terça-feira, 5 de abril de 2011

MULHER DE FIBRA

MULHER DE FIBRA
(Clerisvaldo B. Chagas, 6 de abril de 2011).

       Não viu quem não quis a notícia da televisão. Dois policias tentaram prender um marginal, mas só conseguiram após alvejá-lo. Imobilizado, o fugitivo foi jogado na viatura e conduzido ao cemitério local e não à delegacia. Alvejar um delinquente é a coisa mais normal que acontece em nosso país. Faz parte da violência contada em prosa e versos de todos os dias. Aliás, raramente os jornais impressos divulgam outras coisas, bem como os sites noticiosos. Quando saem da violência caem imediatamente no chamamento pornô que não para de crescer. Mas voltando ao assunto anterior, dois policiais entraram no cemitério, naturalmente viciados, onde puxaram o preso para fora da viatura e executaram-no friamente. Esse tipo de atitude, no cemitério, nas matas, nos caminhos, em qualquer lugar está sempre acontecendo e não parece chocante para ninguém. Após executarem Dileone Lacerda de Aquino, no cemitério em Ferraz de Vasconcelos, os dois policiais foram enfrentados por uma mulher que visitava o túmulo do pai. Surpreendida com a cena brutal, a mulher teve a coragem de telefonar para o Centro de Operações da Polícia Militar, através do número 190, quando denunciou o que ainda estava acontecendo. Nervosa mais segura do cumprimento do dever, a mulher conseguiu passar o prefixo do carro envolvido. Correndo enorme risco de vida, a senhora ou senhorita sustentou a acusação cara a cara com os policias ainda dentro do cemitério. Como Deus é bom e está em todos os lugares, os policiais foram presos em flagrante e estão no presídio militar Romão Gomes. Com o desenrolar dos fatos, é possível que haja justiça, enquanto a mãe do bandido assassinado diz rezar pela testemunha.
       Se todas as pessoas desprezassem o perigo pela causa da justiça, bem que tudo poderia ser tão diferente. No meio de tudo, todavia, existe um sentimento escrito com apenas quatro letras, que toma conta imediatamente de corpos grandes e pequenos. O “medo” aparece imediatamente como um instinto forte de sobrevivência, reduzindo à testemunha a um estágio de horror e vergonha em ficar menor do que ele (o medo). Mas a senhora que se impôs aos bandidos fardados, conseguiu pisar firme no sentimento vil e surgir como heroína diante do povo brasileiro. O caso foi revelado pelo site “O Estado de São Paulo”. Como gostaríamos de banir algumas vezes esse instinto de proteção para não passarmos por covardes, simplesmente com o intuito legítimo de preservarmos as nossas próprias vidas terrenas. E se não conseguimos, nem com esforço superar a covardia, pelo menos lembremos o exemplo decente, corajoso, dignificante no mais alto grau, daquela MULHER DE FIBRA.


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