JÂNIO, LOT E OS JUMENTOS DE MARCIONÍLIO
Clerisvaldo B.
Chagas, 23 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.829
LOT DE JUMENTOS. FOTO: (NÃO IDENTIFICADA) |
Lembro-me bem quando
era adolescente. O nosso empregado Marcionílio indagou a meu pai, quem eram os
candidatos à presidência da república. E o meu pai – que havia colecionado
fascículos sobre Jânio e mandara encaderná-los em capa dura – respondeu
normalmente, querendo, porém, conquistar alguns votos para o homem: “São dois
candidatos, Marcionílio, Jânio Quadros e o marechal Lot”. O empregado
analfabeto rejeitou o segundo nome na hora: “Lote? Lote que eu conheço, Seu
Manezinho, é lote de jumentos!”. O resultado é que o lote de jumentos de
Marcionílio perdeu. Como intelectual e prometendo limpar o Brasil dos ladrões,
cujo símbolo de campanha era uma vassoura, o Jânio vitorioso decepcionou.
Podemos transportar a
problemática para o século XXI, principalmente sobre eleições municipais. Desde
o candidato desconhecido dos difíceis tempos das comunicações até agora, com
ajuda do rádio, televisão e as redes sociais, o nó das más intenções continua o
mesmo. Culpa-se o analfabeto que vota em troca de alguns “peixes”, mas o
letrado também vira bajulador em troca de um carguinho qualquer. Quando não
acontece a indicação é porque o prazer sexual de bajular está mesmo na cara
sem-vergonha. Quem sofre de fato com tudo isso, são os membros da sociedade
(analfabetos ou não) dignos, conscientes, carimbados pela própria Natureza
sobre o verdadeiro papel que se deve exercer como minúsculo e decente cidadão
da Terra e da Pátria.
Nem só a honestidade
faz um bom prefeito. É preciso ser um ótimo administrador. Dizia o meu velho
que “o excelente administrador é como cavalo bom, mora longe um do outro”. O
sem estudo no cargo de gestor quase sempre é um palerma. O letrado é míope das
letras, só enxerga as cifras negras. Se o fraco não faz, o forte não quer
fazer. E as cidades brasileiras, principalmente as do interior vão acumulando
mazelas sobre mazelas, inferno da populaça e paraíso dos modernos coronéis.
Assim o Brasil vai afundando cada vez mais onde existem muitas ratoeiras,
porém, poucas são robustas bastantes para segurar os ratos.
Continuamos vendados.
Sem quiromancia, sem cartomancia, sem esperanças, guerreamos ladeados por lotes
e Minervas.
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