quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

OS PROFETAS DA CHUVA

OS PROFETAS DAS CHUVAS
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.826


Meu pai dizia que “muita gente vê, mas não enxerga”. E para quem pensa que ambas as palavras querem dizer a mesma coisa, está completamente enganada. Em todos os sertões nordestinos sempre existiu e existem pessoas experientes que vivem da agropecuária. São pessoas especiais que aprenderam com os antepassados ou por conta própria a leitura do tempo com animais, plantas e os sinais dos céus. Mas creio que esses observadores também estão distribuídos pelo Agreste, Zonas da Mata nordestina e mesmo na zona rural do Brasil inteiro. O Ceará foi o primeiro a valorizá-los, convocando-os anualmente em paralelo com a ciência para ouvi-los, comparar e planejar ações para a estação chuvosa. Ali essas pessoas foram apelidadas, “profetas das chuvas”.
Não sabemos se o termo “profeta das chuvas” é um elogio ou uma ironia, mas sempre tivemos por aqui no Sertão alagoano, pessoas formadas nos presságios. Muitas frases que vieram desses verdadeiros doutores da Natura persistem fortemente no semiárido. O próprio Gonzaga dizia: “Mandacaru quando fulora na seca...”. Em nossa região: “Trovoada de janeiro tarda mais não falta”; “quando Ipanema bota cheia, leva um”; “o ano será bom se chover no dia de São José”; “se correr água no Ipanema no início do ano, o inverno será bom”; “quando o joão-de-barro fizer o sua casa com a entrada para o nascente, não haverá inverno”; “a migração de formigas dos aceiros para os lugares mais altos, indica chuvas”; “e se a rãzinha rapa-rapa, rapar no verão, chegarão às águas”; “se a rasga-mortalha passar costurando, é doença, mas se passar costurando e rasgando, morte na família”; “se um cão uiva a noite inteira, é morte, geralmente trágica”.
Dificilmente essas previsões deixam de acontecer, não podendo assim ser chamadas de superstições pelos que moram longe dessas terras, nas capitais e que não conhecem os mistérios, nem a inteligência dada por Deus aos seus filhos mais rudes dos sertões. Tenho minha própria experiência através da Zoomancia, técnica criada e usada por mim mesmo, como posso, então, duvidar dos “profetas das chuvas”?



                                                                                                                                  

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