domingo, 11 de janeiro de 2015

ASSANDO CASTANHA



ASSANDO CASTANHA
Clerisvaldo b. Chagas, 12 de janeiro de 2015.
Crônica Nº 1.343

Assando castanha. Foto: (www.flickr.com)
O amigo leitor já ouviu falar em assar castanha? É tarefa perigosa, mas quando o desejo aperta o sertanejo da fazenda, vai à luta. Pega-se uma vasilha de lata em forma de rasa assadeira, coloca-se ali quatro ou cinco litros de castanhas de caju secas pelo sol, há bastante tempo (quantidade muito pequena não compensa o trabalho, grande dificulta) e se faz uma trempe. A trempe é composta com três pedras onde se coloca lenha, gravetos e se faz o fogo. É preciso agora uma vara de bom tamanho.
Tudo providenciado, fogo queimando, o sujeito fica de longe com a vara sempre mexendo as castanhas que vão chiando e soltando azeite. A meninada tem que ficar longe. O azeite que vai se desprendendo das castanhas, de vez quando voa pelos arredores da trempe, daí manter pessoas afastadas.
Essa tarefa é de muito cuidado, habilidade e paciência, pois demora muito. Quando as castanhas estão no ponto, o aroma gostoso começa a invadir o ambiente e vai longe. O encarregado, então, coloca a vara por baixo da lata e arremessa-a ali por perto. Quando elas estão frias, são recolhidas, completamente negras. Com uma pedrinha batendo na castanha apoiada em pedra maior, a pessoa tem o cuidado para retirar a amêndoa por inteiro. Depois vem a tarefa mais gratificante, claro, comer castanha assada.
xxx
É ali na roça, cabra velho, debaixo do cajueiro, sentado em tamborete rústico que você filosofa sem parar. As saborosas amêndoas são os seus objetivos na vida. Luta que você travou com muita determinação para alcançá-los. O azeite quente e perigoso são as coisas nocivas que encontramos em nosso caminho, desde as más companhias aos amigos falsos, inconstantes, sem confiança e traiçoeiros.  Reduza suas amizades às pessoas decentes, dignas, honradas, valorosas e prestativas. Fale com todos, cumprimente o bom e o mau, porém, evite aproximações prejudiciais. Se houver insistência, pense no sertão, na roça, no cajueiro e mantenha vara comprida na amizade, pois os respingos do azeite quente procuram você. Aja e pense igual à mulher e o homem assadores de castanha.


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