ANIVERSÁRIO
(Clerisvaldo B. Chagas, 2 de dezembro de 2010)
Hoje é meu aniversário. Para que esconder, se escrevo sobre o cotidiano? Uma Canon EOS 40 D ou um AirCross já seriam presentes de bom tamanho; ou uma caixa de fósforo, um palito ou um abraço. Bem, compadre, são coisas materiais, brinquedos do dia a dia. Na verdade, a melhor coisa mesmo para um aniversariante é saúde, fator não valorizada quando se tem. No plano espiritual, seria ótima a visita do filho do Homem para dizer: “Parabéns cabra velho, você não tem parelha, não! Continue contando comigo.” Quem terá inventado esse negócio de aniversário?
Falam os pesquisadores que o aniversário teve início ligado a assuntos de mágica e religião. Para proteger o aniversariante de coisas ruins, é de onde vem os costumes dos parabéns, presentes, celebração, inclusive velas acesas. As velas protegiam o aniversariante e ainda garantiam sua segurança no próximo ano, segundo os tempos mais antigos. Até a Igreja e o próprio cristianismo, não aceitavam esses rituais, alegando costumes pagãos. Pelo menos até o quarto século, pensava-se dessa maneira. Voltando à velha Grécia, sempre dando conta de tudo, achavam os gregos que cada pessoa tinha um espírito protetor também chamado gênio, e este inspirava, assistia o nascimento e vigiava o indivíduo em vida. Durante o natal, esse espírito protetor teria uma relação com o deus. E como os romanos gostavam de copiar os gregos, apoiavam esses pensamentos da calejada Grécia. Havia bolos de mel, redondos, que imitavam a lua, e eram iluminados com velas, depois colocadas no templo de Ártemis (deusa da lua e da caça). As velas eram dotadas de magia especial para atender pedidos. Dizem que a pessoa, durante o aniversário, estava perto do mundo espiritual. Mas bem que os egípcios tinham tradição de realizar aniversários. Muitos dos costumes da Grécia eram importados do Egito. A bíblia não relata aniversários de hebreus, nem sequer o de Jesus. E esses parabéns para você, que se canta no Brasil, migraram dos Estados Unidos quando a letra foi adaptada para o português em 1942. Ela foi criada em Kentucky, pelas irmãs e professoras Mildred e Patrícia Smith Hell, para ser cantada na entrada da escola, pelas crianças. O título é “Bom dia a todos”.
Costume pagão ou sem ser pagão, hoje é meu aniversário. Difícil é planejar o que fazer. Após os quarenta, os aniversários vão ficando mais sisudos e discretos. Chegam às lembranças das mães satisfeitas em torno da mesa repleta de crianças aguardando parabéns, doces e bolo. Do adolescente e do adulto novo comemorando com cervejas nas rodadas entre os amigos. Depois... Depois é apenas uma lembrança danada do aconchego maternal que não retorna. Missa em ação de graças, meditação e agradecimentos profundos ao Dono da vida. Uma nova parada para reaver o fôlego e prosseguir a jornada do aperfeiçoamento. Não posso esconder com o teclado à frente: hoje é meu ANIVERSÁRIO.
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