domingo, 30 de abril de 2023

 

O PARQUE CHEGOU

Clerisvaldo B. Chagas, 1 de maio de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.875

 

Mais uma edição da festa do pai de Jesus ocorreu semana passada no Bairro São José. Os festejos iniciaram na quinta-feira e tem seu encerramento, hoje, com procissão solene. Os festejos a São José estão submetidos à paróquia de São Cristóvão, cuja sede está localizada no Bairro Camoxinga. Encontros, missas e foguetórios marcaram esses dias de animação no humilde Bairro São José que desta feita apresentou novidade nas imediações da sua igreja. É que na outra esquina da quadra, havia sido inaugurada uma praça moderna que substituiu a antiga e abandonada Praça das Artes. A praça fica vizinha ao Posto de Saúde do bairro e que agora se completam com essas duas obras úteis e coletivas. Uma cuida da saúde e a outra diverte.

O pequeno parque de diversões sempre presente quando acontece a comemoração. Ocupa a avenida principal, a Avenida Castelo Branco, e que ladeia a extensa murada da repartição Corpo de Bombeiros. É certo que causa um certo transtorno no trânsito, porém, os veículos procuram driblar pelas ruas estreitas da chamada CONHAB VELHA e vencem os obstáculos. Estava ali a roda-gigante, o carrossel e outros aparatos que alegram a criançada e até mesmo adultos que disfarçam o prazer da brincadeira com os meninos no colo. É aquela festa pequena e típica do interior e que funciona como um bálsamo das agruras diárias. O ânimo da população sertaneja se complementa com as previsões do início dos tempos chuvosos ainda para este mês.

Ouvimos por esses dias o som do que o povo chama de zabumba, aquele pequeno e tradicional conjunto que sempre tocava em novenas, principalmente na zona rural. Pífano, caixa e zabumba também chamados de terno de “zabumba” e “terno de pife”. Como o som foi pelo dia e um pouco distante ficamos sem a certeza de que o conjunto musical estava atuando na festa de São José. Agora mesmo, fazendo essa crônica, levamos um susto medonho quando os foguetes espoucaram de repente nessas 18 horas do domingo, 30.  De qualquer maneira, abril vai encerrando por aqui com animação, cânticos, missas e foguetório de louvação às coisas divinas. Em tempos de guerra, então, demonstram verdadeiras bênçãos para quem está distante do furdunço.

PARCIAL DO PARQUE NA FESTA DE SÃO JOSÉ (FOTO: B. CHAGAS)

 

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2023/04/o-parque-chegou-clerisvaldo-b.html

quinta-feira, 27 de abril de 2023

 

CARTAZ

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.874

 



Quando uma pessoa focava famosa, muita falada... Era costume se dizer: “você tem cartaz”. Todavia, desde os tempos de funcionamento do cine-Glória, à Rua Coronel Lucena, que também a gente chamava o anúncio do filme ou do jogo do Ipanema, de cartaz. Mesmo quando o cine-Alvorada, no centro da cidade, substituiu o cine-Glória, a denominação do anúncio continuou sendo cartaz. Alguém no cinema pintava uma espécie de compensado de cerca de 1,5 a 2m de altura falando sobre o filme da noite. Outro alguém colocava o cartaz às costas e o conduzia até o ponto estratégico chamariz: o poste da esquina do “Hotel Central” de Maria Sabão, centro da cidade e vizinho à igreja Matriz de Senhora Santana. Mas havia outro cartaz com os mesmos dizeres que ficava em um poste perto da Churrascaria Maracanã.

Interessante era que os cartazes ali colocados nunca foram vandalizados por ninguém. E por aquele anúncio você decidia se iria ou não ao filme da noite. Afora os cartazes dos postes, os cines também exibiam anúncio das próprias partes dos filmes nos cartazes em papel de parede que eram vistos através das grades da porta do cine-Glória ou através das vidraças do cine-Alvorada. De modo que quando estávamos assistindo ao filme, costumávamos gritar “confere!”, quando a cena do filme chegava à mesma do anúncio lá de fora. Ambos os cinemas eram ótimos, correspondiam plenamente ao conforto esperado pelo usuário. Nada como um bom filme mastigado com pipoca!

Quando não estava no ponto o cartaz do cinema, estava o do futebol anunciado jogo. Era Ipanema com o Ipiranga, com o CSA, CRB, CSE, Penedense, Capelense ou times de Águas Belas, amistosos. Quanto de onde vinham os cartazes de jogos não sabemos. Mas devia haver um profissional da pintura ganhando para isso. Colocavam o cartaz de pé, no poste e passavam uma corda para amarrá-lo. Nos degraus das casas comerciais perto do poste, os fãs do futebol estavam sempre sentados com as resenhas da hora. Mas alguém pode alegar que um cartaz é apenas um cartaz. Pode ser, sim, quando apenas olhado por esse ângulo. Todavia, pode representar uma grande fonte de pesquisa que poderia ajudar a desenvolver a narrativa da história.

NOTE O CARTAZ NO POSTE DE ESQUINA. CENÁRIO DOS ANOS 60, COM PARTE DO “PRÉDIO DO MEIO DA  RUA” E DO ‘SOBRADO DO MEIO DA RUA’


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2023/04/cartaz-clerisvaldo-b.html

quarta-feira, 26 de abril de 2023

 

AINDA FALTA

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.873

 



Muitas coisas da história de Santana foram contadas, porém, outra parecem sem soluções. Pode ser até que apareça um pesquisador abnegado no futuro e resgate episódios que teimam em ficarem esquecidos. A grandiosa história do padre Bulhões é uma delas, outras são as epopeias do DNOCS e do DNER, em Santana do Ipanema, como base. Temos ainda a saga do coronel Lucena... felizmente esta já está sendo escrita e bem adiantada na obra. Mas ainda falta a vida do coronel Manoel Rodrigues da Rocha. Sobre esses assuntos, apenas fragmentos surgiram aqui ou acolá, mas o miolo não aparece, deixando escapar grande riqueza dos nossos anais completamente sem luz.

Por falar nisso, se não me engano, em torno de 1960, chegou a Santana do Ipanema, uma frota enfileirada de 60 jipes marca Willys, dando grande espetáculo pela rua principal da cidade. Diziam que esses resistentes veículos eram sobras da Segunda Grande Guerra e foram trazidos para o Sertão para serem vendidos a quem quisesse comprar e que isso iria facilitar o progresso da região. Não havia tantos automóveis assim na área sertaneja, tanto que havia uma senhorita conhecida como Maria José de Leuzinger que sabia de cor e salteado todas as placas de veículos e seus proprietários de Santana do Ipanema. Também não temos certeza se era dia de Carnaval, mas o fato é que isso causou grande alvoroço na cidade. O preço era bom, mas nem todo cidadão podia comprar um jipe.

Todos os veículos, entretanto, foram vendidos. E de fato, essas aquisições serviram muito ao desenvolvimento. O padre comprou, o médico comprou, o comerciante comprou... e muitos tiveram seus serviços facilitados na zona rural. O carro de boi, o cavalo, o burro... Iam ficando obsoletos com a entrada de motores em massa na Sertão. A transição que até os presentes dias nunca foi total, jamais desvalorizou os primeiros meios de transporte da época, apenas os ofuscou. A fama de bruto do jipe nunca saiu de moda. Podemos encontrá-lo hoje, sofisticado, metido à besta, mas sempre jipe, transmitindo força e segurança ao usuário.

Muitos jipes no mundo!

Bem que falta agora, uma Maria José para decorar placas e donos dos motores da Terra.

JIPE WILLYS (IMAGEM: Wikipédia/jipe willys.jpg\thumb\180p)

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2023/04/ainda-falta-clerisvaldo-b.html

terça-feira, 25 de abril de 2023

 

 

NO GRUPO ESCOLAR

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.872

  

O gosto pelo turno de aula dependia das circunstâncias. A professora tinha muita influência na vontade de assistir a aula ou não. Ali, no Grupo Escolar Padre Francisco Correia, era servido como merenda, uma espécie de mingau no copo, bastante enjoativo e que às vezes a gente bebia, outras vezes derramava ao longo do pátio recreativo e arenoso. A diversão principal ainda era a ximbra, para meninos. De vez em quando surgia um “ganzelão” para correr por cima da murada de balaústre do grupo. Uma verdadeira loucura, como fazia o já rapaz Jorge de Leuzinger. Em um ano daqueles movimentados, surgiu uma equipe da Saúde vacinando contra a influenza. A vacina no braço era aplicada arranhando-se a pele com uma pena de escrever à tinta e que a marca ficava para sempre.

Ali, naqueles finais dos anos 50, não víamos a hora da batida de sineta, pela bedel dona Prisciliana, que anunciava o final das aulas.

Primeira grande escola do governo, fundada em 1938, foi o grande marco da Educação primária da terra. Ainda hoje suas finalidades continuam vivas, educando a juventude de Santana do Ipanema no Bairro Monumento. Estamos recordando porque estivemos no Posto de Saúde São José para tomar vacina contra a influenza e a bivalente ao mesmo tempo. Recordamos para quem não sabia que durante a Primeira Grande Guerra morreram milhões pelo mundo devido a essa gripe espanhola. Em Santana mesmo foi construída a igreja de São João no local Bebedouro contra essa perigosa gripe. O povo vinha do Bebedouro em procissão, pela noite, conduzindo velas e lanternas, entre orações e cânticos, pedindo São João contra a doença.

Mas se o grupo resistiu até hoje, a igreja de São João, construída pelo artesão de chapéu de couro João Lourenço, foi profanada, abandonada e terminou em ruínas. Não existe mais. Morreu assim como o seu fundador. E para uma doença que matou milhões de pessoas no passado, atualmente ainda é desconhecida para muitos e ironizadas por outros sua vacina. A humanidade evoluiu muito, porém, muitas cabeças ainda permanecem no obscurantismo medieval negando a religião e a ciência.

GRUPO ESCOLAR ATUALIZADO (FOTO B. CHAGAS/LIVRO 230)


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2023/04/no-grupo-escolar-clerisvaldo-b.html

 

 

CONHEÇA O LAJEIRO GRANDE

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.871



 

O Bairro Lajeiro Grande, está situado ao norte de Santana do Ipanema. Sua topografia varia entre o plano e as ladeiras. É um dos bairros mais altos da cidade. Ali estão localizados o Estádio Arnon de Mello, O cemitério Santa Sofia, a escola municipal Santa Sofia, a chamada CONHAB Nova e a igreja do padre Cícero sobre o grande lajeiro que deu origem ao nome do bairro. Seu comércio e prestação de serviços são expansões do Largo do Maracanã e que subiram a comprida e central avenida Santa Sofia.  É um bairro com boa porção de terras semeadas de matacões, inclusive em muitos quintais e em terrenos abertos. Tudo leva a pensar que o Lajeiro Grande tenha o melhor microclima da cidade. Está completamento asfaltado ou calçado com paralelepípedos.

Entre os seus matacões foi descoberta uma mina de ametista que teve início de exploração, mas, dizem que houve falta de recursos para aprofundamento da coisa e terminou tudo com o buracão vertical abandonado. Estávamos em busca da Pedra do Barco (citada no primeiro documento que se tem sobre Santana do Ipanema, quando nos deparamos com o buraco enorme, sem nenhum aviso, sem nenhuma proteção. Não sabemos informar como está hoje a situação da mina. Na época deu muito o que falar. Quanto ao marco da Pedra do Barco, quando aí estivemos, particulares estavam destruindo a grande pedra para transformá-la em pias.  Santa ignorância coletiva e política! Já dizia o saudoso professor e compadre Marques “A sociedade deveria ser dirigida por filósofos e defendida por guerreiros”.

A propósito, esse primeiro documento sobre Santana do Ipanema, cita o início de terras vendida, na Pedra do Barco, indo até o riacho Mocambo, (imediações do atual povoado Pedra d’Água dos Alexandre) passando pelo sítio Lagoa do Mijo. Estando-se no lajeiro da igrejinha do padre Cícero, avista-se longe parte do Centro de Santana. Quem deseja cortar caminho para Águas Belas (PE) – estada de barro – passa pelo Bairro Lajeiro Grande e roda no asfalto até o cemitério São José, situado à margem da estrada no sítio Barroso. Como o bairro fica fora do eixo Comércio – saída e entrada da cidade, o turista somente sobe até o Lajeiro Grande se tiver negócio ou for dirigido.

IMAGEM DO PADRE CÍCERO NO TOPO DO LAJEIRO (FOTO: B. CHAGAS)

 

 

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2023/04/conheca-o-lajeiro-grande-clerisvaldo-b.html

domingo, 23 de abril de 2023

 

VAMOS RODEAR

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.870

 

Não havia pontes em Santana. Quando o rio Ipanema botava cheia, o grande número de mascates que negociavam nas feiras de Olho d’Água das Flores, Carneiros e Pão de Açúcar, principalmente, não sabia como driblar o rio. Mas quando surgiram os canoeiros que atuavam na parte mais larga do Panema, o poço do Juá, os mascates passaram a utilizar as canoas que transportavam gente e todas as mercadorias. Quando construíram a primeira ponte sobre o rio Ipanema, no local Barragem a 2 km do Centro, os caminhões de feirantes contornavam trechos do rio pela “Ponte da Barragem”, pelo lugar Volta (volta do rio) desciam e subiam a ladeira até a fazenda do senhor Marinho Rodrigues e que depois ficou conhecida como “a fazenda de Dr. Clodolfo”, herdeiro de Marinho (próxima ao hoje hospital dos SUS).

Entre os proprietários de caminhões, estavam o senhor Plínio e o senhor José Cirilo. Os mascates trafegavam para as feiras dos citados municípios acima, sentados sobre as mercadorias e com as pernas para fora nas partes laterais dos caminhões. Nas proximidades do destino, o motorista encostava no acostamento improvisado da rodagem, subia para a carroceria e iniciava a cobrança da passagem. Às vezes, ao retornarem à tardinha, das feiras, o valente riacho João Gomes não dava passagem. Sem ponte ainda, era duro o transporte de mercadorias de uma à outra margem (tipo baldeação forçada) e que depois iria ainda para o rodeio pela fazenda do Dr.Clodolfo até a passagem da ponte da barragem construída em 1951.

As viagens dos mascates, longe da monotonia, conversas animadas e piadas naquelas cargas de homens, mas que havia também raras mulheres que viajavam na boleia ou mesmo na carroceria quando não tinha vaga. As vezes surgiam cenas inusitadas pela rodagem e as piadas saíam de mascates gaiatos, assim como Geraldo, vulgo Rinchel. O transporte saía logo cedo e podia encontrar de tudo pelo trecho. Assim, um homem praticando zoofilia com uma jumenta foi visto num recanto de cerca e logo apontado por um dos passageiros: “Estar aplicando injeção na bichinha!”. E o caminhão muito veloz cobrindo o mundo de poeira.

A ponte sobre o rio Ipanema, em 1969, minorou vigorosamente aquelas epopeias.

PONTE DA BARRAGEM -1951.

 

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2023/04/vamos-rodear-clerisvaldo-b.html

quinta-feira, 20 de abril de 2023

 

ACONTECEU LAMPIÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de abril e 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica; 2.869



 

A história de Santana do Ipanema, fala em “tiro de guerra” na cidade desde os anos vinte. Esta unidade do Exército Brasileiro foi muito importante com a sua simples presença que ajudou a manter ao largo, o bando de Lampião, em 1926.No início dos anos 60 o tiro de guerra ainda permanecia na cidade, inclusive, com seus exercícios pelas ruas como a Antônio Tavares. Lembramos ainda que a sede da unidade ficava no andar térreo do “sobrado do meio da rua”. Na época em que Lampião passou pela zona rural de Santana, governava à cidade Benedito Melo e que naquele momento estava com crise de asma, quando recebeu notícias da aproximação dos bandidos. O comandante de polícia, recém chegado da zona da mata, estava com um medo triste de enfrentar Lampião.

Os civis resolutos da cidade, resolveram fazer um movimento em busca de armas e voluntário para enfrentar uma possível invasão. Inúmeros rifles foram descobertos e foi formada uma frente com os soldados do tiro de guerra, da polícia e com os civis, o que deu uma média de 40 e poucos homens. Foi feita uma trincheira com sacos de areia na entrada oeste da cidade, na Rua da Poeira. Ali os homens passaram uma noite aguardando a chegada de Virgulino Ferreira, diante de um frio intenso do inverno do meio do ano. Vale salientar que o padre Bulhões também caçou armas pela urbe. Finalmente amanheceu o dia com a surpresa do Sol nesse meio de inverno e os homens foram liberados para comerem massas numa padaria próxima. Nada de Lampião.

Mas se o bando, composto por mais de 100 homens, não penetrou na cidade, praticou vários assaltos na zona rural, antes da invasão à vila de Olho d’Água das Flores. Vale salientar que essas passagens cangaceiras por nossa região, foram registradas pelos escritores Valdemar de Souza Lima, Oscar Silva e alguns acontecimentos pelos escritores irmão, Floro e Darci d Araújo Melo. Governava o nosso estado o jornalista Costa Rego. Costa Rego foi aquele governador que diante de tantos telegramas de prefeitos do Sertão denunciando a presença do cangaceiro por aqui, respondeu ironicamente: “Quantos Lampiões existem?”. Contudo, quando chegou a Olho d’Água das Flores (Lampião já havia se retirado) pode contemplar a bagaceira deixada pelo bandido.

 

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2023/04/aconteceu-lampiao-clerisvaldo-b.html

quarta-feira, 19 de abril de 2023

 

VIVENDO Á ÉPOCA

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.868

 

A primeira feira de livro que conhecemos foi na gestão Hélio Cabral de Vasconcelos, em Santana do Ipanema. A feira aconteceu estimulada pelo prefeito na antiga Praça da Bandeira, defronte a igrejinha/monumento de Nossa Senhora Assunção, do outro lado da rua, na calçada do chamado “Beco de Seu Oséas” e ao longo da praça e calçadas. Os estudantes do Ginásio Santana, participaram vibrantemente, vendendo, comprando e trocando livros com os da feira. Foi ainda naquela gestão que aconteceu o primeiro serviço radiofônico da cidade. Sua sede funcionava no primeiro andar da Cooperativa Agrícola – CARSIL - cujo destaque era para o locutor Zé Pinto Preto. Alto-falantes ficavam distribuídos em vários pontos da cidade, um deles, no alto do” sobrado do meio da rua”, outro defronte a fábrica de calçados de José Elias, na Rua de São Pedro e outro no início do beco defronte a escola Ormindo Barros/. Os dois últimos em postes de madeira. O Primeiro, amarrado ao telhado.

Foi ainda o prefeito Hélio Cabral quem construiu a rodagem Carneiros – Senador Rui Palmeira. No Bairro Monumento, construiu um elevado de primeiro andar sobre a, então, “Sorveteria Pinguim”, para funcionar como palanque nas comemorações cívicas. O museu de artes do município foi fundado em seu governo, em 12.09.1969. Funcionava à Avenida Nossa Senhora de Fátima, num prédio pequeno e multiuso ainda hoje existente e defronte ao famoso “Restaurante Xokantes”. Também é verdade que, ainda nesse ano de 1969, o motor alemão que abastecia a cidade de energia elétrica, exauriu e daí em diante passamos quatro anos no escuro.

No final da Rua do Monumento, construiu a simpática pracinha com nome de Praça das Coordenadas. Ali, em meio aos vegetais xerófilos do nosso bioma, construiu bancos rudes de pedras e, no centro da praça colocou em placa de granito o nome da praça e suas coordenadas geográficas. Na gestão seguinte, o prefeito Adeildo Nepomuceno Marques, aproveitou a praça e ali colocou a estátua do jumento e seu botador d’água, homenageando a ambos que abasteceram a urbe, principalmente com água do Panema.

Assim como o busto de D. Pedro I da década de 20, ninguém sabe onde foi parar a placa da Pracinha das Coordenadas. No museu não se encontra.

PRAÇA  DAS COORDENADAS (FOTO: LIVRO 230, DOMÍNIO PÚBLICO).

 

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2023/04/vivendo-epoca-clerisvaldo-b.html

terça-feira, 18 de abril de 2023

 

 PATRIMÔNIOS CULTURAIS

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica; 2.867


São patrimônios arquitetônicos de Santana do Ipanema, o “quarteto do Monumento” e o “quarteto do Comércio”. O quarteto do Monumento, é formado pela “Igrejinha/monumento de N. Senhora Assunção”, “Grupo Escolar Padre Francisco Correia”, “Ginásio Santana” e “Tênis Club Santanense”. Já o quarteto do Comércio, é formado pelo “casarão de esquina”, pelo “casarão do deus Mercúrio”, pelo “casarão da Praça” e do casarão do “maestro Queiroz”. São estes patrimônios que serão apresentados em nossa palestra quinta-feira, próxima”, na Escola Estadual Prof. Aloísio Ernande Brandão, ocasião do aniversário de Santana e do referido Colégio que chega inteiro aos 31 anos de idade.

Não estão incluídos nos dois quartetos, como você está notando, a Matriz de Senhora Santana, situada no Comércio e a Igreja Sagrada Família localizada no bairro Monumento. Tudo isso porque, em nossa humilde opinião, a Igreja Matriz de Senhora Santana, é um patrimônio à parte e único e, a igreja Sagrada Família é muito recente em relação aos quartetos. Mais recente ainda, temos o santuário à Nossa Senhora de Guadalupe, implantada pelo, então, padre Delorizano, para marcar a passagem do século XX para o século XXI. Estar o Santuário na entrada da cidade sentido Maceió – Santana, pelo BR-316. Marca o início da Rua e Bairro São Vicente, próximo ao Abrigo São Vicente de Paula.

Quanto às nossas pontes, suas ausências, ainda cedo da cidade fez com que surgisse uma plêiade de heróis santanenses com o intuito de transportar gente e mercadorias de uma margem a outra tanto do riacho Camoxinga, quanto do rio Ipanema. Até automóveis foram transportados em canoas. E as velhas pontes de madeira construídas sobre a foz do riacho Camoxinga, tantas fizessem quanto seriam destruídas pelo riacho. E mesmo numa época difícil para fotografar, escapou a foto da multidão contemplando a bagaceira da enchente de 1915, no valente Camoxinga. Em 1937, foi erguida a primeira ponte de concreto sobre a foz do Camoxinga,custou 5 mil réis e foi considerada obra-de-arte. A ponte sobre o rio Ipanema somente veio a acontecer no lugar Barragem, em 1951. Os canoeiros continuaram em atividade no poço do Juá, até a construção da ponte Batista Tubino, em 1969, no Comércio, de uma margem a outra do rio Ipanema. Daí em diante, nossos heróis caíram no esquecimento até o nosso atual resgate com os “Canoeiros do Ipanema”.

CASARÃO DA ESQUINA, UMA DAS MAIS BELAS PEÇAS ARQUITETÔNICAS DA CIDADE. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

 

 

 

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2023/04/patrimonios-culturais-clerisvaldo-b.html

segunda-feira, 17 de abril de 2023

 

SERTÃO SANTANENSE

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.866

 



Desde os tempos de vila, isto é, antes de 1920, Santana do Ipanema já possuía belos casarões no Comércio, proporcionados por fazendeiros e industriais; já havia banda de música e, praticamente na transição vila/cidade, veio o teatro, o cinema, mais duas bandas de músicas e a primeira pracinha da urbe. A primeira banda foi fundada em 1908, pelo coletor federal e maestro conhecido por “Seu Queiroz”. A primeira pracinha foi inaugurada no meio do Comércio defronte a atual casa comercial Casas Bahia, no Largo prof. Enéas. Recebeu o título de Praça do Centenário em homenagem aos cem anos, após D. Pedro I.  Na gestão seguinte foi colocado o busto do Imperador do Brasil, o que foi motivo de chacota e até colocaram uma gravata no alto busto no final de um obelisco.

A política agia igual aos dias de hoje ou pior. Teatro, cinema e fórum, eram coisas que fugiam ao cotidiano, tinham suas atrações no palco do salão enorme do chamado “sobrado do meio da rua”. Ali o debate entre acusação e defesa lotava o sobrado onde funcionavam todos os grandes eventos fechados da vila e da cidade. Quanto ao Comércio, sempre fora privilégio desde longas datas. As mercadorias diversas chegavam em lombo de burro, jumento, besta, carro de boi e logo com os primeiros caminhões que rodaram por aqui. A feira da vila fora implantada cedo, aos sábados e assim permanece até os dias atuais. Os carros de boi aguardavam as mercadorias para transporte no Ipanema, no poço do Juá, em tempo seco; na margem direita com o rio cheio.

Ainda na década de vinte, após marchas e contramarchas, chegou o primeiro juiz de Santana do Ipanema. Tempos depois teve o caso com o sujeito “Josias Mole”, que vingara o pai na região da serra da Remetedeira. Era mole, mas ficou duro e o juiz o mandou prender, gerando comoção pública, então o juiz mandou soltar. Josias solto virou arruaceiro nos cabarés da cidade e foi preso novamente. Deu trabalho a sair. Vendo-se liberto, ingressou no bando de Lampião com o apelido de “Gato Bravo”. Depois de certo tempo desertou, tornou-se barbeiro e foi preso pela polícia. Foi ele quem guiou o bando de Lampião pela zona rural de Santana e nos caminhos da, então, vila de Olho d’Água das Flores, em 1926. Quer mais ou tá bom?

 

 

 

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2023/04/sertao-santanense-clerisvaldo-b.html

 

FALA FRANCÊS?

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.865


Sou do tempo de transição da moda francesa para a moda inglesa. Essa moda francesa que predominou no Brasil desde o tempo de Santana Vila até os meados do século XX. Santana do Ipanema era um exemplo disso. Falar francês e importar da França era sinal de riqueza e prestígio. Na minha terra, o coronel Manoel Rodrigues da Rocha equipava seus “sobradões” do comércio com importações francesas, a exemplo do prédio de 10 andar onde morou e depois foi biblioteca pública, com a estátua do deus mercúrio (do comércio) no frontispício, ainda hoje exposta no mesmo lugar. Veio da França. Depois, sua residência definitiva no sobrado do comércio, abaixo do primeiro, havia piano, espelho e me parece também vidros das janelas do primeiro 10 andar.

No Ginásio Santana, escola cenecista, estudávamos francês com a educada e ótima professora, Eunice Aquino que fazia biquinho para pronunciar o sim francês: oui. Foi, então que o modismo francês começou a virar para o inglês. A primeira matéria foi extinta e esquecida e o inglês passou a reinar na escola e em tudo. Até mesmo o Latim, difícil e divertido com o padre Luiz Cirilo da Silva, desapareceu do currículo. Acho que da França só não vinha imagens de santos que eram importadas de Portugal. E daqueles momentos franceses, ficaram apenas na memória, a professora Eunice, em Santana do Ipanema e o professor “Juju”, o melhor da época em Maceió. Mais fácil de aprender pela mesma raiz latina do Português, ela nos encantava nas belas melodias francesas que arrepiava o corpo e a alma, com ainda hoje faz.

Estamos ainda na primeira fase do século XX e podemos constatar ainda em Santana do Ipanema, os velhos casarões mais afamados do Centro, abandonados como sítios arqueológicos cujo mato em torno faz cortina para o invisível. E se há estilo ou toque arquitetônico que lembre a França, objetos do interior, nada falam, nada dizem de um passado faustoso de essência francesa. Tudo isso faz pensar na tradição oral da cidade; os hábitos de um comerciante e prefeito dos anos 20: ficava esgaravatando as unhas na calçada do seu estabelecimento. Ao passar uma senhorita, perguntava quem era ela. Após receber resposta dos amigos da roda, fazia gesto com o polegar e o indicador e indagava: “Fala francês?” Numa alusão clara em saber se a mulher era rica.  E por hoje, chaga de francês!

Casarão do deus Mercúrio em Santana do Ipanema (Foto: livro 230/B Chagas)

 

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2023/04/fala-frances-clerisvaldo-b.html

sexta-feira, 14 de abril de 2023

 

CALÇANDO E ESTUDANDO

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.864

 

Duas boas notícias para Alagoas e particularmente para a cidade de Batalha. É que os incentivos fiscais do estado atraíram a Indústria calçadeira Beira Rio, com sede no Rio Grande do Sul e que estuda a possibilidade real de instalar uma das suas unidades em nosso estado. Vivendo e convivendo em Maceió, ouvíamos constantemente de empregados de empresas urbanas, a necessidade forte e urgente de mais empregos na capital, ocasião em que propostas de outros estados e de vários países convidavam alagoanos para trabalho em suas empresas. Portanto, atualmente vivendo no interior não sabemos avaliar a situação empregatícia da capital, mas não deixa de ser uma grande notícia a implantação de uma indústria de calçados nessas plagas.

Por outro lado, o anúncio do governo da implantação do IFAL – Instituto Federal de Alagoas – no município de Batalha, ainda no próximo mês de dezembro, é outra notícia auspiciosa para Batalha, Bacia Leiteira em geral e médio Sertão, principalmente. O interior já sofreu demais com problemas da Educação por falta de escolas. Lembramos que, em Santana do Ipanema mesmo, alunos só tinham direito ao estudo até a 80 série, em curso de Escola Cenecista. Somente em 1964, foi implantado uma escola pública e que iria funcionar com o hoje Curso Médio. Antes disso, os estudantes que terminavam a oitava série, ou iam para Contabilidade paga, abandonavam os estudos ou partiam para Maceió ou Recife, penosamente falando.

Atualmente Santana do Ipanema possui muitos cursos superiores distribuídos entre IFAL, UNEAL e UFAL, mesmo assim, continua carentes em vários outros cursos como Advocacia, Odontologia e Medicina, mas não vemos interesse nenhum das autoridades locais em lutar para libertar o povo do cabresto político. E olhe que é muito triste observar um município vizinho se desenvolvendo a olhos vistos e o seu próprio município montado na mesmice que cisca, cisca tal qual os galináceos e não sai do lugar. Tudo baseado no feijão-com-arroz e que a boa vontade ou ignorância de futuro, não passa de coroa-de-frade e mandacarus.

Triste interior que ainda se contenta com migalhas.

Salvando Arapiraca o resto é lentidão.

ASPECTO PARCIAL DE MACEIÓ (FOTO: B. CHAGAS).


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2023/04/calcando-e-estudando-clerisvaldo-b.html

quarta-feira, 12 de abril de 2023

 

NO COLÉGIO ESTADUAL

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.863

 



Estudando para relançamento dos “Canoeiros do Ipanema”, documentário, na Escola Estadual Prof. Mileno Ferreira da Silva, no próximo dia 19, pela manhã. Missão prazerosa em mostrar para alunos, professores e demais funcionários, esse episódio dos canoeiros que a nova geração ignora. Muito bom voltar ao lugar onde iniciei minha carreira profissional no Magistério e onde fui o primeiro diretor eleito, pela unidade. Assim aproveito também para rever o mundo do meu trabalho por tantos anos na vida.  Já no dia seguinte, estarei, se Deus quiser, na Escola Estadual Prof. Aloísio Ernande Brandão (Cepinha), para uma palestra sobre Santana do Ipanema e também relançamento dos Canoeiros para aquela plêiade da educação.

Na Escola Estadual, contaremos com o diretor Fábio Campos, escritor e prefaciador do nosso documentário. E no Cepinha, contaremos com o assessoramento do prof. e escritor Marcello Fausto, perito nos preparos de slides para palestrantes. E se numa escola iniciei minha carreira, no Cepinha eu a encerrei, mesmo faltando alguma coisa burocrata para a aposentadoria. E para falar sobre a história de Santana, precisamos saber se o tema é o miolo da história ou suas periferias (episódios relevantes, que escapam dos escritos). Os canoeiros, por exemplo ficaram na periferia e só agora os estamos resgatando, assim como as indústrias calçadeiras e os curtumes santanense, também resgatados agora com o título de “Santana: Reino do Couro e da Sola” e episódios da histórica “Igrejinha das Tocaias”. Tudo será desdobrado em nossas palestras dependendo do interesse das plateias.

E lá vai eu descobrir onde estão as fotos antigas, tempos em que só contávamos com o lambe-lambe para comprovar os textos. A da segunda cheia de Santana, 1960, canoeiros atravessando em canoas uma camioneta, vencendo o riacho Camoxinga, as pontes de madeira que eram levadas pelas cheias e multidão contemplando os estragos em 1915, a primeira ponte de cimento sobre o afluente do Ipanema em 1947, a margem direita do rio completamente desabitada, O grande poço do Juá que servia de cenários para os navegantes da época ou as últimas casas da Avenida Barão do Rio Branco início das aventuras fluviais dos heróis do Ipanema.

COLÉGIO ESTADUAL, INAUGURADO EM 1964 (FOTO: LIVRO 230, B. CHAGAS).

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2023/04/no-colegio-estadual-clerisvaldo-b.html

segunda-feira, 10 de abril de 2023

 

PÉ–d’ÁGUA

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.862



 

Um pé-d’água reforçado marcou a noite do Sábado de Aleluia, em Santana do Ipanema. Parece que o tempo aguardou pacientemente entre céu nublado, friezinha outonal, até a chegada da Aleluia. E no momento certo brindou a terra sertaneja numa comemoração ao homem que venceu a morte. Depois surgiu o céu quase limpo com uma “luazona” enxugadora de todas as lágrimas da Semana Santa. Antes, houve trovão, não muito forte, mas houve deixando o sertão sem saber se o caso era trovoada ou início do período chuvoso. Mas que foi uma homenagem ao Filho do Homem, foi, para que duvidar? O domingo de Páscoa amanheceu de sertão lavado, limpo qual pessoa que toma um banho. Sem dúvida, horas de meditação e cantoria de violeiros repentistas louvando a Natura.

Tudo isso nos fez projetar para o próximo verão, um tour pelas cidades alagoanas sertanejas, com o seguinte roteiro: Santana do Ipanema (saída), Poço das Trincheiras, Maravilha, Ouro Branco, Canapi, Inhapi, Mata Grande, Pariconha, Água Branca, Delmiro Gouveia, Olho d’Água do Casado e Piranhas. Voltando por Senador Rui Palmeira, São José da Tapera, Olho d’Água das Flores (talvez Carneiros e Olivença) e retorno a Santana do Ipanema. Um dia ou dois conforme o interesse que a maioria irá demonstrar. Até porque se for ver de tudo passaríamos semanas se deliciando com as atrações peculiares de cada uma dessas receptivas cidades. Esse roteiro não é aconselhável durante o inverno quando a liberdade de conhecer é delimitada pelas chuvas.

Já fizemos algo semelhante quando pernoitamos em São José da Tapera, por problema leve causado no veículo.  Bendito problema, pois foi uma noite de pousada muito agradável e mais um festejo de inauguração da praça principal. Estávamos retornando da cidade ribeirinha de Piranhas.  Deixe, amigo, amiga, sua zona de conforto da capital e venha conhecer o nosso médio, alto sertão e sertão do São Francisco. Aumente seus conhecimentos, desopilando o fígado, se encantando com tudo e voltando à capital novo e nova em folha. Deixe as mesmices das praias e venha conhecer um mundo novo onde o céu é mais largo e as estrelas têm mais brilho.

Coragem é bom para vista.

Estou indo...

CIDADE SERRANA DE ÁGUA BRANCA

 

 

 

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2023/04/pedagua-clerisvaldo-b.html

domingo, 9 de abril de 2023

 


USO DA PUA

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.861

 

Você sabe a diferença entre boiadeiro, vaqueiro, vaquejador, tangedor e vacorno? Já falamos sobre isso em um dos nossos trabalhos, mas surgiram dúvidas entre marceneiro, carpinteiro e carapina, também chamado carpina. Esta última palavra fomos ouvi-la pela primeira vez na zona rural. Aí embolou o meio de campo como dizem os aficionados ao futebol, porque alguém pode dizer que todos são a mesma coisa. Existe, porém, uma distinção interessante.  Todos três mexem com a madeira, mas de formas diferentes, vamos a elas:

Marceneiro: profissional que trabalha com madeira confeccionando móvel e fazendo consertos. Hoje em dia também recebe a denominação de moveleiro.

Carpinteiro: Profissional da madeira cujo trabalho está relativo à madeira usada em construção: vigas, escoras, caixas para concreto, e madeirame do teto, etc...

Carapina: Também chamado carpina, mas dizem que o nome correto é carapina que, aliás, é de origem indígena. O carapina trabalha principalmente no campo (zona rural) mexendo com madeira na construção de casa de taipa, por exemplo. Providencia a estrutura da casa como portas, janelas, paredes e teto relativos à madeira. Agem, portanto, como se fossem médicos, mas cada qual com sua especialidade. Quanto ao título da matéria, quem conheceu a pua? Instrumentos hoje obsoleto, usado pelos antigos profissionais da madeira e que servia para fazer furos manualmente. Hoje, substituída pelas furadeiras elétricas, ainda resiste por aí à fora.

A pua ficou famosa durante a Segunda Guerra mundial, quando os brasileiros a usaram no slogan contra os nossos inimigos: “Senta à pua!”. O que equivale a dizer que deveríamos usar todo o rigor sobre eles.

Não queremos dizer que os três profissionais da madeira não saibam sobre os serviços dos outros similares, pois, “quem não tem cão, caça com gato”, já diziam os antigos, todavia, “cada qual no seu quadrado”, fala a gíria hoje em voga.

A Igreja afirma que São José era um carpinteiro, portanto, pela divisória vista acima, o pai de Jesus dirigia seus trabalhos de madeira com destino às construções.

Ô Português complicado! Ou o complicado somos nós?

PUA (Foto).

 

 

 

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2023/04/uso-da-pua-clerisvaldo-b.html

quarta-feira, 5 de abril de 2023

 

VAGA-LUMES

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.860



 

Santana do Ipanema, cidade sertaneja de Alagoas, passou quatro anos no escuro. É que o motor alemão que abastecia a cidade, caiu na exaustão. Após uma luta incessante dos santanenses, o governador resolveu trazer energia de Paulo Afonso e abasteceu a urbe. Muitas coisas interessantes aconteceram naquele período onde afloraram toda a tradição da Ribeira do Panema. Lembramo-nos muito bem de certas noites em que o céu era povoado desses insetos simpáticos e misteriosos que são os vaga-lumes e que em outras regiões são denominados pirilampos. Não é que todas as noites havia vaga-lumes, mas eles sempre apareciam em maior ou em número reduzido, mas povoavam a nossa mente interiorana.

Os vaga-lumes tornaram-se imortais na literatura cangaceira, quando na madrugada de 28 de julho de 1938, foram confundidos com lanternas por duas mulheres bandidas na Grota dos Angicos, em Sergipe. O engano entre vaga-lumes e lanternas de verdade, fez a diferença no ataque que vitimou Rei e Rainha do Cangaço naquela fatídica madrugada. Mas acontece que o progresso como faróis de automóveis, luzes de postes atrapalharam o pisca-pisca dos pirilampos que se comunicam assim e atraem as fêmeas para o acasalamento. Por outro lado, o seu habitat foi invadido por desmatamento e construções, impedindo a reprodução desses coleópteros que estão no momento desaparecidos.

As luzes artificiais e companhia retiraram do ar esses maravilhosos insetos que povoaram a mente de crianças e adultos no nosso mundo sertanejo. Vez em quando vemos e ouvimos repentistas violeiros falarem sobre a lanterna natural desses insetos que enfeitavam a abóboda do mundo sertanejo. São personagens do bioma caatinga assim como as não menos famosas tanajuras que surgiam após as trovoadas e enchiam de júbilos todas as faixas etárias do semiárido. E como a parte traseira era volumosa e comestível, daí a expressão rasteira: “bunda de tanajura”. Pois os vaga-lumes e outros personagens do Sertão, transformaram-se apenas em saudade no mundo literário e na boca dos nossos avós. Parece impossível conviverem em harmonia o moderno e o passado.

Mas lembrar, pode?

VAGA-LUME (FOTO: PINTEREST).


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2023/04/vaga-lumes-clerisvaldo-b.html

terça-feira, 4 de abril de 2023

 

O BACORINHO DE ZÉ PANTA

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.859


Você já viu alguém criar porco em apartamento? Um gatinho, um cachorro mimoso... Ainda vai, mas um porco para arrebentar com tudo é coisa que parece mentira. Pois o caso aconteceu há muito em Maceió. O funcionário público do antigo Departamento Nacional de Estrada de Rodagem – DNER – moreno de mais de dois metros de altura, gaiato e tocador de violão, Zé Panta, sentiu-se grato pela passagem de um engenheiro residente na unidade de Santana do Ipanema. O querido engenheiro quando deixou Santana foi residir em Maceió. Planejando levar um presente para o homem cheio de bondades, Zé Panta comprou um bacorinho (porco ainda novo), boto-o debaixo do braço e partiu para a capital. A trajetória do tocador de violão foi repleta de histórias engraçadas até mesmo em ações somente para adultos.

Vamos interromper a história do bacorinho para dizer que certa feita Zé Panta foi enganado por um vendedor de mel falsificado na esquina da Feira do Passarinho, em Maceió. Quando descobriu que o produto era apenas água com açúcar, resolveu voltar ao local uma semana depois. O vendedor de mel estava no mesmo lugar fazendo sua propaganda. Ao notar a aproximação daquele homem gigante, tentou correr, mas não daria tempo carregar com ele a banquinha de madeira com vários litros do hodromel. Sendo assim, resolveu solucionar o problema com brincadeira.  Gaiato contra gaiato. Zé Panta fez cara de mau e indagou: “Qual foi a abelha que fabricou esse mel?”. E o vendilhão esperto: “Tá falando com ela!”. E bateu no peito. Como os semelhantes se entendem, o final resultou em gargalhadas.

Pois bem, voltando ao caso do porco, Panta chegou ao apartamento do engenheiro, cujo encontro foi uma festa. Apresentado o porquinho, o doutor agradeceu, mas alegou que não podia aceitar o presente porque não tinha onde colocar o bichinho. Estressado, o animal grunhia alto chamando a atenção de todos por ali. Um barulho dos seiscentos diabos! Diante do ajuntamento da vizinhança e a recusa do ex-chefe, Zé Panta se despediu. Quando o engenheiro tentou fechar a porta, Panta agiu com rapidez e jogou o bacorinho dentro do apartamento dizendo e correndo: “Presente para vossa senhoria!”. O pega-pega e a quebradeira que houve dentro do apartamento arrumadinho, fica por conta do leitor internauta.

Arre!

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2023/04/o-bacorinho-de-ze-panta-clerisvaldo-b.html

segunda-feira, 3 de abril de 2023

 

PESCAR PESCANDO

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.858



 

Quando o “Velho Chico”, aumenta suas águas no baixo São Francisco, as águas invadem as margens e inundam as várzeas que se transformam em lagoas. Quando essas várzeas estão secas, servem para o criatório e para o plantio. São as lagoas formadas pelo rio, berçários e criatórios de peixe que povoam o caudal. Na Geografia do saudoso prof. Ivan Fernandes, ele faz citações a essas lagoas. Já no meu livro “Repensando a Geografia de Alagoas”, ainda inédito, eu falo o nome de praticamente todas as lagoas do Baixo São Francisco desde Pão de Açúcar a Penedo, acompanhado de foto de lagoa em São Brás. Essas lagoas vêm sendo prejudicadas por inúmeros fatores após as hidrelétricas, fazendo com a pesca seja quase extinta na região.

A boa notícia é que pesquisadores estão tentando resolver o problema a partir de uma lagoa do município de São Brás. Diz a reportagem que os estudos foram aprovados pela CODEVASF e poderá resolver o caso complexo de povoamento de peixes no São Francisco revigorando a tão antiga atividade pesqueira. Foi pena a reportagem não citar o nome da lagoa do plano piloto, apesar da extensa matéria apresentada. O escritor santanense, Oscar Silva, já falava sobre o entusiasmo da sua avó “Zifina”, morando em Santana e lembrando de Pão de Açúcar, sua terra, sobre as xiras gordas das lagoas marginais do São Francisco. Xiras essas chamadas de “bambás”, aqui no rio Ipanema. Peixe bom e de fácil remoção de espinhas.

Quem sabe o drama dos pescadores e do povo ribeirinho do São Francisco, há de torcer muito para que o projeto com apoio da CODEVASF, seja repleto de êxito. Uma exportação de sucesso para todas as bacias hidrográficas do Brasil. O tema é excelente para se voltar ao turismo interno alagoano, visitar e se encantar com São Braz e Pão de Açúcar; lugares esses que sempre se deseja passar semanas na visita de um dia. São Braz não fica longe de Arapiraca e Pão de Açúcar é bem ali em relação a Santana do Ipanema. Apesar das comunicações de lagoas com o rio, o que seria chamado de laguna, segue, entretanto, a denominação popular. Afinal de contas, tanto faz chamar laguna ou lagoa, o importante é que tenha saborosos peixes para deixar o bucho tinindo de satisfação.

PÃO DE AÇÚCAR

 


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2023/04/pescar-pescando-clerisvaldo-b.html