CAPELAS E RUÍNAS Clerisvaldo B. Chagas, 9 de maio de 2016 Crônica Nº 1.508 Foto: (Wikimapia). Quando os portugueses se inst...

CAPELAS E RUÍNAS



CAPELAS E RUÍNAS
Clerisvaldo B. Chagas, 9 de maio de 2016
Crônica Nº 1.508

Foto: (Wikimapia).
Quando os portugueses se instalaram em suas fazendas no Brasil, não deixaram de trazer a devoção ao santo. Além da casa de fazenda, construíram capelas, ao lado, para a religiosidade da mulher e família. O costume prolongou-se pelo Brasil afora. Além da reza do terço, do ofício, semanalmente recebia vez em quando a visita de um padre que celebrava missa para a vizinhança convidada.
Com o tempo, inúmeras cidades nasceram aos pés dessas capelinhas e algumas adotaram nomes relativos a elas. Já nos últimos anos do século XX, fomos notando a não continuidade da tradição. Passando por estradas de terra e rodovias, aqui acolá na paisagem agreste, víamos uma capela que demonstrava seu abandono ou as ruínas completas de um passado glorioso.
Houve época em que a Igreja estava com escassez de padres e não podia atender em todas as paróquias. Mas isso, ao nosso modo de pensar não teria sido motivo de abandonos dessas casas de oração. Vimos nas tradições folclóricas, a sua raridade ou desaparecimento total com as novas ideias de progresso. Deve ter acontecido a mesma coisa com as capelas. Após a morte dos fortes proprietários endinheirados das fazendas, herdeiros começavam a pensar diferente, inclusive muitos vendendo terras e se mudando para a cidade.
O desinteresse das novas gerações ou dos novos proprietários foi tornando aqueles prédios uma inutilidade, diante de outras urgências. Talvez ainda respeitando o sagrado por superstição que não se devem demolir lugares de santos (com medo de castigo), eram preferíveis entregar o problema ao tempo. É por isso que contemplamos por aí as capelas em abandono ou somente duas ou três paredes com a frente marcante.
Em Alagoas, registramos essas ruínas no Sertão, no Agreste e na Mata... Nas estradas, rodovias, caminhos e trilhas.
Um exemplo dessa situação, é mostrado na novela “Velho Chico”, quando o coronel, dono da fazenda, decide passar a chave na capela, por problemas sentimentais do passado.
De qualquer maneira, fica registrado o saudosismo que sempre lembra alguma história triste naquelas paisagens. E o contraste verde do cenário pinta com a decadência esquelética dos pequenos prédios.

TOCAIANDO AS TOCAIAS Clerisvaldo B. Chagas, 7 de maio de 2016 Crônica nº 1.507 Detalhe da Reserva Tocaia (RPPN) em Santana do ...

TOCAIANDO A TOCAIA



TOCAIANDO AS TOCAIAS
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de maio de 2016
Crônica nº 1.507

Detalhe da Reserva Tocaia (RPPN) em Santana do Ipanema. Foto (Clerisvaldo).
Escrevendo sobre vegetação e reservas ecológicas para o livro Geografia de Alagoas, resolvemos fechá-lo com a Reserva Tocaia, na periferia de Santana do Ipanema. Ali no final do Bairro Floresta, no lugar onde houve uma tocaia, no tempo da escravidão (episódio publicado por nós) encontra-se essa reserva de caatinga com 21 hectares que englobam o serrote Pintado, um dos montes que circundam a cidade. Houve somente uma tocaia, mas a tradição denominou a área de Tocaias. O nome da reserva, porém, acha-se no singular.
Ontem, sexta-feira, fomos gastar pneus até a vizinhança da fazenda Coqueiros, contemplar o mato esverdeado das últimas chuvas deste ano. Estava ali, completamente imexível a Reserva Tocaia, cujo perfume invade as narinas dos visitantes. Procuramos, mas não encontramos a placa indicativa e, resolvemos bater algumas fotos para homenageá-la com a melhor no livro em questão.
Famosa por ter sido a primeira reserva particular do estado, visitada por estudiosos e mesmo pela televisão, Tocaia passou a ser um dos pulmões verde que circundam a urbe. Ali dentro têm insetos, pequenas e muitas aves, serpentes, tatus, raposas, preás, saguins e outros animais. Veem-se baraúnas, cedros, imbuzeiros, imbiras, catingueiras, mulungus, diferentes arvoretas e cactáceas que estimulam os pesquisadores.
Temos ainda outras duas reservas de caatinga no município, porém, a do saudoso proprietário, Alberto Nepomuceno Agra, chama atenção por ter sido a pioneira e se encontrar tão perto do centro de Santana.
Fomos fotografando sem passar para dentro da cerca, todavia, a atmosfera de paz ronda quem chega num convite sentido e invisível de bem-estar.
Entre imburanas-de-cheiro, pereiros, velames e mandacarus, flutuam os espíritos dos protetores da caatinga. É bênção visitar uma Reserva.

FAMÍLIA CHAGAS ESCREVE O DIA Clerisvaldo B. Chagas,  4 de abril de 2016 Crônica N 1.506 Sábado passado, esteve reunida toda a famíl...

FAMÍLIA CHAGAS ESCREVE O DIA

FAMÍLIA CHAGAS ESCREVE O DIA
Clerisvaldo B. Chagas,  4 de abril de 2016
Crônica N 1.506

Sábado passado, esteve reunida toda a família Chagas no lugar Sonho Verde, município litorâneo de Paripueira. Os filhos e filhas de Manoel Celestino das Chagas e Helena Braga das Chagas, estavam ali presentes marcando o dia. Espalhada pelo território alagoano, a família, a pretexto do aniversário de Ivan Chagas, chegou junta numa confraternização ímpar. Ivan, ex-bancário do Banco do Brasil, onde na repartição recebeu o apelido de Ivan Caju, foi o anfitrião naquela paisagem paradisíaca, onde havia muita música ao vivo e uma churrascada para ninguém botar defeito. ,
No Sonho Verde encontraram-se várias gerações, pais, filhos e netos entre beijos, abraços, melodias, bebidas e muitas emoções que se estenderam durante todo o dia. O abençoado encontro ocorreu mesmo na residência de Ivan Caju sob a égide dos coqueirais, da quietude, das ruas de solo original e do balanço das águas do Oceano Atlântico.
Crianças jogando bola, adultos recordando, juventude apegada às diversas páginas musicais, desenhavam o sábado escolhido para uma página histórica da família, onde as fotografias ganharam a Web com a mesma rapidez das gargalhadas e as últimas notícias de Santana do Ipanema.
Somente à noitinha, os compromissos voltaram à tona quando grande parte dos presentes retornou a Maceió. Ali, perto das águas mansas da praia de Sonho Verde, Caju completou mais um dos seus cajus. Ficou agendado o próximo encontro para o Sertão, precisamente numa chácara oliventina de um dos membros dos Chagas, ainda no início de maio. Resolvemos trocar o nelore do Litoral pelo bode sertanejo.