terça-feira, 22 de julho de 2025

BALEIA EM SANTANA

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.275

 



Santana do Ipanema, da situação de vila até o ano em que foi elevada à cidade, 1921, era iluminada a lampião em postes de ferro. Coisa sofisticada, gente, que somente as vilas e cidades adiantadas possuíam. Mas, qual o combustível usado na posteação? Segundo meu saudoso professor de Geografia, Alberto Nepomuceno Agra, os lampiões dos postes eram abastecidos com óleo de baleia. Podemos acreditar nisso até porque não havia proibição em matar os cetáceos e o óleo de mamona que havia na região se resumia a carro de boi e talvez a candeeiro. Não haveria suficiente óleo para abastecer uma vila, uma cidade. Contemple a foto e note a elegância dos homens e postes de iluminação em pleno Comércio de Santana, em 1920.  Vá entendendo.

Podemos afirmar que existe em nosso município, a 12 quilômetros de distância, um recente povoado denominado Óleo. E sua denominação vem justamente do tempo em que ainda não era povoado e ali se fabricava óleo e tijolo. O óleo de mamona também chamado azeite, era muito utilizado no auge dos carros de boi, para azeitar o eixo do veículo, evitar atrito de incêndio e fazer o carro cantador ao transitar carregado (orgulho do carreiro). O óleo também era utilizado para iluminação, a exemplo do óleo de baleia. Cada carreiro (condutor do carro de boi) ainda hoje somente viaja abastecido com azeite de mamona seu recipiente que é uma ponta de boi, tampada e pendurada em um dos fueiros do carro. É uma tradição muito mais do que bissecular.

1920, foto abaixo, ainda éramos a “TERRA DOS CARROS DE BOI”, cujo estacionamento maior, era no Poço do Juá com o rio Ipanema seco. Ali, em dia de feira, aguardavam a hora de carregar e descarregar mercadorias. O próprio carro de boi conduzia a alimentação dos bois que era a palma forrageira, pinicada com facões e servida em balaios de cipós. Deduzimos, então, como era precioso e valorizado o óleo ou azeite de mamona, também conhecido por óleo de carrapato (mamona) fruto da Carrapateira e chamado nas farmácias (como remédio para expelir lombrigas) de óleo de rícino. Ainda existe carros de boi, jumento e burro nas fazendas e que estão sendo substituídos por motos e outros veículos motorizados.

HOMENS ELEGANTES, DE BRANCO, ENCOSTADOS A POSTE DE ILUMINAÇÃO E NA ESQUINA DO “PREDIO DO MEIO DA RUA”. (FOTO: DOMÍNIO PÚBLICO/LIVRO 230)

 

 

 

 

 



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