BESOURO QUENTE
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de julho de 2011.
Nessa cidade sertaneja ─ a mais importante do Médio, Alto Sertão e parte do Sertão do São Francisco ─ tinha como ilhas as localidades Lajeiro Grande, Rua das Pedrinhas, Lagoa do Junco, Artur Morais, Rua da Praia e Cajarana. O isolamento local, entretanto, deu origem a uma rede marginal que interliga a cidade no seu todo. Seus tentáculos ganham os campos com essa evolução do submundo. A droga mínima agora é a cachaça pura que diante da valentia das novas drogas, virou água. Com as disputas dos rapazes em questão, O Bairro Artur Morais, em pleno centro comercial, parece ter conseguido a liderança sobre os outros. Está sempre na mídia com seus tiroteios permanentes a qualquer hora do dia ou da noite. Perambular por ali agora, somente com boas pernas, daquelas que superam com facilidade as carreiras dos jogadores Lucas e Ramires.
Semana passada, durante certa reunião social e política, um cidadão presente recebeu um telefonema. A reunião foi interrompida para facilitar as coisas em relação ao receptor. Ao desligar seu diálogo inesperado, o pacífico indivíduo falou com a tranquilidade de sempre: “Não era nada; apenas um novo tiroteio que estar havendo no Bairro Artur Morais. Também, faltando teatro, praça, cinema e futebol, os coitadinhos não têm como brincar. Toquem a reunião e deixemos os bichinhos divertirem-se trocando figurinhas com música de besouro quente”.
Ê cabra velho! Vamos sim, prosseguir a reunião. São apenas balas cruzando os ares, insetos pelados desprovidos de membros emplumados, e seus divertidos roncos de BESOURO QUENTE.
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