quinta-feira, 26 de novembro de 2020

 

O AÇÚCAR DO VEREADOR

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de novembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.426

 

Não gostamos de reprisar trabalhos, mas a pedido de bom amigo dos velhos tempos, vamos recontar com roupagem nova O Açúcar do Vereador.

Maneca, altamente carismático e sério, possuía um Café em Santana do Ipanema. Além do café mais gostoso da cidade, também despachava refrigerantes e complementos para lanches rápidos. Era nosso vizinho de loja de tecidos, na esquina defronte ao Museu. Não havia vivente nenhum em Santana do Ipanema que não gostasse de Maneca. Como ninguém é de ferro, como dizem, Maneca, vez em quando tomava umas, mas ninguém via, apenas notava por algumas atitudes que fugiam à regra habitual. Quando o prof. Alberto Agra se sentou à mesa e lhe pediu café e um queijo. Houve certa demora e o professor repetiu o pedido mais duas veze, um queijo significava uma fatia de queijo. Maneca veio, trouxe o café e um queijo inteiro que pôs no prato do professor e retirou-se.

Quando um cliente pediu um maço de cigarro, Maneca disse que não tinha. O cliente apontou para a prateleira afirmando que estavam ali os maços, estava vendo. Maneca insistiu, seco: “não tem cigarro”. E assim iam acontecendo as coisas, quando o homem tomava uma. A gente perguntava o porquê do seu café ser tão gostoso. Ele respondia sem guardar segredo: “misturo o café de primeira com o café de segunda. (Café Afa, marca da época).

Pois bem, certo dia chegou ali o vereador Zé Pinto Preto, pediu um café e sentou-se a esperar. Havia em cada mesa, um açucareiro de vidro grosso e cúpula de metal com tampa fácil de abrir. Maneca estava passando café, lá para dentro e gritou: “já vai!”. Pinto Preto, então, enquanto aguardava o café, foi virando o açucareiro na mão e comendo açúcar.  Maneca via de lá o movimento do vereador.

Terminada a tarefa na cozinha, o comerciante trouxe o café, pôs a xícara à mesa e carregou o açucareiro. O vereador pensou que o homem iria abastecer o objeto. Com a demora, café esfriando, gritou lá para a cozinha: “Maneca, e o açúcar?”

O vereador pegou um péssimo dia com Maneca daquele jeito:

“O açúcar você já comeu, agora beba o café, se levante e se rebole para misturar”.

Ô tempo bom...

 

PACOTE DO ANTIGO CAFÉ AFA (FOTO: DIVULGAÇÃO).

 

 


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