SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
QUENTURA Clerisvaldo B. Chagas, 1 de dezembro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.020 Dezembro vem do latim...
QUENTURA
Clerisvaldo B.
Chagas, 1 de dezembro de 2025
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.020
Dezembro
vem do latim “decem”, do calendário romano que tinha apenas dez meses. Estou
escrevendo hoje, último dia (30) de novembro de 2025, para o hoje de 1 de
dezembro. Dia quentinho, quentinho e finalizando sem a trovoada que sempre
promete. Abro o portão da rua e contemplo mais uma vez o “palácio de Herodes”,
os fundos de uma gigante construção no alto, lá do outro lado do rio e que
ganhou de mim esse apelido. O céu com seu azul limpo e profundo, recorta os
serrotes que circundam a cidade e vamos contemplando o crestado da vegetação das
colinas da margem direita do rio. Estar “horrive!, diz a comadre que passa; “é
de papocar o cocão”, fala o carreiro; “tá quentinho que faz gosto”, diz o
mototaxista, rindo.
A
cantiga da perua é em Santana do Ipanema, é no Poço das Trincheiras, é
na Maravilha, é em Ouro Branco, Carneiros, Senador e tudo mais quando o assunto
é o tempo. Até as Craibeiras ornamentadas, despacharam quase a totalidade das
flores amarelas que aguardavam o Natal. A água do Ipanema foi embora, do Capiá,
do Traipu, dos Dois Riachos e deixam a nu as pedras lisas e os garranchos
insistentes dos leitos. Os pássaros fogem e vêm se abrigar nas arvoretas urbanas, nos quintais
esverdeados e fazem seus ninhos à vista dos habitantes maravilhados. Bem diz o
povo, “a desgraça de uns é a felicidade de outros”. Então, ela, a felicidade,
deve estar com o vendedor de sorvete, de água de coco, de ar-condicionado e de
água mineral.
E
deixando ontem o mês de novembro, vamos ver o que nos espera neste dezembro,
cujo dia 2, vai nos levar para os 79 anos de amor ao próximo, à Natureza e a
Literatura. E por falar em dia 2, temos reunião agendada na CASA DA CULTURA,
para formação de grupo numa avalição real para Fundação do PC PARQUE SANTO DO
POVO, em um serrote do sítio Poço Salgado. Uma réplica com características
próprias do Horto do Juazeiro, em homenagem ao Padre Cícero, feito pelos seus
devotos e para todos os devotos e o mundo. Terreno já doado por uma devota e
articulação dos próximos passos. A história do PARQUE SANTO, já começou a ser
escrita passo a passo. Você gostaria de se agregar a nós?
ENTREVISTA
NA RÁDIO CORREIO DO SERTÃO. (FOTO: MARCELLO FAUSTO).
PÃO, AÇÚCAR E FORNALHA Clerisvaldo B. Chagas, 28 de novembro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.319 Muita ...
PÃO,
AÇÚCAR E FORNALHA
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de novembro de
2025
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.319
Muita
razão tinha meu pai quando nos contava que jamais iria a Pão de Açúcar e nem a
Garanhuns. Justificara que quase morrera de tanto calor na cidade ribeirinha e
de frio na cidade Pernambucana. Naquela época eu já descobrira que Pão de
Açúcar era a terceira cidade mais quente do Brasil, perdendo apenas para Picos,
no Piauí, e Patos, na Paraíba. Eis que agora divulgam que a temperatura mais
alta do Brasil, acaba de ser registada em Pão de Açúcar, cidade alagoana da
margem do São Francisco. Já foi o balneário preferido da população santanense,
mas de alguns anos para cá, parece que o fluxo domingueiro de banhistas da
nossa cidade para Pão de Açúcar, acabou. O município ribeirinho, porém, possui
inúmeras outras atrações fora o rio São Francisco.
Situada
em um terraço de montanha, Pão de Açúcar já foi chamada “Jaciobá” (Espelho da
Lua). O seu nome deriva de montanhas parecidas com formas de fazer açúcar. Já
foi grande porto desenvolvimentista do Sertão alagoano na sua conexão fluvial
com a cidade de Penedo. Foi Pão de Açúcar o grande centro dispersor de
mercadorias para todo o sertão e, ao mesmo tempo, porto exportador de tudo que
o Sertão produzia. Muitos sertanistas
partiram para as terras desconhecidas usando Pão de Açúcar como porta de
entrada par expedições exploradoras. Os transportes desses movimentos
comerciais eram frotas de carros de boi, tropas de burros e navios. Hoje, a
calma das suas avenidas e sua arquitetura oferecem turismo de descanso e lazer
que se complementam com paisagens, culinária, artesanato, história do cangaço e
história do Brasil, além da sua própria trajetória.
Quando
Santana usava canoeiros nas grandes cheias do rio Ipanema, essas canoas eram
compradas na cidade de Pão de Açúcar, atividade que cessou em Santana, após a
construção da Ponte General Tubino, em 1969. A estátua em homenagem ao jegue e
ao botador d’água em praça publica de Santana, foi esculpida por família de
escultor daquele núcleo ribeirinho. Pão de Açúcar fica distante de Santana em
cerca de 50 quilômetros com 50 minutos
de viagem, pela AL- 130 totalmente asfaltada e que passa pela cidade de Olho d’Água
das Flores. O seu padroeiro é o Sagrado coração de Jesus.
PÃO
DE AÇÚCAR (FOTO: EDVAN FERREIRA/ALAGOAS NANET).
ABANDONO DA HISTÓRIA Clerisvaldo B. Chagas, 27 de novembro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.318 Contempl...
ABANDONO
DA HISTÓRIA
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de novembro de
2025
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
3.318
Contemple
a foto deste trabalho. Ela representa uma casa comercial fechada no comércio de
Santana do Ipanema. Na minha infância o estabelecimento era a loja de artigos
mistos, “Rainha do Sertão”. do
empresário Tibúrcio Soares. O último proprietário antes do fechamento foi do
senhor Lourival, conhecido como Lourival Madeira. Como o nome estar dizendo,
ali se vendia madeira. Mas, com morte prematura do seu dono, o estabelecimento
entrou em lamentável disputa de herança e a casa se encontra fechada e abandonada.
O melhor ponto do comércio de Santana. E, para quem não sabe, foi ali o início
de Santana do Ipanema com a casa-grande de Martinho Rodrigues Gaia e sua
esposa, Ana Teresa, primeira devota de Senhora Santa Ana do futuro município.
Mas
o que chama atenção na Cultura Local, é a ausência completa de qualquer marco
no edifício que lembre à fundação de Santana. Nem um monumento, nem uma placa,
nada, absolutamente nada. O estabelecimento fechado vai de uma rua a outra com varanda
traseira para o rio Ipanema, Poço dos Homens, serrotes famosos que circundam a
cidade e paisagens atualizadas de bairros formados após a construção de ponte
General Batista Tubino. Os transeuntes comuns que por ali trafegam,
cotidianamente, não suspeitam de que aquele prédio fechado, aparentemente ao
abandono, também fecha a história mais bonita do município santanense. E com
aperto no coração pela negligência dos não comprometidos com o que é nosso,
arrisco uma foto da feiura do lugar
O
estabelecimento a que estamos no referindo é o que tem duas janelas fechadas,
no meio da foto. Janelas de primeiro andar construído pelo senhor “Lourival
Madeira”. O outro espaço histórico é a
própria Matriz de Senhora Santana, que foi construída no curral de gado do
fazendeiro Martinho Rodrigues Gaia, pelo padre Francisco Correia que depois
passou o ser o primeiro padre da Igreja de Senhora Santana. Após várias
reformas o edifício com torre apresenta-se como belo, eficiente e imorredouro.
A reforma mais significativa foi a da década de 40, quando ganhou a torre de 35
metros que perdura até hoje, comandada pelo, então, padre Bulhões. Como ficará
o edifício sobre a fundação da cidade?
(FOTO: B. CHAGAS).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.