RIACHINHOS
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de junho de 2022
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:2.711
Nessas
ocasiões de cheias também os riachinhos são valorizados. Aquele riacho
minúsculo que passa na fazenda, tão seco que quase não define o leito em tempos
de estiagem, ressurge vivo e atuante com produção de água, pasto na várzea,
impedindo passantes, engordando o gado.
É a fazenda que tem uma "vazante (várzea, baixada, baixio, ipueira)
avaliada em tempo seco por compradores de terra. Estar aí a Defesa Civil
monitorando rios, riachos e riachinhos que podem causar tragédia em lugares
habitados. Os riachos conhecidos e anônimos de Santana do Ipanema surgem nessa
época como protagonistas do tempo chuvoso, notadamente aqueles que passam perto
de habitações rurais e citadinas.
Ah!
Como tinha razão o nosso querido mestre da Geografia Alberto Agra: “Para nós
mais vale um riachinho em nossas terras do que o rio Amazonas nas terras
alheias”. Assim o riacho do Bode, tão pequeno, tão acanhado, forma o grande
açude da cidade. O pequeno riacho Salobinho forma barragem particular em sua
foz. O riacho Tigre alimenta o córrego Camoxinga E o débil riacho Salgadinho
invade casarios da Floresta represado pelo rio Ipanema. Vão umedecendo os
terrenos, a campineira onde pastam o carneiro, o bode... O novilho, o boi de
carro. O Nordeste pode não ser a terra
onde corre leite e mel, mas com certeza onde nascem os riachinhos como lágrimas
divinais.
E
vendo a chuva mansa cair sem parar na minha rua, vem à memória a minha
dificílima descida acompanhando o riacho Ipaneminha na serra do Ororubá, no
município de Pesqueira, PE. Início de nascentes, tão pequeno, tão límpido,
murmurando por entre árvores frondosas; e eu, deixando aquele fio d’água bebê
passar tão fininho sob minhas pernas numa felicidade sem fim. Mão em concha
bebendo aquele líquido maravilhoso formador primário do meu querido rio
Ipanema, tão amado em nossa distante Alagoas. Um momento solene em que eu e o
meu fiel companheiro João Soares (Quen-Quen) desejamos a presença de todos os
santanenses naquele encantado da mata.
Riachinhos,
riachinhos! Vocês têm a inocência dos humanos, crianças embaladas pelas mãos de
DEUS.
Riacho
(Foto: Bianca Chagas).
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