segunda-feira, 25 de outubro de 2010

GIGANTE QUEBRA OSSO

GIGANTE QUEBRA OSSO
(Clerisvaldo B. Chagas, 25 de outubro de 2010)
       Precioso avanço no relacionamento político da América do Sul, não pode ser ignorado. Sem dúvida alguma o pretérito cheio de guerras entre nações, deixou ranços que de vez em quando afloram. Nada anormal para esses países formados há tão pouco tempo, se comparados com o Velho Continente. Queremos dizer que é preciso muito mais espaço para a evaporação completa dos rancores. Numa visão geral, entretanto, essas mágoas nos parecem mais fingimentos de chefes de estado de que do povo trabalhador de cada país. A população quer paz, amizade e trabalho. Infelizmente surgem aventureiros lotados de vaidades pessoais que preferem fermentar supostos desentendimentos. Essas discórdias inverídicas são para desviar a atenção de atos e gestões polêmicas. É a tradição barata do caudilhismo arraigada nos birutas e maus administradores. Esses filmes velhos de romantismo revolucionário, são a volta do comer sem carne. Não tem graça nenhuma, assim como xuxas e trapalhões para adultos do presente. Mesmo assim as organizações regionais vão apertando governos nefastos que são apenas perigosos imbecis. Essas mentalidades do século XIX, sempre aparecem em cenários de esforço para o desenvolvimento. Puxam para as abissais as pernas dos nadadores
     Louvável é a atitude do senador governista chileno, Pablo Longueira. Esse político articula acabar de vez o mal-estar entre o Chile e a Bolívia que teve início em 1962. Desde quando o país boliviano perdeu sua saída para o oceano Pacífico em conflito com o Chile, que reivindica esse valoroso corredor. Isso já deveria ter sido resolvido há bastante tempo. Como foi dito acima, governantes são quem complicam as coisas muito simples. Em havendo troca de uma área boliviana pelo corredor do Pacífico, tudo ficaria acertada. Afinal são países vizinhos, irmãos em tudo. Se quisermos mesmo o progresso da região, melhor é o entendimento e a fraternidade que não irão diminuir a soberania nem a altivez dessas nações. A América do Sul não pode ficar a mercê de ideias que não cabem mais nessa era tecnológica. Só a união faz a força. O político chileno com certeza irá receber pressões de todo os lugares. O ato devolutivo do corredor de saída poderá ser feito de várias maneiras, mas com segurança o senador proponente será reconhecido no futuro. Como diz uma canção de Luiz Gonzaga: “Não vai faltar quem queira botar gosto ruim em nosso amor”. No dia em que todos os dirigentes da América do Sul estiverem conscientes dos seus papéis, dificilmente, diante do mundo, sua espinha dorsal será quebrada. E o que não falta nesse planeta velho de meu Deus é GIGANTE QUEBRA OSSO.


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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

ABALOS DO CÉU

ABALOS DOS CÉUS
(Clerisvaldo B. Chagas, 21 de outubro de 2010)
     Quem quiser que diga, compadre, que não tem medo de trovão. Nem estamos nos referindo aos personagens Ana Raio e Zé Trovão de uma novela que passou. Falamos de trovoada de verdade, fenômeno atmosférico, sucessão de descargas elétricas acompanhadas de trovões e chuvas. É até difícil encontrar romancistas que escrevem sobre sertões que não façam capítulo especial dedicado a trovoada. O fenômeno, pelo menos no interior nordestino de clima semi-árido, acontece entre novembro e janeiro. Quando o inverno é fraco ou sem chuvas, as trovoadas passam a ser a esperança e salvação do homem do campo. Durante essa época de seca, barreiros, açudes e poços de riachos nada mais tem a oferecer. A fome começa a tomar conta de homens e animais. O sertanejo passa a olhar o céu de instante a instante pedindo a Deus boas nuvens escuras para molhar o chão. A água que enche todos os reservatórios traz a chamada babugem, ervas que nascem após as primeiras águas na terra. Queremos dizer que o fenômeno da zoada e das faíscas elétricas é de fato uma festa comemorada com muita alegria. Entre um inverno e outro o espaço é longo e o Sol forte sertanejo não respeita a primavera, vai queimando também a próxima estação. As trovoadas funcionam como uma espécie de equilíbrio que a Natureza oferece ao agricultor, aos criadores, aos que vivem da agropecuária. Quando a trovoada vai se formando ou mesmo antes da formação, é acusada pelo gado. Algumas reses começam a pular e outras a cavar o chão, imediatamente notadas pelos proprietários.
     A região de Santana do Ipanema, médio Sertão das Alagoas, teve até um bom inverno. Inclusive, chuvas que se prolongaram pela primavera. Mas, meu compadre, esse mês seco chamado outubro, foi visitado por uma violentíssima trovoada que botou muita gente para debaixo da cama. Na tarde de ontem, por volta das quinze horas e quarenta minutos, começou a cair água do céu, acompanhada de relâmpagos espetaculares e ribombar de trovões fortíssimos e sequenciados, nunca escutados antes por aqui. Rapidamente a tarde escureceu e nuvens muito escuras não paravam o fabrico no céu agitado. Os estrondos dos trovões, além de irem a última escala, ainda rasgavam complementando a missão extraordinária do espaço. Não ficou um só cachorro nas ruas. Muitos corajosos não saíram de casa. Poucas foram as residências onde as águas não entraram. Faltou energia e as enxurradas fizeram córregos despejando no rio Ipanema. Os clarões descomunais prosseguiram no firmamento até, aproximadamente, às dezenove. Mais de três horas de espetáculo natural, comadre. É de se perguntar com a gíria do povo: tá bom ou quer mais? Um amigo do sítio disse que isso aí era São Pedro irritado com a campanha política.
     Como as pessoas já estavam reclamando do Sol forte de primavera, houve uma antecipação do “décimo terceiro” do céu de verão. O agricultor fala em encher a palma, em reforçar a rama em calibrar os barreiros. Para o comércio local pode ser prenúncio de ótimas vendas natalinas. Aguardemos os próximos ABALOS DOS CÉUS.

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