quinta-feira, 17 de junho de 2010

NILZA, LIVROS, BIBLIOTECAS

NILZA, LIVROS, BIBLIOTECAS
(Clerisvaldo B. Chagas. 18.6.2010)
Conheci a Biblioteca Pública de Santana do Ipanema, funcionando em vários lugares. Já falei muito sobre isso. A minha fase maior de leitura, porém, foi quando esse órgão do povo atuava a Rua do Comércio, Praça Senador Enéas Araújo. Ali, no primeiro pavimento da “Loja Esperança”, de Benedito V. Nepomuceno, subi e desci muitíssimas vezes os degraus de fora, corrimão de ferro desenhado. Janelas verticais de vidros coloridos, piso de madeira, o prédio sempre foi imponente visto de longe e confortável usado por dentro. No telhado, no cimo da cornija, a estátua do deus Mercúrio, dava prestígio aos descendentes do antigo dono do casarão. A biblioteca era limpa e agradável, sob o comando da intelectual bibliotecária Nilza Nepomuceno Marques. Falavam que no prédio aconteciam coisas, porém, nunca vi ou ouvi algo que pudesse nos afastar dali. Bastava olhar para a rua pelas janelas sempre abertas, para se sentir bem. A leitura era feita em silêncio sob o auxílio, delicadeza e orientação de Nilza Marques. Podíamos levar livros para casa por um prazo de quinze dias, mediante fichas cadastrais. Li tudo que me interessava e com grande velocidade. Às vezes, lia um livro médio em um dia, dia e meio, renovando constantemente a leitura. Se Nilza Marques não tivesse sido uma excelente bibliotecária em seu relacionamento com usuários e adolescentes, por certo, eu e outros teríamos sumidos das bibliotecas.
Lembro ainda a biblioteca pública funcionando depois, no primeiro andar da CARSIL, a Rua Coronel Lucena, bem defronte a Prefeitura. Naquele local já funcionara a sede de “A Voz do Município”, serviço radiofônico de divulgação de atos municipais. Mas aí a biblioteca já não funcionava com Nilza Marques. Quanta diferença! Colocaram a pessoa errada no lugar errado. Em seguida a biblioteca passou a existir no primeiro andar do casarão a esquerda da Matriz de Senhora Santa Ana. Mesmo lugar onde prestou serviços por décadas, o “Hotel Central” de Maria Sabão.
Daqui de Maceió, soube pelos sites santanenses, do passamento de Nilza Nepomuceno Marques, na quarta-feira, próxima passada. Doi na gente quando pessoas da estirpe de Nilza desaparecem. Partiram, em curto espaço de tempo de um para o outro, Dr. Hélio Cabral de Vasconcelos (ex-prefeito de Santana); Homero Malta (professor e desportista) e Nilza Marques (funcionária pública estadual aposentada e intelectual, como o Dr. Hélio). Nesse mundo ninguém é eterno, muito embora alguns ricos ainda pensem diferente. Santana do Ipanema vai absorvendo como pode as notícias desagradáveis sobre seus filhos ilustres. Mas dizem que viver para os outros, sempre fazendo o bem e construindo uma sociedade melhor, conta muito na avaliação divina. Nunca irei esquecer os incentivos de quem tanto fez pela juventude estudiosa de Santana. Enquanto tiver letras em Santana do Ipanema, estarão associadas às palavras: NILZA, LIVROS, BIBLIOTECAS.

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