TIBET
Clerisvaldo B. Chagas, 21 de outubro de 2011
Não está sendo fácil para o trabalhador enfrentar o batente, nem no Rio de Janeiro, nem em Maceió, nem mais em canto nenhum. Ônibus demoram até cinquenta minutos de intervalo nos pontos. Autoridades não tomam nenhuma providência, irritando os usuários que desabafam no riso idiota de condutores e cobradores sonolentos. O lixo é jogado por trás dos pontos de ônibus e dali nunca retirado. O comércio ganancioso não para de poluir o ar com sons estridentes à porta das lojas, o dia inteiro que Deus deu. Providência? Que providência? Somente transportes alternativos levam carreiras e multas de lascar. Mas no lugar que cabem 10 ônibus rodam cinco; passageiros amontoados e, os poderosos empresários rindo da cara do usuário e da falta de força de quem deveria agir. Compartimentando, vamos fazendo questão de andar contra a evolução, crescendo para baixo como rabo de cavalo. Se alguma boa notícia é anunciada, vem por um quarto, pela metade, e o povo que se dane, parecendo que nem vale mais ditadura, reinado ou democracia. Não sei dizer se isso é o início do fim ou apenas o chamado freio de arrumação, para uma Era mais adiantada.
Os homens rodam estressados no trânsito. Um trisca, uma freada, uma ultrapassagem, pode ser motivo de violência bárbara no primeiro semáforo. Vamos chegando a mais um final de semana fazendo um balanço grosseiro do mundo, que pode não está pior, mas certamente anda infinitamente mais perigoso. Não existe mais lugar seguro. Se você mora no meio de muita gente, eles gostam porque é bom tirotear com polícia; se você mora em local pouco habitado ainda é melhor que eles vão lá por que polícia não tem. Hoje sofre o homem urbano e o cidadão rural, o grande e o pequeno. E quando você procura a justiça, já sabe os seus percalços. No apelo final, quando você se lembra de Deus, tem até a impressão de que as palavras não passam das brancas nuvens. Não existe outro caminho a não ser fazer curso de paciência no TIBET.
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