segunda-feira, 4 de abril de 2011

O SILÊNCIO DAS COMUNIDADES

O SILÊNCIO DAS COMUNIDADES
(Clerisvaldo B. Chagas, 4 de abril de 2011).

          Quando o sindicalismo estava em culminância, mesclada com política, aconteceu à febre de comunidades e associações. Antes, as cidades eram divididas em ruas, avenidas e bairros. A área rural, em sítios. A fazenda ficava dentro do sítio e, conforme sua extensão podia fazer parte de vários sítios. Visando melhor defender seus interesses, foram sendo criadas nas cidades as associações de bairros. Elas pipocavam por todos os lugares e cada uma das associações, congregava uma rua, duas ou três. Na área rural, cada comunidade passou a comandar um sítio grande ou alguns menores. Associações e comunidades passaram a fazer eleições para eleger presidentes, vice-presidentes e demais membros de diretoria. Depois de certo tempo começaram os escândalos sobre essas organizações, arengas pelo poder com finalidades de negociatas com os candidatos a prefeito. Muitos presidentes foram acusados de venderem os seus votos e os dos membros das suas organizações.
          Hoje são poucas as chamadas associações de bairros e comunidades atuantes e sem escândalos políticos. As comunidades rurais, mesmo assim, funcionam melhor do que as associações urbanas. Organizações que brigavam ferrenhamente, hoje só existem no papel, sem eleições, sem diretoria, sem candidatos, esquecidas e abandonadas como as ruas que a elas confiaram os seus destinos. Não conseguiram acompanhar os tempos modernos, além de serem tragadas pelo interesse, corrupção e decadência da fase política. Mesmo aquelas que conseguiram sobreviver, falam cochichando para os seus associados, talvez por que não encontram ou não criam espaço para a divulgação de feitos e reclamos. Está na hora das rádios maiores, as que têm grande audiência e alcance territorial, abrirem espaço para associações e comunidades. Independente dos interesses políticos seria um canal respeitado para manter o público a par do que está acontecendo no município, em cada um dos recantos que forma o geral. É assim que atraem palestrantes, técnicos e investimentos para esses lugares. Muito embora tenha havido queda enorme nessas organizações, observamos também quase o mesmo fenômeno no sindicalismo que anda capenga, devagar, quase morrendo. Muitos sindicatos foram usados apenas como trampolim e até acusados de peleguismo.
          Temos impressão de que cada vez mais se vão estreitando os caminhos reivindicatórios. Os sociólogos poderiam explicar se esse enfraquecimento das entidades dos menos favorecidos é um plano asfixiante de cima para baixo ou parte apenas das fases cíclicas que nos acometem. De um modo ou de outro, grande diferença faz quando a sociedade vacila nos seus movimentos mais significativos. É muito perigoso deixar nossos problemas a serem resolvidos apenas por câmaras de vereadores, muitas delas acorrentadas dos pés à cabeça, réplicas de negros fugidos e recapturados da escravidão. Não pode continuar reinando O SILÊNCIO DAS COMUNIDADES.


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