ENTRE O PASSADO E O FUTURO
(Clerisvaldo B. Chagas, 31 de dezembro de 2010)
Entre tapas e beijos vai chegando ao fim essa primeira década. Quer dizer, entre boas e más notícias que rodeiam o mundo. Quando teve início o velho 2000, também era grande a expectativa da humanidade por que o futuro só pertence ao Criador. Algumas pessoas até se sentem incomodadas por que não possuem dons adivinhatórios que lhes proporcionariam uma série de vantagens sobre os outros mortais. Entretanto, está certo o Senhor dos Mundos em guardar esse segredo, motivo de sondagens entre os inconformados. Ninguém pode se acomodar assim diante desse mistério chamado tempo, cujo sentido e essência vão quebrando a cabeça dos filósofos. O que podemos fazer é somente e tão somente contabilizarmos o que passou, retirar o sumo do bem para reforçar o futuro. É identificar os erros cometidos, marcá-los para não deixá-los escorregar novamente a nossa caminhada. O presente marco de passagem de ano, de interstício de década, é à sombra de frondosa árvore na fronteira do deserto. Um convite ao descanso, à água fresca, ao filme que passou. Ponto de refletir, hora de decisões a tomar antes de levantar acampamento. Talvez o pior da caminhada já tenha acontecido. Nunca se sabe, porém. É preciso reunir forças para seguir em frente por que às vezes o mar calmo, contudo, pode ser um sinal de novas procelas.
Esse tempo novo que vem chegando de mansinho traz o seu próprio véu que esconde a face, mas deixa uma senda de clareza para quem ousa procurá-la. E quando essa vereda encoberta não é achada, é por que existe falha na procura e a concentração está no plano físico que quase nada tem a oferecer. A chave da procura vem para a porta de dentro que talvez não seja fácil de ser aberta, mas a fé logo achará uma fonte de abastecimento para o restante dos passos tortuosos que se tornarão firmes como as rochas, aprumados como os mandacarus, frutíferos como as boas macieiras. E lá irá o viajor pelo caminho estreito, cujas margens ficarão enlarguecidas e limpas oferecendo conforto e segurança. E se o futuro continua uma incógnita, a fortaleza encarregar-se-á do fortalecimento. O caminhante, mochila às costas, vadeia rios, galga montanhas, percorre planícies calmamente, por que se achou, plenamente se achou no reinício de jornada.
Por que temer 2011? Não olhe somente para as pedras, os espinhos, as armadilhas, os desertos e a neblina. Olhe o maravilhoso azul do céu. O brilho das estrelas que parecem acenar para as nossas vidas. A lua cheia que marcha ligeira e garbosa pelas noites receptivas. Esquecer. Esquecer estranhas e ignóbeis criaturas que foram contra nós. Criaturas horrendas, dragões que pareciam assustadores, mas não resistiram à lança de São Jorge. Se cães, cadelas, porcos, lobos famintos foram dominados, por que temer novos perigos da floresta? Os mesmos que velaram por ti, são os mesmos que ainda velarão. Continuemos 2011 com a sabedoria popular: Deus é pai não é padrasto. Joguemos fora nesse instante o temor que espezinha ENTRE O PASSADO E O FUTURO.
• FELIZ ANO NOVO!!! (segunda voltaremos).
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