segunda-feira, 30 de novembro de 2020

 

DOIS BAIRROS NOVOS EM SANTANA DO IPANEMA

Clerisvaldo B, Chagas, 1 de dezembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.428








 

Fomos “olhar de perto para contar de certo” a expansão de Santana no sentido Santana – Olho d’Água das Flores. Essa é a informação para aqueles que estão ausentes da terrinha. Dois bairros novos vão surgindo às margens da AL-130, tanto de um lado quanto de outro. O primeiro está se erguendo originário do loteamento LUAR DE SANTANA (Colorado) Na primeira curva da AL-230 em direção a Olho d’Água das Flores. Trata-se de uma colina onde havia uma granja e lugar chamado Lagoa do Mato. O casario tem inicio à beira da AL-130 e sai subindo a colina até atingir o topo do loteamento a 335 metros de altitude. O panorama ali é deslumbrante. Vê-se ao longe o centro da cidade, inclusive a Igreja Matriz de Senhora Santana, por cima da mata que circunda o Luar de Santana. (Direção Oeste).

Ainda existem belas paisagens em direção Leste e Norte, mas quem passa pela AL-130 nem imagina que ali está sendo formado um bairro de elite com belas e modernas residências. Já está sendo habitado pelas classes média e média alta e em breve será o bairro nobre de Santana do Ipanema. Como diz o dito popular, a paisagem do topo é simplesmente de “tirar o fôlego”. Fala-se que um hotel fazenda está sendo planejado na baixada da mata que circunda o LUAR.

O outro bairro fica no sopé, a barlavento, do serrote do Gonçalinho também chamado serra do Cristo ou da Micro-ondas. Teve início com algumas casas simples com o império de pobreza extrema, mas inúmeras residências surgiram ao longo do sopé, ao lado da subida ao topo e também no antigo Cipó, sítio rural que foi engolido pela urbanização como víamos anunciando há muito. Em um futuro próximo até o outro sítio rural, Curral do Meio, deverá seguir o mesmo destino do Cipó.

Entre um e outro bairro já existe um intenso comércio e serviços ao Longo da AL-130: churrascaria, loja de construção, posto de gasolina, hipermercado e até presença do campus Instituto Federal de Alagoas, IFAL.  No lugar onde a vegetação ainda não foi tocada, no serrote, a mata se desenvolveu bastante, mostrando árvores de boa altura nessa face mais úmida do relevo. O cimo da micro-ondas   guarda uma bela vista parcial de Santana do Ipanema.

Os Bairro do Gonçalinho e Luar de Santana, atestam com clareza os novos caminhos da Rainha e Capital do Sertão. Viche!

VISTA DO BAIRRO LUAR DE SANTANA AINDA QUASE VIRGEM (FOTOS: B. CHAGAS/ÂNGELO RODRIGUES).

 


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domingo, 29 de novembro de 2020

 

A VEZ DO RIACHO ESQUECIDO

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de novembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.427



Quando o escritor disse que nenhum geógrafo do Brasil lembraria daquele riacho solitário em que nascera, errou na sua profecia e acertou nas entrelinhas do seu desejo. Esse geógrafo já cantou e decantou o riacho João Gomes, afluente do rio Ipanema, inclusive decifrando sua denominação: riacho das beldroegas. Uma vez descoberto e decantado, chegou o momento de visitas e transformações importantes na sua barra (foz, desembocadura, desaguadouro). Máquinas já estão trabalhando no seu leito e imediações, onde o riacho esquecido do escritor santanense Oscar Silva imperou solitário por centenas de anos seguidos. É que o sítio rural Barra do João Gomes fora origem dos seus familiares, isto é, da família Pio.

Teve início a obra prometida pelo saudoso prefeito Isnaldo Bulhões: a barragem do João Gomes, que será a maior obra hídrica do município. Pena ter havido desgaste nos meios políticos e institucionais devido a entendimentos prévios em que houve descontentamentos de moradores do lugar, referentes à valores indenizatórios. Mas isso é coisa em que partes interessadas e justiça chegarão a bom termo, não temos dúvidas. O riacho temporário irriga

grande número de sítios na zona rural como o Tingui, Lagoa do João Gomes, Batatal e o próprio Barra do João Gomes. Corta a AL-130 e escorre dentro da Reserva Sementeira, do governo estadual, a 3 km do centro da cidade. Veia d’água importantíssima para os agropecuaristas, rebanhos e fauna da caatinga santanense.

Com a construção da maior barragem do município, haverá psicultura, água para o rebanho da região, lavoura irrigada e fonte para caminhões-pipa durante as estiagens. Segundo divulgação, a obra criará 300 empregos diretos e indiretos, mão-de-obra local e compras no comércio da cidade, fazendo o dinheiro circular nesse final de ano. Pela dimensão da obra, sua realidade poderá fazer parte do roteiro turístico que estar sendo implementado e até ser criado muitas novidades no seu entorno.

 Infelizmente, aqui no sertão nordestino, estaremos sempre a precisar de fontes e mais fontes de armazenamento d’água. Porém, cada fonte poderá ser transformada em variados atrativos.

 “Dê-me um limão e eu o transformarei em limonada”

CÂNION NO RIACHO JOÃO GOMES SOB PONTE NA AL-130 (FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO).

 


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quinta-feira, 26 de novembro de 2020

 

O AÇÚCAR DO VEREADOR

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de novembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.426

 

Não gostamos de reprisar trabalhos, mas a pedido de bom amigo dos velhos tempos, vamos recontar com roupagem nova O Açúcar do Vereador.

Maneca, altamente carismático e sério, possuía um Café em Santana do Ipanema. Além do café mais gostoso da cidade, também despachava refrigerantes e complementos para lanches rápidos. Era nosso vizinho de loja de tecidos, na esquina defronte ao Museu. Não havia vivente nenhum em Santana do Ipanema que não gostasse de Maneca. Como ninguém é de ferro, como dizem, Maneca, vez em quando tomava umas, mas ninguém via, apenas notava por algumas atitudes que fugiam à regra habitual. Quando o prof. Alberto Agra se sentou à mesa e lhe pediu café e um queijo. Houve certa demora e o professor repetiu o pedido mais duas veze, um queijo significava uma fatia de queijo. Maneca veio, trouxe o café e um queijo inteiro que pôs no prato do professor e retirou-se.

Quando um cliente pediu um maço de cigarro, Maneca disse que não tinha. O cliente apontou para a prateleira afirmando que estavam ali os maços, estava vendo. Maneca insistiu, seco: “não tem cigarro”. E assim iam acontecendo as coisas, quando o homem tomava uma. A gente perguntava o porquê do seu café ser tão gostoso. Ele respondia sem guardar segredo: “misturo o café de primeira com o café de segunda. (Café Afa, marca da época).

Pois bem, certo dia chegou ali o vereador Zé Pinto Preto, pediu um café e sentou-se a esperar. Havia em cada mesa, um açucareiro de vidro grosso e cúpula de metal com tampa fácil de abrir. Maneca estava passando café, lá para dentro e gritou: “já vai!”. Pinto Preto, então, enquanto aguardava o café, foi virando o açucareiro na mão e comendo açúcar.  Maneca via de lá o movimento do vereador.

Terminada a tarefa na cozinha, o comerciante trouxe o café, pôs a xícara à mesa e carregou o açucareiro. O vereador pensou que o homem iria abastecer o objeto. Com a demora, café esfriando, gritou lá para a cozinha: “Maneca, e o açúcar?”

O vereador pegou um péssimo dia com Maneca daquele jeito:

“O açúcar você já comeu, agora beba o café, se levante e se rebole para misturar”.

Ô tempo bom...

 

PACOTE DO ANTIGO CAFÉ AFA (FOTO: DIVULGAÇÃO).

 

 


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O JOGO E O RABO

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de novembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.425

Antônio Honorato ou Tonho de Macelon, tinha um bar no Comercio de Santana do Ipanema, ponto de encontro da juventude social da época. Era o maior decifrador de charadas de Alagoas. Gostava muito de poesia e apreciava ouvir um programa de repentistas no rádio chamado “Onde Está o Poeta?”. Em seu bar discutiam-se, principalmente, futebol e política.

José Maximiano era um senhor, aposentado, que gostava muito de poesia, futebol e jogo de baralho. Era apologista do repente e amigo de Tonho de Macelon, assíduo ouvinte do mesmo programa “Onde Está o Poeta?” Mas nem sempre a pessoa está no momento exato do humor para apreciar poesia.

José Maximiano morava à Rua Nova e, o bar de Antônio Honorato, vizinho à entrada do hotel de Maria Sabão, à Praça Senador Enéas Araújo, atual.

A jogatina do baralho ficava nos fundos do bar de sinucas de Manoel Barros, (fora chefe político no governo Arnon de Melo e dono de cartório) na mesma praça acima, esquina Comércio/Rua Nilo Peçanha, onde também havia uma saída da casa de jogo.

José Maximiano era doce e explosivo conforme a ocasião. Certa noite descera até o bar de sinucas, atravessara as mesas e fora direto para o jogo querendo aventurar alguma coisa no baralho. Mas àquela noite a sua sorte não estava por perto. Perdia uma parada atrás da outra na roda dos veteranos.

A cada parada perdida, Maximiano inchava de raiva igual a sapo cururu.

Já era quase madrugada quando Tonho Macelon entrou no bar de sinucas e se dirigiu até o antro. Na mesa de jogo conheceu José Maximiano, seu amigo apologista. Estava de costas e não deu para o desavisado Tonho contemplar o seu semblante. E assim, o charadista chegou perto do amigo jogador, agachou-se e disse baixinho, perto da nuca, referindo-se ao programa que ambos sempre ouviam:

-- “Onde está o poeta?”.

Má hora para o charadista. Zé Maximiano meteu as duas mãos na mesa de jogo, levantou-se para explodir e respondeu gritando, olhos arregalados e babando de raiva:

-- Tá no rabo da mãe, seu fio da peste.

Um silêncio pesado tomou conta da jogatina após o rabo da mãe.

SANTANA SOBRE TELHADOS. (FOTO: B. CHAGAS).

 

 


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terça-feira, 24 de novembro de 2020

 

O DEPOSITÁRIO DO ORGULHO BESTA

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de novembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.424


A verdade e a ficção para refletir sua própria vida:

No Sertão alagoano do São Francisco, desembarcou por terra um senhor alto, vermelho, tendo à cabeça um chapéu tipo expedicionário, alguns instrumentos numa valise e máquina fotográfica à mão. Sem falar com as poucas pessoas que estavam por ali, sentou-se à sombra de frondosa mangueira e começou suas anotações em papel sobre prancheta. Mais de meia hora passou aquela figura a traçar no papel, anotar e usar a máquina fotográfica. Sentiu sede, não pediu água a ninguém, estava bem abastecido com seu cantil de metal coberto de lona. O rio, que acabara de receber água nova, estava bastante agitado combinando com o calor de mais de 39 graus.

Havia entre os raros pescadores que estavam por ali, um rapazinho vivaz e curioso. Aproximou-se daquela figura para ele estranha e, mesmo sem ser convidado, indagou:

-- Quem é o senhor.

O desconhecido respondeu empinando o nariz:

-- Sou um sábio, meu rapaz, um sábio. Um homem que sabe tudo, compreende?”

O jovem, entre a ironia e a ignorância, novamente indagou:

-- Ah! Entendi, o senhor é cartomante...

O homem não gostou, engoliu seco e falou:

 -- Para não perder a sua essência, sabedoria não dialoga com incautos, ignóbeis, lunáticos e analfabetos. Arranje-me uma canoa que eu pretendo vadear o rio. Bem remunero com o valor regional.

Dessa vez o rapaz entendeu e chamou um canoeiro dos mais antigos para fretar a canoa.  Mesmo advertido sobre uma tempestade que se aproximava, o sábio insistiu na viagem urgente. Feito o devido ajuste de preço, embarcaram ambos.

O pescador remava calado, mas o sábio começou a indagar:

-- O senhor fala inglês?

O canoeiro respondeu:

-- Nem sei o que é isso, meu senhor.    

-- Pois, então perdeu um quinto da sua vida. -- E voltou à carga:

-- O senhor conhece Geografia?

-- Não senhor”.

-- Pois perdeu dois quintos da sua vida -- Ainda insistiu o sábio:

-- Afinal, pelo jeito, não sabe ler nem escrever...

-- Sei não senhor... Respondeu o canoeiro, já bastante aborrecido.

-- Pois sendo assim, já perdeu três quintos da sua vida.

Nesse momento a tempestade aproximou-se, as águas se agitaram vigorosamente, a canoa rodopiou chegando a vez do pescador fazer a sua indagação:

-- O senhor sabe nadar?

-- Sei não, respondeu o sábio, apavorado. O canoeiro voltou-se e disse:

-- POIS PERDEU A VIDA TODA! -- Abandonou o remo e pulou nas águas revoltas do rio São Francisco.

 

 

 

 


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segunda-feira, 23 de novembro de 2020

 

O BUEIRO DO PORRONCA

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de novembro de 2920

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.422


A anedota contada por um companheiro, faz lembrar o prof. Aloísio Ernande Brandão. Estudamos com o prof. Ernande desde o curso Admissão ao Ginásio e fomos seu aluno por um longo período, no Ginásio Santana. O mestre lecionava Geografia, História e Matemática.  Imensamente carismático o professor estava sempre bem humorado. Fumava muito, gostava de uma cervejinha, sem se embriagar. Adotava alguns cacoetes como dizer que “não dava 10 a aluno, e que 10 era do professor”. Com certeza herdara o mau hábito de outro professor antigo. Amava colocar o cigarro em pé no birô, após algumas tragadas e chutar restos de giz pelos cantos da sala. Nunca vi nem ouvi dizer que alguém ficasse com raiva do professor Ernande. Era um meninão amigo de todos. Tive a honra, muito depois do alunado, em ser colega de trabalho do mestre, tanto no Ginásio quanto no Colégio Estadual Prof. Mileno Ferreira, da cidade. Sua partida gerou muita comoção em Santana do Ipanema e em todo sertão de Alagoas. Foi homenageado após com o título Escola Estadual Prof. Aloísio Ernande Brandão, no antigo “Cepinha”, escola desmembrada do antigo Estadual e inaugurada em 1992.

O professor Ernande tinha o apelido de PORRONCA. Não sabemos do autor e nem da origem do vulgo. Porronca é um cigarro de palha de fumo de corda ou fumo grosso, em nosso sertão conhecido como PACAIA.  Pois bem, vamos a anedota, não inédita nesse espaço.

Em um trem de Pernambuco viajavam vário passageiros, entre eles um rapaz e uma senhorita a certa distância um do outro.  O rapaz ficara encantado com a beleza da moça, muito tímida e de sobrinha à mão. A moça notava o interesse do rapaz, por ela, mas procurava não dá bolas. O rapaz queria sentar no banco da moça, mas não sabia o que dizer. Foi então que uma oportunidade apareceu para o início de conversa. Lembrando que ali perto havia um bueiro de usina, (longa chaminé de barro de olarias e engenhos). aproximou-se da recatada senhorita, mas não notara que sua braguilha estava aberta.

“Bom dia, moça, a senhorita conhece o bueiro do Porronca?”.

A moça parou sua investida afastando-se no banco e dizendo bravamente:

“Nem conheço nem quero conhecer.  E se o senhor botar essa peste pra fora, meto-lhe o cabo da sobrinha”.

ESCOLA PROF. ALOÍSIO ERNANDE BRANDÃO (FOTO: LIVRO 230/B. CHAGAS).

 

 

 

 

 

 


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domingo, 22 de novembro de 2020

 

A GRANDE DEMOLIÇÃO, LACRIMANDO A HISTÓRIA

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de novembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.424


Quando a Praça Senador Enéas Araújo ainda não tinha nome, em Santana do Ipanema, marcava bem o Centro Comercial com a enorme construção (espécie de Shopping) chamado pelo povo de “prédio do meio da rua. A grande cobertura construída no tempo de Santana vila, abrigava entre oito a dez estabelecimentos comerciais. Lojas de tecidos, armazém de secos e molhados, sinucas, barbearia, farmácia... e apenas um pequeno apartamento como primeiro andar, onde morava o prefeito da época. Ao lado, guardando distância de cerca de 50 metros, o belíssimo edifício em que a população denominava “sobrado do meio da rua”, da mesma época do primeiro. Andar de baixo, lojas diversas: Casa Atrativa, Arquimedes Autopeças, Casa A Triunfante. Primeiro andar repleto de janelões e salão único e enorme.

Nesse primeiro andar já funcionara, teatro, cinema, escola e, no seu ocaso, o Tribunal do Júri.

Um belo ou feio dia, correu o boato que o prefeito iria demolir ambos os edifícios. O povo foi pego de surpresa e nem deu tempo discutir, protestar, aprovar e nem sequer pensar. Mal o boato vazara na cidade, teve início o destelhamento do “prédio do meio da rua”. Tudo foi ligeiro e brutal assim como fora demolido no cacete à meia-noite, o primeiro cemitério de Santana. O povo, estarrecido, não aplaudia, nem protestava, nem chorava e nem sorria. Apenas o nó na garganta coletiva. Recorrer a quem? Terminado o violento serviço diante do povo estupefato, teve origem a limpeza do terreno e imediatamente o início de construção de uma pracinha, em seu lugar.

Enquanto se construía a pracinha, o “sobrado do meio da rua” sofria a mesma barbaridade das históricas cacetadas. Purgatório para a alma da tradição santanense. Destelhado, demolido e pracinha em cima da ferida.

Demorou um tempão para os habitantes da cidade deglutirem a arrogância ditatorial.

Esse episódio é sempre lembrado quando surge uma foto antiga do centro de Santana do Ipanema: “Hem, hem! Ainda lembro de tudo mulé”. Armazém de Seu Marinho, Sinucas de Zé Galego, lojas de tecidos de Seu Doroteu, João Agostinho, Pedro Chocho, barbearia de Nézio, farmácia de seu Caroula... Tudo no “prédio do meio da rua”. Arquimedes Auto peças de Arquimedes, A Triunfante de Zé e Manoel Constantino, a Casa Atrativa de Abílio Pereira de Melo, no “sobrado do meio da rua” ...

Mas como as novas gerações podem conhecer a história se O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema ainda não foi publicado! O maior documentário da terra de Senhora Santana, continua aguardando o interesse das autoridades desde o ano de 2006.

ASSASSINATO DO SOBRADO DO MEIO DA RUA (FOTO: LIVRO 230/DOMÍNIO PÚBLICO).

 


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sexta-feira, 20 de novembro de 2020

 

BAIRRO SÃO PEDRO

Clerisvaldo B. Chagas, 2º de novembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.422












 

Apesar de trazer tantas histórias para os santanenses, o Bairro São Pedro, continua sendo tranquilo com sua vocação para moradas e pouco comércio. Logo no primeiro dia após o pleito eleitoral, teve início a reforma da praça que tem o mesmo nome do bairro e fica defronte a igrejinha do padroeiro São Pedro. A igrejinha, iniciado em 1915, teve suas obras paralisadas e só foi concluída em 1935, com várias forças sociais entre elas a do comerciante Tertuliano Nepomuceno. O Bairro São Pedro abrigou o Fomento Agrícola quando houve em Santana do Ipanema e todo o sertão alagoano o que ficou conhecido como a Revolução do Arado. Pela primeira vez o arado foi apresentado aos sertanejos, trazendo à Santana inúmeros agricultores de Pernambuco para a novidade. As carcas de arame farpado, as novas tecnologias, a palma forrageira, o plantio do algodão, agitou e mudou os nossos sertões. Isso na década de vinte.

O bairro já teve sua fábrica de mosaicos e importantes fabriqueta de calçados pertencente ao senhor José Elias, sendo a porta de entrada e saída para a capital. Tinha uma tradição muito forte das noites de São João, das danças de quadrilha e das missas com o famoso ‘pãozinho de Santo Antônio”. Ultimamente ganhou reforma da igrejinha do seu padroeiro, Posto de Saúde, Biblioteca Pública exclusiva, escolinha particular que se tornou famosa e asfaltamento nas ruas principais.

O bairro expandiu seus casarios até às margens do rio Ipanema, por um lado, por outro, teve grande reforço ao subir até encontrar-se com o Bairro Monumento na região da Rodoviária e saiu se estirando pelo asfalto até os antigos subúrbios Maniçoba e Bebedouro. Inúmeros edifícios modernos residenciais ornamentam o final do bairro em direção a Maniçoba. Mesmo assim, o lugar não possui a agitação do comércio e continua na tradição de moradas tranquilas, lembrando quando ouvia, ao Centro, as badaladas longínquas dos sinos da Matriz de Senhora Santana. Também funcionou no prédio do Fomento Agrícola a Defesa Vegetal, onde abrigava o primeiro tanque de Corpo de Bombeiros de Alagoas e que nunca foi levado para o museu, por ignorância social. São Pedro é santo forte e porteiro do céu, amém, amém, amém.

IGREJA SENDO REFORMADA E APÓS. (FOTOS B. CHAGAS/ LIVRO 230).

 


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quarta-feira, 18 de novembro de 2020

 

CONSCIÊNCIA NEGRA E BRANCA

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de novembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.421

Quando os primeiros escravos negros chegaram a Alagoas trazidos pelos seus donos, o objetivo era o trabalho nos canaviais. Desde a época inicial de povoamento do estado que a preferência econômica estava baseada na Agricultura, principalmente no cultivo da cana-de-açúcar. Os engenhos multiplicavam-se desde a região do Penedo, no baixo São Francisco, atingindo a zona da Mata, escolhida pelas suas terras férteis para a produção da gramínea forte e alta em que o mundo estava precisando. Sem haver braços suficientes para alavancar a lavoura, os escravos trazidos da África, para os que exploravam a terra, foram a solução para fazer rodar os engenhos trabalhados com eles ou puxados por bois amestrados. Logo. Logo Alagoas era uma grande potência tanto em número de engenhos quanto na produção de cana-de açúcar.

No desenrolar dos fatos, a consciência negra era a mesma de todos os povos do mundo que desejam ser completamente livres. Uma fuga dos canaviais, duas fugas, três fugas e fugas em massa para esconderijos nas matas e nas serras de difíceis acesso. Houve debandadas também em direção ao baixo São Francisco. No Sertão de agricultura de roça e pecuária rústica, o número de escravos foi quase inexistente em relação à Zona da Mata, mesmo assim ainda houve vendas de africanos para alguns vaidosos senhores que tinham mais precisão de mostrarem prestígio de que necessidade. Em Santana do Ipanema, a chamada Cadeia Velha, à Rua Nilo Peçanha, também era ponto de venda de escravos. Entretanto, a descendência sertaneja veio mais do cruzamento branco e indígena gerando o caboclo ou curiboca.

A consciência branca em geral era que negro não tinha alma, não era gente e fora designado pela Providência para servir ao branco. As aglomerações de negros fugitivos ganharam as altas serras da Zona da Mata, onde a organização social foi reconstruída e o preparo para a defesa forjou heróis como Ganga Zumba e Zumbi dos Palmares, na serra da Barriga, atual município de União dos Palmares, o maior quilombo do Brasil. O município de Atalaia foi acampamento para as expedições designadas a exterminar o quilombo.

No dia oficial da Consciência Negra, o mundo inteiro reverencia o passado e presente do histórico preto na serra da Barriga, em Alagoas.

Quantos Zumbis serão precisos para uma sociedade igualitária e justa?

 

 


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terça-feira, 17 de novembro de 2020

 

RUA PEDRO BRANDÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de novembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.420

 

A publicação de que Santana do Ipanema foi a segunda cidade de estado que mais gerou emprego no ano passado, é até motivo de alegria por parte dos santanenses. Embora lamentando a mínima convocação para ocupação de vagas no Brasil inteiro, não podíamos ressaltar o feito empregatício na Capital do Sertão. Quando olhamos para uma cidade sem indústria (motivos políticos) e vocacionada para o Comércio, a alegria é ainda maior, embora este não pague igual à indústria. Sempre estivemos analisando a expansão física de Santana, o seu progresso, a sua liderança, mas também os setores que precisam de medidas emergenciais e certos serviços capengas por falta de olhares administrativos.

E uma das coisas que chamávamos atenção, era a grande expansão comercial e prestação de serviços no todo. A Rua Pedro Brandão, principal artéria do Bairro Camoxinga e corredor que se tornou estreito para tanto movimento está sendo sufocado. Tanto é que famílias ali residentes, foram vendendo suas casas humildes ou não, e essas casas transformadas em comércio. O barulho do trânsito, de carros de som e muitos outras mazelas dos tempos modernos, estão botando para correr os residentes que procuram loteamentos, conjuntos e condomínios nos quatro pontos cardeais das periferias que se expandem como nunca. Sendo a Rua Pedro Brandão com um lado na parte alta e outro lado na parte alta (calçada alta), a parte baixa está “expulsando” as últimas moradias. A calçada alta, ruim para comércio, seguirá o mesmo destino, mais adiante.

Também já foi falado aqui a necessidade de abertura de novo beco seguindo o antigo beco da Igreja São Cristóvão, para desafogar o trânsito em direção à rua de baixo – fundos da Pedro Brandão – que possui acesso à BR-316, via expressa de Santana do Ipanema. A voracidade em busca de pontos comerciais em Santana, é enorme com vários grupos chegando de outras cidades e regiões, sendo a Rua Pedro Brandão via Maracanã o segundo comércio da cidade. Todos querem um ponto para um bar, uma lanchonete, uma casa de móveis, uma clínica, uma academia, casa de peças e um sem fim de coisas mais.

Quando o escritor Oscar Silva veio visitar sua terra, em 1950, já dizia que a Rua Pedro Brandão se estirava como cobra de borracha em direção ao cemitério Santa Sofia, na parte alta do Bairro Camoxinga.  Imaginem agora! Uma correria para sair residentes) uma correria para chegar (novos comerciantes).

Quem foi Pedro Brandão?

Saberia tu?

RUA PEDRO BRANDÃO RECEBENDO ASFALTO EM 2006 (FOTO: B. CHAGAS/Livro: O BOI, A BOTA E ABATINA, HISTÓRIA COMPLETA DE SANTANA DO IPANEMA).

 

 


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 MARACANÃ SANTANENSE

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de novembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.419


 

O lugar Maracanã, no Bairro Camoxinga, em Santana do Ipanema, é um largo que converge e diverge seis ruas, além de ser cortado pela BR-316. Deveria ter um bom anel viário, mas não tem, possui apenas um semáforo que hora funciona, hora não. É um dos pontos mais famosos da cidade e citados centenas de vezes diariamente na boca do povo. Alguns até perderam a noção de ponto de referência e o chama de Bairro Maracanã, mas isso não existe. Sua história acha-se contada minunciosamente em nosso livro: “O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema” que continua inédito. Em síntese histórica a denominação do largo, tem origem em uma churrascaria que recebeu o título de Churrascaria Maracanã.

Pois bem, ainda com o mesmo proprietário de origem, o prédio da churrascaria e dormitório Maracanã conseguiu chegar

Até os nossos dias sem sofrer nenhuma modificação significativa. Mas com tudo tem o seu dia, uma novidade surgiu naquele trevo. Com o contínuo progresso de Santana do Ipanema foi implantada em nosso prédio histórico, uma clínica médica que modificou sua fachada tão conhecida durante dezenas de décadas de estilo varanda de fazenda. Certo que o edifício viveu muitos momentos de baixos e altos, cuja pintura externa mostrava os tempos do termômetro monetário. Para quem não se preocupa com o histórico da cidade, seus pontos tradicionais e imorredouros, pode até achar esse artigo supérfluo na cidadania santanense, mas, assim como o Centro Bíblico, O Estádio Arnon de Méllo, a Praça Frei Damião... A história dos principais pontos de referências da cidade, ajuda a compreender o miolo da história. Cidade sem história é cidade sem valor, sem tradição, sem orgulho dos seus munícipes; apenas uma intrusa social e nada mais.

Dizia um delegado de polícia: “De dez ocorrências em Santana do Ipanema, nove têm origem no Maracanã.

Maracanã: Nome do maior estádio do mundo. Nome de pequena ave semelhante ao papagaio.

Etimologia: Tupi Guarani (paracau-aná-papagaios juntos).

Maracanã santanense: relíquia histórica da cidade.

TREVO DO MARACANÃ. (FOTO: B. CHAGAS/livro 230).

OBS. A crônica com o número 3.418, é 2418.

 

 

 

 


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domingo, 15 de novembro de 2020

 

UMA VITÓRIA MAIÚSCULA

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de novembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.418

 

INICIA-SE mais um capítulo na história de Santana do Ipanema. A Capital e Rainha do Sertão acaba de eleger a prefeita atual Christiane Bulhões por mais quatro anos à frente dos destinos do município de Santana do Ipanema. Assim a médica Christiane inicia muito bem sua carreira política.  De vice-prefeita do seu pai, Isnaldo Bulhões, assume a cadeira titular com a passagem do pai e após meses no cargo de prefeita, se reelege diante da concorrência política de seis adversários no quais um ex-prefeito e monta na vitória com galhardia e fibra de mulher guerreira. Doutora Christiane, filha do prefeito Isnaldo Bulhões, eleito por duas vezes e da senadora Renilde Bulhões, eleita também por duas vezes como prefeita e primeira mulher a governar Santana, arrastou multidões de votos e consolidou a vitória completamente absoluta nesta atípica corrida eleitoral.

Não podíamos negar um voto de confiança à família que transformou Santana do Ipanema em verdadeira Capital do Sertão. As inúmeras obras físicas e sociais que ornamentam a nova Santana do Ipanema e os constantes trabalhos de elevados níveis, credenciaram o eleitor a votar em quem trabalha. Um reconhecimento que deverá ser o guia nas próximas eleições sertanejas, cujos eleitores não acreditam mais em falácias nem tampouco candidatos administramente preguiçosos rumo à prefeitura. O lado governado agora despertou de uma vez na escolha dos seus representantes, ato este que aconteceu na maioria dos municípios sertanejos. Pesquisa individual e particular feita por nós ouvindo comerciantes, mototaxistas, motoristas profissionais, professores, gente da Saúde, feirantes e tipos populares, não eram negados os elogios à gestão que transformou a cidade em canteiro de obras.

Os demais candidatos bem exerceram a democracia dando opções ao santanense atento. Enriqueceram o pleito convergindo os ideais de melhorias para uma Santana grande. Não houve derrotas, mas sim uma festa democrática em que todos os atores mereceram os aplausos do povo sertanejo. Entretanto o louro dos feitos coube à cabeça de Christiane Bulhões na quinta edição que tradicionaliza à família política da Terra de Senhora Santana.

O companheiro Iury Pinto empresário filho do professor José Pinto Araújo e professora Zélia Araújo, ensaia com êxito uma vida nova na política como vice-prefeito e com certeza tomará gosto pela administração pública, surgindo como uma renovação nos valores da política Século XXI.

Ontem Santana anoiteceu com um profícuo e esperançoso porvir. PARABÉNS À CHAPA CHRISTIANE BULHÕES E IURY  PINTO. Os céus iluminem essa caminhada. DEUS NO COMANDO.

 


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quinta-feira, 12 de novembro de 2020

 

BANHA DE PORCO

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de novembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica:  3.417


Estamos vivendo a crise de preço dos óleos de cozinha. Antes desses óleos industrializados, sempre usávamos em nossos sertões, a banha de porco para os cozimentos alimentares. Para isso, os produtores criavam nas fazendas, nos sítios e nos quintais urbanos dois tipos de porcos onde não se usavam os nomes científicos das espécies. Eram simplesmente chamados porco baé e porco do focinho grande. Ambos eram alimentados com lavagem, abóbora, soro do leite, grãos e qualquer resto de alimentos jogado na lata de lavagem que era o líquido de água usada e esses restos de inúmeros alimentos. O porco Baé, menor, arredondado, focinho curto, bom comedor e engorda rápida. O porco do focinho grande, maior e mais comprido, era muito ruim de desenvolvimento para o abate.

Dos porcos abatidos artesanalmente aproveita-se a carne e a banha que serviam para fazer torreiro e para cozinhar os alimentos das casas sertanejas. Torreiro e não torresmo de “praciante” besta. Em Santana do Ipanema, seu Antônio (?) Simões, na ponte do Padre, era famoso vendendo torreiro na sua bodega bem localizada com esse produto delicioso e nutritivo. O senhor (?) Santana, no final da Rua das Panelas, também vendia torreiros saborosos. O segredo era metade carne, metade couro, passados na banha de porco. Outras pessoas também produziam essa delícia sertaneja. Até as padarias compravam banha em latões para o fabrico de suas iguarias.

Seu João Soares, no bairro Monumento era mestre na produção e venda de torreiro, banha e carne de porco até para exportar. Aliás, a banha de porco que o Sr. João Soares exportava, nem precisava testes de compradores como faziam com outras. A sua honestidade e dignidade falavam por si na alta qualidade da banha que produzia. O saudoso João Soares Campos chegou a montar um açougue muito moderno para a época, na esquina do beco do Mercado de Carne, público. Quando a medicina condenou a banha de porco em defesa de óleo industrializado, tudo mudou, a banha desapareceu do mercado. Mas, com o novo conceito medicinal, a banha de porco está voltando à praça, vendida nas feiras camponesas e mesmo em supermercados. O porco baé e o de focinho grande, foi substituído pelo suíno gigante, amarelo e comprido, criado com as mais avançadas tecnologias. O povo do Sertão chama esse novo porco criado para a indústria de “porco galego”. Mas a banha de porco voltou com força ao mundo doméstico em condenação aos óleos e elogios a banha para a saúde do povo brasileiro.

Banha de porco: heroína, Vilã, heroína de novo, IRONIA DAS COISAS.

(FOTO: savegnago.com.br).

 


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quarta-feira, 11 de novembro de 2020

 

A LÍNGUA DA VACA

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de novembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.417


O nordestino é muito criativo e também gosta bastante de humor. Basta citarmos mestres como Anísio Silva, Didi, Batoré e muitos outros mais. O sertanejo dessa Grande Região do Brasil tem uma queda e tanta para contar casos e “causos” durante horas seguidas, achando uma boa plateia de interessados. Os longos casos falam sobre cangaceiros, intrigas, amor, assombração, caçada, pescaria, tempos passados... Entrando na verdade, saindo na mentira, isto é, “entrando por uma perna de pato, saindo por uma perna de pinto, Seu Rei mandou dizer que contasse cinco”. Tivemos famosos com o Lulu Félix, o Querubino e vários outros versados na arte de distrair os caros espectadores. Vamos lembrar uma loa:

Alguém deu com a mão e o automóvel parou à margem da pista. Um matuto de chapéu de palha, cumprimentou o motorista e pediu uma carona. O condutor, vendo que o matuto conduzia uma vaca pela corda, indagou: “Como é que senhor quer uma carona? Não posso colocar essa vaca dentro do meu carro”. Respondeu o matuto: “Não se preocupe, meu patrão, a vaca vai amarrada aí atrás no para-choque”. O motorista arregalou os olhos e disse: “o senhor é doido, basta uma arrancada minha para matar o animal. O roceiro voltou à carga: “Qualquer prejuízo eu me responsabilizo, vamos fazer a experiência”. O condutor, então, maliciosamente, mandou amarrar a vaca no para-choque traseiro, riu por dentro e pensou em sentir o mórbido prazer em matar a vaquinha do homem do campo.

Colocou a velocidade mínima, a vaca acompanhou. Foi aumentando gradativamente a velocidade e a vaca acompanhando. Sentindo-se incomodado, o motorista resolveu logo puxar o que o carro continha como velocidade máxima. O roceiro pitava calmamente e sua tranquilidade irritava o condutor. Quando o automóvel chegou à maior velocidade, mais uma vez o motorista lançou o olhar ao retrovisor, alegrou-se e disse: “Sua vaquinha enfim vai entregar os pontos, meu amigo, já colocou a língua de fora”. Então, o roceiro indagou com a mesma paciência de início: “A língua está para a esquerda ou para à direita?”. “Para a esquerda”, respondeu o motorista. O matuto afirmou com segurança: “Pois o senhor vá todo para a direita porque a MINHA VACA QUEBROU A CORDA E ESTAR PEDINDO PASSAGEM. (FOTO. Istockfhoto.com).

 

 


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terça-feira, 10 de novembro de 2020

 

AÇUDE DO BODE

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de novembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 1.416

O nome pode não parecer romântico, mas romântico e doce é a beleza do açude do Bode. No início dos anos 50, muito, muito antes da água encanada em Santana do Ipanema, o governo federal fez construir, através do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS, um açude aproveitando a vertente do pequeno riacho Bode. O riacho do Bode nasce nas imediações da serra da Camonga e escorre pela periferia da cidade, tendo sua foz no final do subúrbio Bebedouro. É um afluente do rio Ipanema. O açude seria para abastecer a cidade, mas sempre foi mal explorado ou nunca explorado para tal fim. É um ponto turístico por excelência, porém jamais utilizado nesse segmento.

O paredão do açude foi muito bem feito e gramado no barro vermelho e jamais apresentou qualquer problema de barragem. Atualmente crescem arbustos e até arvoretas em ambas as faces, mas um passeio por cima do paredão é coisa que encanta poetas, pesquisadores e apreciadores da natureza. Imagine uma lua cheia refletindo nas águas do açude ao som de violão e voz afinada flutuando em torno.

Arapiraca tinha um lago do riacho Perucaba, praticamente inútil. A visão de um administrador revitalizou o lago, urbanizou o seu entorno e o transformou em um dos belos lugares da Alagoas. Lugar de multieventos e caminhadas. Pois assim, o Açude do Bode, nome robusto de sertão nordestino também poderia fazer o mesmo nesse lugar tão esquecido como antes era o lago do Perucaba.

O problema é a falta de visão de sucessivos administradores do município que não ousam sair do feijão-com-arroz. Construir o Parque do Bode seria um passo importante para inúmeros setores de lazer, muito mais que o simples pedalinho nas águas do açude. Uma atração turística a altura do nome da nossa cidade.  Enquanto isso as águas serenas represadas, vão sentindo a expansão do casario do Bairro Lagoa do Junco chegando perto, ameaçando uma poluição supimpa e enxurradas de esgotos ali para dentro. Uma ameaça séria que pode ser evitada agora antes de tornar-se realidade. Novamente a visão geográfica enxerga à frente dos gestores e manda recados.

O que será no futuro o AÇUDE DO BODE?

Só Deus sabe.

Na crônica: Visitando o Bairro Novo, fiquei devendo uma foto da paisagem que dali se vê: AÇUDE DO BODE (FOTO: ÂNGELO RODRIGUES).

 

 

 


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