terça-feira, 7 de junho de 2011

CHEIRO DE CAVALO

CHEIRO DE CAVALO
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de junho de 2011

          Os jornais publicaram sem muito destaque, o falecimento da esposa do ex-presidente João Batista Figueiredo, o último da ditadura militar 1964-1985. A ex-primeira dama Dulce Figueiredo, vinha sofrendo com problemas graves, tendo falecido na segunda-feira. Foi sepultada ontem, deixando, com a divulgação, um pouco da lembrança do seu marido. Dona Dulce havia leiloado 218 objetos pertencentes a Figueiredo que governou o país no período 1979-1985. Foi ele quem encaminhou ao Congresso Nacional o projeto de lei que dispunha sobre Anistia.
          Mal educado, bruto e arrogante, mesmo assim foi quem amaciou a sua maneira a ditadura para o ingresso de novos tempos no Brasil. Foi sucedido na presidência por José Sarney que era seu antigo adversário de partido, vice de Tancredo Neves, eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. Com a morte de Tancredo, antes da posse, Figueiredo não quis entregar a faixa presidencial a Sarney na cerimônia de posse em 15 de março de 1985. Dizia ele, o general Figueiredo, que Sarney era um “impostor”, vice de um presidente que nunca havia assumido. No ciclo militar, o seu período foi longo, tendo passado seis anos no poder. Entre outras coisas do seu governo, houve anistia aos punidos pelo AI-5 e perdão aos crimes de abuso de poder, tortura e assassinato cometidos por órgãos de segurança; extinção do bipartidarismo; garantia de processo à abertura política, iniciado por Geisel, que resultou no fim do regime militar; criação do estado de Rondônia e amplo programa de reforma agrária no norte do Brasil.
          Apesar da sua brutalidade, os humoristas não paravam de retratá-lo. Chegou a dizer que gostava mais de cavalos do que de gente. Certa feita um presidente de um país vizinho do sul, mostrou dois belos cavalos e perguntou qual dos dois escolheria e, ele prontamente respondeu: “Os dois”. Algumas frases do último ditador correram trechos: Sobre a abertura política: “Quem não quiser que abra, eu prendo e arrebento!”. Sobre o poder: “prefiro cheiro de cavalo a cheiro de povo”. Um garoto perguntou o que ele faria com um salário mínimo. Resposta: “A única solução é dar um tiro no coco”. Outra vez disse: “O que sei é que no dia da posse (de Tancredo) irei embora de Brasília levando apenas minhas mulheres”. Referia-se aos cavalos. Quando perguntado sobre o aniversário do AI-5, respondeu: “Quem é esse menino? Entre outras frases, ficou em evidência a sua declaração de despedida ao jornalista Alexandre Garcia, para a TV Manchete: “Bom, o povo, o povão que poderá me escutar, será talvez os 70% de brasileiros que estão apoiando o Tancredo. Então desejo que eles tenham razão, que o doutor Tancredo consiga fazer um bom governo para eles. E que me esqueçam".
          Como o ex-presidente pediu, o povo brasileiro o esqueceu mesmo. Somente lembramos o homem agora por causa da morte de Dona Dulce. Vamos esquecer novamente a figura que não gostava de cheiro de povo, mas preferia CHEIRO DE CAVALO.

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segunda-feira, 6 de junho de 2011

PONTOS OBSCUROS

PONTOS OBSCUROS
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de junho de 2011.

          Entre as praças santanenses, destaca-se como a principal, devido ao tamanho e localização, a denominada Cel. Manoel Rodrigues da Rocha, construída defronte a Igreja Matriz de Senhora Santa Ana. Ainda sob a arquitetura da primeira reforma da igreja em 1900, pela batuta do padre Manuel Capitulino de Carvalho, a cidade ganha em 1931, esse logradouro pelo primeiro interventor municipal Frederico Rocha 1930-31. De início, o espaço recebeu o nome de João Pessoa, sendo reformado algumas poucas vezes, mas trazendo o nome novo de Manoel Rodrigues, chegando assim até os dias atuais.
          Tangido de Águas Belas pela prepotência do coronel Constantino, o sapateiro Manoel Rodrigues estabeleceu-se em Penedo onde trabalhou na curtição de couro. Prosperava e mantinha contato com pessoas influentes da região. Ampliou seus negócios para as margens sergipanas do rio São Francisco e casou pela primeira vez, cuja esposa faleceu prematuramente. Manoel Rodrigues conheceu e casou com a professora Maria Izabel Gonçalves Lima, moça prendada de Sergipe, em 11 de outubro de 1898. Com os negócios prosperando, resolveu abrir um entreposto na vila de Sant’Ana do Ipanema. Depois, notando que o negócio estava mal administrado, mudou-se definitivamente para Sant’Ana, em 1901, ampliando suas atividades em curtição de couro, beneficiamento de algodão, agropecuária e comércio com loja de tecidos e miudezas.
          Ainda pela memória do doutor Hélio Cabral, desfaz-se o mistério da construção dos três mais pujantes prédios da vila que resistiram às reformas da cidade, excluídos o “prédio do meio da rua” e o “sobrado do meio da rua”, demolidos na gestão Ulisses Silva, gestão 1961-65. Manoel Rodrigues construiu e morou no prédio onde por muito tempo funcionou a biblioteca pública, no comércio, ainda hoje original com o monograma MRR e estátua dedicada a Mercúrio, no frontispício. Construiu também o enorme prédio, vizinho, lado esquerdo, da Matriz de Senhora Santa Ana, que marcou a cidade muito tempo como o “Hotel Central” de Maria Sabão. A biblioteca pública chegou a funcionar ali por algum tempo. E, por fim, Manoel Rodrigues da Rocha construiu seu terceiro casarão na vila, defronte a Igreja Matriz, mas no lado oposto da praça que mais tarde levaria o seu nome. Mudou-se do primeiro para este em 1916 (gestão municipal do padre Manuel Capitulino de Carvalho) e ali passou cerca de quatro anos, pois faleceu em 5 de maio de 1920.
          Sem ser político, apenas com seu prestígio civil e solidez econômica, tornou-se Coronel da Guarda Nacional. Muito fez por Santana do Ipanema, hospedando e comungando ideias com vultos importantes como Delmiro Gouveia e governadores do estado. Na política, mandava os Gonzaga, transferindo o mando para o padre Capitulino que foi intendente. Mas na época, a força moral do Coronel Manoel Rodrigues da Rocha, combinava com o modo de ser e o prestígio do professor e chefe político, coronel Enéas Araújo. Importantes são os documentos para esclarecer PONTOS OBCUROS.


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