UMA IGNOMÍNIA CONTRA A POPULAÇÃO
AGONIA E MORTE DO
RIACHO CAMOXINGA
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de fevereiro de 2017
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
Crônica 1.631
Riacho Camoxinga antes do Estadual. Foto (Clerisvaldo B. Chagas, 5.2.2017). |
Após vinte cinco anos de promessas políticas
quando parte do centro de Santana do Ipanema, Alagoas, deveria se tornar uma
Praça multe eventos, fomos pesquisar os últimos mil metros do riacho Camoxinga.
Maior afluente urbano do rio Ipanema no
município, o riacho Camoxinga, corta a cidade, despeja no coletor principal na
área do Comércio e forma o maior bairro com o mesmo nome e que representa hoje
a metade do sítio urbano. É o segundo maior símbolo físico de Santana.
Vindo das imediações do sítio Pinhãzeiro, o
riacho penetra na cidade por trás do casario que atualmente forma duas ruas
conhecidas como Ruas do Colégio Estadual. Até aí as águas são límpidas, pois
esse casario usa banheiros e fossas, recolhe o lixo e torna o acesso ao riacho,
praticamente impossível para estranhos.
A partir da primeira ponte, ainda em uma das
ruas do Estadual, o riacho descamba para atravessar uma segunda rua. Esse
pequeno trecho, sendo propriedade particular, ainda permite que o riacho aponte
bem na outra via, mesmo recebendo algum lixo dos transeuntes da ponte. Mas a
parti daí começa a agonia. Águas de esgotos e fossas são lançadas diretamente
no córrego, contaminando toda a área até a sua foz, sem contar com a fedentina
insuportável. O riacho faz meandros e corta a BR-316. Esse é o trecho onde se
acha jogado todo o lixo do Brasil. Da ponte da BR-316, a carniça banha os
fundos do Bairro Artur Morais, onde sai coletando e entulhando, sofás, geladeiras,
fogões, isopor, animais mortos, lixo doméstico e lixo das feiras da quarta e do
sábado.
Isso tudo é distribuído no Largo onde seria a
praça, que despeja pelo transporte alternativo mais de mil pessoas, todos os
dias, vindas de cerca de 30 municípios. Ponto de embarque e desembarque de
passageiros tratados dentro dos lixões como se fossem cachorros.
Riacho após o Estadual, a ignomínia descarada. Foto: (Clerisvaldo B. Chagas, 5.2.2017). |
Fora isso, existe uma invasão de pequenas
casas comerciais e barracos de todos os tipos sem critério algum numa terra de
ninguém. Até a subida calçada de um beco que dá acesso a parte superior do
comércio (beco do peixe) é degradante e só passa por ali quem tem pulmão de
ferro.
Não conseguimos concluir o nosso trabalho
geográfico porque os atuais donos não deixaram acesso ao leito do esgoto e as
tripas não aguentaram subir o riacho por baixo da ponte Padre Bulhões, onde se
dá o encontro das podrices.
Nem delegado, nem juiz, nem prefeito, nem
padre, nem pastor... Ninguém se preocupa com a parte mais degradante do meio
ambiente e das inúmeras doenças que atacam os santanenses.
Foi muito difícil pensar em alimentação
depois do que vimos na terra de ninguém!
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