida e de progresso crescente. Não iremos comparar as pequenas lagoas sertanejas com as mais famosas que deram nome ao estado, mas sim, exaltar as suas serventias.

Durante o inverno, as lagoas sertanejas recebem águas das chuvas, das enxurradas... Das torrentes. Funcionam ao natural como os barreiros que são artificiais. Acontece, porém, que são pobres em profundidade. O líquido acumulado mata a sede, principalmente dos rebanhos bovinos, equinos, muares, asininos, ovinos e caprinos. É uma diversão espetacular para gansos e patos das fazendas, marrecos e paturis selvagens. Aliás, todos os bichos não domésticos procuram saciar a sede nas lagoas. Pode acontecer nessas fontes de pouca duração também, um círculo curto em criatório de peixe miúdo. Alguns proprietários mais zelosos, limpam as lagoas antes da chegada das águas e assim também aproveitam o líquido para a bebida humana, tal qual o barreiro.

Durante a estiagem, algumas ainda duram algum tempo com água conforme o lençol freático, outras, logo secam. Então vem a outra face da lagoa. A umidade faz criar pasto para o rebanho, tanto no leito quanto nos arredores, fazendo um lugar privilegiado igual a uma várzea. Até as guinés ou galinhas d’angola aproveitam as pequenas formações de capoeiras para ali esconderem seus ovos. Podem representar lugar de banho e lazer para o homem, mas nunca notamos plantio nas lagoas sertanejas. Quando secam formam uma poeira cinza clara ou escura e feia e que ficam ocupadas por garranchos, gravetos, quando não são cuidadas.


 

As pequenas lagoas fazem parte da alma sertaneja.

Vida inteligente no Sertão alagoano.

 

LAGOA SERTANEJA EM TEMPO BOM (CRÉDITO: PORTAL FÉRIAS).

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/10/lagoas-sertanejas-clerisvaldo-b.html

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

 

ENCERRAMENTO

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de outubro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.785



 

Foi encerrada com procissão de muitos veículos neste último domingo, a grandiosa Festa de São Cristóvão, em Santana do Ipanema, uma das maiores do Sertão alagoano. A procissão dos condutores entrou pela noite com muitos cânticos e foguetórios, levando muitas saudades para os festejos ao santo no ano que vem. Muitas pessoas, além de acompanharem o cortejo, aproveitaram para pagar ou renovar promessas ao santo padroeiro da Paróquia de São Cristóvão, no Bairro Camoxinga. Cada vez mais vai sendo firmada a tradição que atrai devotos de todas as cidades sertanejas. Os devotos já não se conformam com apenas veículos motorizados e participam dos festejos a pé, a cavalo, de carroça de burro, bicicleta e carro de boi, demonstrando que todos são condutores e merecem a proteção do transportador do menino Jesus.

E no mês que nunca chove, desta feita choveu levemente na parte da manhã, como se a chuva quisesse aguar a passagem da procissão que iria ser realizada no turno vespertino. De qualquer maneira é sempre um êxito total da Igreja Católica durante a já famosa Festa de São Cristóvão, que além dos seus atrativos religiosos e internos, conta com a parte profana que toma três ou quatro ruas e mais o Centro de Convivência onde ficou armado para jovens e adultos, um parque de diversões. Após as solenidades religiosas, a festa profana segue noite a dentro nas barracas, nos bares, nas ruas, no parque, com a culinária nordestina a todo vapor junto aos diversos tipos de bebidas

Assim vai passando da metade do mês do outubro, com o tempo mudado num processo climático que favorece amplamente o Sertão. A Matriz de São Cristóvão, situa-se no bairro Camoxinga em lugar privilegiado e por elas já passaram inúmeros párocos que vão deixando marcas indeléveis na Paróquia.

Santana vai vivendo entre o trabalho e as festas como a de senhora Santana, a da Juventude, a da emancipação e outras que trazem felicidade momentâneas para o sofrido guerreiro sertanejo. Não são poucos os santanenses que se encontram em outras cidades, estados ou regiões, mas não deixam de comparecer aos festejos promovidos por ambas as paróquias da cidade. O hino a São Cristóvão é uma das atrações máximas cantado e decantado pelas multidões e que ressoa indefinidamente após as solenidades.

Orgulho em ser santanense.

MATRIZ DE SÃO CRISTÓVÃO, EM DIA COMUM. (FOTO; B. CHAGAS).


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/10/encerramento-clerisvaldob.html

domingo, 16 de outubro de 2022

 

MARIA DE BARRO

Clerisvaldo B.  das Chagas, 17 de outubro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.784

 


Uma das coisas curiosas do Sertão, sem dúvida alguma, é o ninho, também chamado casa, do João de Barro. Motivo de admiração de nativos e forasteiros, de canções e de repentes de violeiros nordestinos. Como pode um casal de passarinhos fazer uma casa de barro, apenas transportando argila e construindo com o bico? Em algumas regiões do Brasil, a fêmea é conhecida como Joaninha de Barro, mas em nosso Sertão alagoano ela é chamada de Maria de Barro. Pássaro canoro, plumagem bela e discreta é muito respeitado pelo homem do campo que não o ataca e vê nos seus atos um grande exemplo da grandeza de Deus. Possui o apelido de “pássaro-arquiteto”, “pássaro-construtor”, “pássaro-engenheiro” e “pássaro-pedreiro”.

Muita coisa se fala sobre o João de Barro, verdades e lendas. Uma delas é que o casal não trabalha dia de domingo. É o homem do campo quem afirma, mas os pesquisadores dizem que trabalha todos os dias quando está construindo a casa. É verdade, porém que, à semelhança dos papagaios e araras, o casal é monogâmico e só arranja outra companhia se por acaso morrer o parceiro ou a parceira. A casa do João de Barro, erguida pelo casal, possui dois cômodos, sendo um deles uma espécie de sala de visitas, que é uma passagem para um quarto onde é feito o ninho que tem uma entrada muito apertada para evitar predadores. O João de Barro e a Maria de Barro, tanto trabalham quanto cantam, momentos em que deslumbram cada vez mais o observador.

A fêmea põe e choca os ovos, três a quatro, cujos filhotes irão nascer catorze dias após. As penas do João e da Maria de Barro têm a cauda avermelhada, peito branco e o restante cor de terra ou ligeiramente marrom. Alimentam-se de larvas, insetos e grãos. A casa de barro tem a entrada sempre virada contra o vento e a entrada pode ser mais à direita ou mais à esquerda, conforme as habilidades para o trabalho. O João de Barro costuma fazer a limpeza da sala, retirando fezes e as jogando fora. A arquitetura é realizada quase sempre num galho mais robusto com formação de forquilha. De qualquer maneira o casal de pássaros não faz o ninho às escondidas, é sempre visível ao homem e aos bichos.

No Brasil inteiro o casal João e Maria de Barro, é símbolo de AMOR

JOÃO E MARIA DE BARRO (CRÉDITO: PINTEREST).


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/10/mariade-barro-clerisvaldob.html

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

 

CARRO DE BOI – ALGODÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de outubro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2783

 


Nada mais bonito de que um carro de boi carregado de palma forrageira gemendo pelas estradas do sertão. Muito mais bonito ainda e esperançosa, era uma carga de algodão no rumo das algodoeiras, sinônimo de esperança e progresso para o campo. Roçados enormes alvos e repletos de algodão fizeram feliz a área sertaneja do meu estado, por muitas e muitas décadas. Vi muito, morador de fazenda enchendo e socando sacas de algodão. Sacos enormes de estopa que em comprimento tomava toda a mesa do carro, eram pendurados nas linhas dos telhados dos armazéns, bocas abertas, escoradas por rodas finas de pneu e o agricultor ali dentro do saco, de pé, recebendo o algodão e o apiloando com os pés. Tempos depois, o saco era pesado em balança de peso de chumbo, empilhado para “ser levado à rua”.

E o carro de boi em frotas, seguia para a vila, para à cidade, onde era vendida a mercadoria nos armazéns ou diretamente às algodoeiras que transformavam o produto em capulho, retirando o caroço vendido como ração para matar a fome do gado leiteiro.

As máquinas complexas daquelas indústrias, Santana do Ipanema, Olho d’água das Flores, já deixavam o algodão preparado em fardo envolvido com fita de metal. Ali aguardavam os caminhões para o transporte aos grandes centros do País. Muito dinheiro circulando, fazendo enricar cada vez mais o chamado industrial do algodão e impulsionando para cima o homem do campo. O fechamento de todas as indústrias têxteis de Alagoas, depois o inseto “bicudo” que arrasou os algodoais Sertão/Agreste, deixou a grande região nordestina gemendo até hoje.

Verdade que não vínhamos tantos empregados assim nas algodoeiras, mas os campos formavam muita gente para a colheita; cada lote de 100 trabalhadores era chamado “batalhão”. Homens e mulheres protegidos do sol com chapéu de palha e/ou panos amarrados à cabeça, bisaco grande a tiracolo. Tempo depois das tragédias, inventaram o plantio de sorgo, mas não deu certo. Partiram para o incentivo à mamona para a indústria do biodiesel, mas não houve êxito. Naturalmente a mamona ou carrapateira prolifera por todos os quintais de Santana do Ipanema e até no leito seco do rio Ipanema, nos trechos urbanos mais poluídos. Usada como produto medicinal, era a mamona que, com a extração do seu óleo, azeitava o eixo do carro de boi, tornando-o cantador; ainda iluminava nas candeias e em postes de rua.

CARRO DE BOI, TRANSPORTE DO ALGODÃO (FOTO: COMUNIDADE COEP).

 

 

 

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/10/carro-de-boi-algodao-clerisvaldo-b.html

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

 

BASÍLICA DE APARECIDA

Clerisvaldo B. Chagas, 12/13 de outubro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.782

 

A catedral Basílica Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, também conhecida como Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, é um templo religioso católico localizado no município brasileiro de Aparecida no interior do estado de São Paulo. É o maior templo católico do Brasil e o segundo maior templo do mundo, menor apenas que a Basílica de São Pedro no Vaticano. É a maior catedral do mundo, visto que a Basílica Vaticana não é catedral. Também é o maior espaço religioso do País, com mais d 143 mil m2 de área construída ao longo de todo o Santuário.

A estrutura foi solenemente consagrada em 4 de julho de 1980 pelo Papa João Paulo II quando ele visitou o Brasil pela primeira vez. Em 1984 a Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB) elevou a basílica a Santuário Nacional. Localizada no centro da cidade tem como acesso a “passarela da Fé” que liga a basílica atual com a antiga Já recebeu a visita de três Papas: João Paulo II, Bento XVI e Francisco. O Santuário é visitado anualmente por aproximadamente 12 milhões de romeiros de todas as partes do Brasil.

O local teve sua origem na descoberta de uma estátua da Virgem Maria. Segundo a tradição local, três pescadores tentavam pescar uma grande quantidade de peixes no rio Paraíba do Sul para

 Um banquete em homenagem à visita do governador paulista Pedro de Almeida, em 1717. Apesar das suas orações, suas tentativas foram infrutíferas até o final do dia, até que um dos pescadores lançou sua rede e encontrou a estátua da Virgem. Após achar o corpo da estátua, ele encontrou a cabeça.

O grupo limpou a estátua, envolvolveu-a em um pano e voltou à, um tarefa para descobrir se sua sorte havia mudado e eles conseguiram obter todos os peixes de que precisavam.

Acredita-se que a estátua seja obra de Frei Agostino de Jesus, um monge residente em São Paulo.

A estátua estava originalmente alojada na casa de Felipe Pedroso, um dos pescadores que a encontrou. Este se tornou um local popular para os visitantes que desejavam orar pel estátua, levando a família de Pedroso a construir uma capela.

(Compilado da Wikipédia em trechos escolhidos).

BASÍLICA DE APARECIDA (WIKIPÉDIA)

 Ela foi substitúida em 1734 por uma capela maior e, em 1834 pela primeira basílica do local. Em 1955, com o número de peregrinções ainda crescendo, as obras começaram no prédio atual, em um local próximo.mTem espaço para mais de 30.000 pessoas e é o segundo em capacidade depois da Basílica de são Pedro, em Roma.

 

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/10/basilicade-aparecida-clerisvaldob.html

domingo, 9 de outubro de 2022

 

CHAPADAS

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de outubro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.781

 

Consideramos pessoas privilegiadas, as que tiveram oportunidades de conhecerem uma das chapadas do Brasil. Elas, as chapadas, estão entre as mais belas paisagens físicas do planeta Terra. Hoje servem muito ao turismo, Economia e Meio Ambiente. As chapadas são um tipo de relevo montanhoso que abriga flora e fauna diversa e rica. É a chapada, uma extensa área de terras altas, planas e de bordas abruptas. Surgem entre montanhas e podem apresentar rios, cachoeiras, grotas e grutas. Sua estrutura plana fazem-nas ser chamadas de mesas, mesetas, altiplanos.  O seu processo de formação está relacionado com as ações das águas, chuvas, rios através de milhares de anos e dos ventos. Uma região que localiza muitas chapadas é chamada de chapadão. Um dos principais chapadões do Brasil é o ESPIGÃO MESTRE, na divisa entre estados do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste.

As mais conhecidas e turísticas chapadas do Brasil, são sete: três no Nordeste, três no Centro-Oeste e uma no Sudeste. No Nordeste temos: chapada Diamantina (Bahia), chapada das Mesas (Maranhão), chapada do Araripe (Ceará). No Centro-Oeste: chapada dos Veadeiros (Goiás), chapada dos Guimarães (Mato Grosso) e chapada dos Parecis (Mato Grosso). No Sudeste, chapada do Guarani (São Paulo). A fundação da cidade Santana do Ipanema, teve como personagens centrais, pessoas vindas da chapada diamantina que foram os adquirentes de sesmaria na Ribeira do Panema.

A chapada Diamantina é apontada como a mais bela de todas. A chapada dos Guimarães, é muito utilizada como esperança de se avistar Ovnis e se praticar o misticismo. A chapada do Araripe foi imortalizada em música de Luís Gonzaga, rica fonte de fósseis.

Elas, as chapadas são aquelas formações que tiram a monotonia dos relevos de planície, planalto, montanha e depressão. Uma coisa diferente, fantástica e divina que enche os olhos e faz boas massagens no coração. Pois, amiga e amigo, preparem as mochilas para caminhadas inesquecíveis sobre qualquer uma das chapadas escolhidas.

Brasil de riquezas mil.

Nordeste, diamante de brilho próprio.

Orgulho em ser nordestino!!!

CHAPADA (PORTABLE NETWORK GRAFICS).

 

 

 

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/10/chapadas-clerisvaldob.html

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

 

O TIRO E O PENEIRA

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de outubro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.780

 


A vida do homem da roça nunca foi fácil, principalmente do pequeno e médio agricultor. Tanto é que não foram poucos os que migraram para as periferias das cidades próximas. Dali fazem a vida dupla colocando filhos na escola e os encaminhando para empregos disponíveis na sede. Vão vivendo de uma aposentadoria rural e benefícios que emanam do governo. Entretanto, o sangue campesino não desgruda da sua figura e não deixa de ir ao roçado que deixou em aberto, todos os santos dias. Além do roçado que sempre aventura alguma coisa como o feijão, o milho, a mandioca ou a palma forrageira, também cria. É o carneiro, o porco, as galinhas e alguns garrotes que lhe complementam o valor da aposentadoria. Todo agricultor é criador.

Muitas vezes lá no cantinho da despensa tem uma espingarda tipo soca-tempero para defender seu galo, sua galinha e os pintos que – ainda novinhos – seguem a mãe pelo terreiro. Raposa, quando  não encontra comida, costuma rondar as casas de fazenda e fazer estrago nos galinheiros. Entre raposas, cobras e carcarás, também existe a ameaça do gavião. E o gavião tipo peneira (Elanus leucurus) é o mais conhecido. O seu nome popular gavião-peneira, vem da sua forma de observar o solo em busca da presa, peneirando no ar a cerca de 30 metros de altura. Um terror para os pintinhos, mas que também podem atacar tanto a galinha quanto o galo. Aí é quando o sertanejo diz: “Ah, uma boa imbiguda nos peitos!” Que é o tipo de espingarda mais usada para este fim.

O gavião é predador de topo de cadeia. Para muitos, uma ave cruel; todavia, faz verdadeira limpeza no meio em que vive, atacando e devorando cobras, ratos e outros pequenos animais da caatinga. Se o roceiro soubesse defender seu criatório miúdo dos predadores, o gavião seria apreciado como uma ave das mais incríveis do querido semiárido. Ainda bem que nos enche de prazer encontrar nas caminhadas rurais, o gavião e o carcará, relíquias do nosso Bioma e da Natureza. Carcará foi imortalizado na música do saudoso compositor José Cândido e o Gavião em página musical de Jackson do Pandeiro: Peneirou Gavião:

 

 

“Gavião bicho malvado

É tinhoso e aventureiro

Mas da minha fina massa

Gavião não vê o cheiro

 

Oi peneirou, peneirou, peneirou

O gavião nos ares para voar

Tu belisca, mas não come, gavião

Da massa que eu peneirar...”

 

GAVIÃO-PENEIRA (FOTO: WIKIPÉDIA).


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/10/o-tiroe-o-peneira-clerisvaldob.html

terça-feira, 4 de outubro de 2022

 

NO MEIO DO TEMPO

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de setembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.779

 

Ainda no início de outubro, os dias atingem temperaturas com mais de 30 e amenizam às noites com diferença de até 10 graus. Noites estas que os profissionais do Clima chamam de noites frescas e, nós os sertanejos friorentos, as denominamos de frieza. Estamos nos referindo ao solo sertanejo quando observamos o fenômeno citado, na primavera. De qualquer maneira o nosso sertão alagoano bem chovido, continua engordando o gado nas pastagens naturais e matando a sede com seus reservatórios preparados com antecedência: barreiros, barragens, lagoas e açudes. Por falar nisso, não existe diferença entre barragem e açude, mas quando o sertanejo fala em açude, parece se referir a um volume muito maior de água em relação às barragens da área.

Com água e pasto à vontade, vamos caminhando para a Festa de São Cristóvão, um dos maiores eventos católicos do nosso semiárido. Acontecimento de muita fé e euforia na população em geral e que torna o Bairro Camoxinga, em Santana do Ipanema, no foco polarizador do momento. É lá onde estar situada a Paróquia acima com o seu padroeiro de fé dos motoristas e condutores. É verdade, porém, que a política mexeu um pouco com o sertão, mas logos passará essa festa democrática.  Entretanto, apesar dos bons tempos da Natureza, a dona-de-casa continua reclamando com razão, os preços absurdos das feiras livres e do Comércio em geral. Talvez a alegria de festas próximas, vá quebrando o impacto dos preços da gangorra de um lado só.

Por outro lado, a agitação política pareceu sentar na moda de governadores do interior, coisa raríssima de acontecer antigamente. O estado parte, então para o segundo turno entre candidatos, um do Agreste e outro do Sertão. Sai o de Murici (zona da Mata) e entra um de Batalha (Bacia Leiteira) ou de Arapiraca (terra do fumo). Isso é a força do desenvolvimento também no interior que fortalece novas lideranças políticas para demonstrar que a inteligência para este segmento não está restrita à capital. Será a vez definitiva do interior? Só o futuro dirá, porém, a ansiedade da população é por um ótimo administrador geral no estado, não importa a região das suas origens. Aguardemos o desenrolar do mês que já causou muitas surpresas até agora, boas para uns, péssimas para outros, mas outubro continua outubro sem tirar e nem por.

CANDIDATOS ALAGOAS SEGUNDO TURNO. (FOTOS: DIVULGAÇÃO).


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/10/nomeio-do-tempo-clerisvaldob.html