quinta-feira, 30 de junho de 2022

 

 

TRAGÉDIAS ANUNCIADAS

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de julho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.726

 



Todos sabem que o rio Ipanema é um rio periódico ou intermitente, isto é, escorre somente durante o inverno ou no período de grandes trovoadas nas cabeceiras. Porém, alguns acham que o rio Ipanema é um rio DESISTENTE. Como passa longo tempo sem botar cheia teria desistido de ser rio.  Esses aproveitam a época nas longas estiagens e constroem suas casas no leito do caudal. Não exatamente no centro do leito, mas nas partes laterais, porém dentro do leito. Pobre querendo moradia, faz casa em qualquer lugar: nas barreiras, nas grotas (Maceió) no leito de rios, em morros íngremes. Ainda tem o empresário ou aquele enriquecido que constrói verdadeiras ruas nesses lugares para alugar à pobreza (Santana). Por muito tempo sem encher, até oficina grande e bem montada foi construída sob a ponte do Comércio. Garagem de caminhão também. O resultado foi o que se viu no rio que não desiste. O riacho Camoxinga, seu afluente sofre do mesmo mal.

Nunca se ouviu dizer na história santanense que o rio Ipanema tivesse causado tragédias, nem nas maiores cheias registradas, as de 194l, de1960 e a de 1962. Tudo que carregou vinha de cima, do estado vizinho porque em Santana tinha seu leito respeitado.

Essa meditação chega no momento em que o deputado Isnaldo Bulhões dá a ordem de construção de um conjunto habitacional de 250 residências para aqueles que ficaram desabrigados com a última cheia do Ipanema, tragédia anunciada. 250 casas juntas representam um verdadeiro bairro, no modo de dizer.

Geograficamente analisando a empreitada, o conjunto residencial, caso seja no mesmo local que havia sido limpo e anunciado, fica no sopé do serrote do Cruzeiro, lado direito. São várias comunidades diferentes que irão conviver no mesmo local. Proporcionarão mão-de-obra e atrairão para aquela saída para Olho d’águas das Flores, mais comércio, prestação de serviços e benefícios públicos, podendo firmar o ditado: “faça do limão uma limonada”.  Tudo, porém, depende de um olhar de futuro do poder público. Vamos torcer para que tudo dê certo.

Esperamos que não sejam restauradas residências do leito do rio para não se repetir o lamentoso acontecimento. Deus foi generoso e não permitiu mortes na tragédia do Panema.

Hoje o rio está com água, mas sem sustos.

RIO IPANEMA (FOTO: ALAGOAS NANET)

 


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