segunda-feira, 27 de setembro de 2021
JOANA
DO BICHO
Clerisvaldo
B. Chagas, 28 de setembro de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2,589
Quem
joga no bicho se alvoroça. Todos os dias tem que sonhar com um animal que
conste na roleta, que se assemelhe ou tenha hábitos parecidos. Quando não sonha
com um bicho da roleta, fica desarvorado, procurando na na via um sinal
indicativo da sorte. Vê cachorro na rua, joga no cachorro. Vê cavalo na rua,
joga no cavalo. Assim vai tentando chegar ao objetivo, sim senhor. Quando o
cambista não passa, ele vai à banca. Joga religiosamente como quem paga a água,
a luz, o botijão de gás. É uma angústia sem fim do viciado no jogo do bicho,
cujo sonho de pobre é ganhar um milhar. Só fala no bicho, vive para o bicho, e
cada cambista é um amigo que parece cúmplice alimentador de sonhos.
Em
Santana do Ipanema, a velha Joana não dava sossego à vizinhança quando
sonhava. Saía de porta em porta indagando: “Tu assonhasse com que, comadre?”
Resposta dada, voltava a casa onde o dinheiro já estava enrolado esperando o
cambista sabidão. O pouco trocado ganho no jogo, já serve para o ovo, a banana...
O tempero. A velha Joana, analfabeta, perguntou ao açogueiro: “com quem
assonhass assa noite, compade?” E ele: “Sonhei
com um bicho que começa com a letra “A”. Joana se alegrou: “já sei. Dessa vez eu ganho”.
E a velha Joana iria arriscar o seu dinheirinho suado no tal bicho da letra “A”.
A saia varria o chão na alegria incontida de Joana, cujo marido era um dos seus
incentivadores ao vício.
Joana
aguardou o passar das horas com certa impaciência. Lá nos segredos da tardinha,
saiu o resultado do jogo. A velho se encontrou o açogueiro, que lhe perguntou o
resultado, se havia ganho na aposta “Ganhei a estrada, cumpade”. “Você me
mandou jogar num bicho da letra ‘A’ foi triste”. Resposta: “Como! Eu não ganhei
na águia?”. Você ganhou, mas eu perdi quando joguei no Alufante.
Só você,
dona Joana!!!
quinta-feira, 23 de setembro de 2021
Dr. ARSÊNIO MOREIRA
Clerisvaldo
B. Chagas, 24 de setembro de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.59?
Já
falei sobre isso. Para marcar o início do Século XX, foi erguido um cruzeiro de
madeira no topo do serrote do Cruzeiro, em Santana do Ipanema. Quinze anos
após, como motivo de promessa, foi levantada uma capela em homenagem a Santa
Terezinha, por trás do cruzeiro. O autor foi o sargento de polícia Antides
Feitosa, casado com Dona Hermínia Rocha, florista da cidade. As intempéries
destruíram o templo. Em torno dos anos 60, o deputado santanense Siloé Tavares,
ergueu a segunda capela sobre as ruínas da primeira. No pé do serrote muita
zabumba com banda de pífanos, feijoada e foguetório para animar trabalhadores e
devotos que subiam o serrote, conduzindo material de construção. Com o tempo, a
segunda capela ruiu e aproximadamente em 1990 ? abnegados santanenses
construíram a terceira capela até com arquitetura estanha à nossa região.
Continua de pé.
Uma
foto antiga mostra alguns visitantes na igrejinha original, entre eles, um
caçador e um homem de branco que parece indivíduo importante. Por acaso,
descobri tratar-se do primeiro médico de fora a clinicar em Santana do Ipanema:
Dr. Arsênio Moreira. Não era mais aquele
rapaz simpático do início da carreira, mas sim, um cidadão de meia idade, forte
e completamente outro. Arsênio viera da Bahia convidado para servir às forças
policiais em Mata Grande. Depois viera para o 7 Batalhão de Polícia de Alagoas
chegado em Santana do Ipanema, em 1936. Passou a servir ao Batalhão e depois
particularmente onde hoje é o casarão do museu da cidade. Foi ele quem examinou
o veneno que Lampião conduzia. Isso após a chacina acontecida em Angicos, em
1938
Arsênio
foi homenageado com seu nome no título do primeiro hospital de Santana. Sua
enorme foto que ilustrava a parede de recepção da unidade, atualmente
encontra-se no Museu Darras Noya, onde morou e clinicou. Com a fundação do novo
hospital na Cajarana, o antigo ficou desativado e quase vira ruínas. Com isso
perdeu-se a homenagem do homem que tanto fez por Santana do Ipanema e a todo o
sertão de Alagoas. Era carismático, humano e competente, dizem todos os que
precisaram dos seus serviços médicos. Mesmo assim, ainda tem pedaços de avenida
com seu nome.
A foto
abaixo, portanto, deve ter sido tirada em torno do final dos anos 50.
(FOTO:
“LIVRO 230”/DOMÍNIO PÚBLICO).
terça-feira, 21 de setembro de 2021
NÓS, IMBU E IMBUZADA
Clerisvaldo
B. Chagas, 22/23 setembro
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.587
O IMBU, fruto do imbuzeiro, é um dos mais gostosos do sertão nordestino. É agrodoce, arredondado, verde e adorado pelos sertanejos. O falso letrado o chama de umbu. Aqui no sertão é IMBU mesmo, cabra véio. No sertão alagoano o imbuzeiro não faz parte da agricultura, mas sim da vegetação. Isso quer dizer que a árvore e nativa e nunca ouvimos dizer que alguém tenha plantado um imbuzeiro num sítio qualquer. Ao contrário. Durantes as coivaras nas fazendas, imbuzeiros são chamuscados pelo fogo e morrem; além dos fazedores de doce da sua raiz (muito saboroso) que termina eliminando a árvore, cuja batata acumula água para os tempos difíceis. A safra do imbu coincide bastante com o tempo de Semana Santa, quando a atração imbuzada, é feita nos lares do semiárido. Come-se a imbuzada em prato sopeiro ou em copo como vitamina, uma delícia!
O imbuzeiro
(Spondias tuberas) é um nome de origem Tupy e nativo do bioma caatinga. Quando alguém chupa muito imbu, pode se
queixar que os frutos “desbotaram” os seus dentes. Já a imbuzada é feita
cozinhando os imbus, passando-os na peneira e levando-os ao fogo com leite e
açúcar. Iguaria inigualável sertaneja. Na Bahia existe até cooperativa dos
catadores de imbu que se espalham pela caatinga, coletam os frutos caídos ou
subindo pelo seu tronco e galhos e os conduzem à cooperativa onde serão
transformados em picolé, geleia, doce e mais transformação. Isso faz gerar
renda para os agricultores, emprego na cooperativa e temporário no campo. Não
temos essa iniciativa em Alagoas. Quando existe interesse, tudo é
possível.
Lembra-me
que quando levamos nossos alunos da então, Escola Estadual Helena Braga das
Chagas à Reserva Tocaia, no sítio Tocaias, subimos uma colina dentro da Reserva
onde havia uma clareira com um pé de imbu. Pense na corrida dos estudantes em
busca dos frutos do imbuzeiro. É fácil de subir no tronco dessa arvoreta
copada. Primeiro o interessado perscruta de baixo e o imbu escolhido irá ser
coletado em uma das três formas seguinte: na pedra, na vara ou na escalada ao
tronco. Sua sombra não é bem fechada, contudo aceita bem uma rede a se balançar
à sua sombra. Muito melhor ainda se a vegetação estiver bem verdinha quando o
cheiro intenso de mato toma conta.
Ô vida
de gado!
domingo, 19 de setembro de 2021
CASARÃO
DO BANCO
Clerisvaldo
B. Chagas, 20/21 de setembro de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica; 2.588
Aproveitando
a ocasião em que escrevemos a Unidade 3 do livro pertencente à Prefeitura
local, “Santana do Ipanema, Terra da Gente”, ficou circulando na cabeça os
edifícios nossos, patrimônios materiais, inclusive o casarão do banco. Foi um
dos vários edifícios da cidade, construído para o mundo comercial como tantos
outros que ficaram famosos. Muitas dessas construções foram construídas no
tempo de Santana vila, isto é, antes de 1920. Nesse caso específico entra em
foco o prédio do Centro Comercial, vizinho à direita da tão conhecida “Casa o
Ferrageiro”. Suas paredes são tão largas que parecem feitas para ocasião de
guerra. Descobrimos por acaso quem teria construído tão pomposo casarão: o
comerciante Tertuliano Nepomuceno, mas não temos nenhuma outra informação, isto
é, o período exato em que foi construído.
Não
tendo como identificá-lo de outra maneira, nós o chamamos de Casarão do Banco,
porque ali funcionaram várias repartições públicas, inclusive dois bancos. Quem
não se lembra do PRODUBAN, Banco da Produção do Estado de Alagoas, dos tempos
do governo Divaldo Suruagy? Funcionou naquele prédio e era motivo das gozações
do funcionário do Banco do Brasil João Farias que falava: “Banco é do Brasil,
esse é tamborete”. Pois bem, também no casarão, depois, funcionou o Banco do
Brasil, a Exatoria Estadual, a Biblioteca Pública, e inúmeras outras atividades
que honraram a pujança do edifício. Fotografias do Comércio do início dos anos
trinta já registravam a presença do edifício em questão. Vai acompanhando a
evolução da Praça Cel. Manoel Rodrigues da Rocha.
Apesar
da pujança do Casarão do Banco, não chama atenção de ninguém, a não ser do curioso
ou do pesquisador atento. Os transeuntes passam na calçada todos os dias, para
cima e para baixo e nem percebem a sua presença com décadas e décadas de
história para contar. E como o hóspede mais ilustre foi o Banco do Brasil, vale
salientar que este construiu sua sede própria no Bairro do Monumento onde
permanece até a presente data. Lembro ainda do caminhão do senhor Arnóbio
Chagas, despejando pastilhas para revestir sua fachada singular.
Santana
histórica!
Santana
revivendo!
CASARÃO
DO BANCO (FOTO: LIVRO 230, DOMÍNIO PÚBLICO).
quarta-feira, 15 de setembro de 2021
SABUGO, BURRO E JUMENTO
SABUGO,
BURRO E JUMENTO
Clerisvaldo
B. Chagas, 15/16 de setembro de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.587
No
povoado de Olho d’Água das Flores, Pedrão, quando menino, entrei no vapor de
meu tio, vapor esse queimado por Lampião, mas só tomei conhecimento dessa
façanha já na idade adulta. Prédio em preto repleto de sabugos, vivia fechado
como se a família não quisesse lembrar ao mundo a angústia daquele episódio.
Mas para que serve o sabugo do milho ao ser despido das sementes? Na minha
terra os botadores d’água quando perdiam as tampas originais de madeira das
ancoretas, usavam largamente pedaços de sabugos enrolados em tiras de pano
velho para os dois orifícios, o da água e o do pequenino do suspiro.
Recentemente parece-me que agricultores o pulverizam para complementar rações
para os animais da fazenda, se não estou enganado.
Mas,
entre os quadrúpedes do Sertão, burro é burro, jumento é jumento. Este
adaptou-se muito bem ao transporte da água com ancoretas e tampas de sabugo. O
burro não exercia essa função. Certa feita vimos um burro carregando ancoretas,
mas foi uma raridade. Estes são adaptados ao transporte de mercadorias nas
serras da região, únicos animais que aguentam o tranco. Outros abrem os peitos,
numa doença popularmente denominada de “escancha”. Quando vimos um animal
fazendo o papel de outro, é motivo de curiosidade, em nosso meio. Falando só no
masculino: cavalo, burro e jegue fazem papéis diferentes, embora possa
acontecer de um fazer o papel de outro.
Também
o mesmo animal, macho ou fêmea, possui funções desiguais. Como exemplo, no
Sertão burro não puxa carroça, mas a burra faz isso muito bem. Existem também
as superstições de alguns cavaleiros que jamais montam em animal de sela,
fêmea. Outros dão preferência à burra. Nas corridas de cavalos, não são poucos
os que não querem competir com as éguas, pois alegam que o cavalo não anda na
frente de besta.
Estes
são alguns segredos da simplicidade sertaneja onde gato só caça se não tiver o
cão. Você sabia que dizem que D. Pedro proclamou a independência do Brasil
montado num burro e não num cavalo?
Cavalo
é bonito, mas não dá a hora igual a jumento.
(FOTO: B. CHAGAS)
as,
15/16 de setembro de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.587
No
povoado de Olho d’Água das Flores, Pedrão, quando menino, entrei no vapor de
meu tio, vapor esse queimado por Lampião, mas só tomei conhecimento dessa façanha
já na idade adulta. Prédio em preto repleto de sabugos, vivia fechado como se a
família não quisesse lembrar ao mundo a angústia daquele episódio. Mas para que
serve o sabugo do milho ao ser despido das sementes? Na minha terra os
botadores d’água quando perdiam as tampas originais de madeira das ancoretas,
usavam largamente pedaços de sabugos enrolados em tiras de pano velho para os
dois orifícios, o da água e o do pequenino do suspiro. Recentemente parece-me
que agricultores o pulverizam para complementar rações para os animais da
fazenda, se não estou enganado.
Mas,
entre os quadrúpedes do Sertão, burro é burro, jumento é jumento. Este
adaptou-se muito bem ao transporte da água com ancoretas e tampas de sabugo. O
burro não exercia essa função. Certa feita vimos um burro carregando ancoretas,
mas foi uma raridade. Estes são adaptados ao transporte de mercadorias nas
serras da região, únicos animais que aguentam o tranco. Outros abrem os peitos,
numa doença popularmente denominada de “escancha”. Quando vimos um animal
fazendo o papel de outro, é motivo de curiosidade, em nosso meio. Falando só no
masculino: cavalo, burro e jegue fazem papéis diferentes, embora possa
acontecer de um fazer o papel de outro.
Também
o mesmo animal, macho ou fêmea, possui funções desiguais. Como exemplo, no
Sertão burro não puxa carroça, mas a burra faz isso muito bem. Existem também
as superstições de alguns cavaleiros que jamais montam em animal de sela,
fêmea. Outros dão preferência à burra. Nas corridas de cavalos, não são poucos
os que não querem competir com as éguas, pois alegam que o cavalo não anda na
frente de besta.
Estes
são alguns segredos da simplicidade sertaneja onde gato só caça se não tiver o
cão. Você sabia que dizem que D. Pedro proclamou a independência do Brasil
montado num burro e não num cavalo?
Cavalo
é bonito, mas não dá a hora igual a jumento.
SABUGO, BURRO E JSABUGO, BURRO E JUMENTO
Clerisvaldo
B. Chagas, 15/16 de setembro de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.587
No
povoado de Olho d’Água das Flores, Pedrão, quando menino, entrei no vapor de
meu tio, vapor esse queimado por Lampião, mas só tomei conhecimento dessa
façanha já na idade adulta. Prédio em preto repleto de sabugos, vivia fechado
como se a família não quisesse lembrar ao mundo a angústia daquele episódio.
Mas para que serve o sabugo do milho ao ser despido das sementes? Na minha
terra os botadores d’água quando perdiam as tampas originais de madeira das
ancoretas, usavam largamente pedaços de sabugos enrolados em tiras de pano
velho para os dois orifícios, o da água e o do pequenino do suspiro.
Recentemente parece-me que agricultores o pulverizam para complementar rações
para os animais da fazenda, se não estou enganado.
Mas,
entre os quadrúpedes do Sertão, burro é burro, jumento é jumento. Este
adaptou-se muito bem ao transporte da água com ancoretas e tampas de sabugo. O
burro não exercia essa função. Certa feita vimos um burro carregando ancoretas,
mas foi uma raridade. Estes são adaptados ao transporte de mercadorias nas
serras da região, únicos animais que aguentam o tranco. Outros abrem os peitos,
numa doença popularmente denominada de “escancha”. Quando vimos um animal
fazendo o papel de outro, é motivo de curiosidade, em nosso meio. Falando só no
masculino: cavalo, burro e jegue fazem papéis diferentes, embora possa
acontecer de um fazer o papel de outro.
Também
o mesmo animal, macho ou fêmea, possui funções desiguais. Como exemplo, no
Sertão burro não puxa carroça, mas a burra faz isso muito bem. Existem também
as superstições de alguns cavaleiros que jamais montam em animal de sela,
fêmea. Outros dão preferência à burra. Nas corridas de cavalos, não são poucos
os que não querem competir com as éguas, pois alegam que o cavalo não anda na
frente de besta.
Estes
são alguns segredos da simplicidade sertaneja onde gato só caça se não tiver o
cão. Você sabia que dizem que D. Pedro proclamou a independência do Brasil
montado num burro e não num cavalo?
Cavalo
é bonito, mas não dá a hora igual a jumento.
(FOTO: B. CHAGAS)
as,
15/16 de setembro de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.587
No
povoado de Olho d’Água das Flores, Pedrão, quando menino, entrei no vapor de
meu tio, vapor esse queimado por Lampião, mas só tomei conhecimento dessa façanha
já na idade adulta. Prédio em preto repleto de sabugos, vivia fechado como se a
família não quisesse lembrar ao mundo a angústia daquele episódio. Mas para que
serve o sabugo do milho ao ser despido das sementes? Na minha terra os
botadores d’água quando perdiam as tampas originais de madeira das ancoretas,
usavam largamente pedaços de sabugos enrolados em tiras de pano velho para os
dois orifícios, o da água e o do pequenino do suspiro. Recentemente parece-me
que agricultores o pulverizam para complementar rações para os animais da
fazenda, se não estou enganado.
Mas,
entre os quadrúpedes do Sertão, burro é burro, jumento é jumento. Este
adaptou-se muito bem ao transporte da água com ancoretas e tampas de sabugo. O
burro não exercia essa função. Certa feita vimos um burro carregando ancoretas,
mas foi uma raridade. Estes são adaptados ao transporte de mercadorias nas
serras da região, únicos animais que aguentam o tranco. Outros abrem os peitos,
numa doença popularmente denominada de “escancha”. Quando vimos um animal
fazendo o papel de outro, é motivo de curiosidade, em nosso meio. Falando só no
masculino: cavalo, burro e jegue fazem papéis diferentes, embora possa
acontecer de um fazer o papel de outro.
Também
o mesmo animal, macho ou fêmea, possui funções desiguais. Como exemplo, no
Sertão burro não puxa carroça, mas a burra faz isso muito bem. Existem também
as superstições de alguns cavaleiros que jamais montam em animal de sela,
fêmea. Outros dão preferência à burra. Nas corridas de cavalos, não são poucos
os que não querem competir com as éguas, pois alegam que o cavalo não anda na
frente de besta.
Estes
são alguns segredos da simplicidade sertaneja onde gato só caça se não tiver o
cão. Você sabia que dizem que D. Pedro proclamou a independência do Brasil
montado num burro e não num cavalo?
Cavalo
é bonito, mas não dá a hora igual a jumento.
domingo, 12 de setembro de 2021
O
LEITE DO PINHÃO NA FESTA DO LEITE
Clerisvaldo
B, Chagas, 13/14 de setembro de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.586
Começou
dia 10 e teve encerramento dia 12 (ontem) a II FESTA DO LEITE que acontece
distante da sede de Santana do Ipanema, exatamente no sítio Pinhãozeiro. O
evento foi realizado pela Prefeitura através da Secretaria Municipal do
Desenvolvimento Rural, Meio Ambiente e Recursos Hídricos mais a Associação dos
produtores de Leite do Sítio Pinhãozeiro. A festa teve apoio do Governo Estadual,
do deputado Isnaldo Bulhões, da Associação dos Criadores de Alagoas (ACA) e da
Cooperativa dos Produtores Leiteiros de Alagoas (CPLA).
O
pinhão ou Pinhãozeiro, é uma planta de frutos explosivos e produz um leite
medicinal. É usado contra picadas de cobras e nos jardins das casas para evitar
energias negativas. O sítio Pinhãozeiro está situado na zona serrana de Santana
do Ipanema, entre 10 e 12 km da sede e com saída para Águas Belas (PE) por
atalho de terra (por dentro). Fica muito perto do povoado santanense São Félix,
porém, situado em outro ramal. Durante a Festa do Leite houve o II Torneio
Leiteiro, A I Corrida de Jegue, a Exposição de Animais e show musical com Frank
Balada, além da presença de um parque de diversões.
Com a
Festa do Leite na zona rural, mostra-se que é possível realizar significativos
eventos foras da sede do município como aconteceu por diversas vezes a grande
exposição no Parque Izaías Rego, ao lado da AL-120. Além de animar os
produtores rurais, o estímulo gera uma circulação enorme do real e assegura
novas investidas no desenvolvimento do campo.
O agrônomo Jorge Santana, continua prestigiado no cargo da Agricultura
onde desenvolve auspiciosos trabalhos de reconhecidas relevâncias.
Para
se chegar ao Sítio Pinhãozeiro ou sai da cidade pela rua do Colégio “Cepinha ou
pelo Bairro Lajeiro Grande seguindo pelo sítio Barroso e Camoxinga dos Teodósio.
Parabéns
a todos e à zona rural habitada por uma população valorosa e guerreira.
(FOTO:
PREFEITURA/DIVULGAÇÃO)
sábado, 11 de setembro de 2021
FOI LANÇADO
Clerisvaldo B. Chagas,
13 de setembro de 2021
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
Crônica: 2.585
Recentemente foi pré-lançado
pela prefeitura Municipal de Santana do Ipanema, juntamente com a Secretaria de
Educação, o livro didático destinado aos anos finais do Curso Fundamental,
intitulado: “Santana do Ipanema, Cidade da Gente”. Trata-se de um livro de
Estudos Regionais elaborado entre artífices parceiros ligados à Educação e que
foi impresso pela “Didáticos Editora” da capital Fortaleza. O evento aconteceu no antigo Bairro Floresta,
em uma das unidades escolares, com grande sucesso. O livro será distribuído
para os alunos da Rede Municipal de Ensino, após o lançamento propriamente
dito. “Santana do Ipanema, cidade da gente” é dividido em seis unidades com
seus respectivos parceiros e autores: Ariselmo de Melo, Clerisvaldo B. Chagas,
Ederlan da Cunha, Jicélia Gomes, Marcello Fausto, Sandra Machado e Verônica
Araújo.
Coube ao escritor
Clerisvaldo B. Chagas, a Unidade 3, “Lugar de Memória”. Nela, Clerisvaldo fala dos patrimônios
materiais e imateriais do seu município. Estava realmente faltando uma fonte
abrangente e segura para que a nossa base estudantil pudesse levar para os anos
seguintes uma gana de conhecimentos que representasse os grandes valores que
estão no bojo da sua terra. Assim, a prefeitura de Santana dá um passo largo e
importante à frente de inúmeros municípios brasileiros. A propósito, o livro
ainda contém, Carta dos Autores, Carta da Prefeitura e Carta da Secretaria. Foi
motivo de orgulho atuar nessa parceria onde constará no currículo de mais de 20
livros também o título de coparticipação em “Santana do Ipanema, cidade da
gente”.
E por falar em livros, “Canoeiros do Ipanema”,
em breve será lançado nas escolas, especialmente para professores a um preço
especial para os mestres. Mais uma das grandes histórias de Santana, resgatada,
tendo como fonte um canoeiro com 94 anos. Por pouco a história dos nossos heróis
canoeiros não se perdeu nas brumas do tempo. Bem assim foi o resgate da
Igrejinha das Tocaias, história santanense do tempo da escravidão; publicada já
com a segunda edição e distribuída nas escolas, onde foi trabalhada por
professores e alunos. Lembramos ainda o resgate da história da Igrejinha de São
João do Bairro Bebedouro. Tudo por nossa conta e risco.
CAPA DE LIVRO ‘SANTANA
DO IPANEMA, TERRA DA GENTE”.
(FOTO: B. CHAGAS).
quinta-feira, 9 de setembro de 2021
A BARREIRA DAS GARÇAS
Clerisvaldo B. Chagas, 9/10 de setembro de 2021
Escritor Símbolo do Sertão de Alagoas
Crônica:2584
Muito bonita a paisagem
da margem direita do rio Ipanema vista da Praça das Artes, no Bairro São José.
Para ser mais preciso, do topo da ladeira da Avenida Castelo Branco, exatamente
da esquina de trabalho do artesão Roninho Ribeiro. Nessa época em que choveu
bastante por aqui, vê-se a encosta no rio como se fosse uma floresta de tanto
verde. A parte superior da encosta, é uma rua que vai da parte baixa do Bairro
Floresta até o Hospital Clodolfo Rodrigues de Melo e segue rumo à serra e o sitio
Remetedeira. A minifloresta que dá gosto de se vê, fica entre a estrada acima e
o rio Ipanema. Em tempos de estio a vegetação fica mais escassa, porém,
mantendo a beleza do ponto citado acima.
Quando as garças
brancas do Pantanal, anualmente surgem em Santana do Ipanema, procuram aquele
lugar como base de suas operações. Ocupam uma clareira existente na encosta e
ali fazem o seu ninhal em torno da clareira. Logo cedo levantam voo em busca de
alimentos, retornam à tardinha para o bonito espetáculo do ajuntamento com mais
de mil indivíduos. São vistas pelas fazendas da vizinhança acompanhando as reses
nas pastagens. Também são encontradas nos poços do rio Ipanema que surgem após
as cheias grandes ou pequenas. Caçam pequenos peixes sob as águas lodosas e
poluídas. Esse espetáculo pode ser visto no trecho do rio entre a barragem e o
Poço das Mulheres.
Lá em cima, defronte ao
Hospital, forma-se um pequeno comércio que deverá aumentar com o funcionamento
também da vizinha UFAL. A tendência é que esse comércio desça à Avenida até se
encontrar na parte baixa do bairro, com o outro pequeno comércio formado na
divisa deste com o Bairro Domingos Acácio. A tendência, porém, do matagal que
muito ajuda na respiração de Santana, o matagal da barreira, possui um futuro
incerto. O povo mora em qualquer lugar e não se pode descartar essa possibilidade
nem nas partes mais íngremes que margeiam o rio. De qualquer maneira, fica o
registro para as mudanças do futuro e o cenário da atualidade.
Santana, progresso e
porvir.
(FOTO: B. CHAGAS).
terça-feira, 7 de setembro de 2021
LAMPIÃO
ENJEITOU
Clerisvaldo
B, Chagas, 8 de setembro de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:2.583
Quando em 1926 correu a notícia de que o bando de Lampião havia penetrado em Alagoas pelo Oeste do estado, foi um alvoroço. Mais notícias sucessivas alertavam que o bandido se dirigia bem montado para a área do Médio sertão, rumo a Olho d’Água da Flores e Santana do Ipanema. A cidade de Santana tratou de se articular. Não havia uma estrutura permanente de defesa. Com os berros de alerta famílias inteiras tentaram escapar da sanha do bandoleiro, fugindo para a zona rural. Outras com mais condições financeiras correram para municípios distantes do Sertão. A família do futuro escritor Breno Accioly mandou o menino para Palmeira do Índios no limiar do Agreste, para onde rodaram dois automóveis fugitivos.
O prefeito Benedito
Melo estava em crise asmática, mas homens resolutos se uniram para escavacar
rifles e voluntários pela cidade, entre eles o próprio padre Bulhões, Ormindo
Barros, Joel Marques e Firmino Rocha.
Nunca se pensou que tivesse tantas armas amofambadas em Santana do
Ipanema, diz o escritor Valdemar Lima. Reunindo soldados do quartel, recrutas
do Tiro de Guerra e alguns civis, a resistência fez barricada com fardos de
algodão na Rua da Poeira, hoje Rua Delmiro Gouveia e Manoel Medeiros. Mas havia
outros grupos em lugares também estratégicos na entrada oeste de Santana. Mês
de inverno, muito frio e, os homens heróis nas barricadas passaram a noite
inteira aguardando a invasão do bandido.
O novo dia de inverno
amanheceu primaveril e nada de Lampião. A fome apertava nas barricadas e foi
autorizada a saída de alguns voluntários para à compra de massas numa padaria
próxima. Lampião enjeitara a invasão a terra de Santa Ana. Preferiu agir ao
longe na zona rural, pegando pessoas indefesas na sanha demoníaca. Depois de
vários assaltos nos sítios da região, guiado pelo cangaceiro santanense Gato
Bravo, comandou sua caterva em direção à vila de Olho d’Água das Flores que foi
invadida por 24 horas. Vale salientar que em Santana do Ipanema ainda não tinha
o Batalhão de Polícia de combate ao banditismo que só chegou em 1936 e vingou
as atrocidades do chefe cangaceiro pondo fim na sua vida criminosa em 1938.
Baseado no livro
Lampião em Alagoas.
RUA DA POEIRA (MANOEL
MEDEIRO, ATUAL) (FOTO: B. CHAGAS).
sábado, 4 de setembro de 2021
A
FILHA E A MÃE
Clerisvaldo
B. Chagas, 3/4 de setembro de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.58
Saudade não dá moleza.
Foi assim que fui passar pela frente da Escola Profa. Helena Braga
das Chagas para ver as novidades. Muita areia de dois tipos na calçada e
tijolos empilhados revelava obras na escola. Mas não fui fazer outra coisa a
não ser tentar fotografar a Craibeira mãe e a craibeira filha que nasceu bem
perto da matriz. Estirou-se e praticamente está do mesmo tamanho da outra. A
árvore Símbolo de Alagoas foi plantada na escola Profa. Helena Braga
das Chagas há mais de trinta anos pelo senhor conhecido como João Boêmio, muda
diretamente trazida dos areais e pedregulhos do leito do rio temporário
Ipanema. Tem muita coisa a contar sobre a nossa escola do Bairro São José.
Quando estávamos
procurando fazer um dia sobre ecologia tudo aconteceu. Iríamos aplicar uma
plaqueta na árvore com seu nome popular e científico e data do seu plantio com
o nome de quem plantou. Convidar as autoridades, colegas e alunos de outras
escolas para um pequeno festejo aos pés da Craibeira. De repente a escola
pertencente ao estado passou para o município. Ficamos sem chão. Até a
biblioteca que tanto esforços fizemos para inaugurá-la, nem chegou a isso.
Passou para outra unidade do estado. Mas pelo menos a árvore testemunha da
história do Helena, continua no mesmo lugar, ao lado da entrada. A filha firmou-se rapidamente entre o mato e
nessa pandemia vai criando corpo.
Apesar do seu majestoso
porte (no livro “Ipanema Um Rio Macho” eu a chamo de Rainha do Rio), a
craibeira, falando claramente, não é para ser plantada em lugares urbano.
Madeira de lei, pesadona, maciça e perigosa quando deixa cair um dos seus
galhos. Plantada em escola, está sujeita a causar um acidente grave se não for
constantemente monitorada. É tão forte que é usada como mesa de carro de boi.
Daí a dúvida se pode deixar a filha da craibeira onde está ou removê-la para
lugar seguro.
Quanto a escola, temos
certeza que será vitoriosa como outras unidades do município.
O nome permanecerá o
mesmo? Não temos ainda essa informação.
CRAIBEIRA; MÃE E FILHA
(FOTO: B. CHAGAS).