quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

 


FOGO NO SERROTE

Clerisvaldo B. Chagas, 31 de dezembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.442

 

No primeiro quarto do século XX, um dos montes que circundam Santana do Ipanema, chamava-se serrote do Gonçalinho. O motivo, nenhum escritor antigo falou sobre isso. É de se pensar em um morador por ali chamado Gonçalinho.  No segundo quarto do século XX, foi colocado quase no topo do monte, uma estátua grosseira do Cristo com braços abertos. Quem teria colocado aquele Cristo? Também não se tem registro. Falam que teria sido ação do interventor municipal do início dos anos 30, Frederico Rocha. Aliás, no túmulo da família Rocha no Cemitério Santa Sofia, tem um cristo semelhante que chama atenção de quem o visita. Parece de metal, mas a semelhança com o Cristo do serrote, parece ter sido construído pelo mesmo artesão.

Alguns dizem que o interventor não era católico e rejeitam a autoria da implantação por ele. Entretanto, sua família era muita religiosa e talvez seus pedidos, tenham feito com que o interventor tivesse colocado a estátua no monte. A partir daí, o povo esqueceu Gonçalinho e passou a denominar o acidente geográfico de serrote do Cristo. No último quarto do século XX, foi instalada uma torre para ajudar nas comunicações. A população deixou de lado o Cristo e passou a identificar o acidente como serra da micro-ondas, denominação essa que perdura até os presentes dias. Novas gerações vão chegando e, se houver ali outra novidade, naturalmente nova denominação será dada.

Recentemente uma das várias torres ali instaladas, após a primeira, citada acima, pegou fogo. Pegou fogo e assustou os moradores do novo bairro formado no sopé do serrote, o Santo Antônio. O fogo foi dominado

e restabelecida em algumas partes da Santana, a comunicação com celulares. Suspeita-se de vandalismo e o caso estar sendo investigado. Mas, pelo menos serviu para chamar atenção dos santanenses que andavam esquecidos dos seus patrimônios naturais.

SERROTE DO CRISTO (FOTO: ÂNGELO RODRIGUES).

       FELIZ ANO NOVO!!!

 

 


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terça-feira, 29 de dezembro de 2020

 

UMA AVENTURA DE AMOR

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de dezembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.441





A família Gonzaga dominou Santana do Ipanema no início do Século XX. Mandou na política local até, aproximadamente, 1915, quando apoiou o padre Manoel Capitulino para a municipalidade. Capitulino tinha uma irmã casada com um membro daquela família originária do pé da serra da Camonga, à cerca de 3 quilômetros do Centro da cidade. O padre, que se dedicava mais à política do que a igreja, chegou a ser governador em exercício e foi quem elevou a vila à cidade em 1921. Pois bem, segundo o saudoso comerciante Evilásio Brito, que possuía na cabeça muitas histórias acumuladas, um dos membros da família Gonzaga proporcionou um episódio, digno de folheto de cordel.

Chegando à cidade baiana de Curaçá, apaixonou-se por uma mulher e por ela foi correspondido. Resolveu pedir a amada em casamento, mas o pai, homem ignorante da época e rodeado de capangas, disse para o Gonzaga: “Essa mulher não serve para casar”, dando a entender que ela não era mais virgem. Gonzaga, então se fez de despachado e combinou com a amada uma fugida para Alagoas. Marcaram o dia e a hora. Gonzaga retornou ao seu pé de serra.  No dia aprazado, Gonzaga voltou à Bahia. Atravessou o São Francisco e combinou com o canoeiro, uma espera às margens do rio para a travessia do casal.  Adiante encontrou nos pastos de uma fazenda, vários cavalos pastando. A chuva caía naquela hora e os animais viraram-se contra a chuva, com apenas a exceção de um deles.

Gonzaga foi ao criador e falou em comprar um dos cavalos. O homem aceitou vender e no campo mostrou os melhores.  Gonzaga, então, disse: “Só me serve aquele” e apontou para o animal que enfrentara a chuva com a cara. Acertou as contas e seguiu viagem. Roubou a sua paixão levando-a na garupa do potro até encontrar o rio São Francisco. A capangada seguia seu rastro sob as ordens do coronel, pai da mulher. Na beira do rio, o canoeiro não estava no ponto combinado. “E agora?” indagou seu amor. “Agora é nadar”. Ajeitou os arreios e penetrou na água fazendo o animal nadar e vadeou o rio sem problema algum. Em Alagoas, marchou para o seu refúgio no sopé da serra da Camonga.

A capangada refugou no São Francisco e não se soube depois de nenhuma outra perseguição.

A história é ou não é parecida com folheto de cordel?

SERRA DA CAMONGA, REFÚGIO DOS GOZAGA (FOTO: B, CHAGAS).

 


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segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

 

O VELHO DO GATO

Clerisvaldo B. Chagas, 28/29 de dezembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.440

 





O homem de avançada idade morava na serra do Gugi, no município de Santana do Ipanema, segundo crônica do saudoso escritor santanense Oscar Silva. Aos sábados, dia de feira semanal, o matuto da serra hospedava-se na casa da avó de Silva, flandreleira Josefina, cuja residência ficava defronte a casa dos meus pais. As conversas do homem sempre giravam em torno das suas proezas sexuais. Uns acreditavam outros não. Estamos falando das décadas de 20 ou 30, narradas por Oscar. Certo dia o pessoal que o ouvia teve a prova dos noves. Surpresa! O matuto da serra iria se casar. Casou. Todos ficaram atentos ao desenrolar dos fatos. Em menos de quinze dias, a idosa com quem se casara abandonou a casa. Os curiosos procuraram o motivo e a própria ex-esposa contou tudo.

Segundo ela, o vigor do velho era impressionante e como o casamento parecia brincadeira, ela correra de casa por conta do velho tarado. “Vá procurar as bestas das grotas para as suas safadezas, seu velho sem-vergonha!”. Contara a frustrada velhinha. O zunzunzum foi grande desde à serra do Gugi às feiras dos sábados de Santana.

Já na minha adolescência surgiu um velho também da serra do Gugi que eu o apelidei de Velho do Gato, nem me lembro mais o motivo. O velho do gato andava sempre com um saco às costas, tinha a cara toda enrugada, um bom humor incrível e uma agilidade comprovada.  Comprava retalhos em nossa loja para vender na serra e em outros lugares.  Vez em quando pulava rápido como quem estava se defendendo de algum ataque e colocava a mão sob a camisa, num gesto de defesa ao puxar uma faca inexistente.

Pois o velho do gato, lembrava exatamente o personagem da crônica de Oscar. Foi não foi, puxava conversa sobre seu vigor sexual e falava de paixão por um tal Gedalva que vivia a paquerar. Impressionava-me a coincidência em ser ambos os idosos da serra do Gugi, a maior altitude do município. Seriam os ares da serra que contribuiriam para a longevidade sexual dos seus habitantes? Tá aí uma teoria para quem gosta de pesquisar nesses caminhos. Nesse caso, nunca vim a saber se o velho do gato chegou a casar com a sua Gedalva. Nunca mais soube de nada sobre ele, nem se procurava as bestas das grotas como mandara a esposa do primeiro.

A serra do Gugi continua lá a 12 quilômetros da cidade. Entretanto nem sei informar se ainda fornece velhotes assanhados para o município de Santana do Ipanema. (FOTO: B. Chagas).

 

 


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terça-feira, 22 de dezembro de 2020

 

NO SEIO DA CAATINGA

Clerisvaldo B, Chagas, 22/23 de dezembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.439



Seguimos pelas trilhas da caatinga em fila indiana. Vaqueiro à frente com machado ao ombro, colega e amigo José Ialdo Aquino e, eu fechando a marcha, em busca de mel silvestre. Depois de boa caminhada, o guia deu com a mão e paramos sob bela florida e perfumosa, catingueira. O homem apontou com o dedo para a galhada da Leguminosae caesalpinioideae, onde havia um oco no pau e disse: “É ali onde as abelhas mandaçaias estão arranchadas”. Ficamos aguardando suas ações. Com o machado decepou o galho da árvore, produziu fumaça e espantou as abelhas. Em seguida, ajudou a alargar o oco do pau e escorreu o mel transparente e apetitoso para uma vasilha. Todos de água na boca aguardando aquela delícia selvagem da nossa flora. Se existe um doce extremamente doce, estava ali diante de nós. “Tão gostoso e tão doce que arrepuna!”, soltou alguém.

Encerrada a aventura no seio da mata, retornamos satisfeitos com várias investidas na estrada contra o mel cobiçado da vasilha. Dali sentamos no banco pela-porco da casa-grande de alpendre, onde o vaqueiro narrava sua participação nos combates da Revolução Paulista: “Tantos cadáveres que nem tínhamos vontade de comer outra coisa, somente doce e nada mais”. Ali conheci a capelinha bem arrumada onde fora assassinado o patriarca da família Aquino, pelo cangaceiro de Lampião, Português. Eu ainda não havia entrado no mundo fantástico das pesquisas, porém, produzi interessantes slides da fazenda. Com minha boa vontade e frustração, até hoje aguardo a devolução do material emprestado. Diz o ditado: que “quem empresta não presta”. Retornei imensamente feliz daquela incursão pela nossa flora. Ainda fui surpreendido nesse retorno, ao avistar a bela paisagem de Santana do Ipanema ao passarmos pelo sopé da serra Aguda. Não conhecia o cenário magnífico visto daquele monte circundante da cidade.

Décadas depois, pesquisei e trouxe à tona o episódio proibido e sangrento fruto da covardia do cangaceiro Português e mais dois asseclas. Acha-se relatado no livro “Lampião em Alagoas”, com o título: “A Morte do Patriarca”, publicado em 2012 pela editora GrafMarques, de Maceió. Foi o doce do mel com o amargo do fel. Muitas outras histórias das nossas caatingas permanecem escritas nas páginas reviradas dos nossos vegetais.

Meu Sertão, meu sertãozinho...

Salve!

ASPECTO DA CAATINGA SERTANEJA (FOTO: BIANCA CHAGAS/ARQUIVO DO AUTOR).

 

 

 


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domingo, 20 de dezembro de 2020

 

O ACAUÃ

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de dezembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.438


O acauã é uma ave falconídea dos nossos sertões nordestinos, imortalizada pela cultura sertaneja e pelo intérprete Luiz Gonzaga. Ave do gênero Herpetotheres, é muito odiada pelos sertanejos não instruídos, mediante a tradição de ave agourenta.  Entretanto, quem estuda os bichos, não pode deixar o acauã na marginalidade. É fato, porém, e não superstição, que o seu canto é um aviso que está sendo iniciado um período de seca. Nesse caso não é um mau augúrio, mas só um aviso profético natural para que os habitantes da região, possam se preparar para a estiagem. Um amigo que orienta e não espalha o mal. Todavia, pôr o amigo da natureza prevenir sobre a seca, é perseguido e morto pela ignorância que perdura nos sertões.

Além de ser amigo do homem (e ser mal interpretado) o acauã faz a limpeza da região caçando e devorando, roedores, cobras não venenosas e peçonhentas como as mais perigosas do sertão: coral verdadeira, cascavel e jararaca. Veja sobre a própria ave:No acauã adulto, a cabeça é amarela pálida, variando de marrom a branco dependendo do indivíduo e do desgaste das penas. A máscara facial preta e larga estende-se em torno da parte traseira do pescoço com uma borda branca. As penas da coroa têm eixos escuros produzindo um efeito raiado. A parte superior das asas e da cauda é marrom muito escuro; o uropígio é também amarelo pálido ou branco; a cauda apresenta barras estreitas preto e branco, terminando com pontas brancas. A maioria da parte inferior é amarela pálida, salpicada de marrom escuro nas coxas, incluindo a base das penas primárias. O fim das penas primárias é barrado, com cinza mais pálido. Algumas manchas escuras sob as asas não são incomuns. Os olhos são marrons escuros. A íris é preta; os pés são cor-de-palha”. (Wikispécie).

Tudo isso faz lembrar o senhor Benedito Serra Negra com avançada idade, quando chegava à loja de meu pai em tempo de estiagem, sempre com a mesma frase, referindo-se ao canto do acauã: “Ê, meu fio...” Ê   meu fio...”. Um dia nosso romance “Fazenda Lajeado” virá a lume e mostrará uma velha da fazenda aconselhando a matar os acauãs por causa da seca e a defesa de um fazendeiro patrão esclarecido dando lições de preservação.  Muitos interpretam seu canto como “Deus está chamando”. “Vai mais um”, por isso e por aquilo o acauã leva pedradas e chumbo grosso.

O passarinho vem-vem (Pitiguari) quando canta, chega um parente distante; quando a rasga-mortalha passa rasgando, morte de pessoa conhecida; o canto da seriema chama a chuva; e o canto do acauã, já foi apresentado acima.

Muito temos ainda que divulgar sobre nossos costumes, crenças e tradições sobre a flora e a fauna sertaneja.

Procure ouvir a beleza da música de Gonzaga, O ACAUÃ E sinta o meu, o seu, o nosso sertão.

ACAUÃ (CRÉDITO: GILVAN MOREIRA).

 

 

 


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quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

 

LAMPIÃO: O INGRATO NA MATA GRANDE

Clerisvaldo B. Chagas, 17/18 de dezembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.437



Quando a família Ferreira veio para Alagoas, 1918, chegava aliviada das ações dos seus inimigos na região de Pernambuco, em que viviam. O próprio Virgolino Ferreira teve a chance de viver honestamente como empregado do coronel Juca, na Mata Grande. Mas, devido ao seu próprio instinto, resolveu fazer parte do bando de Antônio Maltilde e criar asas no bando dos Porcino. Seu espírito guerreiro não o deixou viver totalmente com o suor do rosto. Fez incursões armadas em seu estado e foi vivendo entre o certo e o errado no lugar que o acolheu, oferecendo oportunidade de viver do trabalho e longe dos rifles adversários do Pernambuco. Vivendo em Água Branca e Mata Grande, região serrana do estado, perdeu a oportunidade de paz porque bem quis.

Já famoso em 1925, achou que podia tudo. Tanto é que após a visita que fez ao cemitério do arruado Santa Cruz do Deserto para visitar os túmulos dos pais, resolveu dar uma festa na fazenda Tanque do seu velho camarada José Crispim. Pressionado pelos irmãos Antônio e Levino para que o bando assaltasse Mata Grande, respondeu fraco que não podia por dever favores àquela gente. Quer dizer, ele mesmo reconheceu que não podia ser ingrato com os que o acolheram na adversidade. Mesmo assim resolveu atacar Mata Grande. Os fanáticos dirão que ele foi obrigado pelos irmãos, mas o chefe era ele, a força de se impor era a sua, portanto, a responsabilidade total foi dele, sim. Cedendo mais à ambição do saque e menos à vaidade do poder da força, teve a desculpa do pressionamento da irmandade.

Arrogante e azougado partiu para o ataque após receber como resposta do comércio mata-grandense ao seu bilhete, um desafio de macho: “Olha, aqui, vá dizer àquele moleque que o receberei à bala”. Como pensava que não haveria resistência, o bandido Lampião tentou invadir à cidade, mas as balas prometidas não deixaram o bando ir além das Rua Nova e Repitete. Lampião “botou o rabinho entre às pernas, bateu em retirada e foi se refugiar na fazenda Serrote Preto. É certo que ali atuou com êxito, mas isso foge ao foco da cidade Mata Grande. Sua ingratidão, truculência e ambição, não o impediram de comer bala.

Só muito depois, Mossoró repetia o feito da Mata Grande.

 


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terça-feira, 15 de dezembro de 2020

 

A PRACINHA DO AMOR

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de dezembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.436

Para a sensibilidade sertaneja



Em Santana do Ipanema, quem passa pela comprida Rua Joel Marques, na parte baixa do Bairro Floresta, encontra uma história digna dos contos de fada. Tudo começou quando a Garota Emília, com apenas 8 anos, ficou órfã e foi morar com sua tia, Dona Maria José Lírio, à rua citada acima. Passaram a viver somente as duas naquela casa, cujos fundo dá para o riacho Salgadinho. Ali, Emília conheceu o vizinho Seu Manoel e se dava muito bem com ele. Seu Manoel plantou uma árvore no lado oposto da rua e depois plantou mais outra árvore. Quando os vegetais cresceram, Emília e outras crianças do lugar passaram a brincar na sombra das duas árvores, com suas coleguinhas: Cicinha, Jaça, Maninha, Ciel, Julinha... Sempre vista de perto por Seu Manoel e Dona Maria José. Certa feita passou uma retroescavadeira da prefeitura raspando os barrancos e o manobrista quis derrubar as duas árvores. As crianças reunidas pediram por tudo que não derrubasse as duas árvores. O homem terminou cedendo e foi embora. Ficaram algumas pedras na rua que as crianças e Seu Manoel levaram-nas até as árvores para servirem de assentos.

 As crianças foram crescendo e arranjando namorados ali mesmo sob aquela sombra. O motorista conhecido como Adeildo Transportes, doou a poltrona da sua van para servir de banco na pracinha. Seu Manoel e Emília batizaram a pracinha como “Pracinha do Amor”. Esse nome ficou escrito em uma das pedras, juntamente como os nomes das outras crianças que após os namoros, vieram os casamentos e todas são felizes com seus respectivos maridos.

O tempo passou e a rapaziada da rua, começou a brincar na praça com música e uma bebidinha que nunca perturbou a ninguém.

Atualmente, nos conta Dona Maria José Lírio que também é zeladora da Igrejinha das Tocaias, a pracinha está servindo para os idosos que passam por ali para a feira, para os sítios... Para o posto de Saúde. Param sob as árvores, descansam da caminhada e sempre encontram no lugar uma garrafa térmica com água fria, colocada na pracinha, diariamente, por mãos abençoadas, para aliviar os seus ais de transeuntes e da idade.

Essa história bateu forte no meu peito e desejei conhecer todas aquelas crianças que hoje são felizes donas de casa e também a Seu Manoel que ficou cego e voltou a enxergar após tratamento.

O bairro Floresta em Santana do Ipanema, balançou meu coração com a história quase irreal da Pracinha do Amor. Deus derrame bênçãos e mais bênçãos nesses personagens de ouro da minha terra.

PRACINHA DO AMOR (CRÉDITO: MARIA JOSÉ LÍRIO).

 

 

 


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ESTRELA DE ALAGOAS

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de dezembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.435

 





Visto que todos os estados brasileiros e o Distrito Federal são representados no céu por uma estrela, Alagoas também tem a sua. Trata-se da estrela Tete, da constelação de Escorpião. Esta constelação já fazia parte do mapa do zodíaco desde os tempos antigos, quando os europeus estudavam os astros.

Mas também o estado tem sua estrela na terra. Quem ainda não ouviu falar no município de Estrela de Alagoas. Indo do Sertão para a capital, Maceió, a cidade de Estrela de Alagoas, é a primeira do agreste e fica entre os municípios de Cacimbinhas e Palmeira dos Índios para quem viaja pela BR-316.

Antigamente em suas terras havia muitos animais selvagens com destaque para o tatu-bola.  Quando se formou ali algumas casas em aglomerado, recebeu popularmente o nome de Bola, em referência ao animal tatu. E assim esse nome atravessou décadas e décadas até se tornar pejorativo. Viajantes passavam por ali e insultavam os moradores indagando das carrocerias dos caminhões embalados na rodagem: “É aqui o Bola, rebanho de peste?!” Aí a poeira cobria na estrada de terra. Os moradores ficavam fulos e ai se pegassem um daqueles engraçadinhos. Certa vez chegou por ali o Padre Ludgero, 1952, vigário da paróquia de Palmeira dos Índios e celebrou a primeira missa no povoado e trouxe também a primeira escola. O padre, diante do progresso do povoado, sugeriu que fosse mudado o nome para Estrela de Alagoas. Sua primeira feira aconteceu em 9 de janeiro de 1959. O nome de estrela se deu em 1989 e sua Emancipação Política deu-se em 5 de outubro de 1992.

Após passar a município, Estrela de Alagoas começou a dar passos fortes em direção ao progresso, conquistando o respeito e a admiração dos passantes. Foi coberto de asfalto, implantou calçamento de ruas, ampliou sua feira-livre e atraiu centenas de empreendimentos particulares e estatais. Sua fatia Agrestina possui clima agradável, terras férteis e muita arborização em sua periferia. Prédios novos e casas comerciais chegam por ali todos os dias e sua feira já faz sombra a sua antiga sede, Palmeira dos Índios que fica somente a um pulo dali.  Tem como grande atração os serrotes do Cedro e do Vento, pontos turísticos bastante visitados na Semana Santa por pesquisadores, turistas, religiosos e curiosos da região.

Bola, uma nova estrela radiosa de Alagoas.

CENTRO DE ESTRELA DE ALAGOAS (YOUTUBE).

 

 

 

 

 

 

 

 


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domingo, 13 de dezembro de 2020

 

NÓS NO ZABUMBA

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de dezembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.434




Vamos matar a saudade do nosso tempo, trazendo-o de verdade até nós. Lembra quando havia novenas nas periferias e na zona rural? O aviso era dado através da banda de pífanos composta por pífanos, caixas e zabumba. O pequeno grupo de tocadores saía pelas ruas da cidade tocando e parando nas casas para anunciar onde haveria a novena e pedir dinheiro para o santo anunciado. À frente, um homem ou mulher carregava um quadro cheio de fitas com a imagem do santo da novena, quase sempre de São José ou Santa Luzia. Após o rito novenário, iniciava-se o leilão fruto das arrecadações comunitárias, como: bolos, ovos, galináceos, carneiros e garrotes.  Às vezes também as novenas rurais e periféricas eram anunciadas durante as missas da Matriz de Senhora Santana, em Santana do Ipanema.

Nas novenas dos sítios tanto se rezava quanto se namorava, pois um rabisco de olho sempre escapava para lá e para cá entre as matutas aprumadas do sertão e a sagacidade dos rapazes “praciantes”. Muitas novenas tornaram-se famosas como as de Zé Rosa, no subúrbio Maniçoba, em Santana do Ipanema. Logo cedo do dia, a zabumba estava nas ruas da cidade anunciando a festa e animando o povo. Lembramos de certa música tocada no pife que era preciso entendê-la: A Onça. Tratava-se de uma caçada de onça onde os cães de caça acuavam o bicho do mato , iniciava-se um ataque e uma briga medonha entre a onça e os cães. Os tocadores imitavam no pife os tapas do felino e os caim caim dos cachorros. Uma obra de arte e atestado de competência do pifeiro.

Não era somente o famoso João do Pife que era bom na arte.

Agora mesmo, depois de décadas e décadas do auge da zabumba, sexta-feira passada a Rua Antônio Tavares é surpreendida por um grupo regional da zabumba, denominado São José, devidamente fardado e originário da cidade de Pão de Açúcar. A novidade para a nova geração surpreendeu os moradores. Houve uma parada na frente da casa dos meus pais, onde moram duas irmãs. Festa para a vizinhança! Veja na foto, dois pifes, uma zabumba e duas caixas. Ainda bem que os habitantes da rua lembraram de fotografar as raízes do nosso folclore sertanejo.

Não sabemos, entretanto, se os “cabras da peste”, tocaram a onça acuada pelos cachorros.

BANDA DE PÍFANOS, SÃO JOSÉ (FOTO: MORGANA).

 

 


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quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

 

PALAVREADO

Clerisvaldo B.  Chagas, 11 de dezembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.433

 



Já alcancei Seu Né, nosso vizinho da direita, na sua idade avançada. Era casado com Dona Zezé e que não lembro mais suas feições, mas lembro bem da morena Zefinha, filha do casal. Na sala da frente havia uma imagem de Nossa Senhora da Conceição que muito me atraía da janela baixa da casa.  A santa tinha os braços estirado para baixo e das suas mãos saíam feixes de luz. Seu Né Lecor – que o povo chamava de licor – era calmo, cabeleira cheia e branquinha, fumante inveterado e arredio. Raramente saía de casa. Tinha um compartimento na residência que fora uma bodega, por mim não alcançada. Ligeiramente encurvado, Seu Né era a cópia fiel do cangaceiro de Lampião, Ângelo Roque o Anjo Roque, Labareda.  Os mais velhos diziam que ele fora muito perigoso. Ainda era parente dos escritores Floro e Darci Araújo, falavam. Dona Zezé faleceu e Seu Né casou pela segunda vez com Dona Maria dos Santos que teve um filho, Benedito, o qual apelidávamos de “Benedito Bacurau”.

Maria dos Santos chamava o próprio marido de Se Né.

Todos os personagens acima já partiram, mas ficou na minha cabeça a profissão que seu Né exercia: cubador de terras. Vez em quando chegava um matuto perguntando pela casa de Seu Né “Licor”. E minha mãe Helena Braga que fazia deliciosos licores, me fazia lembrar o vizinho fumador. Seu Né saía lá dos fundos, vinha para sala da frente, abria as portas da antiga bodega e chamava o cliente para suas garatujas no papel. Cubador de terras, indivíduo que mede quantas tarefas de terra tem numa determinada área, uma espécie de agrimensor. Depois descobri que o meu professor de Matemática, engenheiro, conhecido como Neco da Maravilha, também fazia no papel a mesma coisa que Seu Né. Hoje falo para o meu neto essa frase estranha: cubador de terras.

Outra palavra esquisita é o cavouqueiro. Vim saber sobre essa palavra no governo Paulo Ferreira, quando homens estavam abrindo uma rua e detonando pedras. Que diabo é cavouqueiro? profissional que trabalha abrindo pedreiras, especializado em escavar e usar explosivos nas rochas. Se essa palavra e frases regionalistas já eram difíceis para mim, imagina para o meu neto Guilherme, bom de celular e distante das ruas! Podia-se até imaginar que o cubador e o cavoqueiro fossem alguns tipos de tarados.

Assim vamos vivendo e aprendendo entre o passado e o presente e entre o próprio presente que não deixa caber na cabeça tantos termos novos e fabricados na hora. Isso até faz lembrar o apelido exótico de um ferreiro santanense: “Pé Espaiado”. Aí a conversa é outra.

Cavoqueiro dá uma boa letra de forró.

Cubador se inicia com desvio de função.

Eita Nordeste arretado!

CAVOQUEIROS ( foto: gazetaonline.com)


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quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

 

APOSENTADORIA DO JEGUE

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de dezembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.432




Quando o, então, governador major Luís Cavalcante inaugurou a água encanada em Santana do Ipanema, mandou quebrar todas as cisternas da cidade. Dizia ele que jamais faltaria água nas torneiras residenciais. Muitos acreditaram nas palavras do homem que em meio ao discurso, completamente eufórico, intercalava    palavreado entre o sério e piadas populares conhecidas. Foi de fato um festão realizado no Bairro Monumento, onde o governador no palanque oficial de alvenaria sobre a sorveteria Pinguim, discursava com seus puxas-sacos. Se era para quebrar todas as cisternas da cidade, por consequência o ato de vandalismo proposto, atingiria indiretamente a aposentadoria de mais de cem jumentos que abasteciam as casas com água das cacimbas do rio intermitente Ipanema.

Não demorou muito após a festa e as reclamações sobre a falta do precioso líquido nas torneiras, iniciaram e foram se tornando rotina. Não sabemos se quem quebrou suas cisternas se arrependeram, mas os jumentos com suas cangalhas e ancoretas de madeira, despareceram das ruas de Santana. As cacimbas nas areias grossas do leito seco do Ipanema, perderam o zelo cotidiano dos seus usuários.

2021, mais de sessenta anos depois da inauguração da água, os problemas ainda se acumulam num sistema obsoleto da Companhia de Abastecimento de Água de Alagoas – CASAL. Atualmente é a ladainha de todos os dias nas rádios da cidade: apelos, denúncias, choros e desespero das donas de casa do sertão inteiro. Capelinha, povoado de major Isidoro, Areias Brancas, povoado de Santana do Ipanema, inúmeros sítios rurais e partes altas que compõem os bairros da cidade. Isso não aconteceu com a antiga Companhia Energética de Alagoas – CEAL.   A CASAL e sua parceira energética, são uma junta de bois em que um puxa o carro, o outro se escora no cabeçalho.

Nem cacimba, nem jegue, nem cisterna...

VÁ EM CONVERSA DE GOVERNADOR!!!

Botador d’água e seu jumento em cacimba do rio Ipanema, na década de 60 (Foto: Livro 230/domínio público).


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terça-feira, 8 de dezembro de 2020

 

OS CAMPINHOS

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de dezembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.431

 


             A tensão social é carga pesada, principalmente na periferia de cidades médias e grandes. Não falta o lazer para os ricos e os metidos, com seus teatros, cinemas, bons restaurantes e uma porção de coisas mais que afastam o tédio da “nobreza”. Para pobres e remediados das periferias ou o tráfico ou o futebol. Aquele futebol de bola de meia ou de verdade, em campinhos de várzeas, de monturo, arranca toco, careca e bruto. Pelos menos vai levando a esperança de ganhar a vida com a bola e fazendo esquecer o oco alimentar da moradia. Em nossos sertões a realidade não é diferente, daí a necessidade de se olhar em redor e dá o mínimo de conforto aos lugares carentes também de diversões como os chamados campinhos de futebol.

Em Santana do Ipanema, por exemplo, tínhamos três lugares onde a bola rodava e as garras do mundo eram esquecidas. No trecho urbano do rio Ipanema, quando seco, o poço do Juá, os areais próximos as olarias e a barragem assoreada, sempre foram celeiros de atletas que iam galgando degraus pelo Ipiranga, Ipanema... Conseguiam chegar ao CSA ou CRB, na capital, e até alçar voos mais altos com aterrissagem no Santos ou no Vasco da Gama. Isso aconteceu antigamente com vários atletas de campinho de areia do leito seco do Ipanema e até com jogadores recentes saídos desses campinhos que estão brilhando no Sudeste do país. Sonhos realizados, marginais a menos na sociedade, mais alimentos à mesa e pais vivendo com dignidade.

Não somente Santana, mais município como Olho d’água das Flores, São José da Tapera, Pão de Açúcar e Ouro Branco, entre outros, já tiveram a felicidade de aplaudir e louvar filhos da terra que venceram em clubes grandes do Brasil. Reconhecemos também as fabriquetas de calçados da cidade que produziam sapatos e craques de várzeas. Nunca vimos profissionais gostar tanto de futebol quanto os sapateiros da “Capital do Sertão”. Continuamos defendendo os campinhos construídos pelo poder público que pode transformar a vida nas periferias, espantando indiretamente o psicólogo, o marginal e o divã.

Sua sociedade é a sociedade que você cria.

 ESTÁDIO ARNOS DE MÉLLO, EM SANTANA DO IPANEMA (FOTO: LIVRO 230/B. CHAGAS).

 


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segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

 

A IMACULADA

“Clerisvaldo B. Chagas/Reprodução


A Imaculada Conceição ou Nossa Senhora da Conceição é, segundo o dogma católico, a concepção da Virgem Maria sem mancha (em latim, macula) do pecado original. O dogma diz que, desde o primeiro instante de sua existência, a Virgem Maria foi preservada por Deus da falta de graça santificante que aflige a humanidade, porque ela estava cheia de graça divina. A Igreja Católica também professa que a Virgem Maria viveu uma vida completamente livre de pecado.

A festa da Imaculada Conceição, comemorada em 8 de dezembro, foi inscrita no calendário litúrgico pelo Papa Sisto IV, em 28 de fevereiro de 1477. Atualmente, a solenidade da Imaculada Conceição de Maria (8 de Dezembro) é festa de guarda em toda a Igreja Católica, exceto em certas dioceses ou países onde, com a prévia aprovação da Santa Sé, a sua celebração foi suprimida ou transferida para um domingo. Festa de guarda significa que todos os fiéis católicos devem obrigatoriamente participar na missa, como se fosse um domingo.[2]

A Imaculada Conceição da Virgem Maria foi solenemente definida como dogma pelo Papa Pio IX em sua bula Ineffabilis Deus[3] em 8 de dezembro de 1854. A Igreja Católica considera que o dogma é apoiado pela Bíblia (por exemplo, Maria sendo cumprimentada pelo Anjo Gabriel como "cheia de graça"), bem como pelos escritos dos Padres da Igreja, como Irineu de Lyon e Ambrósio de Milão[4][5]. Uma vez que Jesus tornou-se encarnado no ventre da Virgem Maria, era necessário que ela estivesse completamente livre de pecado para poder gerar seu Filho[6].[7]

(Reprodução.  Disponível em < pt. Wikipédia.org.> Acesso em 7 de dezembro 2020.

 

 


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A MACONHA FURA O TEMPO

Clerisvaldo B. Chagas, 8 de dezembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.430

 









Muitos sites noticiosos estão saturados de bobagens policiais. Falamos sobre a importância das grandes ou médias notícias que desapareceram e foram substituídas pelo ‘baixo clero”: “polícia prende homem com trouxinha de maconha”; “cidadão é flagrado fumando maconha” ... Essas notícias que só servem para encher linguiça, nos faz relembrar a década 1960 no Sertão de Alagoas. Maconha era mesmo um caso sério, perseguida com veemência ou para mostrar serviço ou pelos rigores da Lei.

Os jornais noticiavam as grandes perseguições à erva e a agitação entre polícia estadual, POLINTER e os maconheiros sertanejos. As batidas policiais quando aconteciam no sertão não deixavam de acontecer em alguns lugares específico: No município de Santana do Ipanema, com os povoados Quixabeira Amargosa (hoje São Félix) e Pedra d’Água dos Alexandre, divisa entre Santana e Poço das Trincheiras e na grotas da serra da Caiçara no município de Maravilha.

Certa feita, a polícia convidou o povo santanense para conhecer a maconha na delegacia do Aterro (hoje Rua Pancrácio Rocha, trecho urbano da BR-316). E como tudo era escândalo social, a população foi mesmo visitar a delegacia. Pessoas consideradas de bem, haviam sido presas, no pátio da delegacia e dentro do prédio, sacos e mais sacos abertos, exibiam a maconha seca já no ponto de fazer o cigarro. No pátio também, montes e montes de pés de maconha arrancados dos plantios preparavam-se para a incineração, ali mesmo diante de todos, sob câmeras fotográficas para os grandes jornais do estado.

Muitos presos foram levados para a capital e vário foram torturados, inclusive, dizem, com madeira no ânus. Vez em quando saíam as notícias de que a POLINTER faria uma nova operação maconha no sertão das Alagoas. Mesmo com os grandes espetáculos policiais e jornalísticos, seus remanescentes maconheiros continuam, no vício do cigarrinho que no rio de Janeiro tem nome de “baseado”.

Devido a sua proliferação no Brasil e no mundo, dificilmente a denominada erva-maldita deixará de existir. Sua liberação e extratos vendidos em farmácia como remédio, atestam a poder e a força da maconha que continua FURANDO O TEMPO.

(Foto: Pixabay).

 

 


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quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

 

FUTEBOL EM SANTANA DO IPANEMA

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de dezembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.429




Sobre o futebol de Santana, o impasse continua entre o principal clube futebolístico, o povo e a prefeitura. Santana possuía vários times de futebol com destaques para o Ipanema e o Ipiranga. O Ipiranga não tem campo, nem condições financeiras de formar uma equipe para disputar o campeonato alagoano. Deixemos suas glórias do passado sem alimentar esperanças para o presente.  O Ipanema possui um estádio bem localizado, mas não tem finanças para manter um elenco profissional.  Como resolver o impasse? Duas saídas se apresentam como viáveis, é apenas questão de boa vontade das partes interessadas. Uma delas é o Ipanema fazer parceria com a prefeitura ou uma sociedade com o governo municipal. Outra é vender o seu estádio à prefeitura que formaria um time com novo nome, “Santanense”, por exemplo, para entrar na elite do futebol alagoano. Se o Ipanema não vai para frente, a nós, seus torcedores, só restaria o adeus e o obrigado pelo passado.

Não querendo vender o seu campo, Ipanema ficaria na sua particularidade, enquanto a prefeitura poderia construir, a princípio, um estádio simples para levar o futebol da terra adiante, ou às margens da AL-130 ou da BR-316, proporcionado ao povo da terra e da região a volta do nosso futebol. Dinheiro circulando, empregos, jovens se destacando podendo atingir depois os melhores clubes do país. O que não pode é continuar esse impasse que faz castigo ao povo da nossa terra em não poder ver futebol aos domingos e nem vibrar apaixonadamente pela sua agremiação. Não podemos ficar preso a passado do Ipanema e nem do Ipiranga, novas alternativas terão que ser encontradas para um novo tempo no esporte das multidões na Rainha do Sertão.

Sempre fomos defensores do Canarinho, mas não existe um só pássaro silvestre para se ouvir, ainda tem o galo, o sanhaçu, o coleira, azulão e outros para rotulagem da nova época em nosso futebol que deve ser pensada, elaborada e construída para a felicidade geral do povo da terrinha. Apesar do nosso grande amor, dos tempos de glórias, não podemos deixar nossas mentes para museus. É preciso coragem para dizer aos radicais egoístas que não deixam fluir o nosso esporte. A juventude quer futebol e de preferência com nova denominação, com novas condições para início de uma outra idolatria que orgulhe o povo de Santana do Ipanema no rolar da pelota.

Se os donos da bola não deixam o futebol fluir, compremos uma bola.

QUADRO DO IPANEMA MODERNO (FOTO: ARQUIVO B. CHAGAS).

 

 


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quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

 

DESCREVENDO A FOTO

Clerisvaldo B. Chagas, 2/3 de dezembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica:2.429


Neste início de dezembro, estamos informando atravé de foto  e redação sobre o estiramento de Santana para os ausentes com mais de cinco anos em outros estados.

Esta foto representa a face oculta (não vista do Centro da cidade) do antigo serrote do Gonçalinho também chamado de serra do Cristo ou serra da Micro-ondas.

Veja no cimo do serrote as três torres de micro-ondas.

A beleza do céu indica uma foto em plena primavera.

Ao longo do monte, a vegetação exuberante que ainda resta.

Note a estrada que conduz o visitante até o topo.

Veja no lado esquerdo da foto, casas brancas ao longe, do bairro Monumento e, por trás delas, o serrote Pelado ou Alto da Fé.

Na base do serrote, formação de noivo bairro, Note casas brancas e telhados rosados. Esse bairro expande-se ao longo  do serrote, para a direita em direação aos sítios Curral do Meio e Sementeira.

No primeiro plano, vê-se alguns telhados do bairro Luar de Santana, do lado Direito da AL-130 de onde foi tirada a foto. Início da colina.

E, finalmente, do lado direito do serrote, serras longínquas em direção a Olho d’Água das Flores.

Informando com amor a terra.

Orgulho em ser santanense.

(FOTO: ÂNGELO RODRIGUES/ACERVO B. CHAGAS).

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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