quinta-feira, 2 de junho de 2011

LAMPIÃO, CACHIMBOS E CORONÉIS

LAMPIÃO, CACHIMBOS E CORONÉIS
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de junho de 2011.

       Há mais de duas décadas, líamos a literatura cangaceira quando uma coisa nos chamou atenção. Havia poucos policiais e muito espaço para cangaceiros. Para reforçar suas perseguições aos bandidos das caatingas, o governo aceitava civis agregados às forças policiais denominadas “Volantes”. A maioria desses civis era oriunda de fazendas de poderosos fazendeiros chamados coronéis, ou pela Guarda Nacional ou pelo poder aquisitivo. Cada um desses coronéis possuía homens armados na fazenda chamados, conforme a região, de jagunços, cabras, capangas ou meninos. A cabroeira servia, principalmente, para os confrontos raivosos entre os próprios coronéis. De vez em quando, parte dessa cabroeira era anexada à força volante no reforço à perseguição aos cangaceiros. O reforço desses homens às volantes dependia do interesse particular do coronel, do governo ou de ambos. Quando assim acontecia, esses capangas eram chamados pelas volantes de “contratados” e, pelos cangaceiros, pejorativamente de “cachimbos” (assim como atualmente são designados os “chumbetas”). Segundo Lampião, um desses coronéis que sempre mandavam contratados contra si era o Zé Rodrigues, de Piranhas, Alagoas.
          Ficamos muito tempo sem saber quem era na verdade Zé Rodrigues ─ um homem tão falado ─ e por que àquelas ações constantes em enviar “cachimbos” contra Virgulino Ferreira. Só agora de volta à ordem dos alfarrábios, encontramos por acaso duas respostas e duas novas perguntas. Descobrimos no pequeno livro “Os coronéis do sertão e sertão do São Francisco alagoano”, de Hélio Rocha Cabral de Vasconcellos que Zé Rodrigues era chamado coronel José Rodrigues de Lima, morava em Piranhas em luxuoso sobrado. Fora acusado de envolvimento na morte de Delmiro Gouveia e em atentado à vida do coronel Lucena Maranhão, verificado no dia 06 de abril de 1927. José Rodrigues foi assassinado quase em seguida, na calçada da igreja do Livramento, em Maceió, no dia 28 de agosto de 1927 (mesmo dia em que o governador Costa Rego lhe prometera proteção) e sepultado em Maceió, segundo Hélio Cabral de Vasconcellos. Essa foi à primeira resposta. A segunda, encontramos na papelada, foi saber que Lampião, antes, atacara a sua fazenda, daí o envio de “cachimbos” para persegui-lo. Agora as duas novas perguntas: Segundo ainda o mesmo autor acima, Zé Rodrigues era mau. Mas por que existe até hoje em Piranhas um silêncio em torno do seu nome se ele, bom ou mau, teve importância na história do Sertão do São Francisco e do cangaço? Segunda nova pergunta: por que Lampião atacara à fazenda do coronel José Rodrigues de Lima, se ele queria dinheiro, armas, munição e proteção dos coronéis?
          Se você, leitor, é um pesquisador sério e tem as respostas, escreva para o nosso e-mail que publicaremos nesse espaço. Pode publicar também de outra forma, para o nosso conhecimento e dos leitores aficionados em LAMPIÃO, CACHIMBOS E CORONÉIS.


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CORISCO

CORISCO
Clerisvaldo B. Chagas 2 de junho de 2011.

          Em Alagoas, o cangaço teve início em seus movimentos no extremo oeste, principalmente nas regiões de Mata Grande e, então, Matinha de Água Branca. A maioria das ações cangaceiras no estado aconteceu nessa região serrana, fronteira com Pernambuco, onde oficialmente Virgulino Ferreira da Silva tornou-se cangaceiro. Entre o homem trabalhador e ações violentas, vindo do estado vizinho, Virgulino começou a conjugar suas arruaças ao bando dos Porcino que atuava na área descrita. Esse bando movimentava a região, entre 1919 e 1920. Depois de extinto o bando dos Porcino, Virgulino ingressou no bando de Sinhô Pereira que atuava em Pernambuco, recebendo aí o apelido de Lampião e, logo após, a chefia do que restou do grupo, após a saída definitiva de Sinhô, tanto do cangaço quanto do Nordeste. No início das suas tropelias, sem dúvida nenhuma, até 1925 o cangaceiro mais famoso de Lampião foi o feroz paraibano Sabino Gomes. Sabino foi inspirador de quadras populares como esta:

“Lá vem Sabino
Mais Lampião
   Chapéu de couro
Fuzil na mão”.

          Cristino Gomes Silva Cleto nasceu em 10.08.1907, em Matinha de Água Branca. Após problemas durante o seu trabalho na feira, foi prestar serviço no Exército em 1924, que também por problemas, desertou em 1926, procurando depois o bando de Lampião e nele ingressando em agosto desse mesmo ano. Por sua coragem, passou a ser um dos grandes do bando. Foi um dos oito maiorais que migraram para a Bahia em 1928, após ser destroçado o grupo de Lampião com a retirada de Mossoró. Quando o bando permitiu a entrada de mulheres, sequestrou Sérgia Ribeiro da Silva, com ela conviveu e casou. Cristino virou Corisco e Sérgia virou Dadá. Em outubro de 1939, Corisco foi ferido em Lagoa da Serra, Sergipe, nunca mais se recuperando. Ficou de mão direita paralisada e o braço esquerdo atrofiado.
Em fuga, foi perseguido incessantemente no sertão baiano através da volante de Zé Rufino, metralhado na barriga ─ ao resistir à investida ─ falecendo a caminho do socorro, na carroceria de um caminhão da volante, em 25.05.1940, Brotas de Macaúbas, sendo sepultado em Jeremoabo, Bahia. Depois, teve seu túmulo violado, cabeça decepada e levada para estudos em Salvador.
          Corisco fazia parte do Estado Maior do bando de Lampião ao lado de cangaceiros que se tornaram lendas e chefiavam subgrupos como: Mariano, Mergulhão I, Antonio Ferreira, Juriti, Português, Fortaleza, Labareda, Virgínio, Moreno e Arvoredo. Entretanto, seu subgrupo era mais arredio e gostava de atuar à parte, mas sob a chefia geral de Virgulino. Corisco apavorou durante muito tempo a região de nascimento, município de Água Branca. Para os coronéis que forneciam armas e proteção a Virgulino, Corisco não era confiável com seus modos bruscos, falta de habilidade e ouvidor de primeira conversa. Foi quase independente, mas sem nada de extraordinário em relação aos maiorais acima citados.
          Nem queria falar agora sobre cangaço, mas escapando do cerco pulou CORISCO.

• Estamos tentando consertar o “Mural de Recado” do Blog. Coisa de Internet.


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