UMA CRÔNICA DOMINGUEIRA
Clerisvaldo B.
Chagas, 31 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica
1.835
BARRAGEM A JUSANTE |
BARRAGEM A MONTANTE |
Acordei com os
passarinhos, montei nos dois pés e fui andar pela periferia, como sempre faço.
Conversar, inquirir, curiar... Desci até à barragem, pensando que a rua que
margeia a BR-316 (DENIT à barragem, rua de antigos quebradores de pedra)
estivesse calçada. Nem vou dizer o que ouvi. Difícil andar por ela. Tive que ir
para o asfalto, encolhendo-se para não ser atropelado na pista muito
movimentada. Foi assim que passou um maluco numa moto, com um doido na garupa,
acelerando, gritando e perseguindo seus cavalos soltos no asfalto. Nunca tinha
visto um negócio daquele e por pouco não sofri acidente grave. Os cavalos do
bandido, aterrorizados e olhos fora de órbitas, entraram em estrada vicinal na
cabeça da ponte, com uma velocidade das “mile” e uma peste!
O cabra da moto deu
um cavalo-de-pau e retornou em direção ao centro. Passou dois motoqueiros com
pessoas na garupa, pegando corrida (em dupla) por cima da ponte.
Cheguei à barragem
apenas para bater algumas fotos e fazer contato com a Natureza. O assoreamento
do antigo lago artificial no rio Ipanema, de mais de um quilômetro de espelho
d’água, formou um bioma particular semi pantanoso naquele local. Fios d’água,
poços, florezinhas multicores, areia grossa, vegetação rasteira, arbustos,
arvoretas e árvores com até 20 metros de altura. Na parte inferior da barragem,
também um panorama de encher os olhos, desde as pedras do rio, aos batentes da
serra da Remetedeira, com sopé de barro vermelho no verde da paisagem. De
repente perdi a coragem de encarar a estrada rumo ao riacho Salobinho ou a
trilha que leva ao Poço Grande.
Nem irei falar do que
estar acontecendo ali, sobre o meio ambiente nas areias do rio que já é de
amplo conhecimento de todos. Apenas procurei gozar ao máximo o que a Natura
poderia me oferecer. Respirei o mato verde, tomei o Sol da manhã, conversei com
muita gente humilde, matei a saudade para não ser morto por ela e, ainda cedo
da manhã do domingo (21), retornei ao lar, feliz como quem havia escalado o
Pico da Neblina.
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