segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

 

CHUVA NA TERRA

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de dezembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.634

EXTRA

 




Primavera foi embora e o verão teve início com cara de inverno na região de Santana do Ipanema. Uma noite inteira de chuva mansa durante o Natal (25) alegrou bastante o sertanejo. Uma friezinha de 25 graus tomou conta do município e, diante de trovões e relâmpagos distantes, a impressão é que a chuvarada foi geral no sertão de Alagoas. Não poderia haver notícia melhor para quem vive da terra direta e indiretamente. Um início de verão abençoado com as esperanças redobradas há muito não se via por aqui. O calor estava muito forte e os termômetro marcavam todos os dias temperaturas superiores aos 36 graus. Esse presente da Natureza fez o Natal mais feliz e cheio de interrogações.

Como havia dito antes, os montes do entorno de Santana do Ipanema, estão verdes e belos.  Além dessas boas chuvadas de fim de ano, o rio Ipanema apresentou outra novidade chegando com água limpando seu leito, trecho urbano, do lixo, das plantas aquáticas dos poços altamente poluídos, carregando o excesso de vegetação arbustiva do seu leito. Uma cheia normal, mas... “Cachorro mordido de cobra tem medo de linguinça”.  A preocupação do homem rural é terra molhada para se plantar, água nos barreiros, barragens ou açudes para matar a sede dos rebanhos, armazenamento garantido pela Natureza, e que o verão não seja padrasto até a chegado do outono, início do período chuvoso nas Alagoas. “Olho no rato, olho no gato”.

Talvez o amigo esteja chateado com a fala de chuva no sertão, porém é somente pensar naquelas comidas gostosas que encontramos no supermercado, nas feiras semanais e nas feiras camponesas dos assentados. Quanto mais chuva, mais fartura nos campos, preços acessíveis e dinheiro sobrando no seu bolso. Pense nisso e compreenda numa síntese de cadeia produtiva. Janeiro está tão pertinho e no início desta última semana a temperatura caiu bastante. Coisa boa! Deve ser mais uma loucura de compras no Comércio com a busca sem freios por promoções, enganosas ou não.

FELIZ ANO NOVO (Foto: Ângelo Rodrigues)


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sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

 

PINGA-FOGO

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de dezembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.633


 

Quem não lembra das brincadeiras de pular-corda? Quase sempre todos já brincaram ou pelo menos apreciaram esse lazer mais praticados pelas adolescentes.  Duas mocinhas seguravam nas extremidades da corda enquanto uma terceira submetia-se ao teste. A atividade iniciava lentamente e cada vez ia ficando mais rápida. A moça do meio pulava, pulava, pulava... Até que a velocidade da corda chegava ao máximo. Com grande habilidade a adolescente desafiante dominava incrivelmente a brincadeira na velocidade extrema chamada de pinga-fogo. Nem todas conseguiam a façanha onde predominava pessoas do sexo feminino. Pular corda no sistema pinga-fogo não era nada fácil nas ruas empoeiradas do interior. Era ou não era!

Em alguns momentos da vida o filme passa muitas vezes sem ser chamado. O trem da vida somente estaciona para alguém descer. Assim os momentos da existência são explicados e não têm explicações até porque depende do momento em que se quer ver ou não. Caminhar, pensar, filosofar, entretanto, vai ajudando a viver entre o ânimo e o desânimo. Não existe apenas caminhos planos, firmes e seguros, mas montanhas a serem escaladas, mares para serem explorados e pântanos fantasmagóricos nas trilhas camufladas. As coisas da existência, controladas com as mãos invisíveis, quase sempre surgem abruptamente e a reação depende do preparo do caminhante.

É final de ano.

Vou me preparando para uma devoção, uma aliança feita com Nosso Senhor Jesus Cristo para o dia 25 de dezembro de todos os anos. Mas isso não afasta momentos de angústias, esperanças trôpegas ou felicidade extremada. Bem diz o poeta que felicidade não existe, mas apenas momentos felizes. Se é assim, deve acontecer também para a desesperança, para a amargura, para o baixo astral de uma hora, de um dia... Pensar nos mistérios da vida tanto pode levar ao céu quanto ao purgatório. Talvez seja melhor vivenciar a hora, o dia, o mês nos conformes dos projetos divinais. Sei não!  Sinto que em alguns momentos da existência estou no meio de uma corda de movimentos invisíveis sem saber como sair de um tremendo PINGA-FOGO.

(FOTO: AUTOR NÃO IDENTIFICADO)


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terça-feira, 21 de dezembro de 2021

 

SANTA LUZIA E A BANDA

Clerisvaldo B. Chagas, 21/22 de dezembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.632




 

No mundo sertanejo, vez em quando somos surpreendidos pela tradição. Recebemos vídeo da mana Jeane Chagas, sobre as andanças de nova banda de pífanos pela Rua Antônio Tavares. Como antigamente, uma senhora com uma sombrinha, devido ao Sol forte do Sertão, comanda a bandinha. Leva nos braços a imagem envolvida em panos de Santa Luzia e pede auxílio para a novena da santa, de casa em casa. Seguindo à senhora, dois tocadores de pife, um zabumbeiro, um tocador de caixa e um ás no tarol animam as ruas e o ego dos pedintes. O pessoal da banda vai recebendo o auxílio para a festa, avisando onde será realizado o evento com o convite ao vivo. Esses gestos de homenagear os santos, acontecem mais com Santa Luzia, São José e Santa Quitéria, três grandes preferências sertanejas.

Não temos mais banda de pife ou esquenta-muié, porém, elas existem em municípios como São José da Tapera, Pão de Açúcar e outros mais. É preciso saúde para passar o dia inteiro rua acima, rua abaixo, fé para a persistência e muita devoção para informar, pedir, passar troco, e não se alimentar corretamente. Conforme o grupo, ele também dança com seus bailados próprios. Seguem páginas musicais gravadas por semelhantes criativos que atingiram o ápice, como o do saudoso João do Pife, sucesso no Brasil inteiro. particularmente gostamos muito da página musical “a Onça”. É um tipo de ópera matuta em que os músicos interpretam uma caçada de onça feita com cachorros.  Os cachorros acoam a onça, brigam, cachorro grita, tudo representado pelos pifes e os acompanhamentos, com fidelidade. Um espetáculo! Quanto mais se entende sobre o assunto maior valorização.

Como em Maceió que os movimentos folclóricos aconteciam no Bairro Bebedouro, as nossas novenas com banda de pife, concentravam-se na zona rural e no subúrbio Bebedouro/Maniçoba. Um nome inesquecível mais recente dessas manifestações, senhor José Rosa que não está mais entre nós. Porém outros nomes se destacaram no Bebedouro antigo como o artesão de chapéu de couro de bode, João Lourenço, fundador da igrejinha de São João contra a Influenza, da Primeira Guerra Mundial.

As bandas de pife também se apresentavam sem o santo nas ruas, nos logradouros públicos, diante das igrejas... Patrocinadas pelas respectivas prefeituras.

Ô que Sertão gostoso de se viver!

BANDA DD OUTRA REGIÃO. (FOTO: AMORIAL BRASILEIRO).


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domingo, 19 de dezembro de 2021

 

RESTAURANTE PANELA DE BARRO

Clerisvaldo B, Chagas, 19/20 de dezembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.631


 

Ficamos entusiasmados ao vermos a Feira das Panela de Barro, em Palmeira dos índios. Parecidas, com as antigas peças vendidas na feira de Santana. Verdade, porém, que o artesanato tem nuances em cada região, suas marcas registradas. São semelhantes no geral, mas não nos detalhes. O artesanato de barro do interior está muito mais para uso como utensílio do que como peça de adorno. E quando falamos em feira das panelas, vem a panela propriamente dita, a frigideira, o pote, a jarra, a quartinha e assim por diante. É bom saber que muitos lugares do agreste e Sertão ainda conservam seus produtores e feirantes de vasilhames rudes para cozinhar e armazenar água. E o melhor: encontrados nas feiras livres a preços acessíveis.

Certa feita houve uma feijoada beneficente no Tênis Clube de Santana do Ipanema. Mestres famosos foram convidados como o saudoso Filemon e outros mais. Só não lembramos se as panelas de barro foram colocadas em fogo de lenha, mas a feijoada foi servida em pratinhos de barro vendidos na feira. Um sucesso! Feijão preto com charque, linguiça defumada e partes do porco que só os mestres sabem fazer. A comida típica de muito sucesso à época, atraiu centenas de pessoas que ocuparam até a calçada do clube, onde valia, inclusive, uma cachacinha na hora de apreciar o prato. Fazer feijoada foi caindo de moda tendo como causa principal o preço campeão do charque que sem ele, não existe a feijoada verdadeira.

Mas os pratos e panelas ainda são encontrados em inúmeras feiras do interior para uma comida sadia, segundo os entendidos. Como dissemos antes, cada região tem suas características próprias de artesanato. Algumas possuem melhor acabamento e até são pintadas, caprichosamente. Não é possível encontrar cerâmica marajoara em todos os lugares, mas o capricho local assegura uma feijoada de primeira qualidade, desde que haja mestres e mestras nessa arte da gastronomia nordestina.

Se o amigo concorda ou não, fique à vontade, mas agora mesmo passou por aqui uma vontade enorme de procurar o Restaurante Panela de Barro.

Linguiça defumada, charque e feijão vargem rocha...

Hum !!!...

PANELAS DE BARRO (CRÉDITO: ELISANA TENÓRIO).

 


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sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

 

FESTA BOA

Clerisvaldo B. Chagas.  18 de dezembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.630



 

A Praça Coronel Manoel Rodrigues da Rocha (Praça da Matriz de Senhora Santana) encontra-se completamente ornamentada para este Natal. Outros lugares também chamam atenção de visitantes e nativos como a entrada da cidade, Avenida Dr. Arsênio Moreira e Praça do Monumento (Adelson Isaac de Miranda). A Praça da Matriz fez lembrar os antigos tempos de lapinhas ou presépios uma tradição santanense desde os tempos de vila.  Havia um homem que não saía de casa, mas sempre fabricava a lapinha em todos os Natais.  Assim o Centro de Santana do Ipanema volta a ser a grande atração de final de ano, também com lojas de pinturas renovadas e ornamentos prestigiando a festa do Cristo. O Centro da cidade merece a atenção especial.

O coronel Manoel Rodrigues foi a figura mais importante de Santana do Ipanema no primeiro quartel do Século XX. Sapateiro originário de Águas Belas, enriqueceu no ramo de couros no Baixo São Francisco, casou com uma sergipana e se transferiu para Santana do Ipanema, investindo muito neste município. Coronel da Guarda Nacional, comerciante, industrial, amigo de todos e amado em Santana. Em sua residência recebia governadores e outras altas autoridades, assim com Delmiro Gouveia. Seu sobrado (ainda existente) estava sempre de portas abertas para os blocos carnavalescos e outras manifestações culturais do povo. A Praça da Matriz o homenageia diante do casarão onde fixou residência. Os três sobrados construídos por ele, fazem parte do patrimônio arquitetônico de Santana do Ipanema.

Bem vindos os forasteiros que vêm progredir e fazer progredir. Assum foi o maestro Manoel Queirós também de Águas Belas que fundou a primeira banda musical de Santana, a Filarmônica Santa Cecília e teatro de amadores. Ainda de Águas Belas veio a primeira professora de Santana, Maria Joaquina, casada com o primeiro professor santanense Enéas Araújo. O tempo vai passando e as praças do Centro Comercial vão se adaptando às novas exigências, mas seus heróis permanecem lembrados pelos logradouros públicos, pelos escritores da terra e a memória dos que ainda não desistiram do seu torrão.

FELIZ NATAL A TODOS OS NOSSOS SEGUIDORES E SEGUIDORAS. NATAL SEMPRE NA VIDA DE CADA QUAL.

Parcial da Praça da Matriz com ornamentos natalinos. (Foto: B. Chagas).


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quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

 

NATAL, MANGA E CAJU

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de dezembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.628





 

Natal chegando, tempo de manga e caju em nosso Sertão. Manga nos terrenos mais férteis, caju por todos os lugares, nas planuras e nos elevados do relevo. Vem logo à mente os cajus doces e famosos do povoado Areias Brancas, de Santana do Ipanema, mas as suas variedades amarela e vermelha estão presentes em todos os municípios sertanejos. A manga é encontrada mais nas serras úmidas e conhecidas como Gugi e Poço. As margens do Velho Chico produzem um tipo de manga natural de muita fama, chamada “manga maria”, muito apreciada na região e no estado de Sergipe. Atualmente chega até nós a manga da indústria que sai da irrigação com aquele fim. As marcas que aparecem vão mudando os antigos conceitos sobre o saboroso fruto.

Sobre o caju, ainda encontramos o sistema de assar castanha nas fazendas e periferias. Aquele sistema em colocar o produto numa lata velha, usar fogo de trempe e ficar mexendo com uma vara comprida por causa do respingo do azeite. Mas agora, amigo e amiga, depois que a medicina manda você incluir castanhas na dieta, o preço do litro na feira tornou-se estratosférico. Ê Brasil perdido! Caju se perde pelas fazendas e são fuçados pelos bovinos. Desperdício total. Mas a castanha é exportada a preço de ouro. Nas visitas aos parentes, aquele presentinho que se levava, não se inclui mais a castanha que virou relíquia. Se é castanha do Pará, um real por unidade. Se é de caju, 25, 30 reais o litro. Imaginem agora no Natal por quanto não está a castanha!

Quando os escravos negros chegavam da África, seus donos os obrigavam à quarentena contra o escorbuto sob os cajueiros do litoral. O caju é riquíssimo em vitamina C e dele se faz várias espécies de doces, inclusive doce seco, desidratado. Uma delícia de Maceió. Caju amarelo ou vermelho é uma fruta em que o diabético pode chupar com segurança. Havia um grande plantio de cajueiros no município de Olho d’Água do Casado, coisa rara.  O conjunto inteiro tem propriedades medicinais, inclusive a rapa do tronco ou dos galhos dessa árvore de folha grande que ornamenta o solo ao cair e secar.

Sertão, Natal, manga, caju e castanha, quanta riqueza na terra!

Louvando nossos frutos tropicais.

CAJUS (LOJAS PLANTEI).


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quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

 

O QUEBRA

Clerisvaldo B. Chagas, 15/16 de dezembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.627





O quebra-queixo sempre foi vendido pelas ruas e feiras de Santana do Ipanema. Quem não lembra do melhor quebra-queixo do mundo que se apresentava no Largo da Feira. Um mundo de doce divino repleto de castanha e amendoim, tentação à gula de meninos e adultos. Esse foi o melhor que já degustamos. Certo dia surgiu na cidade – parece-me vindo do Poço das Trincheiras – um tipo de doce muito duro também vendido em tabuleiro, chamado “morozilha”. No início ainda saiu tapeando a criançada, mas dava um trabalho danado para cortar aquela massa dura, doce e colorida, mastigar cansando os queixos e ligando nos dentes. O homem gritava o produto pelas ruas e daí ficou conhecido com o nome do doce que vendia. Isso não durou muito tempo e a moda desapareceu.

Logo o doceiro do antigo quebra-queixo, não mais surgiu na feira e foi substituído por outro doceiro que não usava amendoim e nem castanha. Não tinha muita graça, mas havia bastante coco. Surgiu então um cabra novo aparecendo no mundo dos doces. Era oriundo da margem direita do rio Ipanema, agradável e de voz poderosa no grito. Berrava nas ruas de garganta limpa, sem nenhum tipo de aparelho de som. “Quebra”! Olhe o quebra! Vitamina “B” e mel de abelha!” “Quebra”! Olhe o “quebra”. E o danado do rapaz vendia quebra-queixo como água. Você o encontrava a pé com seu tabuleiro por todas as ruas de Santana. Seu nome? ninguém sabia, era somente O Quebra. Uma ocasião encontramos com o Quebra na ponte do riacho Salgadinho entre o Bairro Domingos e Acácio e Floresta.

Quebra, ainda novo, falou que estava aposentado e que sustentara a família inteira vendendo doce, 40 anos na lida. Deus lhe dera a força da garganta e a coragem para sustentar o batente. Morava algumas casas após a citada ponte onde contemplava o Poço do Juá, mais as corridas que dava quando das grandes enchentes do Panema. Homem de bem e trabalhador, pobre e humilde, nunca se ouviu falar de nenhum mal feito que o desabonasse.  É nessa hora que na porta passa o carrinho dos churros usando aparelho chamativo e música que veio à lembrança do doce de tabuleiro. Parece que estamos ouvindo o grito forte do rapaz doceiro, ecoar no espaço:

 - Quebra! Olhe o quebra! Vitamina B e mel de abelha, quebra! Filhotinhos na escola e pai adoçando a nossa vida!

Vai de quebra?

VENDEDOR DE QUEBRA-QUEIXO (Crédito: Campo Grande News)

 


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segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

 

FINAL DE ANO

Clerisvaldo B. Chagas, 13/14 de dezembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.626





Para melhor informar ao amigo e amiga fora da terrinha fomos, sexta passada, visitar vários pontos da nossa cidade. Passamos cedo pelas proximidades do Colégio Prof. Aloisio Ernande Brandão, cuja imediações estão localizadas os complexos da Saúde e da Educação.  Muito movimento no Centro Diagnóstico e no Laboratório de exames do SUS, completamente lotado. Fomos, então, ao Bairro Monumento onde havia fila enorme na Caixa Econômica.  Intensa movimentação nas imediações da Praça Dr. Adelson Isaac de Miranda (antiga Praça da Bandeira). Muita gente nas ruas e avenidas gastando o dinheiro que entrou neste final de ano, parecia. Entramos na feira do Sábado e que já iniciara na sexta, o que foi difícil sair pois não havia vaga para estacionar sequer uma carrocinha de mão.

O Centro Comercial repleto de pessoas e lugares sem estacionamento. Decoração natalina em evidência, branca pelo dia, belíssima pela noite.  Conferimos essa euforia das multidões em busca de lojas e prestadoras de serviços com várias vans chegando à cidade e despejando mais gente para consumir nas promoções de final de ano. Diziam das procedências: Delmiro Gouveia, Mata   Grande, Canapi, Ouro Branco, Maravilha, Poço das Trincheiras, Pariconha, Água Branca, Dois Riachos, São José da Tapera, Olho d’Água das Flores, Carneiros, Senador Rui Palmeira, Monteirópolis, Jacaré dos Homens, Batalha, Inhapi Olho d’Água do Casado e Piranhas. Encontramos pessoas até de Arapiraca procurando pousadas. Deixamos o Centro com destino ao Bairro Camoxinga.

Bastante movimento também entre a Ponte Cônego Bulhões (Ponte do Padre) e a Escola Ormindo Barros. E como sempre, a Rua Pedro Brandão com trânsito sem trégua de veículos pequenos e grandes.  Era um reflexo intenso da liberação mais cedo dos salários do estado e de municípios. Essa intensidade toda foi diminuindo apenas ao nos afastarmos do Largo do Maracanã, para o bairro menos comercial São José. Mesmo assim não paravam todos os tipos de carros de som anunciando tudo nas periferias. E pelo jeito, o povo estava mesmo disposto a botar para fora o dinheiro do governo e o seu neste Natal de COVID, mas também de Esperanças.

Já diziam nossos antepassados: “Nada como um dia atrás do outro e uma noite no meio”.

RUA PROF. ERNANDE BRANDÃO E TRECHO DO BAIRRO MONUMENTO. (FOTO: B. CHAGAS).

 

 


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quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

 

SANTA SOFIA

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de dezembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.625





Se o leitor nos pede para falar sobre a Rua Santa Sofia, lembremos da antiga e falemos da presente. A Rua Santa Sofia é o principal corredor entre o bairro Lajeiro Grande e o local Largo do Maracanã. Foi resultado da antiga povoação do Bairro Camoxinga, porém, alcançou o auge do seu casario, a partir da construção do cemitério Santa Sofia no topo da ladeira que forma sua rua. O Estádio Arnon de Mello, vizinho ao cemitério, também ajudou muito a povoar a via.  Hoje essa rua tão conhecida vai desde o Largo do Maracanã, passa pelos dois pontos citados acima e continua dando margem à COHAB Nova e vai em linha reta, em terreno mais baixo até a estrada que leva ao sítio Barroso.  Em pesquisa realizada há cerca de trinta anos por nossos alunos, possuía o melhor padrão de vida de tantas e tantas ruas pesquisadas.

Hoje ganhou asfalto sobre seus paralelepípedos e seu lado direito para quem sobe a colina, vai expulsando residências que vão sendo transformadas em comércio, à semelhança da Rua Pedro Brandão. Sinuca, padaria, quitanda, restaurante, mercadinho, galeto, lanchonetes, bodega, açougue, escola, sorveteria, funerária, mercearia, farmácia e outros estabelecimentos movimentam a parte social e econômica da rua. O lado esquerdo para quem sobe, tem um pouco mais de resistência ao comércio tendo em vista algumas residência de calçada alta, mas em breve será totalmente comercial. E o novo comércio formado no início da COHAB Nova e nos fundos, valorizam os imóveis da Rua Santa Sofia, sequiosa por novos pontos de negócios.

Durante o dia e no início da noite, o movimento de veículos de passeio e motos, é um dos maiores da cidade. É pena não haver coletivo em Santana. Subir na perna todos os santos dias, do Largo do Maracanã ao Bairro Lajeiro Grande, é coisa para atleta ou da falta crônica de real no bolso. A ausência dos jogos de primeira divisão no Estádio Arnon de Mello, com certeza faz uma falta enorme de circulação de dinheiro ao longo de toda a Rua Santa Sofia, Largo do Maracanã e Lajeiro Grande, mas, fazer o quê? Rua e bairros vão dando um jeitinho pela conquista da autossuficiência.

A propósito, Santa Sofia foi uma Santa Romana que, convertida, passou a sofrer perseguição pelo prefeito de Roma.
Pesquise a história e sinta orgulho da homenagem da sua Rua.

AMANHECER NA ESCOLA SANTA SOFIA NA MESMA RUA (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

 

 


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terça-feira, 7 de dezembro de 2021

 

CASA IMPERIAL

Clerisvaldo B. Chagas, 8/9 de dezembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.624





Quem Conheceu “A IMPERIAL” no Centro Comercial de Santana do Ipanema, do proprietário Pedro Cristino de Melo, se não me engano? Homem baixinho e muito agradável, conhecido como Seu Piduca, vendia uma variedade enorme de mercadorias, além de possuir olaria na margem direita do Ipanema, anos 60. Seu Piduca era sogro do saudoso professor Ernande Brandão e prestou relevantes serviços à sociedade santanense. Ao falecer, A IMPERIAL continuou a funcionar com seu filho Rubens e o estabelecimento passou a ser CASA DAS TINTAS e assim entrou no Século XXI.  Pois bem, a loja que se tornou um patrimônio da cidade, mudou-se, segundo informações, para a Rua Pancrácio Rocha, onde mantém viva a tradição de bem servir.

Onde fora a IMPERIAL e a Casa das Tintas – falamos mais para os que estão ausentes da terrinha – está sendo reformada para abrigar uma luxuosa clínica odontológica, em mais um empreendimento de grande valor para o continuado progresso de Santana do Ipanema como Capital do Sertão. São os investimentos ininterruptos chegados de fora para a nossa terra: Arapiraca, Palmeira dos Índios, Maceió e de tantas partes das Alagoas. Em breve um titã mercado de Maceió também estará servindo Santana do Ipanema, por ora, dizem, encontra-se em negociação para o local. A cidade já está cheia de marcas nacionais e até internacionais, provando que o futuro do Sertão passa pela terra de Senhora Santana. Mas os filhos da terra também aprenderam a investir por aqui e as novidades comerciais e prestadoras de serviços não deixam nem a gente contá-las.

O bom disso tudo é que as outras cidades sertanejas do Sertão, Alto Sertão e Sertão do São Francisco, também vão se desenvolvendo rapidamente com ajuda externa e mentalidade moderna. São favorecidas e favorecem a Capital Sertaneja num intercâmbio de causar inveja. Sem conta são os transportes alternativos que desembarcam gente na cidade, principalmente no primeiro horário. Por outro lado, a cidade vai ficando cada vez mais bonita que dá gosto até entrar por todas as bibocas, mesmo sem gastar nada, porém, aguçar mais a curiosidade. Entretanto já foi tentando o transporte coletivo urbano e não deu certo. Os quase mil mototaxistas, parecem no domínio do deslocamento popular. Sei não...

RUA PANCRÁCIO ROCHA, TRECHO URBANO DA BR-316 (FOTO: GUILHERME CHAGAS).

 

 


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domingo, 5 de dezembro de 2021

 

ODE AO RIO IPANEMA

extra

Clerisvaldo B. Chagas, 6/7 de dezembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

POESIA NA PROSA EM 2.10.2007





Era um imenso e formidável lastro. Um paizão de 220 Km, coleante entre Pernambuco e Alagoas

Os desbravadores logo perceberam que o rio Ipanema – mesmo temporário – representava palpitações de vida. Uma veia grossa que irrigava todo o corpo sertanejo. E o pai amigo, generoso e bom, logo presenteou o semiárido com uma cidade morena, dourada, plena de Sol e ornada de colinas, chamada Santana.

As águas vivas sobre as areias, as águas serenas sobre as areias, as agitações supremas de cima, as quietudes divinais de baixo, o tempero salobro da ribeira, mataram a sede da “Rainha do Sertão”. E o rio gritou bem alto: Façam as casas, eu dou a areia; fabriquem os tijolos, eu cedo o barro verde; definam seus tetos, eu contribuo com argila; lembrem dos alicerces, eu tenho pedras milenares; tragam os animais, usem meus pastos; provem dos meus deliciosos peixes, e... Quando estiverem cansados do trabalho dignificante, durmam sobre colchões e descansem com travesseiros dos meus juncais.

E as espumas desciam das roupas sob lindos cânticos das lavadeiras caboclas; dorsos robustecidos submergiam nas águas turvas; e o sopro da leve brisa amenizava o suor negros dos corpos noturnos e nus.

Grita Santana, teu nascimento! Berra Santana, tua expansão! Enfeita teus aromáticos cabelos com a flor da craibeira. Embala teu berço com o sussurro do Cruzeiro, com a lenda da caipora, com o doce murmúrio dos regatos do mês de julho.

Silêncio, que esvoaça o gavião, câmera natural que filma e comanda os céus de borboletas e bem-te-vis. Olhos mágicos que perscrutam o Panema e a flora, e a fauna, e o relevo privilegiado do lugar. Sentinela altivo das paixões, dos amores... Dos queixumes do povo santanense.

Deus fez o Ipanema, o Ipanema fez Santana, Santana observa seu criador pelas frestas das portas, pelos rachões das janelas, pelas varandas de aroeiras... Pelo mormaço das tardes preguiçosas ou pela íris da mulata da ribeira.

Erga-se meu herói sertanejo, que o astro-rei traz a luz no Oriente; que os matizes do azul marcham no firmamento. Já soaram as trombetas dos pardais.

Breve, breve, minha cidade estará de pé; bênção meu Panema. Deus no ilumine neste novo dia.

RIO IPANEMA, SERENO, VISTO DA TRAVESSA PROF. ENÉAS. (FOTO: JEANE CHAGAS)

 

 


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quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

 

O BOI MISTERIOSO

Clerisvaldo B. Chagas, 2/3 de dezembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.623





Ainda lembro da saudosa Dona Ester, esposa do farinheiro José Camilo, lendo folhetos de cordel para nós, meninos da vizinhança. Sentada no degrau interno da casa, rodeadas de crianças, lia com muito prazer “A Índia Neci” e outros folhetos que comprávamos na feira com o nome de romance. “O Cachorro dos Mortos”, “Cancão de Fogo”, “João Grilo”, “O Pavão Misterioso”, “O Boi Misterioso”, “O Negrão do Paraná e o Seringueiro do Norte” e mais uma porção deles. “O Boi Misterioso” falava de um boi que vaqueiro nenhum conseguia pegá-lo. A descrição dizia que o animal era enorme e dasafiava todos os vaqueiros da época. Infelizmente não lembro o final da história. Tudo vem à mente quando assistimos aos vídeos sobre o Boi Salgadinho, o mais famoso do Brasil, na atualidade que, com suas 46 carreiras, derrotou todos os vaqueiros dos nove estados nordestinos que tentaram trazê-lo na corda.

Salgadinho não é um boi gigante como o do romance do meu tempo dizia, o boi misterioso, é um animal amarelo, aparentemente normal, mas se transforma num fantasma ao levar corrida dentro do mato. Quem não acredita em inteligência fora dos humanos, tenha a coragem de apostar dez mil reais contra o boi Salgadinho na corrida de mato no município de Iguaracy, em Pernambuco. O dono do boi, senhor José Carlos dos Correios, bem que aceita. A última vaqueirama a correr o boi foi a do Piauí, mais uma derrotada contra o boi. Dizem eles que ninguém pega o boi Salgadinho naquela manga onde tem muitos empecilhos no mato, inclusive árvores caídas onde cavalo não passa nem por cima nem por baixo, O Boi conhece tudo e ao se ver apertado, penetra em lugares aonde deixa o vaqueiro completamente desarticulado. Não são poucos os que voltam dizendo que não sabem aonde o boi se escondeu.

Ê Dona Ester, minha boa vizinha! Se a senhora ainda estivesse nesse mundo, iríamos sentar naquele mesmo degrau e comentar sobre quem é melhor, se o antigo “Boi Misterioso” ou o Salgadinho de Iguaracy. Histórias do mundo, Histórias que povoam a mente de milhares de sertanejos iguais a nós. Isso também puxa pelo “Saia Branca”, boi famoso da região do povoado Várzea de Dona Joana, sertão alagoano, mas que perdeu a fama para um vaqueiro também encabulado daquele lugar. Falar em bois famoso é falar de Nordeste.

BOI SALGADINHO (FOTO: FACEBOOK).

 


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