OLHO
d’ÁGUA DO AMARO
Clerisvaldo
B. Chagas, 22 de abril de 2020
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.297
Mais de 200 anos fornecendo água. Fonte do Amaro protegida por concreto. (Foto em 2012. B. Chagas). |
Ao adquirir uma
sesmaria de doze léguas na Ribeira do Panema, seu futuro desbravador assegurava
no porvir, sítios, povoados, vilas e cidades na caatinga sertaneja. Da serra do
Caracol à Ribeira do Riacho Grande, terras de norte/sul seriam conquistadas
transformando a região selvagem em fazendas de criar e de produção agrícola. O
burro, o cavalo, o carro de boi e a coragem dos descendentes portugueses,
escreveram uma grande história de lutas e conquistas no semiárido alagoano
quando a civilização estava tão distante. O imenso naco de uma família fomentou
a multiplicação de novos núcleos que faziam surgir fazendas em lugares
escolhidos e privilegiados. Foi assim que nasceram vários sítios pastoris,
entre eles o que seria depois denominado Olho d’Água do Amaro.
Certa feita em tempo de
seca braba, caçadores descobriram uma fonte com alguém morando perto. No lugar
investigado pelos donos das terras foi encontrado um negro fugitivo da
Escravidão de nome Amaro que ali tinha se refugiado e descoberto a fonte. Daí
para a frente o lugar passou a ser denominado Olho d’Água do Amaro. Até os dias
atuais a fonte (olho d’água) existe e continua abastecendo de água a quem dela
precisa. Este sítio estar localizado entre a cidade de Santana do Ipanema e
Senador Rui Palmeira. É servido por estrada de barro e terra denominada
rodagem. Hoje possui igreja e escola no centro do sítio e é referência em todos
os acontecimentos daquelas redondezas. Apesar dos inúmeros outros sítios
vizinhos, sempre é apontado como “na Região de Olho d’Água do Amaro”.
Dali saíram altos
comerciantes, heróis de guerra, intelectuais diversos, escritores e abastados
fazendeiros. Pode ser a região mais rica da zona rural e possui tradição no
lazer de vaquejadas, embora o desmatamento acompanhe a tristeza dos períodos
secos. É por ali que o santanense corta caminho para atingir as cidades de
Carneiros e Senador Rui Palmeira. Tanto pode se chegar no Amaro pelo antigo
Campo de Aviação quanto pelo sopé da serra Aguda. Pena não ter sido ainda
asfaltado como liame entre as cidades citadas acima. Passear aos domingos pela
região é lazer agradabilíssimo para quem ama os campos sertanejos.
Vários escritos já apontaram
o lugar.
Muitas histórias e
lendas foram contadas sobre o sítio.
Ah! Muito bem fez o
negro Amaro no tempo do CATIVEIRO.
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