IGNEZ MERECE
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de agosto de 2011
Com grande decência chega aos 86 anos de idade e 60 de carreira, a cantora, apresentadora e folclorista Ignez Madalena Aranha de Lima, ou melhor, Inezita Barroso. Dona de uma poderosa voz e um amor exacerbado pela música de raiz do Sudeste e Centro-Oeste, Inezita sempre abraçou essa causa sem se envergonhar jamais do termo: “caipira”. Sua luta fazendo o que gosta, apresentando e divulgando as duplas da música sertaneja, sempre homenageando os velhos troncos que gravaram seus clássicos regionais para o Brasil inteiro, é uma dama da melhor expressão da palavra. É ela quem leva esse interessante lazer aos nossos lares, trazendo a pureza e a simplicidade do campo, para esse meio sonoro tão poluído de hoje em dia. Quem não conhece o limpo programa “Viola, Minha Viola”, gravado no auditório do teatro Franco Zampari, apresentado na TV toda quarta-feira? Gostaríamos também de participar daquele encontro às tardes da Avenida Tiradentes, em São Paulo. Numa época em que as coisas mudam extraordinariamente, Inezita nunca baixou a cabeça em levar adiante as raízes sertanejas. Isso vai lembrando grandes folcloristas alagoanos com Téo Brandão, Pedro Teixeira e outros abnegados cidadãos apaixonados pelas nossas tradições. Segundo página da “Folha”, vamos ouvindo o programa musical mais antigo da TV brasileira. Para comemorar a data, a Cultura exibe hoje às 9h, com reprise no próximo sábado, às 20h, uma versão especial do programa. Como nos bons tempos da era do rádio, Inezita aparece acompanhada de 27 músicos de orquestra, cantando alguns clássicos de sua carreira, como "Flor do Cafezal", "Meu Limão, Meu Limoeiro" e "Lampião de Gás". (FOLHA.com).
Todos sabem como é difícil levar qualquer programa ao ar, principalmente relativo às nossas tradições, pois é logo chamado maliciosamente de coisa velha, coisa do tempo antigo, coisa que não se usa mais. É preciso muita determinação, persistência e ouvidos tapados para a continuação do objetivo. Se fosse, no caso de homem, diríamos que é preciso ser muito macho para levar o programa adiante e vencer todas as barreiras colocadas artificialmente no caminho a ser trilhado. No caso de Inezita, afirmamos que é preciso ser muito mulher, para enfrentar as ladeiras que levam ao sucesso. Aos 86 anos, completamente lúcida, apresentando seu programa sempre com alegria e simplicidade, Inezita Barroso soube conquistar os corações dos brasileiros que amam os nossos sertões.
Inezita vai, garbosamente, gravando para sempre o seu nome no Brasil, na música de raiz e hoje, nós já a consideramos um ícone, um mito, a exemplo do insigne Ariano Suassuna. É assim que ela absorve toda homenagem preparada com esse fim, mesmo porque ainda cabe muito mais. Vamos continuar descansando a alma com as apresentações de Inezita as quartas e pelos menos sentindo o odor das suas caipirinhas (sem vodca) aos sábados. Parabéns mesmo Inezita Barroso, IGNEZ MERECE.
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