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    AS GROTAS Clerisvaldo B. Chagas, 14 de novembro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica; 3.311   Em Maceió, não te...

 

 AS GROTAS

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de novembro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica; 3.311



 

Em Maceió, não temos o nome FAVELA, temos as GROTAS que são lugares de erosão profunda que formam enormes valas, onde a pobreza construiu as suas moradas. Se no Rio de Janeiro as favelas estão nos morros, em Maceió, a pobreza vive abaixo do solo normal. Geralmente as grotas foram feitas pelos riachos que cortam a cidade. Quem quiser pode dizer voçorocas, vales, cânion, rachaduras gigantes e o povo vivendo ali dentro onde correm as enxurradas, os riachos... Já fotografei ali, para o livro REPENSANDO A GEOGRAFIA DE ALAGOAS (inédito) grota com 80 metros de profundidade, muito bem habitada pelo povo do subsolo. Ainda bem que sucessivos governos vão fazendo melhorias por ali, levando mais dignidade para seus moradores.

No Sertão, grota não é aquela rachadura enorme no solo como em Maceió. Grota no Sertão é lugar, geralmente em pé de montanha, baixo, irregular, normalmente formado por enxurradas de montanha. Grotas são lugares esquisitos que muitas vezes metem medo por serem sombrios, isolados, abrigos para cobras e raposas. Quando essa depressão é mais ampla, é chamada de grotão. Em Santana do Ipanema, por exemplo, encontramos muitos grotões no maciço da zona rural desde o sítio Camoxinga dos Teodósio até grande parte da área do povoado São Félix, em direção ao sítio Pedra Rica. Sendo que os sítios da região de Pedra Rica, sãos planos e arenosos, tudo indica resíduos das antigas montanhas desgastadas, contraforte do planalto de Garanhuns.

Existe, porém, outro termo popular geográfico no Sertão fora   grota e grotão.  Trata-se do nome “Saco”. Saco no litoral é uma enseada, uma baía, uma pequena baía. Saco no Sertão é um amplo terreno baixo com entrada estreita, semelhante à grota ou ao Grotão. Como exemplos temos: 1. Lampião invadiu o Agreste pelo sítio rural Saco do... 2. Mataram Lampião em Sergipe na Grota dos Angicos. 3. Em Santana do Ipanema temos os sítios rurais 2 com nomes de Grotão e 1 com nome Sacão; no Poço das Trincheira: o Saco do Ramalho.

Vamos de Geografia?

GROTA, EM MACEIÓ.

 

 

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  O OURO DO INFERNO Clerisvaldo B. Chagas, 13 de novembro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.310   Não estarei...

 

O OURO DO INFERNO

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de novembro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.310

 



Não estarei falando do ouro relativo ao meu mais novo romance inédito, AS TRÊS FILHAS DO CORONEL, mas sim, uma lenda ou quase lenda vinda da boca dos mais velhos. Foi em mais uma visita à casa de Seu Manoel Daniel, 84 anos, a mesma fonte do documentário já publicado: SANTANA: REINO DO COURO E DA SOLA. Conta o nosso bom amigo que três camaradas iam de Santana ao povoado São Félix e que na estrada principal havia ou ainda há, uma baraúna de tronco robusto no lugar chamado antigamente de Fazenda de Abílio Pereira. Fica antes da grande ladeira que passa aos pés da serra da Camonga, rumo ao povoado. (conheço a baraúna, conheço a serra, conheço a estrada). Ao passarem pela baraúna os três camaradas ouviram alguém indagando se queriam acompanhá-lo para mostrar-lhes algo.

Subiram a ladeira até o pé da serra e a visagem indicou um bocado de ouro enterrado, dizendo: “esse aqui é o inferno e desapareceu”. Os três camaradas, então, combinaram que um deles voltaria a cidade, para pegar um saco e transportarem a mercadoria. Inclusive, um deles estava bebaço. Os dois que ficaram combinaram matar o comparsa quando este chegasse com o saco. Ficaria assim o ouro só para os dois.  Por sua vez o homem que retornara à cidade, pensava também em eliminar os dois e ficar sozinho com o ouro. E o resultado é que os três se mataram entre eles, a ambição e o inferno. Aqui termina a história, porém, tem várias outras acontecidas no trecho da serra da Camonga.

A serra é famosa e ali habitava família poderosa dos Gonzaga em que um dos membros foi mandatário em Santana por quase duas décadas. Já resgatei em crônicas, história de um dos Gonzaga em raptar uma mulher, na Bahia e ser perseguido por cabroeira e passando pelo rio São Francisco cheio, com a amada e o cavalo nadando de um lado a outro. Fora as lendas da serra e as histórias verdadeiras, tem narrativas de assombrações. Hoje a serra da Camonga é ponto turístico e serve para praticantes de escaladas. Lá de cima oferece um cenário muito bonito das suas imediações. Mas apesar de tudo, nunca subi até o lombo da serra e nem à sua cabeça lendária. Quer mais histórias como esta?

SERRA DA CAMONGA (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

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  CHEGOU O PRETINHO Clerisvaldo B. Chagas, 11 de novembro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.309   A nossa rua...

 

CHEGOU O PRETINHO

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de novembro de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.309



 

A nossa rua, no Bairro São José, foi calçada com paralelepípedos na gestão municipal Paulo Ferreira. Não se pode negar os inúmeros benefícios de uma rua que sai da poeira para o calçamento, inclusive, a sua valorização. A princípio, foi formado o Conjunto São João com dezoito casas, dividido em duas ruas, uma com um lado sé, outra com os dois lados. Aluta pelo abastecimento d’água, ainda precário, foi melhorado graças a mobilização particular dos seus moradores, que financiaram uma puxada de encanação do terminal da Rua Manoel Medeiros. Até o presente momento, há mais de trinta anos, a rua ainda é “boa de água” como diz o povo.

E hoje acordamos com um barulho intenso de máquinas no conjunto ganhando asfalto. Agora mesmo, enquanto vestimos essa crônica, os ruídos irritantes do maquinário trazem o eco da rua do Posto de Saúde que também está sendo contemplada, mas não deixamos que perturbem esse trabalho. Embora a nossa rua seja   pequena e vertical ao Posto de Saúde e a do Posto de Saúde não tenha nada relevante, além da própria repartição pública, enorme fatia do Bairro São José se entrelaçam facilitando o acesso às principais para a mobilização urbana como a Avenida Castelo Branco e a BR-316 que corta grande fatia do Bairro da zona Oeste, São José, também saída para o Alto Sertão.

Estamos até fazendo brincadeiras, dizendo que “vamos cobrar pedágio”. Ora! Asfalto hoje é uma coisa tão comum, pode dizer alguém. E de fato é comum mesmo e rotina de muitos, há muito. Mas, meu amigo, minha amiga, para quem estar desprovido do conforto moderno, grande diferença faz. A valorização da rua foi há mais de 30 anos, portanto, quase uma vida completa, mas só agora tivemos outro benefício de peso. É ou não é motivo de alegria e comemoração!  Sabemos sim, que o asfalto da cidade contribui para o aumento do calor e das infiltrações das chuvas adequadamente nos terrenos revestidos, mas tudo faz parte da vida evolutiva. Se somos prejudicados em uma coisa, procuraremos compensar em outras, como já assistimos em soluções de urbanistas.

Esta primeira noite de asfalto na minha rua, não irá de maneira nenhuma me dá insônia.

Fica registrado o benefício neste mês de novembro, dia 11. Pronto, Fonte de pesquisa para o futuro.  

ASFALTO CHEGANDO (FOTO: B. CHAGAS).