domingo, 3 de julho de 2022

 

CAINDO GELO

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de julho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.727

 



 Chegou o tão aguardado mês de julho, central de planejamento do comércio e da agropecuária sertaneja. O citado mês não negou a tradição de outrora e rompeu o dia primeiro com chuva suave o dia todo, desde as primeiras horas da manhã e, um frio avaliado por muitos: para as pessoas em geral: “um frio de lascar!”. Para pessoas mais velhas: “Tá caindo gelo!”; para minha sogra: frio de torar os ossos; e para muitos: “Eita que o nosso Sertão agora virou São Paulo”. Guardando as devidas proporções, está muito frio por aqui. Isso faz lembrar o cerco das forças volantes ao bando de Lampião no amanhecer do dia 28 de julho de 1938, na grota da fazenda Angico, em Sergipe: “frio de matar sapo”, falou um volante combatente. E assim vamos revivendo os velhos tempos do mês em curso, sobre a atmosfera.

“julho é o sétimo mês do ano no Calendário gregoriano, tendo a duração de 31 dias. Deve seu nome ao cônsul e ditador romano Júlio César, sendo antes chamado Quintilis, em latim, dado que era o quinto mês do Calendário Romano que começava em março. Também recebeu esse nome porque foi o mês em que César nasceu. Julho começa (astrologicamente) com o Sol no signo de Câncer e termina no signo de Leão. Na roda do ano pagã, julho termina Lughnasadh ou próximo dela no hemisfério sul.  É em média o mês mais quente na maior parte do hemisfério norte, onde é o sadhnas e segundo mês de verão, e o mês mais frio em grande parte do hemisfério sul, onde é o segundo mês de inverno. A segunda metade do ano começa em julho. No hemisfério sul, julho é o equivalente sazonal de janeiro no hemisfério norte”.

Julho em nosso Sertão, sempre acumulou a maior pluviosidade anual. Passou, porém uma boa temporada sem esse troféu. Todos os anos, agricultores, alguns, reclamavam de perda de lavoura com as chuvas, frio, lagartas e até gafanhotos do final de julho para o mês de agosto. Está com muitas décadas que não mais ouvimos esses relatos lamentosos. Mas agora tem gente perdendo a lavoura afogada pelas chuvas. Sobre este mês total, não sabemos ainda, todavia, o dia primeiro (sexta-feira) foi de chuva continuada desde a madruga ao anoitecer, entrando pela noite. Graças a Deus foi uma chuvarada boa, respeitosa e molhadeira, sem trauma.

Tempo de política: chuva na terra e dinheiro correndo frouxo. Amém! Amém.

CÉU MARFIM E CHUVA RESPEITOSA CONTINUADA (Foto: B. CHAGAS).

 

 

 

 

 


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quinta-feira, 30 de junho de 2022

 

 

TRAGÉDIAS ANUNCIADAS

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de julho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.726

 



Todos sabem que o rio Ipanema é um rio periódico ou intermitente, isto é, escorre somente durante o inverno ou no período de grandes trovoadas nas cabeceiras. Porém, alguns acham que o rio Ipanema é um rio DESISTENTE. Como passa longo tempo sem botar cheia teria desistido de ser rio.  Esses aproveitam a época nas longas estiagens e constroem suas casas no leito do caudal. Não exatamente no centro do leito, mas nas partes laterais, porém dentro do leito. Pobre querendo moradia, faz casa em qualquer lugar: nas barreiras, nas grotas (Maceió) no leito de rios, em morros íngremes. Ainda tem o empresário ou aquele enriquecido que constrói verdadeiras ruas nesses lugares para alugar à pobreza (Santana). Por muito tempo sem encher, até oficina grande e bem montada foi construída sob a ponte do Comércio. Garagem de caminhão também. O resultado foi o que se viu no rio que não desiste. O riacho Camoxinga, seu afluente sofre do mesmo mal.

Nunca se ouviu dizer na história santanense que o rio Ipanema tivesse causado tragédias, nem nas maiores cheias registradas, as de 194l, de1960 e a de 1962. Tudo que carregou vinha de cima, do estado vizinho porque em Santana tinha seu leito respeitado.

Essa meditação chega no momento em que o deputado Isnaldo Bulhões dá a ordem de construção de um conjunto habitacional de 250 residências para aqueles que ficaram desabrigados com a última cheia do Ipanema, tragédia anunciada. 250 casas juntas representam um verdadeiro bairro, no modo de dizer.

Geograficamente analisando a empreitada, o conjunto residencial, caso seja no mesmo local que havia sido limpo e anunciado, fica no sopé do serrote do Cruzeiro, lado direito. São várias comunidades diferentes que irão conviver no mesmo local. Proporcionarão mão-de-obra e atrairão para aquela saída para Olho d’águas das Flores, mais comércio, prestação de serviços e benefícios públicos, podendo firmar o ditado: “faça do limão uma limonada”.  Tudo, porém, depende de um olhar de futuro do poder público. Vamos torcer para que tudo dê certo.

Esperamos que não sejam restauradas residências do leito do rio para não se repetir o lamentoso acontecimento. Deus foi generoso e não permitiu mortes na tragédia do Panema.

Hoje o rio está com água, mas sem sustos.

RIO IPANEMA (FOTO: ALAGOAS NANET)

 


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