TEMPOS DO CANDEEIRO Clerisvaldo B. Chagas, 4 de fevereiro de 2013. Crônica Nº 959 Fonte: Blogdofifo.com.br/ Como estamos nos ...

TEMPOS DO CANDEEIRO


TEMPOS DO CANDEEIRO
Clerisvaldo B. Chagas, 4 de fevereiro de 2013.
Crônica Nº 959

Fonte: Blogdofifo.com.br/
Como estamos nos aproximando do Carnaval, nada nos parece melhor de que imitar na prática, as velhas marchinhas que encantaram o Brasil. Uma delas fala em uma das suas estrofes:

“Rio de Janeiro
Cidade que nos seduz
De dia falta água
De noite falta luz...”

Do Rio de Janeiro, o caso se mudou para Alagoas, ocasião em que o sofrimento do povo parece não ter limites. Falta energia constantemente (e olhe que temos a hidrelétrica de Xingó dentro do estado e a de Paulo Afonso, nos limites). Quando não falta energia de vez, a queda é constante, queimando os eletrodomésticos do povo e tornando inviável certas atividades comerciais e industriais. As donas de casa andam com as mãos à cabeça, procurando salvação. Com a falta de energia, não se bombeia água nas adutoras que abastecem Sertão e Agreste, quando o sofrimento nessa seca terrível bate no povo de cacete. Os médicos do Hospital, Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo, pararam suas atividades, alegando atraso no pagamento em dois meses e falta de abastecimento d’água para as atividades ali desenvolvidas. A Internet não se sustenta mais no ar e provoca dor de cabeça à clientela dos bancos, do comércio e de todos os lugares que anseiam por avanços tecnológicos.
O pior de tudo, porém, não é nada do que foi dito acima. O pior de tudo é não ter para quem apelar. Nem água, nem luz, nem telefone, nem hospital, nem Internet, porque estamos caminhando para trás na terra em que manda e desmanda a inoperância usineira. Ninguém dar notícia de nada! A população, atarantada, como abelhas, quando sente fumaça, não sabe a quem apelar. Quem resolve essas questões: Prefeito? Delegado? Juiz? Promotor? Vereadores? Haja desabafo coletivo nas rádios da cidade em momentos de juízo de luz e telefone, mas nada se resolve e nem satisfações aparecem. Viramos fronteira distante sem lei e sem ordem como essas mostradas por reportagens, nos confins da Amazônia brasileira. Todos se perguntam até quando a própria população vai suportar o descaso, a incerteza, a orfandade institucional do semiárido e do Agreste de Alagoas.

E para completar, o rateio prometido pelo governo estadual, não saiu para o Magistério, como foi anunciado. Os precatórios tiveram a cabeça esmagada por uma grande pedra e o SINTEAL tomou chá de esquecimento do assunto e passou esparadrapo na boca.
Afinal, em todos os sentidos, estamos vivendo os TEMPOS DO CANDEEIRO.




OS COQUEIROS Clerisvaldo B. Chagas, 1º fevereiro de 2013. Crônica Nº 958 Ilustração de coqueiro (Wikipédia).     Faz bastante tem...

OS COQUEIROS

OS COQUEIROS
Clerisvaldo B. Chagas, 1º fevereiro de 2013.
Crônica Nº 958

Ilustração de coqueiro (Wikipédia).
    Faz bastante tempo que o artista plástico Roberval Ribeiro, hoje empresário, elaborou um quadro interessante. O artista inspirou-se numa paisagem que havia às margens do riacho Camoxinga. Havia ali uma fileira de três ou cinco coqueiros finos, altíssimos e maltratados. Estavam no amplo terreno que fazia fundos do casarão do Padre, depois cônego José Bulhões. Esse local já foi matadouro municipal ao ar livre, margeado à distância por casas de prostituição. Ribeiro retratou a paisagem natural em tela miúda, ocasião em que na hora do acabamento a tinta embolou em certa região do quadro, deixando o pintor aborrecido. Não havia como consertar. Quando eu esperava que Roberval fizesse o que os escritores fazem quando não se agradam do texto escrito por eles - lixeira - o homem fez diferente. Adicionou o seu quadro à coleção de vendas. Vi imediatamente que a tela da pintura defeituosa se tornaria histórica e nem sei porque não a  adquiri. Foi feita uma exposição por Roberval Ribeiro em Santana do Ipanema (homem que produziu histórias em quadrinhos e expôs em várias partes do Brasil e do estrangeiro os seus trabalhos), noite em que todas as telas foram vendidas, inclusive, àquela.
    As sucessivas administrações municipais, por isso ou por aquilo, foram deixando que o acervo histórico do município fosse sendo lapidado, corroído, extinto. A casa do padre José Bulhões, como exemplo,  personagem que marcou época em Santana, ruiu pelo abandono. O lugar retratado na tela do santanense transformou-se em paisagem urbana, quando ali na terra dos coqueiros surgiu o Bairro Artur Morais, originário da compra do terreno e doação aos pobres na gestão do prefeito Paulo Ferreira. A área enorme quintal do padre, matadouro de bovinos chamado Matança, antigo cabaré, foi totalmente preenchida em pleno centro da cidade. Como saber, então, como era antes esse local vendo o quadro tão diferente, do pintor? Por uma parte da parede inconfudível dos fundos do Mercado de Carne.
    Meu vaticínio se concretizou. Não tendo fotografias da época da paisagem natural, a tela defeituosa tornou-se relíquia para a história de Santana. Seria bom que a prefeitura, através do Departamento de Cultura, pudesse adquiri-la e a doasse ao Museu Darras Noya com o histórico merecido. Ah, sim! Você deve estar querendo saber a quem pertence hoje esse trabalho. Não sei. Mas tenho quase certeza de que a tela foi comprada na exposição pelo comerciante Benedito Pacífico, proprietário do "Biu's Bar e Restaurante", Rua Delmiro Gouveia, em Santana do Ipanema. Diretor de Cultura Fernando Valões, vamos procurar OS COQUEIROS. 
 
 

 FRUTA DE PAL MA - OSCAR Cleris valdo B. Chagas, 31 de janeiro de 2012 Crônica Nº 957   Sobre movimento literário, nessa época em...

FRUTA DE PALMA - OSCAR


 FRUTA DE PALMA - OSCAR
Clerisvaldo B. Chagas, 31 de janeiro de 2012
Crônica Nº 957 


Sobre movimento literário, nessa época em que está sendo lançado novamente o livro de Tadeu Rocha "Delmiro Gouveia, o Pioneiro de Paulo Afonso", no aniversário da usina de Angiquinho, vamos às suas palavras, a respeito de Oscar Silva. É um santanense comentando o trabalho de outro santanense, amigos entre si, no livro "Fruta de Palma".
Trecho entre o prefácio de seis páginas do emérito Tadeu:
"Entre os 'novos' que segundo o regionalismo encorajou em Maceió estava o sertanejo Oscar Silva, cuja formação literária se fez através de ásperos caminhos, vencendo as mais terríveis barreiras econômicas, sociais e culturais que alguém possa imaginar. Menino pobre da Rua do Sebo, lá de Santana do Ipanema, o autor de "Fruta de Palma' fez muita coisa na vida para chegar a ser escritor: marceneiro, tecelão, soldado de polícia... Oscar Silva precisou lutar muito consigo mesmo e com o meio social de um rapaz pobre, a fim de reeducar-se como elemento da classe média, que ele atingiu honestamente pelos quadros do serviço público federal.
As cicatrizes das suas lutas ficaram até bem visíveis: o sertanejo outrora adepto das verdades religiosas com que a Igreja civilizou as caatingas de Santana da Ribeira do Panema andou tentando conciliar, na capital da Província, a materialização do espírito e o materialismo histórico. Coisa, aliás, bem difícil para um cristão qualquer e ainda mais para quem foi nascido e criado ao som de velhas melodias, que os nossos antepassados aprenderam dos missionários, em dois séculos e meio de civilização.
Situado o nome de Oscar Silva no atual movimento literário nordestino, muito haverá que dizer do seu primeiro livro de crônicas, onde lembra coisas e pessoas de uma terra áspera e uma gente vigorosa.. Manda, porém, a modéstia que me cale sobre 'Fruta de Palma', porque essa terra é minha e essa gente é minha gente. Recife, 27 de fevereiro de 1963".
Lembramos que esse ano, 2013, no Calendário Cultural Santanense, homenageia-se o saudoso escritor Oscar Silva. Aguardamos a lembrança da Secretaria de Cultura.