quarta-feira, 29 de setembro de 2010

ERRAR DUAS VEZES

ERRAR DUAS VEZES

(Clerisvaldo B. Chagas, 30 de setembro de 2010)
     Depois de tanta zoada e gasto de dinheiro vamos chegando ao final de mais uma campanha política. Talvez uma tênue esperança ainda rondasse o povo alagoano antes do último debate dos candidatos ao governo. O que se viu, todavia, foi um jogo morno sem inspiração nenhuma da parte de todos os jogadores, provocando a vontade de dormir do telespectador. Nada de novo aconteceu, nenhuma afirmação tão aguardada pela população, nenhum comprometimento sério que tivesse valido a pena escutar. Quando se falava na palavra valorização era por alto como quem estava sobrevoando uma cidade de helicóptero. Ninguém falou sobre precatórios, ansiedade de tantos funcionários que necessitam desse dinheiro para tratamento de saúde e outras necessidades básicas. Reajuste digno para os servidores? Nem digno nem insignificante; fantasma na pauta de todos os pretensos vitoriosos. Não faltaram acusações entre os candidatos, principalmente entre os que veranearam pelos corredores dos Martírios. Nada de novo. Nada, meu amigo, absolutamente nada. O povo alagoano continua perdido e perdido continuará com qualquer um dos que estão aí.
     Todas as praias de Maceió estão poluídas, acabando a grande diferença de lazer do interior para a capital. A Maceió de baixo está uma coisa que faz nojo. No Sertão, Alto Sertão e Sertão do São Francisco, não chega sequer uma indústria, por insignificante que seja. Acabaram com a EMATER que dava assistência ao produtor rural. Detonaram o PRODUBAN que fomentava o progresso do estado. Isentaram a grande economia de pagamento de impostos. A evasão toma conta das escolas. O que se conta da Saúde é coisa para a Idade Média. E os professores ficam com o bico aberto como passarinho novo esperando comida, mas a mão de ferro, a intolerância, a insensibilidade dos dirigentes não permitem um reajuste.
     Eles mesmos se acusaram e afirmaram o que estamos dizendo. E o alagoano continua preso nessa gaiola de donos dos brinquedos. Todos os três já passaram pelo poder. Qual a perspectiva que temos pelo que foi mostrado nos debates da televisão? Se você já ouviu falar no sonho das vacas magras, por certo estar vendo que elas não querem mais sair dessa terra caeté. Os candidatos que concorrem lá atrás, também parecem sem inspiração e nada trazem de novo que motive o eleitor. Entre os que estão na dianteira, um parece violento, outro parado demais e o terceiro desarvorado. Votar em quem? Seja em quem for. Já conhecemos de sobra o trio responsável pelas coisas acima. Depois que você votar, caro amigo, não fique de maneira nenhuma com dor de consciência. Você não é culpado. Em qualquer outro em quem você votasse seria a mesma coisa. Talvez um dia os seus netos ou bisnetos anunciem e realizem o tempo das vacas gordas. Enquanto isso, mesmo chorando deposite seu voto que é preferível uma democracia péssima de que nenhuma. Agora ninguém tem como se livrar de ERRAR DUAS VEZES.


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terça-feira, 28 de setembro de 2010

O FORRÓ DE LAMPIÃO

O FORRÓ DE LAMPIÃO
(Clerisvaldo B. Chagas, 29 de setembro de 2010)
     Quem não lembra o saudoso humorista Barnabé? Em uma das suas memoráveis piadas, ele fala que um fazendeiro mandou vários capangas, um a um, acabar com um forró a certa distância da fazenda, que estava perturbando o seu sono. Todos que iam não retornavam. Até que o último foi lá, demorou, mas voltou dizendo que o tocador sanfoneiro era o famoso Lampião. Quem diabo teria coragem de acabar o forró, senão aderir a ele.
     A primeira vez que se ouviu falar em voto no Brasil, foi em 1532. O fato aconteceu na vila de São Vicente, litoral paulista, onde a votação tinha o objetivo de eleger o Conselho Municipal. Após a Independência, 1822, o Brasil precisava se arrumar como império independente perante outras nações. Tornava-se, portanto, necessário elaborar sua constituição. Os sabidos imaginaram como excluir do processo, os pobres e os portugueses. Foi dentro dessa astuciosa manobra que foi criada a Constituição que recebeu nome popular de Constituição da Mandioca. Por ela só poderia votar quem tivesse uma renda equivalente a 150 alqueires de farinha de mandioca. Esse tipo de votação, apenas assegurava o poder nas mãos da aristocracia. O período colonial e imperial foi marcado por muitas fraudes e gritantes escândalos eleitorais. Já no período republicano, o voto para presidente teve início com a Constituição Republicana de 1891. Assim foi eleito para dirigir o país, Prudente de Morais. Relatam-se inúmeros casos de fraudes e votos de cabresto na chamada República Velha, vulgo dado ao período da história do Brasil que vai do final do império a 1930. Aliás, o voto secreto e o voto feminino foram permitidos somente na década de 30.
     Atualmente todos votam: mulheres, jovens, adultos, analfabetos, pobres e ricos. Continuam, entretanto, os defeitos que partem do próprio eleitor e candidato e não mais exclusivamente das leis. No geral, o rico vota em troca de favores; o pobre em troca de dinheiro e o médio por pedidos e amizade. Acima deles paira o viciado PhD na psicologia do voto. Como a área da conscientização é mais lenta do que o bicho preguiça, permanece a loteria do eleito bom ou ruim. O que esperar para breve, então, se grande parte da populaça quer apito? É com o domínio desse conhecimento que eles permanecem no poder, pois, dificilmente um novato de boas intenções consegue ultrapassar a barreira da malandragem. A parte consciente dos eleitores se sente feliz quando um desses campeões consegue o impossível. A decepção, entretanto, logo emerge porque aquele que representava a esperança foi contaminado e passa a fazer parte do bloco dos sujos. Incorpora-se ao ditado dos maus que dizem que “água limpa não cria peixe”. Infelizmente é assim que funciona.
     Bem que o cabra corajoso foi para acabar a festa, mas a zoada, meu amigo, era O FORRÓ DE LAMPIÃO.


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